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Introdução ao Jornalismo Científico/História da Ciência e da Tecnologia/A Técnica nas Primeiras Grandes Civilizações/script

Fonte: Wikiversidade

Estima-se que a escrita tenha surgido há 5,5 mil anos, isso segundo evidências encontradas em explorações feitas em Uruk, uma cidade que ficava às margens do rio Eufrates, onde hoje é o Iraque. As primeiras grandes civilizações se assentaram próximas de rios, fonte de água e provavelmente de comida, áreas propícias à agricultura. Ou melhor, ao surgimento dela. Os rios Amarelo, Indo, Ganges, Tigre, Eufrates e Nilo foram os berços das civilizações chinesa, árabe, indiana (hindu) e da mesopotâmica. Elas serão analisadas nesta aula através dos prisma histórico da evolução da técnica, da tecnologia e da ciência.

Ao longo da proto-história - Neolítico e a Idade dos Metais - houve uma evolução cognitiva de nossa espécie. Somente a fala era insuficiente para a comunicação de uma sociedade cuja população crescia, assim como a complexidade das relações sociais que a constituíam. A escrita, no início em forma de ideogramas, era habilidade de alguns poucos escribas. "O conhecimento em si mesmo é um poder", disse Francis Bacon. Não à toa, escrever e ler não eram práticas disseminadas nas civilizações que veremos. Ao passo que as civilizações se desenvolviam, a estrutura social tornou-se mais complexa, com governantes, governados, comerciantes e sacerdotes. Entre eles, a escrita espalhou-se um pouco mais. Antes do surgimento da escrita, os fenômenos da natureza não eram "interpretados", apenas aconteciam. Assim, não existia nem a curiosidade em compreendê-los, o que seria a essência do que chama-se de "espírito científico".

Mapa atual com uma mancha que representa a área em que viviam as civilizações antigas da Mesopotâmia.

A Mesopotâmia era uma área entre e ao redor dos rios Eufrates e Tigre, onde vários povos se estabeleceram no princípio do desenvolvimento, como os sumérios, acádios, amoritas, semitas, cassitas, hurritas, caldeus, hititas, babilônios e assírios. Hoje, a maior parte desse território corresponde ao Iraque e Kuwait, além do leste da Síria e áreas fronteiriças entre Síria e Turquia e Iraque e Irã.

Na região, cidades como Ur, Babilônia, Uruk, Nippur, Nínive e outras revezavam-se no domínio. A alternância não era sempre acordada. Ela era feita com base em alianças, guerras e disputas comerciais. A unificação da Mesopotâmia foi acontecer com 2750 a.C., quando Sargão fundou a dinastia Acadiana, também conhecida como Sumério-acadiano, devido à influência cultural dos sumérios. Ela durou até Hamurabi estabelecer o I Império Babilônico, em 2000 a.C, que depois foi conquistado pelos assírios, por volta de 700 a.C. Esta dinastia pouco durou, até 612 a.C., quando Nabopolassar fundou o II Império Babilônico. O fim da civilização mesopotâmica veio com Ciro II , o rei dos persas, que dominou a região reduzindo-a à condição de província.

Nos 4.500 anos de existência da Mesopotâmia, os reis e soberanos eram os representantes das divindades e exerciam controle sobre a população, seus servos. Os sacerdotes eram de fundamental importância para a preservação da estrutura social das cidades, pois eles eram os únicos que compreendiam a manifestação das divindades nos fenômenos naturais. Assim, os sacerdotes detinham quase que exclusivamente o conhecimento em leitura, escrita, contagem, Medicina e Astrologia. Os outros poucos que sabiam ler e escrever normalmente eram ligados ao soberano, às vezes funcionários públicos, que trabalhavam para a execução de vontade real em troca de regalias. Os militares mantinham a segurança das cidades e ficavam na parte superior da camada social. O restante da população, os governados, eram postos em trabalhos rurais e manuais, com poucas chances de ascensão social, e mantinham superstições. Havia também escravos e prisioneiros de guerra, usados na construção e em serviços domésticos.

Mapa detalhado dos rios Tigres e Eufrates com as divisões fronteiriças das nações contemporâneas da região.

Os primeiros indícios de que a cultura mesopotâmica existiu foram encontrados no século XIX, a começar pelo arqueólogo e filólogo alemão Georg Grotefend, que conseguiu decifrar parte das inscrições de 13 painéis achados em um aldeia no noroeste de onde hoje é o Irã. As evidências seriam de 516 a.C. e a escrita, cuneiforme, foi feita em três línguas: persa antigo, elamita e acadiano. Depois, o orientalista Henry Rawlinson completou o trabalho de tradução iniciado por Grotefend e publicou livros sobre a descoberta, o que aumentou o interesse arqueológico pela região. Milhares de tábuas foram encontradas graças a trabalhos subsequentes, como as 50 mil escavadas na área onde era Nippur, ou as 25 mil tábuas achadas na Biblioteca Real de Nínive.

A escrita foi a principal contribuição da cultura mesopotâmica, que mostrou ser inventiva e ter capacidade de inovar e aperfeiçoar as técnicas usadas, como na ourivesaria ou na tecelagem. Devido aos benefícios em várias atividades da sociedade, destacam-se duas invenções: a roda e o arado. A roda melhorou o transporte, tornou possível ir mais longe e com mais carga, além de seu uso em batalhas, enquanto o arado ampliou a produtividade da agricultura. O comércio era na base da troca e existiam medidas padronizadas com base no corpo humano, como a mão, o palmo e o pé.

Os povos da Mesopotâmia atribuíam o conhecimento e o saber à deusa Ea, cujas revelações eram restritas aos sacerdotes, que não escreviam nem compartilhavam o saber adquirido. As tábuas de argila encontradas não mostram explicações ou teorias, somente exercícios ou textos sobre como fazer. Em outras palavras, era técnica sem teoria. Prender o conhecimento a si dava aos sacerdotes a justificativa de sua posição superior ao resto, com exceção ao soberano. Ambos colocavam-se como os únicos representantes das divindades. Não obstante, a Mesopotâmia tinha um razoável conhecimento matemático, médico e astronômico, embora não se caracterize como Ciência justamente por não haver explicação das práticas em tais áreas.

Tábua babilônica com equações matemáticas.
  • Os textos matemáticos achados são tabelas de números e problemas.
  • A numeração era sexagesimal, baseada na elíptica solar observada pela astronomia.
  • O movimento circular do sol representava 360 compartimentos ou graus.
  • Eles chegaram a esse valor com a divisão do círculo por seis, como se um hexágono fosse colocado dentro da elipse solar.
  • O zero era desconhecido.
  • Havia álgebra, equações simples, cúbicas e de 2º grau.
  • As operações não eram justificadas ou explicadas, e não existiam regras matemáticas.
  • A geometria envolvia cálculo de área, volume e dimensão de figuras.
  • Eles conheciam o triângulo isósceles, a relação dos lados do triângulo retângulo (Teorema de Pitágoras), ao contrário dos egípcios.
  • O valor mais próximo de pi a que chegaram foi 3,125.
Imagem do Selo de Adda, datado de 2.300 a.C. e exposto no British Museum de Londres. Nele aparecem deuses, entre os quais dois podem ser identificados: com rios e peixes saindo de seus ombros, está Ea, deusa das águas subterrâneas e da sabedoria. Atrás está Usimu, o vizir de duas faces
  • O movimento dos astros era conhecido, mas usado como previsão dos acontecimentos mundanos.
  • Observaram cinco planetas: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno.
  • Conheciam os pontos cardeais, o movimento do Sol, estrelas e constelações, fases da Lua.
  • Criaram o calendário lunissolar, base para o usado até hoje.
  • Ele era dividido em doze meses de 29 ou 30 dias, somando 354 dias.
  • Após três anos, o rei acrescenta o 13 mês, devido ao atraso de 33 dias em relação ao ano solar.
  • Astrologia, e não astronomia.
  • Do século XVIII a.C., o Código de Hamurabi tratava da medicina ao estabelecer o pagamento de cinco shekels - ou siclo, unidade de medida igual a 129 grãos (cevada, trigo) - ao médico que curasse o paciente de uma enfermidade, braço quebrado ou em casos de cirurgia.
  • Se o paciente morresse na cirurgia do médico, ele deveria ter as mãos cortadas. Se quem morresse fosse um escravo, ele deveria dar outro ao dono.
  • Acreditavam que as enfermidades eram de origem divina.
  • Mesmo assim, buscavam a cura com drogas feitas a partir de ervas.
  • Sabiam pouco de anatomia: fígado era a fonte da vida e das emoções, e o coração do intelecto.
Mapa da região do Crescente Fértil.

Próximo à região da Mesopotâmia, o rio Nilo serviu como refúgio para diversas populações que transitaram pela região, perto da ligação da África com a Ásia. A geografia de vale proporcionava um isolamento natural do deserto ao redor das margens. Novamente, a água aparece como um fator fundamental para o desenvolvimento civilizacional. Na época de secas era a cheia do Nilo, que trazia desde a Etiópia lodo fértil, renovando o solo para as plantações de trigo, cevada, leguminosas e uvas, cuja colheita era farta a ponto de se ter mais comida que o necessário. Essencialmente rural, os egípcios foram muito desenvolvidos na agricultura, desenvolvendo-a apenas nas beiras fluviais. Longe do Nilo, solo árido era usado para a criação de animais.

Mapa do Antigo Egito.

Hititas, líbios e semitas geraram os egípcios e as várias cidades ocupavam as margens do rio Nilo, que dividiam-se em dois grupos: Alto Egito, ao sul do Nilo; e Baixo Egito, ao norte do Nilo, próximo ao Mar Mediterrâneo. A unificação aconteceu com a vitória do Alto Egito e a fundação da capital Mênfis, por volta de 1100 a.C. Acredita-se que o soberano era Menés/Narmer, que tornou-se o rei da primeira dinastia egípcia. Com um total de 31 dinastias ao longo de 3 mil anos, o Egito foi conquistado pelos persas em 525 a.C., por Alexandre, em 332 a.C., e acabou de vez com a chegada do Império Romano, que o tornou uma colônia. Antes da derrota para os persas, os egípcios viviam praticamente isolados, com pouco contato com culturas geograficamente próximas, como a mesopotâmica.

Templo de Karnak

O Egito era uma teocracia comandada pelos faraós com o auxílio dos sacerdotes. A crença entre os egípcios da vida após a morte levava-os a enxergar a vida terrena como transitória, passo anterior de uma imortalidade. A realidade era, pois, imóvel; a mudança viria em ciclos. A soma desses dois fatores, preocupação com a eternidade e resignação diante da realidade, conservava a estrutura da sociedade egípcia. Aqui também não houve desenvolvimento teórico, somente técnico baseado na experiência prática, tanto que as técnicas usadas no templo de Karnak, em 1370 a.C., são similares às usadas por volta de 2500 a.C. nas pirâmides de Queóps.

A cultura egípcia criou a linguagem escrita em hieróglifos, marcados em monumentos, túmulos e papiros, que tratavam de efemérides e do cotidiano, sem teorias ou explicações sobre a técnica usada na construção das pirâmides, por exemplo. O conhecimento era empírico, acumulado pela prática ao longo dos séculos em diversas áreas, da Matemática à Zoologia. Até na Arte a técnica era o motor: não houve avanço no conceito estético por muitos anos. Pinturas, esculturas e obras arquitetônicas são parecidas mesmo se distantes temporalmente. Sabiam como fabricar vidro e cerâmica, conheciam a técnica da fermentação e a usavam para fazer cerveja.

Hieróglifos da tumba de Seti I.
  • Aritmética prática, problemas e respostas, sem teorias.
  • O papiro de Rhind é a principal pista neste tema: 87 problemas sobre Aritmética, Geometria e Estereometria.
  • Outros papiros tinham soma de frações, cálculo de volume de sólidos.
  • A numeração era decimal, de 1 a 9, escritos com traços
  • Não conheciam o zero.
  • Sabiam chegar à raiz quadrada e faziam progressões geométrica e aritmética.
  • Não há evidências de que os egípcios sabiam o pi.
  • A astronomia era, na verdade, astrologia, restrita aos sacerdotes que interpretavam por meio dela as vontades divinas.
  • Não há papiros sobre da astronomia egípcia; o que se sabe é baseado nas inscrições nos monumentos, túmulos e sarcófagos, como calendários.
  • Conheciam os cinco planetas (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) e certas constelações e estrelas (Órion, Cassiopeia, Grande Ursa e Sirius).
  • Tiveram três calendários: lunar original, solar e novo lunar.
  • O solar tinha 365 dias, separados em 12 meses e em três estações: Inundação, Germinação e Colheita.
  • Dois séculos depois e estavam 50 dias atrasados em relação ao sol.
  • Não corrigiram o erro, nem criaram os anos bissextos: fizeram o novo calendário lunar.
  • São conhecidos quatro papiros que abordam a medicina. Eles falam sobre receitas, encantamentos por magos e casos cirúrgicos.
  • Eles separavam a prática médica em três categorias: médicos, de conhecimento prático; sacerdotes, que invocavam alguma divindade; e mago, que usava magia como cura.
  • Exímios embalsamadores, pouco sabiam sobre o corpo humano.
  • Não conheciam os rins, e o coração era fonte de sangue, lágrimas, esperma e urina.
  • Usavam de tudo no tratamento: vegetais (ervas e frutas), animais (gordura e mel) e minerais (arsênico e cobre).
  • Tinham desenvolvido a cirurgia dentária, como obturações.
Gif com a evolução do território da China e de suas dinastias.

A China, a mais antiga das civilizações, tem cerca de 3500 anos e começou a ser formada pelos povos que se fixaram perto do rio Amarelo entre os períodos Paleolítico e Neolítico. A existência da cultura chinesa se deve ao idioma criado há três milênios, à escrita e à homogeneidade étnica, visto que o grupo Han compunha 90% da população. A identidade cultural da China formou-se ao longo dos ataques que recebia de povos bárbaros que tentaram invadi-la, como mongóis, manchus, tártaros e hunos. Além da proteção para batalhas, a Grande Muralha é reflexo da forte vontade de preservação identitária. As características principais foram mantidas desde o princípio até a modernidade, sem que soberanos ou estrangeiros fossem capazes de promover profundas alterações.

Os mais antigos indícios de agricultura são de 7 mil anos atrás e atestam que havia o cultivo de trigo e arroz. Outros achados, como vasos e ossos de bois, indicam para o domínio da técnica da cerâmica e da domesticação de animais. As culturas neolíticas conhecidas pelos pesquisadores são a Yangshao, que existiu entre 7000 e 5000 anos atrás, e a Lungshan, que prevaleceu entre 7000 e 4200 anos atrás. A tradição chinesa fala que a Dinastia Xia foi a primeira, estabelecida entre 2070 a.C. e 1600 a.C. Contudo, não há consenso em relação a sua existência, e alguns pesquisadores tratam a história dessa época como semimitológica.

Ao longo de sua história, a China preservou traços do fetichismo-astrolátrico, a conexão com as forças ocultas por meio dos astros, o que explica em parte o respeito e admiração à natureza. Os chineses construíram templos dedicados aos planetas, ao Sol e à Lua, aos rios e às montanhas. O Confucionismo e o Taoismo, tradições filosóficas que seriam criadas na China, mantiveram o culto à natureza, da mesma forma que as dinastias imperiais atribuíam a legalidade de sua posição superior à divindade Tien (céu).

O Confucionismo é categorizado como religião, filosofia, modo de vida, tradição, jeito de governar ou até estilo de vida. Independentemente do "pote" em que seja colocado, o Confucionismo moldou a cultura chinesa. Seus preceitos foram criados por Confúcio entre os séculos VI e V a.C. durante a Dinastia Chou, que a estabeleceu como ideologia de Estado. O Confucionismo tenta ditar as regras para o indivíduo e o convívio social, como a harmonia e a justiça, além de qualidades, como a humanidade, o conhecimento e a cortesia. O imperador deveria tratar com justiça e humanidade os súditos, que, por sua vez, deveriam ser obedientes, leais e submissos.

Em amarelo, as áreas ocupadas pela dinastia Shang.

O Taoismo foi criado por Lao Tse no século VI a.C, baseado em O Livro de Tao e do Te. Tao seria a Ordem do Mundo e Te a Força Vital. Entre suas orientações, ele fala da não-ação, a passividade das pessoas diante da realidade. Há um espaço no qual fala que uma civilização organizada (Estado, cidade, etc.) deveria ser como uma pequena comunidade e o líder ideal seria um filósofo. O Taoismo trouxe práticas da antiguidade e cultura popular, como feitiçaria e magia, e conseguiu ter muitos adeptos, existindo harmoniosamente com o Confucionismo.

Foram criadas outras escolas filosóficas nos séculos posteriores, como a Moísta, fundada por Mo Ti no século V a.C., que se interessava em compreender o funcionamento da mente humana, a ordenação dos fatos observados e o raciocínio, que era separado em dois: dedutivo, do geral ao particular, e indutivo, do particular ao geral. Teve também a Legalista, do século IV, que criticava o Confucionismo e pedia por um governo forte e com leis escritas. Os Legalistas usavam a quantificação para diversas áreas, desde o comportamento humano até a mensuração de um objeto. A noção de quantificação foi fundamental para a Revolução Científica na Europa, mas não foi aceita na China. Outra escola foi a Cética, que, por ser racional e crítica, ia contra as práticas supersticiosas e de previsão do futuro. Ela teve algum espaço de destaque no Período Han e seu principal filósofo Wang Chong, que criticava o Confucionismo por ser a religião do Estado e o Taoismo por ter pendido para superstição e magia.

A cultura chinesa desenvolveu-se ao longo de milhares de anos baseado no Confucionismo, Taoismo, numerologia e ideia dos cinco elementos e duas forças fundamentais, a saber: água, metal, madeira, fogo e terra e yin e yang. Essas ideias formaram a concepção de Mundo natural, que seria um organismo que funcionava de acordo com a interação dos elementos e das forças. Acreditava-se que cada elemento dominaria o outro, por exemplo a água extingue o fogo mas pode ser represada pela terra. Yin e Yang se complementam e explicaria fenômenos da natureza. Yin é associado ao frio, a escuridão, ao interno, ao feminino, enquanto Yang é associado com calor, ao Sol, ao externo, ao masculino. Yin e Yan não se separam, se complementam. Outra forte influência no povo chinês foi o livro I Ching, conhecido como Livro das Mutações. Apesar de ter sido elaborado a partir de relatos incomuns, tornou-se objeto para a previsão da sorte.

  • Essencialmente prática: impostos, calendário, comércio, mensuração agrária.
  • Sistema de numeração centesimal e com barras, um ábaco versão beta.
  • Única civilização conhecida a usar barras para contar.
  • O zero era representado por um espaço em branco.
  • Números e sinais eram escritos como palavras, mas os cálculos nas placas com as barras.
  • Sabiam tirar raiz quadrada e cúbica, usavam frações e calculavam áreas e volumes.
  • Chegaram ao valor de 3,12159 para o pi.
  • Obras encontradas, feitas há 1800 anos, contém cálculos, problemas e o mais antigo cubo mágico.
  • Para os chineses, o cosmos seria influenciado pela ação humana.
  • Conheciam cinco planetas (Mercúrio, Vênus, Martes, Júpiter e Saturno) e sabiam de seus movimentos.
  • Não deram nomes próprios aos planetas. Por exemplo, Vênus era "a grande branca".
  • Identificaram eclipses, cometas, meteoros e manchas solares.
  • Calendário solar com 354 dias, cada mês com 29,5 dias. Acrescentavam mais um mês de 29 dias.

Química e Ciências da Terra

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  • Para frear o envelhecimento, taoístas misturavam substâncias naturais.
  • Inventaram a pólvora em uma dessas tentativas.
  • Criaram tubulações de bambu e alambiques para destilar álcool.
  • Tal qual os alquimistas, também queriam criar ouro.
  • O largo território chinês requereu um extenso mapeamento da área.
  • Registraram montanhas, desfiladeiros, arco-íris e auroras boreais.
  • Sabiam da influência da Lua nas marés e que as montanhas antes estavam sob o mar.
  • Foram um dos primeiros povos a conhecer os fósseis e saber que eles eram um ser vivo.
  • Cultivavam o bicho-da-seda para vários fins, como a tecelagem.
  • Há poucos registros escritos que não foram destruídos ou se perderam.
  • Entre eles, destaca-se Cânones de Medicina, que era transmitido oralmente até ser escrito no século III a.C., um tipo de manual.
  • Outro é um compilado das 365 drogas estudadas por Pen Tsao, de 2.800 a.C.
  • O Confucionismo advogava pela integridade do corpo e proibia a dissecação e a cirurgia.
  • Foi aberta na Dinastia Tang a Faculdade Imperial de Medicina, com hospitais, colônias de leprosos e regulamento de quarentena.
  • Há descrição de doenças, como aneurisma, febre tifóide, câncer de estômago e varíola.
  • O Taoismo falava da prevenção de doenças pela ginástica e respiração.
  • A acupuntura era um dos métodos mais usados contra doenças.
Mapa da planície Indo-Gangética. A marcação em roxo refere-se à área em assentaram-se as primeiras comunidades.

Há duas datas que os especialistas apontam como início da civilização indiana: por volta de 4000 a.C., na bacia do rio Indo, ou por volta de 2000 a.C., com a invasão dos arianos e adoção do hinduísmo. Com base nas poucas evidências encontradas, acredita-se que as primeiras comunidades desenvolveram a agricultura de trigo e cevada. A evolução técnica veio ao longo do tempo, ao passo que a população crescia e, consequentemente, a demanda por alimento. Novamente um rio, neste caso o Indo, apareceu como lugar ideal para fixação. Assim como o rio Nilo, as cheias do Indo trazem um rico sedimento, aumentando a capacidade agrícola. Depois, com a chegada dos arianos, o vale do Ganges foi ocupado.

A civilização do Indo, que durou de 2500 a.C. a 1500 a.C., foi descoberta recentemente, em 1921, nas escavações arqueológicas de Sir John Marshall. No entanto, são poucos os objetos desse período e menos ainda os que contém escrita, ainda não decifrada totalmente. Por outro lado, as evidências mostram que os indianos cultivavam trigo, cevada e algodão, sabiam da técnica da cerâmica, usavam tijolos e entraram em contato com a civilização babilônica. Ela era extensa, urbanizada, e ficava numa região onde hoje é o Paquistão. Os possíveis fatores de seu desaparecimento são a seca e sua incorporação pelos arianos, que iniciaram o período Védico.

Os arianos eram tribos indo-europeias que deixaram a Europa oriental e chegaram à bacia do Nilo na base do saque de povoados ao longo do caminho. Tinham armas de bronze e carros puxados por cavalos, um material de guerra superior ao dos agricultores do Indo. Os arianos implementaram suas crenças e os hinos, chamados de Vedas, palavra que significa saber. Os Vedas são cantados até hoje e podem ser separados em quatro: o Rigveda, mais antigo poema conhecido para uma divindade; Samaveda, formado por vários cânticos; Yajurveda, com as fórmulas para os rituais dos sacerdotes, e o Atarvaveda, usado para a correção de erros rituais.

Os habitantes do Indo, derrotados, tornaram-se servos dos arianos, os quais eram divididos em três classes: dos sacerdotes, dos guerreiros e dos artesãos, agricultores, criadores. Ao contrário das outras civilizações citadas, a indiana manteve-se rural, espalhada em povoados e vilarejos. Os arianos moldaram a sociedade a partir de três fatores: sistema de castas, que começou em três e chegou a quase 3 mil no século XX d.C.; sânscrito como idioma comum, e as crenças Vedas, recitados pelos sacerdotes em sacrifícios.

O Período Bramânico substituiu o Védico perto do 1000 a.C. e é caracterizado por mudanças culturais que fortaleceram a preservação da estrutura social, a começar pelos rajás, que virou monarca soberano cujo poder era hereditário. A casta dos guerreiros foi enfraquecida e eles viraram parte do exército real. A casta dos sacerdotes, os brâmanes, ganhou importância na medida em que os rituais de sacrifício eram condição para manter a ordem social e, acima de tudo, a cósmica. Os brâmanes eram a força que preservava a estrutura da civilização indiana que, entre outras mudanças, introduziram a noção de identidade da alma individual e da alma universal. Em 700 a.C., os brâmanes, com base nos textos védicos, escreveram os textos do Upanixades, que é usado em partes como instrução pelos hindus.

Mapa com os reinos dos Mahajanapadas.

A partir de 600 a.C., teve início a época dos Mahajanapadas, dezesseis reinos e oligarquias que comandavam a região norte da península do Indo. Eles prosperaram em uma área que se estendia do lado noroeste da península ao lado leste, com presença na área central do subcontinente indiano. Esse período ficou marcado por uma outra onda de urbanização, com a qual as cidades cresceram, as conexões de comércio aumentaram e apareceram pequenas indústrias especializadas, além de um sistema de peso e de moedas.

O Hinduísmo não teve um fundador, nem algum tipo de organização. Espalhou seus cultos, como meditação e sacrifício, anexou as noções de carma e reencarnação, tornou alguns animais (vaca, macaco) e alguns rios sagrados, como o Ganges, cuja água purificaria os seguidores. O Hinduísmo era a religião hegemônica na região e só viu seu poder ser ameaçado com a fundação do Budismo por Sidarta Gautama por volta de 500 a.C. Durante o governo de Açoka, em 300 a.C., o Budismo chegou a ter alguma influência e seguidores, mas nada duradouro se comparado ao que conquistou em outros países, como Indonésia e Japão. Outra religião que surgiu na Índia foi o Jainismo, fundado por Verdanama Mahavira, mas não se disseminou para outros lugares.

A Índia, da forma que a conhecemos hoje, ocupando praticamente todo o subcontinente indiano, começou com o Reino de Magadha, que expandiu suas fronteiras para além do rio Ganges, onde antes se concentrava. Isso se deu graças ao declínio do Império Macedônico na região no século V a.C.. À medida que ampliou o Reino de Magadha, o líder Chandragupta conquistou os quatro reinos que restavam e que formariam o Império Máuria. Seu maior governante, Açoka, unificou o país, promoveu a educação e a cultura, além de ter realizado obras públicas e permitido a escolha da religião.

Mesmo tendo um dos mais antigos sistemas educacionais, a cultura indiana não era propícia ao desenvolvimento da ciência, pois o conhecimento não era espalhado entre as pessoas. Acontecia de as famílias com tradição na matemática ou na medicina terem bibliotecas com livros escritos por várias gerações. Ou seja, o conhecimento era hereditário, além de que, devido ao sistema de castas, não eram todos que poderiam ir à escola. Mais um fator limitador era a religião, cuja preocupação era com a próxima vida, a reencarnação, e que colocava a natureza e realidade como imutáveis. A mudança viria, mas em ciclos cósmicos, não em anos mundanos.

  • Era usada como instrumento da astronomia e da religião.
  • Os textos eram relacionadas à geometria, pois instruíam a construção de altares.
  • Os primeiros numerais surgiram perto do século III a.C., mas o zero era desconhecido.
  • Havia um sistema de pesos e medidas padronizados.
  • Já no século V d.C., obras mostram o conhecimento em cálculo e do seno.
  • A observação dos corpos celestes era fundamental também para essa civilização.
  • A partir daí que se decidia sobre cerimônias, festejos, plantios e colheitas.
  • O Rigveda estabelecia 360 dias para um ano, dividido em 12 meses de 27 ou 28 dias.
  • Em 100 a.C. contornaram o problema da diferença de data e estação ao estabelecer 30 dias para todos os meses e permitir o acréscimo de um mês de tempos em tempos.
  • Conheciam os cinco planetas visíveis a olho nu e acreditavam na existência de dois astros, Rahu e Ketu, responsáveis pelos eclipses.
  • A movimentação dos astros seria obra de um "vento cósmico".
  • Um ano divino teria 360 dias divinos. Cada dia divino seria um ano humano.
  • A "curiosidade" astronômica era voltada para o cálculo dos ciclos cósmicos.
  • Plantas eram classificadas em três grupos: árvores, ervas e rasteiras.
  • As ervas eram usadas em finas medicinais, mas o conhecimento era empírico.
  • O Ayurveda (O Saber e a Longevidade), escrito há 2 mil anos, é um tratado de cirurgia.
  • A doença era vista como um desequilíbrio corpóreo.
  • Tratava-se de dois jeitos: eliminar o conteúdo causador de dentro do corpo e colocar um conteúdo de equilíbrio.
  • Os elementos do Universo, terra, água, fogo, vento e espaço equivalem no corpo humano aos tecidos sólidos, aos humores, às biles, à respiração e às cavidades dos órgãos.
  • Ioga já era usada na cura física desde o século II a,C, e os médicos faziam cauterizações e cirurgias, como remoção de pedra no rim e na vesícula, e de catarata.