Introdução ao Judaísmo/Ramificações do Judaísmo

Fonte: Wikiversidade

O Judaísmo possui diversas ramificações cujas interpretações religiosas diferem entre si. Cada judeu expressa sua forma de religião, de acordo com o pensamento religioso comunitário ao qual adere.


Judaísmo católico

Judaísmo protestante Ambos com práticas judaicas e preceitos da Torá ou Tanakh

Judaísmo Rabínico[editar | editar código-fonte]

Judaísmo rabínico (do hebraico יהדות רבנית "Yahadut Rabanit" ) é o nome dado ao judaísmo tradicional, que aceita o Tanakh como revelação divina e a Torá Oral também como fonte de autoridade. Recebe este nome devido ao fato de dar grande valor aos ensinamentos rabínicos através dos tempos codificados principalmente no Talmud .

Suas principais ramificações são :

  • Judaísmo ortodoxo
  • Judaísmo conservador
  • Judaísmo reconstrucionista
  • Judaísmo liberal

Algumas ramificações dão grande ênfase à parte mística do judaísmo :

  • Chassidismo

Judaísmo Caraíta[editar | editar código-fonte]

Sinagoga Caraíta Bnei Yisrael

O Judaísmo Caraíta ( do hebraico קראים - Qaraim ou Bnei Mikra (Seguidores das Escrituras)), designa uma das ramificações do Judaísmo que defende unicamente a autoridade das Escrituras Hebraicas como fonte de Revelação Divina.

O Caraísmo defende a Crença Única e Absoluta em D-us e que sua Revelação Única foi dada através de Moshê na Torá (que não admite adições ou subtrações) e nos profetas da Tanakh. Confiam na Providência divina e esperam a vinda do Messias e a Ressurreição dos Mortos. Seguem um calendário baseado no Abib e com ínicio de mês na lua nova visível.

Rejeitam tradições próprias do judaísmo rabínico como por exemplo o Talmud e a Mishná, assim como o uso de kipá, peiot, tefilin e afins.

História do Caraísmo[editar | editar código-fonte]

Desde a época do Segundo Templo existiam seitas do Judaísmo que defendiam a autoridade única e exclusiva da Torá escrita , em oposição aos que seguiam também as tradições conhecidas como a Torá oral .Entre as seitas que seguiam unicamente a Torá escrita estavam os tzadokim (saduceus) e os betusianos .Estes se opunham aos perushim (Fariseus) que defendiam que D-us lhes revelara junto à Torá escrita uma Torá oral que era passada de geração à geração pelos estudiosos , mestres e profetas .

Estas seitas continuaram a existir até depois da destruição do Templo no ano de 70 d.C. , mas com a queda de Jerusalém, a autoridade central representada pelo Templo deixou de existir, fortalecendo as comunidades locais e seus centros de estudo (sinagogas)que eram majoritariamente farisaicas. Estes fariseus posteriormente dariam origem ao judaísmo rabínico , copilando suas leis e tradições em sua obra conhecida como Talmud.

O Talmud no entanto não foi aceito por uma parcela da comunidade judaica, que opôs uma forte resistência ao judaísmo rabínico. No séc.VIII d.C. , Anan ben David organizou os diversos elementos anti-talmudicos e conseguiu convencer ao Califado que estabelecesse um segundo exilarcado para aqueles que não seguissem as práticas talmudistas. Os seguidores de Anan foram conhecidos como "Ananitas" e posteriormente misturando-se a outras seitas anti-rabínicas constituiram o Caraísmo.

O Caraísmo obteve grande influência, chocando-se contra o Judaísmo Rabínico, mas este conseguiu sobressair-se no século X com Gaon Saadia. Mas o Caraísmo ainda continuou existindo principalmente na Espanha, Rússia, Egito, Império Bizantino e Israel. Hoje ainda existe reunidos em comunidades espalhadas pelo mundo, inclusive em Israel onde conta com um departamento governamental que cuida dos seus interesses.

Judaísmo Samaritano[editar | editar código-fonte]

Grupo de samaritanos. 1900

Os judeus samaritanos ( em hebraico שומרונים) são um grupo étnico-religioso, descendentes dos antigos habitantes de Samaria antes do exílio babilônico, e seguidores do Samaritanismo, uma ramificação da antiga religião mosaica. Os judeus samaritanos pregam ser a religião original judaica, e por este ponto de vista, geralmente repelem o judaísmo rabínico.

Hoje há cerca de 700 samaritanos, que vivem na cidade de Nablus e Holon, em Israel. Seu idioma de uso comum é o hebraico moderno e o árabe palestino, enquanto para atos litúrgicos utilizam o hebraico samaritano e o aramaico samaritano .

Origens[editar | editar código-fonte]

No ano de 926 a.C., dez das tribos de Israel rebelaram-se contra o rei Roboão, filho de Salomão devido aos encargos tributários impostos por estes reis. As dez tribos uniram-se em um reino, Israel, com a capital em Siquém (atual Nablus), enquanto as outras tribos fiéis à linhagem real davídica constituiram o reino de Judá. No ano de 875 a.C., o rei Omri de Israel muda a capital do reino para Samaria.

Monte Gerizim.

Em 722 a.C., os assírios conquistaram o reino de Israel, e deportaram grande parte da população, mesclando-se aos habitantes remanescentes. Os israelitas de Judá passaram pois a desmerecer estes habitantes pois consideravam que não eram mais fiéis às leis da Torá. Segundo as fontes samaritanas, no entanto, a separação entre os israelitas dos dois reinos ocorreu porque o sacerdote Eli decidiu construir em Siló um santuário para rivalizar com o do monte Gerizim, que é o monte santo dos samaritanos. Os sacerdotes de Gerizim teriam também se oposto a designação de Saul como rei, que como monarca destruiu o santuário de Gerizim. Quando o reino de Israel foi destruído, os samaritanos teriam sido deportados e quando regressaram estabeleceram o culto de Gerizim. O seu Templo foi reconstruído no séc. IV a.C., mas foi destruído em 128 a.C. pelo monarca João Hircano.

Era Moderna[editar | editar código-fonte]

Hoje a população samaritana é estimada em cerca de 670 pessoas (2005), que vivem no monte Gerizim e em Holom, comunidade criada pelo segundo presidente de Israel Yitzhak Ben-Zvi em 1954 .

Devido à sua resistência à aceitar convertidos, a comunidade samaritana tem sido reduzida grandemente, além de enfrentar enfermidades genéticas. Apenas em tempos recentes foi aceito que homens da comunidade se casem com mulheres judias não-samaritanas.

Doutrinas[editar | editar código-fonte]

Os judeus samaritanos consideram-se o verdadeiro Israel. São monoteístas, crêem apenas em Moisés como profeta e escolhido por D-us para entregar a Torá, que no caso dos judeus samaritanos tem pontos de diferença com a Torá comumente aceita. Rejeitam a tradição oral rabínica, os profetas e os escritos do Tanakh fora da Torá. Utilizam um código (Hillukh) que trata como aplicar a Torá à vida social.

Aceitam o monte Gerizim como o monte de D-us, conforme sua Torá ( Deuteronômio 27:4), local onde permanecia seu templo, e onde fazem as adorações e fazem seus sacrifícios de Pessach.

Sua cidade sagrada é Nablus, chamada no passado de Siquém ou Sicar, onde de acordo com a Bíblia, Jacó teria erguido um altar (Gênesis 34:18-20) e onde teria sido sepultado José (Josué 24:32).

Os samaritanos são educados em sua religião por seus mestres chamados de cohanim. Consideram-se como parte do povo hebreu, mas não do povo judeu.

Judaísmo Ateístico[editar | editar código-fonte]

Um judeu ateísta é um membro da comunidade judaica que não crê na existência de D-us , mas que ainda se considera um judeu, identificando-se não com a religião, mas sim com os costumes étnicos e culturais. Ainda que à primeira vista possa parecer uma contradição, ser judeu não leva necessariamente a uma crença religiosa.

O judaísmo ateístico está organizado no mundo de diversas formas. Por um lado há uma tradição de organizações judaicas ateísticas e seculares, desde a organização socialista Bund na Polônia do século XIX até a Sociedade do Judaísmo Humanista dos EUA. Por outro há judeus ateus que participam da comunidade judaica, sem necessariamente se envolver com religião (ainda que muitas comunidades ortodoxas considerem o filho de um judeu ateu como judeu devido à linhagem materna). E há um terceiro grupo cujos antepassados foram judeus, mas que não se consideram como judeus, já que julgam que o judaísmo é necessariamente uma religião, e sendo assim preferem ser chamados apenas de ateus.

Entre diversos ateus famosos, pode-se citar Sigmund Freud, Karl Marx e Woody Allen.

Outras Ramificações Judaicas[editar | editar código-fonte]

Existem alguns grupos judaicos, que não são reconhecidos como tais dentro do judaísmo. Ainda que existam diversas ramificações como vimos acima , o Judaísmo geralmente se atém à princípios básicos que o distinguem de outros grupos religiosos.

Judaísmo Messiânico e Ebionismo[editar | editar código-fonte]

Entre estes pode-se mencionar o Judaísmo messiânico, o qual adere a práticas do judaísmo, mas crê em Jesus o filho de Deus e Messias, integrando o Novo Testamento nas suas escrituras, dois aspectos que não fazem parte do judaísmo tradicional, e por isto não são considerados como um segmento do Judaísmo. Alguns grupos de Judeus Messiânicos não crêem na trindade cristã, variando assim de grupo em grupo. [1].Algumas seitas de cunho ebionita que crêem em Jesus como um Messias humano também defendem que sua religião é uma forma de judaísmo, ainda que sejam desprezados tanto por judeus como por cristãos.