Acessibilidade em ambientes virtuais e digitais para deficientes visuais

Fonte: Wikiversidade

ACESSIBILIDADE EM AMBIENTES VIRTUAIS E DIGITAIS PARA DEFICIENTES VISUAIS


1 INTRODUÇÃO

Tornar os produtos e serviços mais acessíveis para todos os usuários de uma rede virtual ou física tem sido um verdadeiro desafio para muitos indivíduos, pois, alguns usuários estão impossibilitados de receber a informação de maneira simplificada; perante esses problemas surge a questão social da acessibilidade. A acessibilidade é a possibilidade e a condição de alcance, percepção e entendimento para utilização, com segurança e autonomia, de edificações, espaços, mobiliário, equipamento urbano e elementos (NBR 9050: 2004). Segundo Sonza e Santarosa (2003) a acessibilidade significa organizar e reorganizar meios edificados e espaços públicos em ambientes seguros, saudáveis, adequados e agradáveis para que sejam utilizados por todos (as), criando assim um meio de interação efetiva entre todos os cidadãos. De acordo com Ferreira (2011) o termo “acessibilidade”, presente em diversas áreas do conhecimento e em atividades diversas, tem como uma característica a responsabilidade social, e é também de extrema importância nas áreas de informação virtual como, por exemplo, a internet, que buscar apresentarao nosso usuário não só o direito de acessar a rede de informações, mas também o direito da quebra de barreiras arquitetônicas, para disponibilização dessa informação, seja ela de acesso físico, de equipamentos adequados ou de sistemas que auxiliem na quebra desse paradigma, entre o deficiente e o suporte que apresenta a informação, gerando assim formatos alternativos. O “deficiente” (OEA, 1999 apud. Decreto n.3.956/2001) é aquele indivíduo que possui algum tipo de limitação física ou mental. Sendo assim, para que as áreas que disponibilizam informação atendam a esse publico é preciso atentar para esses tipos de limitações que variam para cada tipo de usuário especial, são necessárias algumas modificações na estrutura física ou virtual, além da disponibilização de serviços e melhorias para atender as suas necessidades informacionais.

	Avaliar essas características na rede de informações vem sendo um trabalho minucioso que exige competência ao extremo de alguns órgãos responsáveis por esta questão, alguns dados da W3C (Consórcio para a WEB) e da Iniciativa para a Acessibilidade na Rede (WAI) mostram algumas situações e características diversas que o usuário pode apresentar. Essas eventuais situações e características precisam ser discutidas pelos desenvolvedores na criação de um conteúdo ou concepção de uma página da web, para que possa vir a potencializar de maneira significativa a questão da acessibilidade.

A acessibilidade vem sendo mais frequente a cada dia, levando em consideração as dificuldades por quem necessita dessa melhoria, em torno deste tema surgem perguntas muitas vezes frequentes, será que a informação esta se adequando para chegar a usuários com deficiência? Tendo em vista conhecer essa realidade, buscaremos nos empenhar para que essas barreiras venham a serem identificadas pelos deficientes visuais, buscando com os mesmos, meios para que a informação chegue de maneira acessível a grupos incapacitados ou com algum tipo de deficiência; seja ela onde estiver. Diante do valor histórico que algumas instituições virtuais ou até mesmo física, é de extrema importância representar e tornar seus produtos e serviços mais acessíveis para todos os seus usuários sem restrições, é necessário que essas disponham não apenas de estrutura informacional adequada, mas de profissionais habilitados para instabilizar a acessibilidade em toda e qualquer eventual criação. (FERREIRA; CIANCONIP, 2011) Em virtude de estudos tecnológicos, alguns softwares foram e estão sendo criados para atingir melhorias para esse público sendo assim abordaremos alguns deles como, por exemplo, o DOSVOX, para mostrar suas funcionalidades que influenciam ajudando no acesso de pessoas com deficiência visual em específico. O trabalho tem como objetivo identificar problemas na questão da acessibilidade à informação em ambientes virtuais e digitais, trazendo à tona as barreiras que ainda dificultam o acesso dos deficientes visuais, buscando aprimorar também algumas melhorias já impostas em algumas redes por meio de softwares criados para que a informação chegue de maneira acessível a esse público.


2 DEFINIÇÃO DE DEFICIÊNCIA


De modo geral podemos definir deficiente como aquele indivíduo que possui algum tipo de limitação, perda ou anomalia, congênita ou adquirida de caráter permanente ou transitório que dificultem na sua capacidade sensorial, motora ou mental. A Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou e classificou termos que facilitaram a patologia dessas deficiências, conforme publicado naInternational Classification of Impairment,Disabilities and Handicaps (ICIDH), e traduzido para o português como ClassificaçãoInternacional de Deficiências, Incapacidadese Desvantagens(Cidid) (OMS 1999, apud. Política Nacionalde Saúde da PessoaPortadora deDeficiência 2008) que tal documento define deficiente como:

[...] deficiência como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica; a incapacidade como toda restrição ou falta – devida a uma deficiência – da capacidade de realizar uma atividade na forma ou na medida em que se considera normal para um ser humano; e a desvantagem como uma situação prejudicial para um determinado indivíduo em consequência de uma deficiência ou uma incapacidade, que limita ou impede o desempenho de um papel que é normal em seu caso (em função da idade, do sexo e dos fatores sociais e culturais).

No Brasil, de acordo com o Censo (2010) estima-se que exista cerca de 45,6 milhões de pessoas que se declaram portadora de alguma deficiência em caráter permanente, a avaliação levou em consideração o grau de complexidade das limitações, avaliando e enquadrando as deficiências em três níveis diferentes de dificuldades. Com o levantamento foi constatado que 36 milhões de brasileiros sofrem com dificuldades visuais, dentre esses 6,6 milhões estão na condição mais complexa da perda, a cegueira ou a baixa visão. É importante nessa discussão definir cegueira e baixa visão, que segundo a Fundação Dorina Nowill (2000) cegueira é o agravo permanente da condição de visão, que tem como consequência a ausência ou a pouca percepção luz. Baixa visão trata-se do comprometimento das funções visuais dos olhos, mesmo após seu tratamento ou correção, sendo necessário o uso de recursos complementares para que a deficiência seja compensada.

2 DIFICULDADES ENCONTRADAS No que se diz respeito à questão de acessibilidade, implicamos em dizer que seria de extrema importância gerar acesso a tudo e a todos, mas vemos em alguns serviços que nem sempre isso acontece como planejado, algumas instituições muitas vezes não seguem regras pré-estabelecidas por lei, nem ao menos se preocupam com a questão da acessibilidade, isso gera muitas das vezes insatisfação e desanimo para aquele que tem algum tipo de deficiência e precisa que essas regras sejam cumpridas. De acordo com Sonza e Santa Rosa (2003) a construção de uma sociedade igualitária e de interação efetiva entre todos os cidadãos parte de uma perspectiva fundamental de uma politica de inclusão no qual a sociedade reconhece as diferenças e geram um conceito que todos os cidadãos devem ter o direito de acordo com suas especificidades. As ferramentas computacionais têm sido cada vez mais utilizadas pelos cidadãos, pois, e o meio mais eficiente de troca de informação entre outros benefícios, mas na sociedade informacional muitas barreiras ainda são encontradas no que se diz respeito à acessibilidade, mesmo com trabalhos realizados para gerar a inclusão ainda encontramos brechas que dificultam o acesso, trazendo assim limitações para os deficientes visuais, como enfatiza Ferreira e Cianconip (2011) destacando que o principal problema para deficientes visuais e cegos que usam os ambientes virtuais e digitais são as barreiras impostas pelos meios de comunicação. As dificuldades e problemas mais comuns encontradas pelos deficientes visuais vêm a ser a questão de imagens em flash, imagens tradicionais bem como botões e figuras sem os textos correspondentes e a interação com osperiféricos como, teclado e mouse, isso gera extrema dificuldade no acesso já que alguns softwares criados para auxiliar esse público, se baseiam em textos disponíveis na tela, Ferreira e Cianconip (2011) destacam em seu trabalho que:

“Pode-se perceber a partir do estudo, a grande importância de realizar testes nos sites, tendo a colaboração de usuários deficientes visuais e de ter profissionais da informação envolvidos nos processos de criação dos sites. A articulação entre profissionais de informática e da informação, em conjunto com usuários, permitiria produzir sites com mais acessibilidade e usabilidade para todos.”

Em meio a essas dificuldades encontradas pelos usuários com deficiência visual, destacamos a importância de um planejamento no processo técnico na construção de algum ambiente virtual ou digital, para que os deficientes visuais tenham acesso pleno, e que com ajuda de softwares específicos e alguns profissionais voltados especificamente para auxiliar esse público, seja possível a interação completa entre usuários com deficiência visual e ambientes virtuais e digitais.

3 AMBIENTES VIRTUAIS E SOFTWARES

A busca de uma sociedade com direitos iguais e maior participação nas transformações sociais, é desejo de todos os cidadãos, e essa luta ganha força com a informática e as tecnologias da informação, que além de ajudar no processo de aprendizagem amenizam a discriminação social, portanto: [...] as ferramentas computacionais abrem um espaço de oportunidades, “principalmente para as pessoas cujos padrões de aprendizagem não seguem os quadros típicos de desenvolvimento”. Os estudos mostram que pessoas limitadas por deficiências não são menos desenvolvidas, mas se desenvolvem de forma diferente (SANTAROSA, 2000). Hoje podemos acompanhar as manifestações em todo mundo, contra as desigualdades na sociedade, e graças às tecnologias da informação e os ambientes virtuais criados a sociedade pôde ser ouvida. O termo tecnologia tem origem grega, (τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo"), e envolve tanto o conhecimento técnico quanto suas ferramentas. De acordo com Sonza e Santarosa (2003) os cidadãos que possuem algum tipo de deficiência têm ganhado cada vez mais espaço na luta por uma sociedade mais justa e igualitária, os deficientes visuais passaram a utilizar a tecnologia dos ambientes virtuais a seu favor, garantindo mais autonomia e gerando a inclusão informacional e tecnológica. Essas tecnologias criaram ambientes, que possuem softwares que são capazes de ajudar os deficientes visuais no acesso à informação. Os softwares têm como funcionalidade ler telas, informar quais controles estão ativos, e identificar as ações desempenhadas pelos usuários, os mais usados atualmente são os:Dosvox, Virtual Vision e o Jaws. O Dosvox se comunica com o usuário através de síntese de voz, isto é, mensagens sonoras são emitidas pelo software com voz humana, e estabelece um dialogo amigável com o usuário, em dezembro de 2002 o sistema já contava com cerca de 6.000 usuários no Brasil e alguns países da América Latina. Suas principais características são: Síntese de fala; Editor, leitor, impressor de textos; Ampliador de textos para pessoas com visão reduzida; Programas sonoros para acesso à internet, Leitor Simplificado de janelas do Windows. O Virtual Vision vasculha os programas em busca de informações que podem ser lidas pelos usuários, facilitando a navegação em praticamente em qualquer aplicativo, nenhuma adaptação especial é necessária para que o programa funcione, a utilização pode ser feita com um simples teclado e caixas de som simples, sem a necessidade de sintetizadores externos, acessa tambémo conteúdo da internet, com um sistema de leitura de páginas inteiras, sincronizadas ou listagens de hyperlinks. Foi desenvolvido em 1997 durante as pesquisas do Micro-Power, e é hoje o único nacionalmente desenvolvido capaz de funcionar nos aplicativos mais utilizados na maior parte dos computadores. O Jaws (Job Acess With Speech), foi desenvolvido pela Freedom Scientific e permite aos usuários cegos ou com baixa visão, acesso quase que total as principais funcionalidades do sistema, suas principais funcionalidades vão desde manipulações de pastas e arquivos, até a navegação em sites na internet através do sistema de leitura de telas exibidas no computador e sintetizador para leitura de comandos efetuados por parte do usuário. Conta também com suporte de saída em braile no lugar de leitura de tela e oferece auxílio em 17 idiomas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos salientar que os ambientes virtuais e digitais são apresentados como grandes meios para a disseminação de informações, e que todos os cidadãos têm direito de desfrutar deste meio informacional através de ferramentas que facilitam o acesso e geram a todos informação necessária para ensino e aprendizagem. A relação entre deficiente visual e os ambientes virtuais e digitais, tem se estreitado cada vez mais com a ajuda de processos técnicos que facilitam na questão da acessibilidade, isso venha a ser de extrema importância para o cumprimento de leis, que estabelecem direitos a esses usuários, tornando-os mais igualitários aos demais cidadãos. A informática realmente propicia inúmeras vantagens ao cidadão, e pensando nisso é preciso elaborar estudos e identificar as barreiras que limitam o acesso a pessoas com deficiência, para que possam ser criadas inovações que beneficie este público e assim gerar a acessibilidade e a inclusão.


REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2004. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

BRASIL. Decreto nº 3.956, de 8 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas com Deficiência. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 09 out. 2001. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/decreto3956.pdf>. Acesso em 31 jun. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Manual de legislação em saúde da pessoa com deficiência. Brasília: Editora do Ministério da Saúde; 2008.

CONSÓRCIO WORLD WIDE WEB. W3C Brasil. Disponível em:<http://www.w3c.br/> Acesso em: 28 de Jun. 2013.

FERREIRA, G. A.; CIANCONIP, R. B. Acessibilidade dos deficientes visuais e cegos as informações de bibliotecas universitárias na web. Informação e sociedade, João Pessoa, v.21, n.2, p. 151-163, maio/ago. 2011.

FUNDAÇÃO DORINA NOWILL PARA CEGOS. Disponível em: <http://www.fundacaodorina.org.br/deficiencia-visual/> Acesso em: 28 de Jun. 2013.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=967> Acesso em: 28 de Jun. 2013.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2010. Características Gerais da População. Resultados da Amostra. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.

MOREIRA, S. M. B. L. Acessibilidade à informação aos deficientes visuais na Biblioteca Central Clodoaldo Beckmann da UFPA. Pôster In: Seminário Nacional Bibliotecas Universitárias – SNBU, 15, 2008, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: 2008. Disponível em : <http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/ 3581.pdf>. Acesso em: 24 Jul. 2013.

PALETTA, F. A. C. WATANABE, E. T. Y. PENILHA, D. F. AUDIOLIVRO: inovações tecnológicas, tendências e divulgação.. Pôster In: Seminário Nacional Bibliotecas Universitárias – SNBU, 15, 2008, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: 2008. Disponível em : <http://www.sbu.unicamp.br/snbu2008/anais/site/pdfs/ 3581.pdf>. Acesso em: 24 Jul. 2013.

RODRIGUES, A. S.; FILHO, G. L. S.; BORGES, J. A. Acessibilidade na Internet para Deficientes Visuais. P. 11.

SONZA, A. P.; SANTAROSA, L. M. C. Ambientes Virtuais: Acessibilidade aos Deficientes Visuais. V. 1, n. 1, p. 11, fev. 2003.