Laboratório de Jornalismo Multimídia/Apresentação/Grupo 6

Fonte: Wikiversidade

Helena Franco Cardoso - 18000142

Helena Selegatto Leite - 18001107

Isabelle Araújo de Souza - 18000071

Ingredi Brunato - 18000123

Isabela Gonçalves Barreiros - 18000095

Jornalismo – 2° ano A

Análise da reportagem “A Guerra do Brasil”

LABORATÓRIO DE JORNALISMO MULTIMÍDIA

Professor João Alexandre Peschanski

São Paulo - SP

2018

•     Resumo da pauta

A investigação das ocorrências de mortes violentas no Brasil, considerando um recorte temporal que se estende de janeiro de 2001 a dezembro de 2015. “A Guerra do Brasil” pretende evidenciar o potencial homicida de um país que não está diretamente envolvido nos grandes confrontos mundiais.

2. Descrição da Apuração

A matéria vencedora de prêmios “A Guerra do Brasil”, produzida pelo Globo, usa para sua base uma vasta compilação de dados que abrange não só 15 anos de homicídios no país, mas também dados de outros lugares que servem para dar escala e proporção para o que é apresentado. Trata-se de uma matéria que teve a apuração como espinha dorsal em volta do qual ela se construiu: seu grande apelo é o impacto que os números colhidos provocam.

No entanto, O Globo também não dispensou o uso de personagens, que servem para emprestar nome e história para as estatísticas, dando um aspecto mais humano para o texto. Três são mostrados: Marisa, a grávida de oito meses que acabou morta por estar na hora errada e no lugar errado, Wesley, o evangélico fervoroso assassinado no mesmo tipo de situação e Sônia Fonseca, a mãe cujos três filhos foram assassinados. O apelo de ambos é óbvio, sua vulnerabilidade, perda e injustiça sofridas cumprindo com sucesso sua tarefa dentro da matéria de causar identificação e compaixão imediatas no leitor.

“A Guerra do Brasil” usa principalmente o Datasus, que é ligado ao Ministério da Saúde, e também o Anuário de Segurança Pública 2017 para cobrir a taxa de homicídios dos municípios brasileiros, o primeiro para a maior parte da matéria e o segundo para o ano de 2016, que ainda não constava no Datasus quando eles publicaram. Na seção de “Metodologia” do site eles tiveram o trabalho de detalhar as fontes utilizadas, em uma espécie de bibliografia da matéria. Constam lá relatórios e órgãos oficiais, institutos, projetos de reconhecimento internacional e uma tese de Oxford. São fontes todas muito respeitáveis, que dificilmente seriam questionadas. Usá-las dá uma base bastante sólida para as afirmações e tom emergencial presentes no texto.

Um terceiro tipo de recurso é usado na matéria do Globo, que são os especialistas. Um sociólogo e professor em Columbia, a diretora-executiva do FBSP e o acadêmico Roberto Kant. Isso fora as duas seções de entrevistas disponibilizadas no site, uma com um representante e um coordenador do UNODC; e outra com o Presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos e um juíz. Mais uma vez, fontes muito difíceis de questionar, pessoas que estudaram a respeito do assunto ou convivem com ele diariamente. Em conclusão, é uma apuração que foi extremamente rigorosa e eficiente, sem dúvida justificando os prêmios ganhos pela matéria.

3. Descrição dos Formatos

A reportagem, além do texto tradicional, apresenta infográficos, vídeos e possibilidade de interatividade. Os múltiplos formatos tornam-a completa, trazendo diversas possibilidades de leitura e interação com o assunto abordado.


A forma na qual a reportagem é organizada na tela inicial gera uma espécie de rede na qual o leitor escolhe por onde começar, terminar e o quão longe quer ir no assunto. Essa independência relacionada ao nível de leitura é crucial para a forma de comunicação online, que respeita o interesse e o tempo do internauta. Além do respeito do interesse e tempo, a organização torna a escolha do começo, meio e fim fácil e simples.

O texto faz algo que muitas vezes falta no jornalismo brasileiro no geral, que é humanizar sem ser sensacionalista. Com falas e experiências reais e particulares de pessoas que já perderam parentes ou pessoas muito próximas para a violência do país, ele se aproxima do leitor, dando a matéria uma característica mais humana e real.        

Os gráficos, por outro lado, trazem a ideia dos números. Enquanto o texto se dedica a contar histórias particulares, os gráficos carregam a noção do tamanho do problema, quantificando visualmente o que está acontecendo. Com isso, o leitor consegue ter ao mesmo tempo uma visão pessoal e generalizada da situação.

Os vídeos tornam a matéria menos cansativa, moldando-a com possibilidades para aqueles que se cansam facilmente da leitura, ou até para os que não podem ler.

Outro diferencial de “A Guerra do Brasil” é a explicação clara e coerente da metodologia usada na apuração, com a listagem de todas as fontes utilizadas. Isso confere uma maior credibilidade, principalmente em eras de fake news.

4. Análise dos Formatos

Para analisar os formatos da forma mais completa o possível, esse texto será dividido de acordo com a divisão da reportagem.

As matérias:

“Em 15 anos, Brasil matou uma pessoa a cada dez minutos”

Exibe infográficos com dados que mostram de uma maneira mais simples, interativa e prática o que está descrito no texto, nesse caso a comparação do número de mortes no Brasil com o de países que estão em guerra, o ranking de países mais violentos, o número de homicídios violentos no Brasil de 2005 a 2015, onde se vê o crescimento explícito em dez anos, e o perfil das vítimas contendo o gênero, idade e raça.

“Altamira: a vida na cidade mais violenta do Brasil”

Os dois vídeos contidos aqui mostram a vida em Altamira, para que o consumidor veja e crie empatia com os moradores da cidade e dessa forma entenda porque a reportagem tem relevância. Além disso, também são exibidos dados comparando o número de mortes violentas em Altamira com os de outras cidades justificando o título da matéria.

“Capitais e Distrito Federal enfrentam ‘epidemia’ de violência”

Dois mapas do Brasil são comparados. Um contém dados de 2001 e o outro de 2015. O infográfico possui a pretensão de mostrar o quanto os índices cresceram e a violência se espalhou tomando territórios que em 2001 não eram tão violentos, comprovando assim a “epidemia de violência”.

“Os gastos do Governo Federal com o planejamento de segurança”

A matéria possui infográficos para mostrar que a FNS (Força Nacional de Segurança) recebe muito mais investimento do que a secretaria de segurança nacional, que poderia investir em politicas de segurança concretas, demonstrando um possível motivo para o aumento da violência. Mais dois gráficos se inserem nessa página e mostram a quantidade de autorizações que o governo deu a FNS e o valor gasto com as operações por ano para justificar os investimentos.

As entrevistas:

“Armar a população pode ser ‘combustível’ para a violência” e “Deveríamos enfrentar a guerra com giz na escola”

Antes mesmo de expor as perguntas e respostas vê-se as fotos dos entrevistados, que são autoridades no assunto, logo abaixo do título para familiarizar os leitores. A entrevista é disposta como um “ping-pong” e os trechos mais relevantes são destacados com o uso de um texto maior e uma fonte diferente.

O artigo:

“De ‘cidades-problema’ a ‘cidades-solução’”

Logo após o título é exibida a foto da autora e a sua descrição, na intenção de mostrar ao leitor quem está emitindo a sua opinião e em que essa opinião é embasada. Também há a utilização do destaque da ideia central do texto facilitando o entendimento e dando importância a tese principal do artigo.

A checagem:

“Plano do governo federal para a Segurança está distante das metas”

As metas para a segurança do plano de governo são colocadas em destaque e avaliadas para que o leitor saiba se elas se encontram cumpridas, em andamento ou se estão “só na promessa”. Abaixo do texto vê-se dados relacionados às metas destacadas justificando a avaliação.

O serviço:

“Consulte as mortes do seu município”

É uma ferramenta em que o leitor pode consultar a quantidade de mortes em seu município de 2005 a 2015 que faz com que o leitor interaja e aproxime a reportagem da sua realidade.

O vídeo:

“Propostas a partir do documentário”

O vídeo funciona como um “spin-off” do documentário, onde civis e os representantes de instituições que atuam em pesquisas sobre homicídios e produção de políticas públicas sobre segurança comentam "A Guerra do Brasil".

A metodologia:

No início da página há um vídeo que explica como a reportagem foi estruturada, desde as animações e ilustrações até seus infográficos. Abaixo, no texto, Hiperlinks direcionam o leitor às paginas originais dos dados utilizados na reportagem. Disponibilizar essas informações são um sinal de transparência do veículo, pois dá ao leitor a possibilidade de checar a veracidade dos fatos.

5. Conexão com redes sociais

O corpo da reportagem “A Guerra do Brasil” apresenta poucas conexões diretas com as redes sociais. O texto explora o recurso dos hiperlinks para integrar a grande reportagem a outras postagens relacionadas, igualmente produzidas pelo veículo O Globo. No entanto, não há a citação de outras redes ao longo da matéria, além do YouTube, plataforma escolhida para a postagem dos documentários que compõem o projeto investigativo (“A Guerra do Brasil” e “Altamira: a vida na cidade mais violenta do Brasil”).

Quanto à utilização das redes sociais para divulgação, O Globo investiu, sobretudo, no Facebook, para a publicação de teasers com comentários, breves entrevistas e infográficos animados, durante a semana em que a cobertura foi publicada no site (11 de dezembro de 2017). No Twitter também foram postadas chamadas para a cobertura completa, com textos curtos e tags, para classificação e otimização da informação e facilitação do acesso dos internautas à reportagem.

6. Análise da reportagem a partir dos 3 autores


O projeto é dividido em onze partes. No primeiro link, está uma matéria que começa narrando um caso para ilustrar um contexto maior, usando a “parte” pelo “todo”. Ao contar uma história em específico podemos entender a situação da violência e consequentes mortes no Brasil, principal objetivo da reportagem, através da empatia e de técnicas de narrativa. O jornalista Raju Narisetti resume esse papel jornalístico: desenvolver storytelling é essencial na profissão.

Também existe um link para que o leitor consulte as mortes do seu município, ou seja, isso funciona como um serviço e tem uma função social. Edson Capoano diz que o jornalismo tem de ser cidadão e hiperlocal, e a cobertura cumpre bem essa função ao trabalhar com nichos e ao dispor da possibilidade exibir acontecimentos específicos de cada cidade para o cidadão que se interessar no assunto.

Bianca Santana e Carlos d’Andréa falam sobre estatística, dados e códigos de programação. Ambos julgam que o jornalista deva possuir capacidade de lidar com essas tecnologias, e isso também é bastante visível na reportagem. Em todas as matérias podemos observar o uso de dados e estatísticas para melhor representar, visualmente, o que se diz na matéria. Isso também pode ser entendido como uma ferramenta para melhorar a experiência do leitor. Por exemplo, temos um mapa do Brasil onde os tons de cores variam de acordo com o número de mortes em cada região, o que mostra a capacidade de mixagem entre os tipos de ferramenta multimídia. Como competência técnica e informativa, citando novamente Edson Capoano, “que os alunos aprendam a criar narrativas com sentido através de diferentes suportes, combinados”.

Divisão de tarefas dentro do trabalho

Helena Franco Cardoso - Resumo da pauta e Conexão com as Redes Sociais

Helena Selegatto Leite - Descrição dos Formatos

Isabelle Araújo de Souza - Análise dos Formatos

Ingredi Brunato - Descrição da Apuração

Isabela Gonçalves Barreiros - Avaliação da Reportagem a partir de 3 autores