Introdução ao Jornalismo Científico/Temas Centrais da Ciência Contemporânea/Ciência aberta/script

Fonte: Wikiversidade

O ethos científico e a privatização do conhecimento[editar | editar código-fonte]

Robert Merton em 1965

O sociólogo Robert K. Merton descreveu as práticas de publicação dos resultados de pesquisa como uma norma obrigatória a que todos os cientistas estão submetidos[1]. Segundo a sua sociologia da ciência, a comunicação dos resultados é parte integrante do complexo de valores e normas internas da ciência que constituem uma obrigação moral a ser seguida pelo cientista, ou seja, o ethos científico [2][3]. Diversos autores já utilizaram o termo Open Science justamente como sinônimo dessa comunicação pública dos resultados da atividade científica [4][5][6][7].

Ao mesmo tempo, o ato de comunicar os resultados de um trabalho passa pela revisão por pares, que assegura a validade dos resultados da pesquisa e outorga o mérito científico [8]. Para essa sociologia de cunho normativo, a publicização dos avanços e descobertas científicas constitui parte vital na organização social da ciência, de modo que apenas quando os cientistas tornam os resultados das suas pesquisas acessíveis para a sociedade e para os pares é que seus trabalhos se tornam legitimados e ele pode ser considerado, enfim, um cientista.

Capa do Le Journal des Sçavans, a revista científica mais antiga da Europa

O imperativo da comunicação pública e o caráter aberto da ciência, no sentido em que os cientistas são avaliados e certificados pelos iguais e pela sociedade ao tornarem públicos suas pesquisas, desenvolveu-se durante a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII e foi o resultado de uma mudança cultural ampla e paulatina na atividade acadêmica. Nesse contexto, surgiram os primeiros periódicos científicos. A partir de então, e durante os séculos seguintes, a infraestrutura de circulação do conhecimento científico – formada por periódicos, editores, revisores, bibliotecários, e os próprios cientistas – estruturou-se em torno de instituições intermediadoras responsáveis pelas funções básicas de certificação, registro, acesso e preservação do conhecimento científico [9]. Em torno dessa infraestrutura, passou a se sustentar um sistema de recompensas sobre o qual foi estabelecido o funcionamento da distribuição de crédito entre os cientistas. Esse sistema define que o primeiro a contribuir para a comunidade científica com novas descobertas recebe em troca diferentes formas de reconhecimento simbólico e material [10], o que acaba por criar um ambiente competitivo.

A história da ciência e da tecnologia é mercada por muitos conflitos em torno da circulação e apropriação dos resultados de pesquisa. Apesar das normas internas que presam pela abertura dos resultados, existe também uma cultura da proteção e retenção dos resultados com objetivos diversos. Em diferentes aspectos, o fortalecimento dessa cultura se deu em um ambiente competitivo que se formou no meio acadêmico no Pós-Guerra.

De acordo com Caulfield et al [11], na contemporaneidade, a atividade científica passa a conviver fortemente com valores de uma cultura empreendedora e com fins industriais. Nessa configuração, entre as diferentes possibilidades de disponibilizar os produtos da atividade científica para a sociedade, a transferência de tecnologia, principalmente por meio de projetos de cooperação em pesquisa e desenvolvimento entre universidades e empresas, passou a ter espaço significativo. Em tal contexto, os direitos de propriedade intelectual assumiram, na visão de Oliveira [12] e Delfanti [13] uma grande centralidade econômica e organizacional na pesquisa científica, funcionando como mecanismos de apropriação do conhecimento científico e dos produtos tecnológicos produzidos na academia pelo mercado.

Ciência, código aberto e compartilhamento[editar | editar código-fonte]

A Ciência Aberta contemporânea é altamente influenciada pelos movimentos do Software Livre e Código Aberto (Free and Open Source Software – FLOSS), considerados grandes precursores dos debates contemporâneos sobre colaboração, compartilhamento e conhecimento aberto. Os movimentos FLOSS são caracterizados por práticas em torno da cooperação e distribuição em rede de código-fonte de programas de computador, sendo, ao mesmo tempo, permeados por um ativismo político em torno da liberdade informacional como liberdade de expressão, da Internet livre e pelos posicionamentos contrários à propriedade intelectual [14][13][15].

O compartilhamento aberto de dados de pesquisa ainda não é amplamente praticado

Como o FLOSS, esse movimento na ciência ocorre em um cenário de conflitos. Albagli[16] afirma que as práticas abertas no contexto da Internet situam-se em um quadro paradoxal, em que, de um lado, encontram-se os novos modos de produção colaborativa e de acesso amplo às redes de compartilhamento e, do outro, estão os mecanismos de captura e de privatização da informação e dos meios de acesso, que atuam cerceando os usos visando a extrair valor da informação. Esse paradoxo pode ser observado quando se reconhece que as mesmas tecnologias que viabilizam práticas descentralizadas de compartilhamento da informação também viabilizam formas de coibir o acesso, bem como formas de vigilância, especialmente quando as práticas abertas rivalizam com modelos de negócio sustentados nos direitos de propriedade intelectual.

Segundo Paul David [17][18], neste cenário no qual os produtos da ciência são apropriados por poucos, incluindo empresas que buscam exclusividade sobre as fontes de informação, muitos cientistas enfrentam problemas ao longo do desenvolvimento da pesquisa porque os insumos da pesquisa estão protegidos por patentes ou dependem da assinatura de periódicos e bases de dados pagas.

Ciência aberta: múltiplas abordagens[editar | editar código-fonte]

David [18] e Caulfield et al,[11] enquanto o sistema de recompensas na academia tende a produzir conflitos e competição acima da cooperação científica, o papel de uma abordagem de Ciência Aberta, por outro lado, tem o propósito de aumentar o estoque de conhecimento e informação confiável necessário ao desenvolvimento científico e criar um ambiente de pesquisa científica aberto, colegiado e colaborativo.

Delfanti compreende a Ciência Aberta como um:

Método para produzir conhecimento científico, divulgando seus resultados e abrindo-os à revisão de toda a comunidade científica, maximizando a circulação de informação e conhecimento e compartilhando. No extremo oposto, há uma “ciência fechada”, como um segredo ou uma ciência em que a dinâmica de comunicação é limitada pelos muros de uma instituição ou sujeita ao pagamento de uma licença, como uma patente ou direito autor [13].

De acordo com as análises da bibliografia recente, abertura, na abordagem de Ciência Aberta, engloba práticas diferentes e se direciona a elementos diversos do trabalho de pesquisa e seus resultados: artigos científicos; conjunto de dados (datasets) e metadados; imagens; softwares e seus códigos-fonte; revisões; relatórios; apresentações; a abertura dos processos de pesquisa e fluxos de trabalho; a aplicação de licenças jurídicas flexíveis que permitam o acesso e reutilização ampla dos resultados; experimentação em ambientes não formais e a utilização de equipamentos de código aberto (hardware aberto) no ambiente de pesquisa; a interoperabilidade da infraestrutura científica; metodologias abertas e compartilhadas de pesquisa e ferramentas que permitam a mineração de texto e dados, para citar alguns dos processos e produtos abordados.

Fecher e Friesike [19] descrevem a Ciência Aberta como um termo abrangente que engloba uma infinidade de suposições sobre o futuro da produção e a disseminação do conhecimento científico. Por meio da análise de uma série de declarações, manifestos, políticas institucionais, artigos acadêmicos, entre outros documentos que consignam o tema, os autores propõem uma classificação, a partir de cinco “escolas de pensamento” ou “correntes” em torno das quais se estruturam os discursos mais comuns sobre o assunto.

Democratização[editar | editar código-fonte]

Gráfico descrevendo as 5 estrelas dos dados abertos.

A corrente da democratização caracteriza as iniciativas que estão mais fortemente preocupadas com questões sobre democratização do conhecimento científico, principalmente em contextos em que se originam de pesquisas financiadas com recursos públicos. Enquadram-se nesse grupo as iniciativas específicas do movimento pelo Acesso Aberto (Open Access), que atua na abertura dos resultados de pesquisa, tradicionalmente tornados públicos através de artigos publicados em revistas científicas.

Os autores mencionam também o movimento de Dados Abertos (Open Data), que busca garantir que os dados produzidos pelas pesquisas científicas sejam disponibilizados de maneira aberta e em formatos que possibilitem não apenas a sua consulta, mas seu escrutínio e reutilização em pesquisas posteriores. Em ambos os métodos, a escola democrática tem como alvo de crítica as políticas editoriais que buscam cercear o acesso à literatura científica pela cobrança de assinaturas com preços elevados, pela omissão de dados coletados ao longo da pesquisa e que poderiam ser tornados públicos como informação de apoio para subsidiar novos trabalhos.

Pragmática[editar | editar código-fonte]

A corrente pragmática é centrada na colaboração científica por meio do compartilhamento aberto dos processos e resultados de pesquisa. Nessas iniciativas, as tecnologias digitais são empregadas como um meio mais eficiente de disseminar os resultados, possibilitando aos pesquisadores atuarem colaborativamente na resolução de problemas específicos e alcançarem resultados e soluções esperadas mais rapidamente. A abordagem pragmática está presente em formas de colaboração científica que requerem a obtenção de resultados imediatos. Nessa abordagem, o compartilhamento de dados brutos e de ferramentas são centrais.

Uma estratégia empregada em tais processos pode ser os “cadernos abertos de pesquisa” ou open notebooks para a publicação de resultados em tempo real e divulgação da pesquisa em estágios que normalmente não são tornados públicos. Os cadernos abertos de pesquisa são utilizados, em muitos casos, quando os pesquisadores buscam na divulgação em tempo real e na transparência dos processos uma forma de obter contribuições de outros pesquisadores de forma mais rápida, como a identificação de incongruências experimentais. Desse modo, com a abertura dos cadernos, ao contrário do processo de construção ficar restrito ao laboratório ou a um grupo de especialistas, os pesquisadores abrem os resultados de pesquisa em estágio inicial para uma audiência mais ampla para recebimento de comentários e feedbacks.

São empregadas diferentes ferramentas digitais que permitem a colaboração, compartilhamento e disseminação de resultados de pesquisa de maneira descentralizada. São empregadas ferramentas como ferramentas wiki, redes sociais, blogs e outras plataformas colaborativas online.

Público[editar | editar código-fonte]

A corrente do público refere-se a práticas que buscam a aproximação da ciência com grupos externos ao meio acadêmico, seja através da facilitação e diversificação dos canais de comunicação com o público, utilizando blogs, sites redes sociais ou por meio de ações que permitam a interação e a participação ativa dos não-especialistas interessados em colaborar em projetos de pesquisa[19]. As iniciativas mais comuns nessa categoria correspondem ao que vem sendo chamado de “Ciência Cidadã”, também conhecido como Crowd Science. Em projetos de Ciência Cidadã as pesquisas são abertas à colaboração de pessoas que não possuem formação científica formal, mas que possuem know-how no assunto do projeto ou que podem contribuir em tarefas de coleta e organização de dados em plataformas online.

Infraestruturas[editar | editar código-fonte]

A corrente das infraestruturas centra-se nas plataformas e ferramentas tecnológicas que viabilizam práticas de colaboração e compartilhamento. Fecher e Friesike[19] situam a computação distribuída nessa categoria, incluindo a arquitetura computacional em GRID, que permite o processamento de grandes volumes de dados de forma compartilhada e a estruturação de arranjos de colaboração em pesquisa entre instituições localizadas em diferentes territórios geográficos[20].

Incluem-se nessa categoria também os ambientes digitais online de armazenamento e compartilhamento de conjuntos de dados, artigos, código-fonte e protocolos de pesquisa. Os ambientes mais comuns são os repositórios digitais. Os repositórios são ambientes digitais que têm a função de arquivar e preservar digitalmente coleções de materiais de pesquisa, como imagens, conjunto de dados, textos, protocolos, modelos computacionais. Os repositórios digitais são centrais nas práticas contemporâneas de comunicação científica, uma vez que adquiriram um importante papel na viabilização de novas práticas de comunicação dos produtos gerados na pesquisa científica, como dados primários, códigos, versões de artigos científicos entre outros conteúdos.

Métricas[editar | editar código-fonte]

A corrente das métricas engloba as formas de avaliação do impacto e mérito científico. Engloba a transparência nos processos de avaliação e do uso de determinados rankings de avaliação de impacto científico. Estão incluídas aí as métricas alternativas (altimetrias) para medir o impacto e mérito científico utilizando fontes alternativas de dados (número de downloads e visualização de artigos, compartilhamento em redes sociais, incorporação em sites e blogs, entre outros). Essas novas formas de mensuração baseiam-se em uma série de evidências empíricas e no argumento principal de que a disponibilização em acesso aberto na Web aberta possui efeito real sobre o impacto das pesquisas, o que se traduz em mais visibilidade para o autor e mais citações para sua produção.

A corrente das métricas trata também do uso de instrumentos alternativos nos processos de avaliação científica, como a avaliação por pares. Algumas publicações utilizam, por exemplo, a revisão por pares aberta (Open Peer Review), que visa a um processo transparente a partir da divulgação da identidade dos revisores.


Crédito: esta aula foi baseada na tese "A ciência aberta e suas (re) configurações: políticas, infraestruturas e prática científica" de Jean Carlos Ferreira dos Santos, doutor Política Científica e Tecnológica pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. SANTOS, Jean Carlos Ferreira dos. A ciência aberta e suas (re)configurações: políticas, infraestruturas e prática científica. 2019. 1 recurso online (197 p.). Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências, Campinas, SP. Disponível em: <http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/333948>. Acesso em 24 de jun. de 2021.
  2. MERTON, Robert K. A note on science and democracy. J. Legal & Pol. Soc., v. 1, p. 115, 1942.
  3. MERTON, Robert K. Os imperativos institucionais da ciência. In: DEUS, J. D. A crítica da ciência: sociologia e ideologia da ciência (Org.). Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1979. p.37- 52.
  4. CHUBIN, Daryl E. Open Science and Closed Science: Tradeoffs in a Democracy. Science, Technology, & Human Values, v. 10, n. 2, p. 73–80, 1 abr. 1985.
  5. DAVID, Paul A. Common agency contracting and the emergence of" open science" institutions. In: The American Economic Review, v. 88, n. 2, p. 15-21, 1998.
  6. MAURER, Stephen M. New institutions for doing science: From databases to open source biology. European Policy for Intellectual Property Conference, Maastricht. In: Anais...2003. Disponível em: <https://www.researchgate.net/profile/Stephen-Maurer-2/publication/237412391_New_Institutions_for_Doing_Science_From_Databases_to_Open_Source_Biology/links/54343a3f0cf2bf1f1f27bcb6/New-Institutions-for-Doing-Science-From-Databases-to-Open-Source-Biology.pdf>. Acesso em 24 de jun. de 2021.
  7. KULCZYCKI, Emanuel. Rethinking open science: the role of communication. In: Analele Universitatii din Craiova, Seria Filosofie, v. 37, n. 1, p. 81–97, 2016.
  8. VELHO, Léa. A Ciência da Informação e seu público. Transinformação, v. 9, n. 3, 1997. Disponível em: <http://periodicos.puc-campinas.edu.br/seer/index.php/transinfo/article/view/1575>. Acesso em 24 de jun. de 2021.
  9. PLANTIN, Jean-Christophe; LAGOZE, Carl; EDWARDS, Paul N. Re-integrating scholarly infrastructure: The ambiguous role of data sharing platforms. Big Data & Society, v. 5, n. 1, p. 2053951718756683, 1 jun. 2018.
  10. HAGSTROM, Warren O. The scientific community. Carbondale: Southern Illinois: University Press, 1965.
  11. 11,0 11,1 CAULFIELD, Timothy; HARMON, Shawn H..; JOLY, Yann. Open science versus commercialization: a modern research conflict? In: Genome Medicine, v. 4, p. 17, 27 fev. 2012. Disponível em: <https://genomemedicine.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/gm316.pdf?site=genomemedicine.biomedcentral.com>. Acesso em 24 de jun. de 2021.
  12. OLIVEIRA, Rodrigo Maia de. Proteção e comercialização da pesquisa acadêmica no Brasil: motivações e percepções dos inventores, 2011. 167 f. [Tese de Doutorado em Política Científica e Tecnológica]. Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2011.
  13. 13,0 13,1 13,2 DELFANTI, Alessandro. Biohackers: The Politics of Open Science. Londres: Pluto Press, 2013.
  14. SILVEIRA, Sérgio Amadeu da. Coletivos tecnológicos e a produção colaborativa entre pares. MARINHO, Maria Gabriela; SILVEIRA, Sérgio Amadeu da; MONTEIRO, Marko; DIAS, Rafael de Brito; CAMPOS, Cristian de. (Orgs.). Abordagens em ciência, tecnologia e sociedade. Santo André: Universidade Federal do ABC, 2014b. p. 251-262.
  15. COLEMAN, Gabriella. Revoluções Silenciosas: o irônico surgimento do software livre e de código aberto e a constituição de uma consciência legal hacker. In: COLEMAN, Gabriella. Do regime de propriedade intelectual: estudos antropológicos. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2010.
  16. ALBAGLI, Sarita. Ciência Aberta em questão. In: ALBAGLI, Sarita; MACIEL, Maria Lucia; ABDO, Alexandre Hannud. (Orgs.). Ciência Aberta, Questões Abertas. Brasília: IBICT; Rio de Janeiro: UNIRIO, 2015.
  17. DAVID, Paul A. Understanding the emergence of “open science” institutions: functionalist economics in historical context. In: Industrial and Corporate Change, v. 13, n. 4, p. 571–589, 1 ago. 2004.
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  19. 19,0 19,1 19,2 FECHER, Benedikt; FRIESIKE, Sascha. Open science: One term, five schools of thought. In: BARTLING, Sönke; FRIESIKE, Sascha. (Orgs.). Opening Science: the evolving guide on how the internet is changing research, collaboration and scholarly publishing. Heidelberg: Springer Open, 2014.
  20. CARDOSO, Gustavo; JACOBETTY, Pedro; DUARTE, Alexandra. Para uma ciência aberta. Lisboa: Editora Mundos Sociais, 2012.