Educação Aberta/Coletivos

Fonte: Wikiversidade

Introdução[editar | editar código-fonte]

O áudio do podcast está disponível no Archive.org.

Esse texto é uma resenha em forma de podcast do conceito Coletivos, com base no artigos de MIGLORIN, César. O que é um coletivo. Nau v. 3, p. 10–13 , 2013, e no relatório da Casa da Cultura Digital POA - Observatório.cc.

Roteiro[editar | editar código-fonte]

SARAH: Oi pessoal! Me chamo Sarah Goulart e eu tô aqui com meus colegas da Universdade de Brasília, Dara Alencar e Matheus Pedreira pra falar sobre o texto de Cézar Migliorin que trata do tema “coletivos”. Você que tá ouvindo a gente agora, já participou de algum coletivo? Já ouviu falar de coletivos de alguma área? Sabe do que se trata, ou será que, como alguns de nós antes de ler o texto, você pensa que sabe, tem uma vaga ideia e agora tá começando a se perguntar se é tão obvio assim? Olha, eu não sei dizer se já participei de um coletivo. Mas agora que sei o significado do termo, tô bem empolgada pra transformar um grupo de estudos que estou iniciando na minha área, que é performance musical, em um coletivo de fato.

DARA: ok, ok, Você tá deixando o povo muito curioso, vamos começar a falar do texto?

[som instrumental, bateria ligeira]

SARAH: O Cézar Migliorin começa o texto falando do uso do termo "coletivo" em contextos que nem sempre funcionam num formato condizente com essa denominação. O autor começa zerando tudo e coloca em termos bem essenciais: coletivo é mais que um! Porém ele caracteriza esse “mais que um” como “aberto”. É assim que a gente deixa de ver um coletivo como apenas um nome diferentão para “grupo”. O coletivo de fato funciona de uma forma diferente. E é sobre isso que vamos nos aprofundar agora. Eu passo a bola pra Dara: Dara, segundo o autor, como se caracteriza o funcionamento dos coletivos em comparação com o dos grupos?

DARA: Oi, Sarah, bem, como já sabemos, o coletivo é mais que um, é aberto. Não significa simplesmente que todos produzem juntos, mas sim que há uma troca de interesses em diferentes intensidades. Ele frisa bastante esse ponto, o do interesse comum, né, Matheus? O que mais precisamos levar em conta?

MATHEUS: Olá colegas! Além de ser um ponto de convergência que permite agregar interações, trocas, diálogos e experiências, o coletivo é aberto porque é permeável a outras pessoas, grupos, e claro, a outros coletivos e centros de criação. Ele mesmo pode ir se transformando com essas trocas.

DARA: Sim! E é bom destacar que os interesses responsáveis por aproximar essas pessoas não precisam ser exatamente os mesmos pra todo mundo e nem o nível de engajamento dos membros precisa ser o mesmo. Os membros se unem por interesses em comum e conforme a própria disponibilidade, não por um compromisso institucional...

SARAH: Sim! Inclusive é por isso que eu percebi que transformar meu grupo de estudos em um coletivo teria tudo a ver. Eu simplesmente queria conectar pessoas que se relacionam com música de alguma forma, e que se interessam em algum nível pela questão do palco, da performance, do contato com a plateia -- com o grupo com que você está fazendo arte junto. Não queria exigir que todos aderissem necessariamente a todas as atividades, porque isso poderia afastar alguém que tivesse menos tempo, ou um interesse menos profundo,ou mais pontual.

MATHEUS: Isso mesmo, o coletivo não gera um bloco coeso, unitário.

SARAH: O objetivo da minha iniciativa com essas pessoas é trocar informações a respeito do tema, dividir experiências, e realizar práticas, mas nada deve ser obrigatório pra ninguém, sabe? O vínculo é fluido e flexível, pra que cada um se sinta confortável e não cobrado a participar de alguma forma específica. Mas, assim, claro que nos ambientes de prática, como se trata de práticas performáticas, algumas pessoas podem se sentir expostas se virem que alguém não está se disponibilizando a participar, mas vai ficar ali assistindo...por mais que isso faça parte da proposta, onde o nível de engajamento é variável, pode ser que isso possa causar uns incômodos....Será que isso tem a ver com o tal estado de crise constante que o autor menciona???!

[som instrumental, tensão, suspense]

MATHEUS: Nossa, que dramático! haha! Mas é bem por aí...como os interesses podem ser mutáveis, os níveis de engajamento dos variados e existe uma interação muito permeável com outros grupos, o coletivo acaba vivendo num estado de crise constante, de conflitos, debates...numa tensão mesmo...

DARA: ...que é causada pela heterogeneidade necessária no coletivo também, né? É algo que também torna mais rica a experiência pra todos.

SARAH: É verdade, lá no meu grupo mesmo, quero dizer, no COLETIVO, tem um pessoal que está escrevendo Trabalho de Conclusão de Curso sobre algum tema dentro da área de performance musical, com altas pesquisas interessantes pra dividir. Tem alguns instrumentistas de música erudita que sentem falta de estar preparados pra considerar o publico nas performances deles; tem um pessoal que é instrumentista e faz trilha pra teatro, com uma experiência incrível de trabalhar a relação da música com a performance dos atores; outros são de bandas que trabalham com performance de forma mais intensa no palco e querem sistematizar o que aprenderam na marra...então com essa multiplicidade de pontos de vista, eu sinto que a gente pode ir muito longe e muito fundo...apesar de que...isso pode gerar uma certa dispersão...

MATHEUS: Pois é, o autor coloca no texto que a intensidade de trabalho de cada membro pode variar e no entanto ser decisiva na manutenção do coletivo, no sentido de que define a resiliência desse coletivo às crises. Como você disse, a dispersão, por exemplo, pode exigir que haja um líder. Pode haver quem trabalhe mais, ou que conduza as ações, as atividades. Pode ser que alguém ganhe mais ou que alguém se destaque no caso de haver movimentação financeira no coletivo, e tal.

DARA: Mas é bom lembrar que nesse caso da liderança, Migliorin destaca que por mais que possa haver o destaque, na lógica do coletivo, nunca esse destaque de um, se sobrepõe à multiplicidade do coletivo.

SARAH: Interessante. Que nem quando a gente observa um cardume ou um bando de pássaros voando [som de passaros], nunca o mesmo peixe ou o mesmo pássaro está sempre guiando, ou no mesmo lugar do aglomerado...eles vão mudando a liderança de forma bem fluida. Uma hora se está na borda, outra hora se mistura no meio, depois vai pra ponta liderar.

DARA: O coletivo é formado por uma filtragem dos mundos que cada um traz pra realidade das trocas, sem uma criação de blocos -- não é uma hierarquia ou efeito pirâmide.

MATHEUS: É, a gente falou da questão da liderança, mas por outro lado, um membro super ausente, mas que represente a relação desse coletivo com alguma outra instância essencial pra manutenção do coletivo, pode ser muito importante e até definir a continuidade das atividades!

SARAH: Hmm! Por exemplo, quando eu e os demais colegas que estão pesquisando pros Trabalhos de Conclusão de Curso e estágios nos formarmos vai ficar bem difícil da gente ter lugar pra fazer práticas de performance...mas há um colega do coletivo que ainda não apareceu em nenhuma reunião e nem participou via internet, que talvez possa ajudar a gente a conseguir um espaço pra isso, porque ele faz parte de uma companhia teatral que tem acesso a salas de ensaio em outros locais...

DARA: Exato, deixar de nutrir conexões por sua diversidade não é um bom negócio. É isso que o coletivo permite, e até exige pra manutenção de sua existência. Não dá pra medir em tempo ou dinheiro a relevância de um acontecimento ou participação de um membro de um coletivo -- é outra lógica. Ao mesmo tempo em que precisa das conexões, o coletivo também precisa das divergências, da diversidade necessária no seu processo de construção, se não, somente haveria a tensão e dispersão. É preciso alguma afinidade! Essa afinidade, pode acontecer em qualquer espaço que acompanhe as facilidades econômicas, produtivas ou criativas dos sujeitos que constituem o grupo.

MATHEUS: É, não é objetivo de ninguém que o coletivo perca seu fio da meada, fracasse, e que pare de gerar dinheiro, se tiver... mas Migliorin também aborda o fracasso dos coletivos: ''O fracasso é a hipérbole da linha reta" [voz externa, "é o que, menino?", alto]

MATHEUS: Calma! Ele é um pouco poético mesmo, mas ele quis dizer que o fracasso em um coletivo seria mais relacionado à sua deturpação para uma lógica mais fechada, menos fluida e que hipervaloriza a objetividade - a linha reta, em detrimento da multiplicidade. Ou seja, o fracasso nos coletivos é muito mais essa verticalização hierárquica do que...o que as pessoas esperam que seja fracasso mesmo.

DARA: E o que as pessoas esperam que seja fracasso mesmo?

[voz externa "ó, é o fim, césar migliorin!"]

SARAH: Meu senhor! Pois sim, existe essa questão da dissolução... finalização das atividades do coletivo. Isso pode gerar uma sensação de perda muito grande... nem quero pensar na possibilidade de o meu coletivo não ter impulso suficiente de iniciativas concretas pra permanecer vivo depois que eu terminar o meu estágio e Trabalho de Conclusão de Curso sobre performance no final desse ano!

DARA: Olha, sabe que eu tô achando bem legal a gente ter esse seu exemplo de coletivo como ilustração? Acho até que ficou faltando isso no texto! Dá pra visualizar bem mais facilmente o que o autor quis dizer. Então: sobre isso ele diz que o processo é um elemento essencial nos coletivos, enquanto se está junto, trocando, se está criando, atualizando a existência do coletivo.

MATHEUS: As atualizações dos coletivos podem ser as criações de filmes, obras, seminários, livros, a geração de ideias ou propostas... De qualquer forma é o estar junto, fazer e conectar que influencia no resultado final do coletivo.

SARAH: Entendo, há um quê de efemeridade nessas ligações, já que elas são pautadas no interesse coletivo que acontece e é fomentado...mas pode tanto explodir em fertilidade, quanto se extinguir ou ter um hiato por não estar sendo mais alimentado.

[som de grilos]

MATHEUS: Estamos chegando perto do final [som de tic-tac, relógio] e para concluir todo esse assunto, é importante perceber que os últimos anos trouxeram notáveis novidades para os coletivos, por meio do cinema, do audiovisual e todas essas novas mídias.

DARA: Sim, o autor fala ainda um pouco sobre como um coletivo tanto funciona como uma rede, quanto é um ponto numa rede bem maior que ele mesmo, pois conecta várias realidades e vários contextos.

Um exemplo são as revistas criadas por ONGs, escolas e diversas associações ou mesmo os coletivos presentes na história das artes, como no caso dos filmes.

MATHEUS: E aí, deu para entender um pouco do que seria coletivo?! Conseguiu lembrar se já participou de algum?

SARAH: Eu vou mais empolgada pro meu novo coletivo, agora! Obrigada pela sua atenção e até a próxima!

DARA e MATHEUS: Até mais!

[som instrumental, funk]

Comentários[editar | editar código-fonte]

Créditos sonoros[editar | editar código-fonte]

http://bbcsfx.acropolis.org.uk/ (Licença de uso não comercial)

https://pt.audiomicro.com/efeitos-sonoros-gratuitos

Créditos[editar | editar código-fonte]

Dara Elizabeth Costa Alencar

Vinicius Campos Queiroz

Matheus da Costa Pedreira

Gabriel Ferreira Aguiar

Sarah Silva Goulart