Especialização em Sóciopedagogia

Fonte: Wikiversidade
Esta página é somente um esboço. Ampliando-a você ajudará a melhorar a Wikiversidade.

< Portal:Pedagogia

"Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada"
P. Freire (1994, p.33).

Pedagogia dos e com os Grupos[editar | editar código-fonte]

No parecer sobre as Diretrizes Curriculares sobre o curso de Pedagogia está dito assim:
" (...) Os movimentos sociais também têm insistido em demonstrar a existência de uma demanda ainda pouco atendida, no sentido de que os estudantes de Pedagogia sejam também formados para garantir a educação, com vistas à inclusão plena, dos segmentos historicamente excluídos dos direitos sociais, culturais, econômicos, políticos."
(PARECER CNE/CP Nº:5/2005 Clique aqui)

Esta proposta tem como livro base:
RIOS, José Arthur. Educação dos grupos. - São Paulo : EPU, 1987.
A pedagogia como saber fazer e um conhecer sobre este saber diz respeito a grupos e coletivos educacionais, à orientação escolar de coletivos (existe?) e assim tem haver com a seguinte temática: apoio mútuo, adhocracia, classe social, desenvolvimento integrado e sustentável, organização de base, movimento social, relação social, comunidade local e as dinâmicas de grupos que ai se fazem necessárias. No fundo está a questão da solidariedade como proposta e princípio formativos que emergem das experiências de educação de jovens e adultos, da sociologia do trabalho e do trabalho de profissionais das mais variadas formações e itinerários que se reivindicam destes campos, dos meios urbano e rural.
Afasta-se dos métodos convencionais e intenta uma abordagem transdisciplinar e uma síntese transversal, a partir da teoria social dos grupos e comunidades, do ponto de vista da construção da democracia, 'radicals' ou 'animateurs', que possam evoluir para um ativismo democrático que rompa a lógica da dominação (John Holloway), a partir das "células de base".
Outro ponto de buscar uma densidade é estudar as filosofias e a história da educação a partir de 1945 até os dias de hoje, pela multiplicidade e abertura de alternativas, em confronto com as situações complexas e desafios profundos que se apresentavam. Sem cair no assistencialismo, no clientelismo e psicologismo; tudo que se refira a educação social, a aprendizagem do agir e da vida comum, pode e deve informar esta proposição:

  • Educação de Adultos;
  • Educação de base;
  • Educação informal;
  • Educação popular e
  • Desenvolvimento comunitário com participação ativa e qualificada.

Apoia-se em toda a produção teórica e prática política da chamada esquerda e movimentos progressistas, mas também no trabalho social de grupos que se desenvolveu nos EUA, a partir da segunda metade do século XIX (1850/1875), dos movimentos não governamentais pelas campanhas de recreação popular, fundação dos primeiros parques infantis, difusão de bibliotecas e museus, fim do analfabetismo (lá nos EUA), educação do imigrante, reurbanização (recosntrução) e revitalização de áreas degradadas e periféricas, ou seja de movimentos educacionais que tem origens na própria organizacional social e na cultura americana de classe média, como exemplo a Associação de educação de Adultos (1926), a Associação Cristã de Moços, o escotismo no mundo e no Brasil e organizações/movimentos afins, para fazer o confronto teórico e o exercício de simulação da preocupação com o coletivo e com o bem-estar social, que trata Louis Wirth e L.J. Lebret (aménagement), que já lidavam com a questão da territorialidade e territorialização, em conjunto com as ideias de planejamento de Geddes e Mumford, de Carlos Matus e o conceito de urbanismo de Gaston Bardet, entendendo este gradiente como a grande política dos grupos humanos no espaço e tempo (PIERSON, Donald. Estudos de Ecologia Humana. São Paulo : 1948, tomo I, pp. 112 e segs.). Bem como, as experiências de desenvolvimento de comunidades rurais e urbanas no estado do RJ, por volta do ano de 1962. Educação da comunidade, com/pela/para e a partir dela mesma. Segue também o desenrolar dos aperfeiçoamentos da função da educação primária, elementar, fundamental e básica e o desenvolvimento comunitário:
"A educação fundamental se refere à comunidade como um todo e deve conduzir à ação social. Portanto, seus métodos devem visar a este objetivo: ajudar os homens a se ajudarem a si mesmos" (Unesco. Educación Fundamental, descripción y programa, Paris, 1949).
O pensamento e trabalho de Lourenço Filho e Helena Antipoff (comunidade educacional na Fazenda Rosário) são outras fontes de inspiração.
Sem querer abarcar nem esgotar todas as possíveis referências; cita-se:

  • Campanha Nacional de Educação Rural (CNER) - Min. da Agricultura e Educação (ACAR, ABCAR, EMBRATER);
  • MEB;
  • Operação Mutirão - RJ - 1962;
  • Companhia de Desenvolvimento da Comunidade (CODESCO - RJ);
  • Mobral e Fundação Educar;
  • Fundação movimento Universitário de Desenvolvimento Social (MUDES);
  • Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE);
  • Comunidades Eclesiais de Base - vivência eclesial - II Plano Bienal (1973/74) - Conferência Nacional dos Bispos - ICAR
  • Fundação Interamericana (IAF) - Década de 70, AL - Iniciativas comunitárias de base (gran-roots) - solidariedade cooperativa e ajuda mútua

Como no filme "Saneamento Básico", a participação popular, a valorização do associativismo, da articulação de lutas e mobilizações (interesse comum) demanda um novo tipo de profissional, voltado para uma pedagogia do coletivo e da coletivização, na linha do que propõe Saul Alinsky e Jacques Maritain.
Essa 'educação social" e o 'socius' no fenômeno educativo pressupõe um novo paradigma que transborda o currículo tradicional pedagógico, unificando as antigas habilitações em um todo de gestão e orientação-supervisão-coordenação que fomente e suporte o aprendizado uma visão do com e da partilha, diante da visão dos problemas básicos e universais, dê conta do sentido de responsabilidade e cidadania real como pensava Lebret, um humanista com capacidade de analisar a realidade e com as comunidades se co-responsabilizar. Este educador social, sociopedagogo é um formador de lider. Deixa de ser um estranho, no sentido mais sociológico, nas comunidades onde vai trabalhar, para depois de ser aceito, enraizar-se, como no romance "O médico de aldeia" de Balzac. Preocupa-se mais com o processo do que com o conteúdo educacional. Pretende ser um verdadeiro intelectual orgânico no dizer de Gramisc.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

BARBIER, René. Pesquisa-ação na instituição educativa. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. A pergunta a várias mãos: a experiência da pesquisa no trabalho do educador. São Paulo: Cortez, 2003. 318 p. ; (Saber com o outro ;1)

BRANDÃO, Carlos Rodrigues; STRECK, Danilo R. (Org.). Pesquisa participante: a partilha do saber. Aparecida, SP: Idéias & Letras, 2006. 295 p. : ISBN 8598239690

BRANDÃO, Carlos Rodrigues (Coord.). Pesquisa participante. São Paulo, SP: Brasiliense, 1981. 211 p.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Pesquisa participante. 8. ed. Sao paulo: Brasiliense, 1990. 211 p.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Repensando a pesquisa participante. 3. ed. Sao paulo: Brasiliense 252 p

CUPERTINO, Christina Menna Barreto. Criação e formação: fenomenologia de uma oficina. São Paulo, SP: Arte & Ciência, 2001. 265 p. ISBN 857473070X

GALIAZZI, Maria do Carmo. Educar pela pesquisa: ambiente de formação de professores de ciências. Ijuí, RS: UNIJUÍ, 2003. 285 p. : ISBN 8574293547

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 6. ed. Campinas: Autores Associados, 2003. 130 p. ; ISBN 8585701218

URZÊDA, Rhêmora Ferreira da Silva. A Fundação Banco do Brasil e o programa de desenvolvimento territorial integrado e sustentável do território dos cocais, no Piauí: articulações institucionais e educação. 2010. vii, 109 f. : Dissertação (mestrado) - Universidade de Brasília, Centro de Desenvolvimento Sustentável, 2010.

SANT'ANNA, Affonso Romano de. Como se faz literatura. 2. ed. Petrópolis, RJ: Editora Vozes Ltda, 1985. 57 p