Laboratório de Jornalismo Multimídia/Apresentação/Grupo 15

Fonte: Wikiversidade

Grupo 15 - 2 JOB - Jornalismo Multimídia “São Gabriel e seus demônios” -

Identificar a matéria:

A matéria, nomeada “São Gabriel e seus demônios” de autoria da jornalista Natalia Viana foi publicada no dia 15 de maio de 2015 pela Agência Pública, agência esta que foi a primeira especificamente sobre jornalismo investigativo sem fins lucrativos, além de ser fundada apenas por mulheres repórteres. Em quesitos técnicos é possível encaixá-la como uma reportagem Longform que se utiliza de elementos visuais leves (Gifs e fotos) e um website otimizado e adaptado para os mais diversos navegadores e telas. Sobre elementos textuais, o número total de toques com espaços é de 87.083, sendo 14,784 palavras divididas em 125 parágrafos (Contando com títulos) ou 109 apenas de texto. No total estes 109 parágrafos estão distribuídos entre 10 títulos subdivididos da seguinte forma: Nome do entretítulo seguido do número de parágrafos contido, ambos em ordem de sequência Intro-10; “Sem registro oficial”- 8; “São Gabriel e suas mortes”-10; “Exorcismo “coerente”- 4; ” Dedos apontados para o professor”-12 e mais 4 no subtítulo “Uma outra escola”; “O massacre do desenvolvimento”-8; “São Gabriel e seus castigos” -12; “A fundação da cidade”-5; “São Gabriel e Seus Sábios”-16; “A busca de Maximiliano”-7; “O pajé-onça”-13. Sobre elementos visuais O texto conta com 3 estilos de elemento: uma ilustração de capa produzida pela artista Feliciano Lana, da etnia Desana. Conta também com 2 fotos estáticas, ambas com a descrição “O Rio Negro” e de autoria da jornalista que assina a matéria, Natalia Viana. Como terceiro elemento foram usados 13 Gifs contendo personagens do texto ou demonstrando o contexto vivido dentro das comunidades indígenas.

Resumir a pauta (300 toques):

A pauta da reportagem se refere ao questionamento e a apuração do porquê o município indígena de São Gabriel possui altos índices de suicídio.

Descrever a apuração (2000 toques):

A apuração da matéria foi feita de uma forma cautelosa e muito profunda. Natalia Viana viajou até São Gabriel, no alto do Rio Negro, para ouvir de perto as diversas histórias que compõem a reportagem. Essas histórias formam o elemento principal da apuração, pois por meio delas a repórter recebe os relatos de diferentes moradores e pessoas da região, que sempre possuem algum tipo de relação com a vítima do caso apresentado. Algumas pessoas têm a identidade preservada, enquanto outras aparecem e servem como gancho para outras partes da reportagem, sempre com muito respeito, mas sem deixar a realidade horrível dos fatos escapar entre as linhas. Dentre os entrevistados, além dos parentes e conhecidos, são abordados diversos funcionários de organizações que ajudam a combater o suicídio na região, bem como padres e residentes de longa data do local. Em paralelo, Natalia Viana enriquece a apuração da matéria com diversas estatísticas, que reforçam a veracidade dos relatos dados pela população. Dados como os do “Mapa da violência”, Ministério da Saúde, Censo IBGE 2010 e do Distrito Sanitário local servem de exemplo. Além dos dados, a repórter faz referências à reportagens da Folha de São Paulo, investigações do MPF e da Funai, relatos da Fundação Estadual dos Povos Indígenas e até cita uma tese de mestrado da Universidade Federal do Amazonas. Em relação à estrutura da reportagem, Natalia apresenta outros assuntos, que apesar de não estarem totalmente ligados ao tema principal, demandaram estudo e investigação. Apurações como a história do local e a presença de militares, servem para complementar, tendo sido explorados os depoimentos de integrantes do exército e de habitantes mais velhos de São Gabriel. Outro ponto que vale a pena ser destacado é a apuração cronológica do ocorrido. A preocupação em construir uma narrativa que se encaixasse fez com que a organização dos dados presentes na matéria fosse essencial.



Descrever formatos usados na reportagem (2000 toques):

       	A reportagem São Gabriel e seus demônios tem como formato principal o texto para o seu desenvolvimento e compreensão. Escrito por Natalia Viana, é construído por meio de relatos de parentes das vítimas de suicídio na cidade de São Gabriel no Noroeste do Amazonas, além de mostrar outros personagens chave para um mínimo entendimento das possíveis razões para as mortes no município e arredores.
       	Os relatos abrem espaço para que a autora explicite diversos dados, que tentam dimensionar a realidade dos povos indígenas citados. Porém, a reportagem mostra a discrepância desses dados de órgãos públicos com o que os entrevistados dizem. Assim, ela suscita a dúvida sobre o quanto o tema importa para as autoridades públicas.
       	A matéria traz ainda uma ilustração inicial do artista Feliciano Lana, além de fotos originais da própria autora do texto, que retratam a natureza do local, com a finalidade de dar ao leitor proximidade a todo o contexto.
       	O texto também tem como um de seus formatos mais recorrentes os gifs. Durante a reportagem eles são apresentados de duas formas: personagens entrevistados mostrando as suas feições e expressões, ou mostrando ritos e costumes indígenas.
       	Ao longo da reportagem, conforme fontes e outras matérias são citadas, inúmeros hiperlinks aparecem para dar maior embasamento e sustentação ao que é dito. No começo há no canto da página espaços para compartilhar via redes sociais, tornando assim a reportagem multimídia e multiplataforma. 

Analisar formatos usados na reportagem (2000 toques):

Não muito diferente do convencional, a matéria “São Gabriel e seus demônios”, escrita por Natália Viana para o Pública, não utiliza, em seu texto, de formatos inovadores. O texto é corrido, dividido em subtítulos e se aproxima de um relato etnográfico. A linguagem, por sua vez, tende ao formal, trazendo ao texto todo o teor pesado que o assunto requer. Dividido em várias partes (ou subtítulos), a matéria começa com uma espécie de nota introdutória do assunto, colocando falas dos entrevistados e dados estatísticos sobre o assunto. Ademais, é logo nessa primeira parte que se pode notar o uso de um formato nada convencional em matérias de grandes veículos brasileiros: o GIF. Interessantíssimo formato para colocar foto de entrevistados, o GIF passa uma ideia de proximidade entre leitor e entrevistado, trazendo também uma confirmação de que o veículo foi ao local, uma vez que GIFs específicos não são encontrados facilmente. Além disso, ao se tratar de uma matéria com um teor tão pesado, o GIF ameniza a situação, como o de “Dona Elza”, em que ela solta uma doce risada. Analisando melhor o formato do texto, pode-se dizer que a proximidade com um relato etnográfico traz consigo a veracidade do texto. Usado propositalmente ou não, esse formato, em alguns dos subtítulos, assim como os GIFs, aproxima o leitor do texto, dando-o mais detalhes sobre o acontecido e, principalmente, relatos reais sobre o que aconteceu. Além disso, há, no texto, uma mistura de fontes: o militar, o pastor, a dona de casa e o indígena, por exemplo, remetem à miscigenação que ocorreu em São Gabriel, fazendo da matéria uma grande metonímia de tudo o que aconteceu na região.

Descrever a conexão com redes sociais (1000 toques):

A reportagem, em si, não utiliza as redes sociais como um meio de apuração e investigação da pauta proposta porém, no veículo em que ela fora publicada, há a possibilidade de compartilhamento da reportagem por várias redes sociais, como Facebook, LinkedIn e Twitter, o que possibilita um maior e mais amplo campo de leitores, fazendo com que a reportagem tenha mais visualizações. Há presente na reportagem, também, um artifício que são vídeos curtos em looping, os populares "Gifs", que também possuem uma conexão com as redes por serem ferramentas facilmente compartilháveis e que possuem um grande apelo popular, tornando a leitura mais dinâmica. No final, existe a conexão da autora da reportagem com os leitores, no qual ela compartilha seu perfil na rede social Twitter, como forma de interação com o público.


A partir de três fontes de "O que se deve aprender em Jornalismo Multimídia?", avaliar a reportagem (2000 toques): Para o professor Raju Narisetti, da escola de jornalismo da Universidade de Columbia (Estados Unidos), o jornalista contemporâneo precisa desenvolver storytelling. E é exatamente isso que a jornalista Natalia Viana faz na reportagem São Gabriel e seus demônios, para a agência Pública. A jornalista busca cativar o leitor trazendo-o para dentro da cultura e das crenças dos povos que habitam a região de São Gabriel, dando espaço para que diversas testemunhas, parentes de vítimas e especialistas exponham seus pensamentos e contem o que presenciaram no texto. Narisetti também ressalta a importância de organizar a tecnologia em primazia da informação, algo que é feito com muita competência por Natalia: seu texto escrito provoca a imaginação e a empatia do leitor e os GIFs, gravuras e fotografias ilustram a reportagem e trazem os rostos de algumas das pessoas que vivem o drama descrito. Segundo o professor Carlos d'Andréa, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o uso de dados é a principal competência esperada no uso profissional da comunicação digital. São Gabriel e seus demônios é um texto repleto de dados em toda sua extensão. Como exemplo, no quarto parágrafo há o seguinte trecho em que os dados contribuem para que o leitor entenda a gravidade da situação exposta: "Em 2012 foram 51,2 suicídios por 100 mil habitantes – dez vezes mais que a média nacional. Isso corresponde a 20 pessoas que se mataram, mais ainda do que no ano anterior, quando foram 16 suicídios". Já Milia Eidmouni, co-fundadora da Syrian Female Journalists Network, cita que, no jornalismo cidadão, o jornalista precisa encontrar uma pauta que importa para uma comunidade, e então o formato surge organicamente. Além de São Gabriel e seus demônios ser uma reportagem muito bem escrita, a pauta que a conduziu é muito relevante para as comunidades da região e também para o restante do país já que, por mais que o números de casos de suicídio indígenas sejam absurdos, não há, como a própria reportagem denuncia, uma grande importância dada a esses casos por grande parte das autoridades.


Quem fez cada coisa? - Identificar a matéria → Guilherme Carrara - Resumir a pauta → Marcello Sapio - Descrever a apuração → Gustavo Maganha - Descrever formatos usados na reportagem → Victor Tavares - Analisar formatos usados na reportagem → Gabriela Vilela - Descrever a conexão com redes sociais → Marcello Sapio - A partir de três fontes de "O que se deve aprender em Jornalismo Multimídia?", avaliar a reportagem → Guilherme Lopes Machado