O toyotismo no Brasil após a fase de redemocratização

Fonte: Wikiversidade
  • Marco Backhaus - Acadêmico do curso de Licenciatura em História da Faculdade Porto-Alegrense


1. TÍTULO

O toyotismo no Brasil após a fase de redemocratização.


2. DELIMITAÇÃO DO TEMA

Modelo de produção toyotista no Brasil de 1988 até 2000.


3. DEFINIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL

Brasil, de 1988 á 2000. Com a Nova Constituição de 1988 o neoliberalismo ganhou forças no país, facilitando a expansão do toyotismo. O interesse é observar a evolução deste modelo de produção e seus impactos na sociedade brasileira desde a implantação dessas novas políticas econômicas até o fim do século XX.


4.1 OBJETIVO GERAL

Demonstrar como a expansão do toyotismo no Brasil desenvolveu o país socialmente.


4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Compreender as origens do toyotismo e sua caracterização;

b) Conceituar neoliberalismo econômico, globalização e transnacionalização;

c) Apontar os motivos pelos quais o toyotismo expandiu-se pelo mundo;

d) Apontar os motivos pelos quais o toyotismo expandiu-se no Brasil;

e) Analisar criticamente a ascensão do toyotismo no Brasil, observando os âmbitos políticos, econômicos, e, sobretudo, os sociais.


5. PROBLEMA

A implantação de políticas econômicas neoliberais e a adesão de empresas ao toyotismo trouxeram um efetivo desenvolvimento social ao Brasil, ou somente econômico?


6. JUSTIFICATIVA

O modo de produção toyotista criado no Japão, por Taiichi Ohno, na década de 1940, modificou a organização social do trabalho em vários âmbitos, no mundo inteiro. A implantação da informática e da robótica durante a Terceira Revolução Industrial proporcionou inovações na indústria e uma nova visão dos trabalhadores e dos métodos industriais.

Os sistemas de controle de qualidade, controle de desperdício, trabalhos sob encomenda e multifuncionalidade da mão-de-obra aceleraram a produção, diminuíram gastos e aumentaram a lucratividade das empresas, assim como o just-in-time, proposto pelo fordismo e aprimorado por Ohno. Logo os EUA se interessariam por essas novas técnicas. O sistema Lean, inspirado na Toyota, trouxe os mecanismos industriais japoneses à América.

No Brasil, dentre os diversos períodos que caracterizam o capital nacional e a política econômica, pode-se destacar duas fases que foram essenciais para a implantação e aprimoramento do toyotismo. A primeira é fortemente marcada pelo papel do Estado no controle das ações de capital e domínio da industrialização. A segunda fase, que se pretende analisar na pesquisa, abrange o contexto da redemocratização do país e adoção de políticas econômicas neoliberais. Portanto, pesquisar as consequências da globalização e a expansão de uma nova organização mundial do trabalho (inserida no contexto de um país em ascensão econômica e reestruturação política), nos permite um olhar crítico sobre o processo de industrialização no Brasil, assim como as políticas que deram origem a uma nova organização da sociedade brasileira.

Se por um lado é vantagem para a empresa ter desperdício zero e aumento da produtividade em menos tempo de serviço, por outro, estes mecanismos exigem do trabalhador maior dedicação, empenho, conhecimento, domínio tecnológico e perfeição do produto. O que gera lucro para os empresários pode causar uma verdadeira doença social e psicológica nos trabalhadores. Por outro lado, uma maior predisposição para a preparação e desenvolvimento das habilidades e capacidades pessoais. Daí a importância de analisar a implantação do modelo de produção toyotista no Brasil e suas consequências sociais.


7. HIPÓTESE

Todos os processos de transformação da indústria nacional que ocorrem desde 1988 até o fim do século XX são consequências da economia neoliberal, e refletem no aumento da concentração da riqueza patronal e na proliferação de um modo de trabalho renovador, mas ainda sim exploratório, o toyotismo.


8. REFERENCIAL CONCEITUAL

TOYOTISMO: modelo de produção industrial que emprega o controle do desperdício, controle da matéria prima, terceirização, mão-de-obra qualificada e multisetorial, meritocracia e trabalho sob encomenda. Visando assim o aumento dos lucros com menos investimento por parte da matriz produtora. (OLIVEIRA, 2004).

NEOLIBERALISMO ECONÔMICO: política econômica que tem como princípio o favorecimento dos direitos individuais à propriedade privada e o regime de direito, apoio às instituições de mercados de livre funcionamento e de livre comércio. O Estado neoliberal faz uso da economia para elaborar e implantar sistemas de mercado. Busca reorganizações internas e novos arranjos institucionais que melhorem sua posição competitiva diante de outros Estados no mercado global. Essa competição resulta em monopólio e oligopólios que expulsam outras empresas mais fracas. A soberania do Estado com relação aos movimentos de mercadorias e de capital é entregue ao mercado global. São incorporados às normas da Organização Mundial do Comércio acordos internacionais entre países para garantir o regime de direito e as liberdades de comércio, vitais para o avanço do projeto neoliberal no cenário global. (HARVEY, 2008).

GLOBALIZAÇÃO: novo conjunto de condições técnicas aperfeiçoadas após a Terceira Revolução Industrial, de modo que o mundo torna-se unificado através da comunicação e transporte integrados entre si, em prol da internacionalização da produção e acúmulo do capital financeiro para as sedes das grandes empresas. (SANTOS, 2011).

TRANSNACIONALIZAÇÃO: empresas multinacionais que operam da sua matriz (sede), terceirizando mão-de-obra e controlando o capital estrangeiro a partir de investimentos em diversas partes do planeta. (SANTOS, 2011).


9. METODOLOGIA

Pesquisa qualitativa descritiva, realizada através de análises bibliográficas. Será adotado o método de abordagem indutivo, por meio de investigação crítica e fichamento das obras. Os dados analisados serão aplicados de acordo com o tema de cada capítulo da pesquisa, cumprindo com os objetivos em suas determinadas temporalidades, desde a origem até a investigação das consequências sociais causadas pelo modelo de produção toyotista no Brasil.

Diferentes obras trazem períodos distintos a serem descritos, assim como a conceituação de toyotismo e sua evolução, em âmbito mundial e nacional. Após a divisão temporal das bibliografias, será feita a separação da tipologia ideológica dos materiais para uma melhor análise de conteúdo e uma resposta à problemática não tanto unilateral, como costumam ser os trabalhos sobre o tema.


11. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

Para ser alcançado o principal objetivo da pesquisa, é preciso remontar à origem do toyotismo e entender os motivos pelos quais as empresas brasileiras tiveram a oportunidade de adotar tais técnicas, que por sua vez modificaram as relações de trabalho no Brasil. Para ter uma visão crítica sobre este processo, faz-se necessário recorrer a literaturas que identifiquem não só o desenvolvimento econômico do país ao longo desses anos, mas também que dêem respostas às verdadeiras condições sociais que o modo de produção toyotista e as técnicas Lean produziram.

Um estudo divulgado pelo IPEA, em 1974, mostra a situação das indústrias e seus profissionais naquela época, elucidando as características gerais do processo de implantação do toyotismo no Brasil durante sua primeira fase, controlada pelo Estado. Ao mesmo tempo a elaboração da pesquisa se embasará em bibliografias que denunciem a atual situação da indústria nacional, assim como artigos contendo entrevistas com funcionários de empresas que adotam as técnicas toyotistas, verificando a veracidade das informações de que ocorre descaso com a saúde mental de seus colaboradores e a obrigação que estes têm, de fazer do trabalho uma ação a ser incorporada à vida pessoal. Num contexto geral, buscar analisar através dessas fontes, os lados negativos e positivos da transformação do operário produtor em operário técnico, multifuncional.

A transformação do espaço físico e das relações econômicas foi o principal fator que abriu as portas ao toyotismo. Isso se dá através da transnacionalização, efetivada pela globalização. Theotonio Santos em “O neoliberalismo como doutrina econômica”, elucida pontos importantes a serem analisados no processo de reestruturação da indústria brasileira. David Harvey e Milton Santos produziram diversos trabalhos que conceituam de forma crítica tais ações do neoliberalismo, ao que mostram uma possível solução para o enfrentamento dos problemas sociais trazidos pela nova organização do trabalho, mascarada pelo “conhecimento das técnicas” e “polivalência”, que na verdade, segundo eles, se traduzem em aumento da jornada de trabalho e desvio de função, inserido em um padrão industrial de um país subordinado a um capital monopolizado, chamado de “globalização”.


10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

>CASTRO, Cláudio de Moura; SOUZA, Alberto de Mello. Mão-de-obra industrial no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1974

>CASTRO, Nádia Araújo (org.). A máquina e o equilibrista. Inovações na indústria automobilística brasileira. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

>FERNANDES, José Munhoz. Reestruturação produtiva: notas e reflexões sobre o toyotismo e os principais impactos no mundo do trabalho. In: XII SIMPEP – Bauru, SP, Brasil, 07 a 09 de novembro de 2005. 12 pg.

>GOUNET, Thomas. Fordismo e toyotismo na civilização do automóvel. São Paulo: Biotempo Editorial, 1999.

>HARVEY, David. A condição pós-moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

>HARVEY, David. O Neoliberalismo: História e Implicações. São Paulo: Edições Loyola, 2008.

>LIKER, Jeffrey K. O modelo Toyota: 14 princípios de gestão do maior fabricante do mundo. Porto Alegre: Bookman, 2005.

>OLIVEIRA, Eurenice de. Toyotismo no Brasil: desencantamento da fábrica, envolvimento e resistência. São Paulo: Expressão Popular, 2004.

>SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: BestBolso, 2011.