Introdução ao Judaísmo/Festividades judaicas

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O Judaísmo possui diversas datas tanto festivas como de lamentações, baseadas em suas crenças religiosas e em fatos históricos. Cada ramificação possui também seus eventos particulares, e mesmo os eventos de caráter genérico também variam de ramificação para ramificação de acordo com a sua interpretação religiosa.

Rosh Hashaná[editar | editar código-fonte]

Rosh Hashaná (em hebraico ראש השנה , literalmente "cabeça do ano") é o nome dado ao ano-novo no judaísmo. Dentro da tradição rabínica, o Rosh Hashaná ocorre no primeiro dia do mês de Tishrei, primeiro mês do ano no calendário judaico rabínico e sétimo mês no calendário das Escrituras. Já para ramificações como o Caraísmo, o primeiro dia do ano ocorre no primeiro dia do mês de Aviv.

A Torá refere-se a este dia como o Dia da Aclamação (Yom Teruá-Vaicrá 23:24), pelo que os judeus caraítas seguem esta data mas não o consideram como princípio do ano.

Já a literatura rabínica diz que foi neste dia que Adam e Khawah foram criados e neste mesmo dia incorreram em erro ao tomar da árvore da ciência do bem e do mal. Também teria sido neste dia que Khaim teria matado seu irmão Hevel. Por isto considera-se este dia como Dia de Julgamento (Yom ha-Din) e Dia de Lembrança (Yom ha-Zikkaron), o início de um período de instrospecção e meditação de dez dias (Yamim Noraim) que culminará no Yom Kipur, um período no qual se crê o Criador julga os homens.

A comemoração é efetuada durante os dois primeiros dias de Tishrei conforme o costume pós-exílico para se garantir a comemoração no dia correto nas comunidades da Diáspora.

A celebração começa ao anoitecer na vespéra com o toque do shofar. É costume se comer certos alimentos representativos durante o Rosh Hashaná como maçãs com mel e açúcar para representar um ano doce. Durante a tarde do primeiro dia se realiza o tashlikh, um costume de recitar-se certas preces e jogar pedras ou pedaços de pão na água como um símbolo da eliminação dos pecados.

Durante os Yamim Noraim muitas orações (selichot) e poemas religiosos (piyuttim) são entoados junto com as orações normais.

Yom Kipur[editar | editar código-fonte]

Dia do perdão.

Sucót[editar | editar código-fonte]

Festa das tendas.

Chanucá[editar | editar código-fonte]

Chanukia

Chanucá ou Hanucá (חנכה ḥănukkāh ou חנוכה ḥănūkkāh), também conhecida como Festa das Luzes, é uma festividade de oito dias que comemora a libertação dos judeus do domínio dos gregos selêucidas no século III a.C. por parte dos Macabeus. A festa de Chanucá é celebrada durante oito dias, do dia 25 de Kislev ao 2 de Tevet (ou o 3 de Tevet, quando Kislev só tem 29 dias). Durante esta festa se acende uma Chanukiá, ou candelabro de 9 braços (incluindo o central e maior, denominado Shamash, ou servente). Na primeira noite acende-se apenas o braço maior e uma vela, e a cada noite se vai acrescentando uma vela, até que no oitavo dia o candelabro está completamente aceso.

O festival de Chanucá foi instituído por Judas Macabeu e seus irmãos para celebrar esse evento. (Mac. 1 vers. 59). Após terem recuperado Jerusalém e o Templo, Judá ordenou que o Templo fosse limpo, que um novo altar fosse construído no lugar daquele que havia sido profanado e que novos objetos sagrados fossem feitos. Quando o fogo foi devidamente renovado sobre o altar e as lâmpadas dos candelabros foram acesas, a dedicação do altar foi celebrada por oito dias entre sacrifícios e músicas (Mac. 1 vers. 36).

A tradição diz que após a purificação da Cidade Santa e do Templo, foi constatado que só havia um pequeno jarro de azeite puro no Templo com o selo intacto do Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) para que as luzes da Menorá fossem acesas, e isso duraria apenas um dia, mas milagrosamente durou oito dias, tempo suficiente para que um novo azeite puro fosse produzido e levado ao templo para o seu devido fim conforme manda a Torá (Ex 27:20-21). A Judéia ficou independente até a chegada do domínio romano em 63 a.C. A festa é realizada no dia 25 de Kislev (cai normalmente em dezembro), data onde o Templo foi reedificado. É uma festa marcada pelo clima familiar e pela grande alegria. Encontramos os fragmentos históricos de Chanuká nos livros apócrifos de I e II Macabeus e também em escritos talmúdicos.

Purim[editar | editar código-fonte]

Pessach[editar | editar código-fonte]

Mesa preparada para a realização do Sêder de Pessach.

Pessach ( em hebraico פסח, ou seja, passagem) é o nome do sacríficio executado em 14 de Nissan ou Aviv segundo o calendário judaico e que precede a Festa dos Pães Ázimos (Chag haMatzot). Geralmente o nome Pessach é associado a esta festa também, que celebra e recorda a libertação do povo de Israel do Egito, conforme narrado no livro de Shemot.

De acordo com a tradição, a primeira celebração de Pessach ocorreu há 3500 anos, quando segundo a Torá, D-us enviou as Dez pragas sobre o povo do Egito. Antes da décima praga, o profeta Moshê foi instruído a pedir para que cada família hebréia sacrificasse um cordeiro e molhasse os umbrais (mezuzót) das portas com o sangue do cordeiro, para que não fossem acometidos pela morte de seus primogênitos.

Chegada a noite, os hebreus comeram a carne do cordeiro, acompanhada de pão ázimo, pães ázimos e ervas amargosas como o rábano,por exemplo. À meia-noite, um mensageiro enviado por D-us feriu de morte todos os primogênitos egípcios, desde os primogênitos dos animais até mesmo os primogênitos da casa do Faraó. Então o Faraó, temendo ainda mais a Ira Divina, aceitou liberar o povo de Israel para adoração no deserto, o que levou ao Êxodo. Como recordação desta liberação, e do castigo de D-us sobre Faraó foi instituído para todas as gerações o sacríficio de Pessach.

Um segundo Pessach era celebrado em 14 de Iyar,para que pessoas que na ocasião do primeiro Pessach estivessem impossibilitadas de ir ao Tabernáculo, fosse por motivos de impureza , ou por viagem .

Pessach é hoje uma festa central do Judaísmo e serve como uma conexão entre o povo judeu e sua história, principalmente em épocas de grande perseguição. Antes do ínicio da festa, os judeus removem todos os alimentos fermentados (chamados chametz) de seus lares e os queimam. Não é permitido permanecer com chametz durante a Pessach. Os objetos de chametz são escondidos, e outros, passíveis de um processo de casherização são mantidos, os utilizados para cozinhar passam pelo fogo, e os de comidas frias passam pela água. É proibido realizar qualquer trabalho depois de meio-dia de 14 de Nissan, ainda que um judeu possa permitir que um goy realize este trabalho.

A festa de Pessach é antes de tudo uma festa familiar, onde nas primeiras duas noites (somente na primeira em Israel) é realizado um jantar especial chamado de Sêder de Pessach. Desta refeição somente devem participar judeus e gentios convertidos ao judaísmo. Neste sêder a história do Êxodo do Egito é narrada, e se faz as leituras das bençãos, das histórias da Hagadá, de parábolas e canções judaicas. Durante a refeição, come-se pão ázimo e ervas amargas, e utiliza-se roupa de sair para lembrar-se do "sair apressado da terra do Egito".

Shavuót[editar | editar código-fonte]

Shavuot (do hebraico:שבועות, "semanas" ) é o nome da festa também conhecida como Festa das Colheitas ou Festa das Prímicias, celebrado no quinquagésimo dia do Sefirat Haômer (Contagem do Ômer).

No mês de Sivan terminava a colheita de cereais e assim, dos próprios produtos que graças à proteção divina puderam ser extraídos do solo eram separadas as primícias como oferendas. Nenhum cereal da nova colheita podia ser utilizava antes de seis de Sivan (calendário judaico), data em que esse sacrifício se tornava efetivo. Por isso Shavuot se chama também Chag HaBicurím, festa das primícias.

Nos tempos do Templo, Shavuot assim como Pêssach e Sucót se caracterizavam pelas peregrinações. Grandes grupos de peregrinos afluíam de todas as províncias, e marchavam para Yerushalayim, acompanhados durante todo o trajeto pelos alegres sons das flautas. Em cestos decorados com fitas e flores, cada qual conduzia sua oferenda. Chegados à Cidade Santa eram acolhidos com cânticos de boas vindas e penetravam no Templo, onde faziam a entrega de seus cestos ao sacerdote. A cerimônia se completava com hinos, toques de harpas e outros instrumentos musicais.

O Shavuot, tambem celebra a revelação da Torá ao povo de Yisrael, pelas mãos de Moshê.

Outras festividades e datas importantes[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]