Reportagens do JOA/Renan Carvalho e Victor Campanelli
Vai um café aí?
Fundado no início do século XX por uma família de Votorantim-SP, o café Girondino está localizado no bairro da República, na capital paulista. O nome do estabelecimento foi dado em homenagem aos girondinos, parcela da alta burguesia da França que esteve presente no movimento revolucionário que se iniciou em 1789 no país europeu.
O público que frequenta o elegante restaurante na região central de São Paulo pode ser relacionado com o nome do local. A maioria das pessoas que comparem ao café girondino é composta por profissionais liberais, advogados, bancários e trabalhadores de repartições públicas e da bolsa de valores. Estes profissionais, atualmente, constituem em o que pode ser entendido como a classe burguesa da sociedade paulistana. Para atender a demanda dessa exigente parte da população paulista, 70 pessoas, em média, trabalham no Café Girondino diariamente. No período do meio dia às 16h, o de maior movimentação no café, todos os funcionários se encontram no estabelecimento. Nos outros horários do dia, os empregados se dividem em três turnos.
Um dos mais conhecidos trabalhadores do restaurante é o garçom Raimundo, visto pelo gerente Ariel como um trabalhador exemplar. Agora em período de licença por conta de um problema de saúde, Raimundo trabalhava no café a partir das 14h, já que no período matutino se dedicava a lecionar História. Quando perguntado sobre os detalhes do problema de saúde que o garçom enfrenta, o gerente Ariel preferiu não comentar o assunto. “É muito pessoal, não sei se ele me autorizaria a falar”. Ainda de acordo com Ariel, o motivo de saúde que afasta Raimundo de seu ofício, no entanto, é de conhecimento de todos os seus colegas de profissão.
Ariel afirmou com orgulho que Raimundo se formou em História há pouco tempo, coisa de um ou dois anos. Pela forma com a qual o gerente coloca as palavras e se expressa em relação ao garçom, pode-se interpretar que os dois têm uma relação amistosa. Outro motivo que pode justificar tal proximidade é o tempo de trabalho de Raimundo no Girondino. Em sua primeira passagem pelo estabelecimento, o garçom ficou três anos, quando decidiu sair para trabalhar com a família. Após certo tempo, solicitou a volta para o café, onde está há mais de 10 anos.