Utilizador:Lbiazon/Contraponto ao modelo da Khan Academy

Fonte: Wikiversidade

O modelo utilizado pela Khan Academy, e por algumas outras iniciativas correlatas, certamente vai mudar a forma de ensinar nos próximos anos. Um bom raio-X sobre o projeto foi realizado pela Revista Wired na matéria How Khan Academy Is Changing the Rules of Education. Mas a iniciativa é alvo de alguma críticas que precisam ser ouvidas e analisadas.

Uma delas é que apesar de o projeto ter alcançado o status de Bala de Prata, ou seja, uma solução relativamente simples para um problema que há décadas milhares de pessoas tentaram solucionar, ele se baseia em princípios pedagógicos ditos "instrucionistas", considerados como inadequados por grande parte dos educadores[1]. Na visão desses educadores, Salman Khan e Bill Gates, por não terem experiência de campo coma atividades educacionais, estão 'impondo' um modelo ultrapassado, sem ligar para modelos mais modernos("It's bullshit" é a opinião de Gates sobre algumas idéias do construtivismo). Parte dessas críticas são apresentadas no próprio artigo da Wired, e também em um post da Hackeducation (um blog muito bacana, por sinal).

Outra questão que considero importante é relacionada às fichas dos alunos. É possível para um professor/tutor acompanhar em tempo real quais são as atividades que os alunos estão fazendo no momento, quais completaram com sucesso, quais tiveram dificuldade. Ao longo do tempo, essa ficha mostra todo o histórico desse aluno, ponto a ponto, assunto por assunto, praticamente o DNA da aprendizagem dessa pessoa. Por mais que o armazenamento e visualização dessas informações tenham sido criados para resolver um problema prático, o de acompanhar de maneira mais granular os alunos de uma classe, surge um problema grave de privacidade: quem tem acesso a essas informações? Por quanto tempo? Há controle do aprendiz sobre isso? E mesmo se houver, ele está pronto para fazer essa escolha?

Num contexto em que as informações sobre nossos hábitos é um dos recursos mais valiosos para empresas como Google e Facebook traçarem nossos perfis para seus anunciantes, uma ficha sobre quais informações estão, literalmente, nos nossos neurônios tem um valor alto o bastante para alguns princípios éticos serem deixados de lado.

  1. Constructionism vs. Instructionism Papert, S. (1980).