Introdução à Audiologia Básica/Introdução à Psicoacústica Aplicada à Audição/Propriedades Físicas do Som

Fonte: Wikiversidade
sinal de atenção em vermelho com uma pessoa trabalhando

Caro(a) aluno(a), este curso está sendo construído por um(a) ou mais editores(as).

As informações presentes poderão mudar rapidamente ou conter erros. Obrigado(a).

Propriedades Físicas do Som

Conteúdo

O som é um fenômeno vibratório resultante de variações da pressão no ar. Essas variações de pressão se dão em torno da pressão atmosférica e se propagam longitudinalmente, à velocidade de 344 m/s para 20 °C. Qualquer fenômeno capaz de causar ondas de pressão no ar é considerado uma fonte sonora. Pode ser um corpo sólido em vibração, uma explosão, um vazamento de gás a alta pressão, etc. Basicamente, todo som se caracteriza por três variáveis físicas: frequência, intensidade e timbre.[1]

Frequência[editar | editar código-fonte]

A frequência (f) é o número de oscilações por segundo do movimento vibratório do som. Para uma onda sonora em propagação, é o número de ondas que passam por um determinado referencial em um intervalo de tempo. Chamando de λ o comprimento de onda do som e V a velocidade de propagação da onda, pode-se escrever:

A unidade de frequência (SI) é ciclos por segundo, ou Hertz (Hz). Portanto, um som de 32 Hz tem uma onda de 10,63 m e, um som de 20.000 Hz tem um comprimento de onda de 1,7 cm. O nosso ouvido consegue captar sons de 20 a 20.000 Hz. Os sons com menos de 20 Hz são chamados de infra-sons e os sons com mais de 20.000 Hz são chamados de ultra-sons. Esta faixa de frequências entre 20 e 20kHz é definida como faixa audível de frequências ou banda audível.[1]

Dentro da faixa audível, verificamos que o ouvido percebe as frequências de uma maneira não linear. Experiências demonstram que o ouvido humano obedece a Lei de Weber, de estímulo/sensação, ou seja, as sensações como cor, som, odor, dor, etc., variam como o logaritmo dos estímulos que as produzem.

Assim, os intervalos entre os sons de 100 e 200 Hz, 200 e 400 Hz, 400 e 800 Hz parecerão iguais ao nosso ouvido. Portanto, pela Lei de Weber, concluímos que o intervalo entre frequências não se mede pela diferença de frequências, mas pela relação entre elas. Desta maneira, se define uma oitava como sendo o intervalo entre frequências cuja relação seja igual a 2.

Esta é a razão que intervalos entre as notas sucessivas de um teclado de piano parecem sempre iguais, constituindo o intervalo de uma oitava. Em qualquer representação gráfica (figuras ou gráficos) colocamos a frequência em escala logarítmica, por ser a forma que mais se aproxima da sensação do nosso ouvido.[1]

Atualmente, usamos como frequência de referência (padronizada pelo SI), o valor de 1000 Hz, ficando as oitavas com frequência central em 500, 250, 125, 62,5, 31,25, e 2.000, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz. As frequências audíveis são divididas em três faixas:

Baixas frequências ou sons graves as 4 oitavas de menor frequência, ou seja, 31,25, 62,5 125 e 250 Hz.

Médias frequências ou sons médios as três oitavas centrais, ou seja, 500, 1000 e 2000 Hz.

Altas frequências ou sons agudos as três oitavas de maior frequência, ou seja, 4.000, 8.000 e 16.000 Hz.

Intensidade[editar | editar código-fonte]

A intensidade do som é a quantidade de energia contida no movimento vibratório. Essa intensidade se traduz com uma maior ou menor amplitude na vibração, ou na onda sonora. Para um som de média intensidade essa amplitude é da ordem de centésimos de milímetros. A intensidade de um som pode ser medida através de dois parâmetros: a energia contida no movimento vibratório (W/cm²) a pressão do ar causado pela onda sonora (BAR = 1 dina/cm²) Como valor de referência para as medições, fixou-se a menor intensidade sonora audível.[1]

Como valor de referência para as medições, fixou-se a menor intensidade sonora audível.

Esse valor, obtido da média da população, foi de:

Para energia = 10 -16 W/cm²

Para pressão = 2 x 10 -4 BAR

Como podemos notar, do ponto de vista físico, a energia contida num fenômeno sonoro é desprezível. A energia sonora contida num grito de "gol" de um estádio de futebol lotado, mal daria para aquecer uma xícara de café. Se a energia da voz de toda a população de uma cidade como Bauru fosse transformada em energia elétrica, seria o suficiente apenas para acender uma lâmpada de 50 ou 60 Watts.

Ao fazermos uma relação entre a intensidade sonora e a audição, novamente nos encontramos com a Lei de Weber, ou seja, conforme aumentamos a intensidade sonora, o nosso ouvido fica cada vez menos sensível; ou ainda, precisamos aumentar a intensidade de maneira exponencial para que o ouvido "sinta" o som de maneira linear. Desta maneira, quando escutamos um aparelho de som que esteja reproduzindo 20 Watts de potência elétrica, e aumentamos instantaneamente a sua potência para 40 Watts, o som nos parecerá mais intenso.

Se quisermos, agora, aumentar mais uma vez o som para que o resulte a mesma sensação de aumento, teremos que passar para 80 Watts. Portanto, usamos uma escala logarítmica para a intensidade sonora, da mesma maneira que usamos para a frequência. Para sentirmos melhor o problema, onde temos intensidades sonoras desde 10-16 W/cm² (limiar de audibilidade), até 10-2 W/cm² (limiar da dor).

Nota-se que o nosso ouvido tem capacidade de escutar sons cuja diferença de intensidade seja de cem trilhões de vezes. Se quiséssemos usar a escala linear de intensidade sonora, teríamos que dizer, por exemplo, que o ruído da rua de uma cidade é 100 milhões de vezes mais intenso que o menor som audível. Logo se vê a improbidade desses números: matematicamente são impraticáveis e, fisiologicamente, não refletem a sensação audível.

Para contornar esses problemas lançamos mão da escala logarítmica. Usaremos apenas o expoente da relação e dizer que o ruído da rua está 8 BELs acima do limite de audibilidade (com valor de 0 BEL). O nome BEL foi dado em homenagem a Alexandre Graham Bell, pesquisador de acústica e inventor do telefone.

Agora a escala ficou reduzida em excesso, pois, entre o limiar de audibilidade e o ruído da rua, existem mais de 8 unidades de sons audíveis. Foi criado, então, o décimo do BEL, ou seja, o decibel: dizemos agora que o ruído da rua está 80 dB (com o "d" minúsculo e o "B" maiúsculo), acima do valor de referência. Portanto, o número de decibel (dB) nada mais é que aquele expoente da relação das intensidades físicas, multiplicado por 10. A intensidade sonora medida em decibel é definida como Nível de Intensidade Sonora (NIS) ou Sound Intesity Level (SIL), em inglês.[1]

Timbre[editar | editar código-fonte]

Se tocarmos a mesma nota (mesma frequência) com a mesma intensidade, em um piano e em um violino, notamos claramente a diferença. Em linguagem comum, dizemos que os seus timbres são diferentes. Portanto, o timbre nos permite reconhecer a fonte geradora do som. Tecnicamente, o timbre é a forma de onda da vibração sonora.[1]

Ruído[editar | editar código-fonte]

A definição de ruído é um tanto ambígua. De modo geral pode ser definida como um som indesejável. Assim apresentemos duas definições para o ruído.[1]

Definição Subjetiva: Ruído é toda sensação auditiva desagradável ou insalubre.

Definição Física: Ruído é todo fenômeno acústico não periódico, sem componentes harmônicos definidos.

Fisicamente falando, o ruído é um som de grande complexibilidade, resultante da superposição desarmônica de sons provenientes de várias fontes. Seu espectro sempre será uma confusa composição de harmônicas sem qualquer classificação ou ordem de composição.

Normalmente seu espectro é de banda larga (de frequências), compacto e uniforme, sendo comum aparecer uma maior predominância de uma faixa de frequências (graves, médias ou agudas). O espectro de frequências de um ruído tem um difícil interpretação, preferindo-se a densidade espectral.

Nas últimas décadas os ruídos se transformaram em uma das formas de poluição que afeta a maior quantidade de pessoas. A partir de 1989 a Organização Mundial da Saúde (OMS) já tratou o ruído como problema de saúde pública.

Por conter um grande número de frequências, alguns ruídos foram padronizados, usados em testes e calibração de equipamentos eletroacústicos. Os principais são:

Ruído aleatório: é o ruído cuja densidade espectral de energia é próxima da distribuição de Gauss.

Ruído branco: é o ruído cuja densidade espectral de energia é constante para todas as frequências audíveis. O som de um ruído branco é semelhante ao de um televisor ‘fora do ar’.

Ruído rosa: é o ruído cuja densidade espectral de energia é constante para todas as frequências.[1]

Referências

  1. 1,0 1,1 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,7 Fernandes, João Candido (2002). Acústica e Ruídos. Bauru: [s.n.] p. 6-29. 51 páginas

Conteúdos audiovisuais

Quiz

Caro(a) aluno(a), lembre-se que o quiz é uma autoavaliação.

Esta aula não possui quiz.

Conteúdo adicional

Nenhuma leitura adicional definida.
Você pode definir leituras adicionais aqui.
Você também pode usar o botão de edição no canto superior direito de uma seção para editar seu conteúdo.

Discussão