DC-UFRPE/Licenciatura Plena em Computação/AspectosHumanose Soc. naComputaçãoDC (60) EAD/Era da Pós-verdade e das Fake-News

Fonte: Wikiversidade

PRODUÇÃO TEXTUAL[editar | editar código-fonte]

Esta é uma produção textual produzida sobre o tema Crimes de Digitais produzida durante a realização da disciplina.

É VERDADE ESSE BILHETE? O QUE É E COMO NÃO CAIR NA PÓS-VERDADE E FAKE NEWS[editar | editar código-fonte]

POR: WELLINGTON PEREIRA


Quando o filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu na sua obra “Humano, demasiado humano” que “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que a mentira” ele muito provavelmente não poderia imaginar que o mundo tomaria um rumo onde valores pessoais estão se sobrepondo a fatos concretos. Estamos numa era onde a informação é disseminada por apenas um clique, e todos os veículos virtuais de comunicação estão exercendo sua principal função, que é a de formar opiniões e de influenciar pessoas. Porém, nós não temos o hábito de pesquisar por tudo aquilo que nos chega pela rede mundial de computadores, e a consequência imediata disso é a disseminação da pós-verdade e das fake news.

Mas o que seria a pós-verdade e as fake news?

Apesar dos efeitos de ambas serem semelhantes no dia a dia, o conceito de uma não se confunde com o da outra. Segundo o dicionário Oxford, a Pós-Verdade denota circunstâncias nas quais os fatos objetivos têm menor influência na formação da opinião pública do que apelos emocionais e/ou crenças pessoais, sendo algo bem próximo do que Nietzsche escreveu em sua obra do século XIX. Já as fake news, por outro lado, são informações falsas que não condizem com a realidade. Em suma, enquanto a pós-verdade não é necessariamente uma mentira, a notícia falsa é uma mentira objetiva, construída para atingir um propósito.

Um exemplo para ilustrar melhor o que seria a pós-verdade são os grupos de pessoas que acreditam que a terra é plana, independente de já haver fato comprovado que a terra é redonda. A verdade individual (ou do grupo) se sobrepõe a verdade do fato. Uma fake news, por outro lado, seria editar uma foto da terra, mostrando-a plana, e espalhar como sendo uma foto oficial da NASA afirmando que a terra é plana.

Em um primeiro momento pode parecer um absurdo que em pleno século XXI a pós-verdade e a fake news esteja em alta, mas, por incrível que pareça, ambas foram usadas na constituição de governos. Nos Estados Unidos, em 2016, Donald Trump utilizou da pós-verdade disseminando uma grande variedade de informações e estatísticas sem nenhum fundamento, porém, uma enorme parcela da população americana, por motivos e/ou valores pessoais, acreditou nas palavras do então candidato à presidência, levando-o para a Casa Branca.

No Brasil, em 2018, o então candidato Jair Bolsonaro utilizou as redes sociais para espalhar notícias faltas sobre um “kit gay” que seria distribuído pelo MEC caso seu concorrente, Haddad, vencesse a campanha à presidência. Esse é apenas um exemplo dos vários que o então candidato utilizou na época, conseguindo chegar à presidência do Brasil, mas continuando com as fake news.

Os números são assustadores. Segundo uma pesquisa de cientistas do MIT (Massachusetts Institute of Technology), onde foram analisadas mensagens no Twitter, de 2006 até 2017, as notícias falsas se espalharam 70% mais rápido que as notícias verdadeiras, sendo mais de 126 mil postagens falsas, compartilhadas por cerca de 3 milhões de pessoas. Recentemente, em um estudo realizado no Brasil pelo Avaaz sobre a Covid-19, sete em cada dez brasileiros acreditam em pelo menos uma fake news sobre a pandemia, equivalendo a mais de 110 milhões pessoas.

Colocando em números mundiais, a Reuters Institute Digital News Report fez um estudo em 2018 onde concluiu que Turquia, México, Brasil e Estados Unidos, respectivamente, são os quatro países com maiores exposições as notícias falsas no mundo.

Em contrapartida, Brasil, Reino Unido, Espanha e Estados Unidos, respectivamente, são os países com as maiores preocupações com as fake news, sendo o Brasil líder nesse rank em disparado, com 85% de preocupação com o que é real e falso na internet, enquanto o Reino Unido, em segundo, tem 70% de preocupação.

Mas será que seremos vítimas das fake news e da pós-verdade para sempre? Muito provavelmente, sim. O que se pode fazer nesses casos é recorrer a alguns sites que tentam ajudar nessas situações, como a Agência Lupa, Fato ou Fake ou o E-Farsas, sites que procuram desmentir notícias que circulam na internet. Algumas dicas também ajudam na hora de filtrar tudo que chega pelas redes mundial de computadores, como considerar a fonte de onde veio a informação, checar quem são os autores, a data da publicação, e tentar revisar se os nossos ideais pessoais não estão afetando o nosso julgamento.

O fato é que vivemos num mundo onde uma imagem com um texto qualquer pode levar a consequências seríssimas e num país onde políticos ignoram o “textão” científico, mas creditam 280 caracteres de pura crença pessoal, milhares já morreram. Infelizmente, algumas pessoas com o poder na mão parecem diabos fantasiados de messias, e espalham notícias falsas e pós-verdades a torto e a direito, sequer se abrindo ao diálogo, pois são as “autoridades máximas” do país, e o que eles dizem é a verdade absoluta, cabendo a nós lutarmos contra esse tipo de gente que em nada contribui para educar o próprio povo.

Referências:[editar | editar código-fonte]