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Wikinativa/Laryssa Kruger (vivencia Guarani 2016 - relato de experiência)

Fonte: Wikiversidade

Considerações anteriores à viagem

Meu interesse pela disciplina se deu devido à baixa relação que o curso de Gestão de Políticas Públicas faz, de maneira geral, com a temática indígena ao longo de toda graduação. Foram poucas as oportunidades para conhecer mais a respeito da cultura e da história dos povos indígenas, portanto a disciplina ACH3707 - Seminários de Políticas Públicas 2 - Multiculturalismo e Direitos foi única e imprescindível para minha experiência ao final destes quatro anos de curso, e para expandir meu conhecimento sobre a cultura Guarani.

Como um primeiro contato, pudemos visitar a Aldeia Guarani Tekoa Pyau, localizada na Estrada Turística do Jaraguá, em São Paulo. De imediato, essa visitação nós trouxe grande preocupação e angústia a partir dos relatos que tivemos na casa de reza, e pela nossa própria observação ao passear dentro da área.

Por ser uma aldeia localizada dentro da cidade de São Paulo, próxima das centralidades e infraestrutura urbana, a comunidade padecia consideravelmente devido a forte disputa pela terra, ficando muitas vezes a mercê dos interesses privados, ou do menor ou maior valor atribuído ás questões indígenas pelas autoridades políticas regionais e federais. O descaso evidente com essa população se caracteriza por uma ocupação territorial mais próxima de um assentamento precário, do que de uma organização de aldeia indígena, pelo menos dentro do nosso imaginário. Essa constatação nos amargurou, sobretudo devido às más condições de vida relacionadas à moradia e saneamento, tendo eles forte impacto na saúde da população

Considerações da viagem

Ao contrário desta experiência, a Aldeia Rio Silveira se mostrou aparentemente bastante distante dessa realidade, até mesmo devido a outras logicas de construção do espaço e de tempo de maturação.  Uma associação extremamente importante, e, sobretudo inteligente como maneira de articular o discurso para pautar demarcações de terras, é a associação entre terras indígenas e preservação da natureza, já que parte considerável das reservas de proteção ambiental estão localizadas em áreas demarcadas. Essa argumentação cria possibilidades de coalizões de apoio entre agendas importantes que desarticuladas não conseguiriam destaque individual. 

Fiz parte do grupo de Cultura e História Guarani, e fiquei incumbida pela captura das imagens dentro da aldeia, além de contribuir para o vídeo-documentário. Por esse motivo busquei ser uma atenta observadora em todos os momentos e observar, ainda que sem participação direta, das atividades desenvolvidas pelos outros grupos. 

Uma das questões mais discutidas durante o processo de preparação para a viagem foi exatamente a atuação das mulheres e seu papel na aldeia, de modo que nossa expectativa estava alta em relação às possíveis conversas que teríamos com essas mulheres. Por motivos de diversas ordens e que posteriormente discutimos em grupo essa interação não aconteceu, trazendo algum nível de frustração pessoal.

Os dias que passamos na Aldeia Rio Silveira foram fantásticos, sobretudo que beleza grandiosa existente naquele lugar. O ar puro, as quantidade enorme de árvores e flores, água cristalina, os sons e os passarinhos, tornaram a experiência inesquecível. Observar a interação dos moradores com o espaço, sua língua, suas músicas e suas histórias evidenciaram meu respeito e admiração pela manutenção de uma cultura tão bela, e ao mesmo tempo com uma trajetória tão sofrida para manutenção de sua sobrevivência.