Utilizador:Oona/Curso de Economia Política da Comunicação - Professor Marcos Dantas/Cesar Bolaño

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Texto[editar | editar código-fonte]

Capítulo 4: "A Economia da Comunicação e da Cultura" no livro "Indústria cultural, informação e Capitalismo"

Autor[editar | editar código-fonte]

Cesar Bolaño

Anotações[editar | editar código-fonte]

O texto discute a abordagem de economistas franceses a respeito do tema, levando em consideração o surgimento da economia crítica da comunicação e da cultura na década de 70. Discute também a abordagem de trabalhos mais recentes.

Dentre os autores discutidos estão Dallas Smythe, Garnham, Huet e outros autores articulados no Gresec (Groupe de Recherches sur les Enjeux de La Comunicación, da Universidade Sthendal de Grebnoble). Discute também as análise de Flichy, Salaunn, Herscovici e Zallo.

Grupo de pesquisadores estava na Universidade de Grenoble e publicou em 1978 a pesquisa Capitalismo e Indústrias Culturais. O grupo se compreende como uma alternativa aos neoclássicos e aos que defendiam o monopólio estatal, bem como às teses clássicas de Baran e Sweezy sobre publicidade.

Dois problemas são apontados em relação às 3 abordagens: 1) a ausência de uma explicação para a criação da demanda cultural (considerando as “relações sociais, políticas e ideológicas de classe”; 2) todas naturalizam a demanda (como se fosse construída de maneira autônoma e a produção apenas a atendesse).

Para os autores, oferta e demanda são dois lados de uma mesma moeda: “são dois aspectos complementares do processo de valorização do capital no domínio da produção cultural”. E na visão deles não faz sentido analisar mercado cultural por oferta e demanda, por terminar reduzindo a questão à maximização da satisfação dos agentes da oferta e da demanda.

Autores criticam Benjamin e Adorno e afirmam que obra de arte não tem valor em si. Seu valor estaria então associado à “natureza das relações sociais” em torno dela.

Bolaño valoriza iniciativa de deslocar estudo do mercado para o da produção, mas critica autores por 1) identificarem análise de mercado à abordagem neoclássica. Autores oferecem, então, uma “análise das condições de valorização de um tipo determinado de produtos culturais, cujo uso social não pode ser definido independentemente das condições de produção”. Bolaño critica a visão alternativa que os autores querem dar alegando tratar-se de uma análise setorial, sem considerar as determinações políticas, econômicas e sociais, para entender o papel da Indústria Cultural no processo de produção.


A especificidade das produções culturais interessa quando se relaciona às “leis gerais que a regem” - “numa dialética mais complexa que é a da reprodução ideológica das relações sociais em que a cultura não se reduz a um meio de valorização do capital".


Conceito central deve ser, portanto, o de valor de troca - numa análise marxiana.

Tipos de trabalho: produtivo, improdutivo e indiretamente produtivo “característica central do trabalho cultural”: “o processo de trabalho não é inteiramente homogêneo, sendo a produção fruto de dois processos distintos: o de concepção da obra por um ou mais trabalhadores culturais e o de reprodução material dessa obra original (divisão que Zallo chama de não-unidade do processo de trabalho)”

Seria a indústria cultural um setor que não valoriza o capital, pelos seguintes motivos:

  1. “aleatoriedade da valorização” - dificuldades de se conhecer a demanda, muito investimento para poucos “sucesso”
  2. “limites à reprodutibilidade” - limites financeiros, culturais e político-econômicos – demanda por uma obra ou experiência única
  3. “diversidade das condições de valorização” (concepção, produção, reprodução e distribuição)

Indústrias de edição X “cultura da onda”

“Cultura da onda” tem as seguintes características:

  1. continuidade da programação
  2. grande amplitude de difusão
  3. obsolescência instantânea do produto
  4. intervenção do estado na organização da indústria

Intersecção da cultura e da informação torna o veículo “ideológico” (?- qual é a origem desse pensamento?)

Distinção mercadoria cultural, indústria editorial e a cultura da onda.

Opção dos autores é por uma metodologia que privilegia a análise de “lógicas sociais” - caracterização teóricas dos modelos econômicos de produção cultural.

Há 5 lógicas sociais:

  1. a da edição de mercadorias culturais
  2. Cultura de onda
  3. informação escrita
  4. produção de programas informáticas
  5. retransmissão do espetáculo ao vivo (inclusive esportes)


Tendência de concentração do mercado – e centralização da produção e distribuição

Estruturas do Mercado para diferentes setores da comunicação[editar | editar código-fonte]

  • Indústrias Cinematográfica e Fonográfica
    • Geralmente não mais do que 5 ou 6 empresas multinacionais dominam o mercado
    • Grande número de 'independentes' com alto grau de dependência e 'morte' rápida
    • Um número de empresas médias capaz de ascender


No caso da Cultura de Onda - forte tendência à concentração e concorrência selvagem no setor

Outros aspectos[editar | editar código-fonte]

Produção independente é capaz de ter alto nível de inovação, mas só se consolida caso conquiste novos espaços e ultrapasse os limites do gueto onde a inovação foi produzida

Valor da produção criativa[editar | editar código-fonte]

4 dos 5 componentes do valor do trabalho criativo autônomo: valor dos materiais, valor da concepção, tempo de acabamento e excedente de complexidade

Comentários[editar | editar código-fonte]

  1. qual é a grande diferença entre as duas críticas? Não são elas basicamente a mesma coisa ou no mínimo interdependentes?
  2. Não conheço os estudos mencionados. Mas será que não existe uma terceira via entre a compreensão de que a demanda é natural e a de que ela é totalmente produzida?
  3. É difícil mergulhar no texto, já que ele discute e comenta um outro que não li e não consegui ler essa semana. De qualquer forma, buscando entender um pouco mais à frente as questões principais trazidas pelo autor:
  4. Não estaria sendo Bolaño muito “apocalíptico” ao considerar que a produção cultural, as expressões de conteúdo contrário aos valores do capital e ainda a ação cultural não mercantil estariam todas a alimentar o sistema e a servi-lo, de uma maneira ou de outra, ainda que ideologicamente se coloquem como rival, por funcionarem como um “viveiro” de “força de trabalho cultural?
  5. O que caracteriza uma indústria?

Anotações da sala de aula[editar | editar código-fonte]

Aula marcos dantas 2 discussão sobre o texto do Bolaño


Trabalho Produtivo, trabalho improdutivo e trabalho indiretamente produtivo


Trabalho produtivo – produz mais valia – gera acumulação de capital ex. um professor particular não faz um trabalho produtivo – um cursinho é um trabalho produtivo

Origem em Adam Smith – riqueza das nações se funda no trabalho – há quem trabalhe e há quem viva do trabalho dos outros

Marx chega na economia pela filosofia Smith chega na economia pela moral

ascendente filosofia burguesa contra a aristocracia


é daí que nasce a ideia de que existe o trabalho produtivo e o trabalho improdutivo (que dilapida as riqueza)

Associação do trabalho produtivo e improdutivo à ética ficou mais forte especialmente dentre alguns marxistas

trabalhando para si –

modelo ideal = alta taxa de aderência ou não ao modelo ideal – natureza metodológica

Relação salarial não é mais a única relação possível

circuitos de sobrevivência – que não são circuitos de acumulação material


auto-valorização do capital

sistema q é capaz de crescer por dentro

único sistema que foi capaz de crescer por dentro foi o capitalismo – até então, os sistemas só tinham sido capazes de crescer por meio da pilhagem

internalização da pilhagem – mais-trabalho – tem uma origem histórica (capítulo do capital e landes) – o artesão que produzia esses bens materiais para garantir sua sobrevivência – ele trabalhava para - trabalho socialmente necessário


Demanda acima da que o cara trabalhava - ele só aceitava a demanda

tempo excedente – que o barthes chama de mais valia e que vai gerar a acumulação de capital ]]trabalho produtivo


Valor de uso torna-se menor – você não vende funcionalidade – você vende símbolos, obra de arte,

valor agregado à marca passa a valer muito mais do que o produto em si


economia neoclássica – trabalha com o valor de utilidade (parecido com valor de uso) mas para os teóricos marginalistas é a medida de equilíbrio para quem compra e pra quem vende – custo de produção tem que ser equivalente à quantidade de moedas isso define o preço

problema causado pela conversão de valor em preço

economia política – faz uma grande distinção entre a utilidade e a troca -


marx tem uma definição do valor de uso que é algo que atende a necessidade das pessoas – e não importa se essa necessidade vem do estômago ou da fantasia

necessidades humanas também são simbólicas

no início do capital

valor de uso vai ser diferente para as pessoas de acordo com as necessidades dessas próprias pessoas

isso seria relacionado ao valor de uso

crítica da economia política – diamante

valor de uso não é intercambiável

o problema da economia é justamente a troca de equivalentes


Marx resolve isso com a teoria do valor de troca

a partir de Smith e Ricardo – refinando as teorias – troca de tempo de trabalho – tempos diferentes de trabalho para produzir cada coisa medida de equivalência em termos de tempo de trabalho social médio empregado para a produção das coisas


a partir daí a economia política, conforme estabelecida por Marx, - economia se ocupa da troca

valor de uso é uma premissa, mas não é mais estudado na economia política valor de uso é dificilmente mensurado numa – (tempo de trabalho para produzir um romance) – questão cultural


Renda diferencial – Marx e antes levantado por Ricardo – renda da terra – por que o dono da terra ganha dinheiro – porque ele cobra aluguel -

para que alguém queira vender e outro queira comprar - e para isso precisa de monopólio vende-se tempo e espaço

renda improdutiva - valor da terra era só depois que a terra era trabalhada


O que caracteriza uma indústria típica é a reprodutibilidade indústria de produtos perecíveis (Radio e TV) X Indústria que vende por unidade

ambas as indústrias se baseiam no direito autoral e no direito de imagem

custo marginal da reprodução é zero

quanto mais você avança em tecnologia mais você reduz

o que caracteriza indústria e um processo produtivo que visa a reproduzir um determinado padrão, modelo, matriz criação do modelo – até o produto final processo produtivo visava a produzir um modelo – é capaz de replicar


reprodução é mensurável quantas horas vai levar para obter x mil cópias de algo,

internet

jardins murados

encontrou o termo em relaórios empresariais – barreira de acesso que impeça a disseminação


trabalho concreto e trabalho abstrato – Zallo cria a categoria trabalho criativo – para Marcos não tem que criar nova categoria – mas sim dizer que é trabalho concreto com desmedida

disponibilidade física e mental para trabalhar

trabalhos concretos também não são intercambiáveis medida de trabalho – troca de mercadoria em cima do tempo de trabalho – então preciso ter a medida do valor

tempo necessário à criação da condição de reprodução daquele trabalho

distinção entre trabalho simples e trabalho complexo

demanda e oferta só teria a ver com o preço – não com o valor

capitalismo baseado em símbolo


o capital busca anular o espaço pelo tempo

marca passa a ser mais importante na vida das pessoas com a radiodifusão

inovação é o que o mercado sanciona

invenção não necessariamente é aceita pelo mercado