Introdução a Logística

Fonte: Wikiversidade

Unitização de Cargas

Prof. Jean Simões Peixoto

O processo de globalização da economia impôs a todas as empresas, dos mais distintos portes e segmentos, uma nova postura que permitisse o atendimento das necessidades de clientes que estão cada vez mais exigentes. O esforço das empresas tem como ponto comum a tarefa de entregar o produto certo, nas quantidades necessárias, na hora certa, no local correto, em perfeitas condições e ao custo mínimo.

Entre as diversas áreas que se mostraram estratégicas ao cumprimento desta missão, tem-se a logística, que, por meio dela, se consegue através de suas melhores práticas, alcançar níveis de serviços compatíveis às expectativas dos clientes e que podem ser absorvidos pelas organizações.

Dentre estas práticas, uma deve ser entendida com fundamental, e a unitização de cargas. Unitizar cargas significa tornar única uma série de mercadorias de pesos, tamanhos e formatos distintos, permitindo assim a movimentação mecânica desta unidade. Dentre as principais formas de unitização de cargas temos a paletização e a conteinerização.

O palete (ou pallet em inglês) é o unitizador empregado para a união das mercadorias na paletização. Existem paletes dos mais diversos materiais e dimensões, sendo que os mesmos são criados tendo em mente o princípio da adequação ao uso (por exemplo, para aviação os paletes são leves, de alumínio; para a indústria metal-mecânica mais robustos, para a alimentícia, de bebidas e farmacêutica, são utilizados de plásticos/polietileno, nas mais diversas configurações). Segue abaixo alguns modelos existentes no mercado:


Fig. 01 – Palete de Madeira Fonte: https://garotadesaopaulo.wordpress.com/2014/07/28/paletes-aonde-utilizar/



Fig.02 – Palete de Polietileno Fonte: http://www.br.all.biz/paletes-plsticas-de-carga-bgg1000857



Fig.03 – Palete de Metal Fonte: http://www.pallets.xpg.com.br/pallets_metal_aco_galvanizado.htm

Isso gera a existência de uma enormidade de tipos o que provoca problemas para as empresas no que tange a sua gestão. O palete nada mais é do que um estrado de madeira, (é comum vermos em lojas de varejo estes paletes contendo fardos de refrigerantes) dotado de resistência mecânica e entradas na parte inferior que permitem a acoplagem do equipamento de movimentação. Tentando organizar e facilitar a gestão destes unitizadores foi desenvolvido por entidades envolvidas no setor (ABRAS(Associação Brasileira de Supermercados), ABML (Associação Brasileira de Movimentação e Logística) , instituições de ensinos entre outras) o projeto dos chamados paletes PBR1 e PBR2. A idéia básica da iniciativa é a normatização do setor. Brasil 1.000 x 1.200 mm * PBR1 e Brasil 1.050 x 1.250 mm * PBR2. É interessante citar o uso de paletes chamados “one way” principalmente nas práticas de comércio exterior – o palete é descartável.

Algumas empresas, hoje já alinhadas com o pensamento do “ecologicamente correto”, exigem também o certificado de origem do material do empregado para a construção do palete (a madeira deve ser de determinada espécie e oriunda de reflorestamento). Dentro desta legítima preocupação com o meio ambiente e a escassez de recursos, verificamos hoje o estudo e aplicação na confecção de paletes de materiais recicláveis e alternativos, tipo o bagaço de cana, aparas de papel da indústria de celulose, entre outros.

O uso da paletização permite uma série de vantagens, tais como: otimização dos espaços em armazéns, fábricas e caminhões; redução no tempo e custos de movimentação; redução de acidentes pessoais; redução no tempo de operação de carga e descarga; redução nos furtos; simplificação no controle de inventários; diminuição de danos nos produtos, entre outros. Pesquisa realizada pelo movimento ECR Brasil entre diversas empresas apresentou alguns dados que confirmam as informações acima: 38% das empresas obtiveram redução de avaria nos diversos processos através da unitização em paletes; 57% das empresas obtiveram redução de extravios; 54% das empresas obtiveram redução de acidentes de trabalho e 76% delas obtiveram aumento de produtividade.

O outro unitizador mais empregado é o contêiner (container em inglês). O contêiner tem sua origem na década de 50 e já, em 1956, a empresa de navegação Sealand fez o primeiro transporte de contêiner, embarcando em um navio, 58 unidades. Em 1957, tem-se notícia do início de operação do pode ser chamado o primeiro navio porta-contêiner com capacidade para 226 unidades.

Especialmente e, principalmente, utilizado no transporte marítimo, o contêiner é um recipiente construído em aço, alumínio ou fibra, criado para o transporte unitizado de mercadorias e suficientemente forte para resistir ao uso repetitivo. Normalmente é fabricado em dois tamanhos, 20 pés (6 metros) e 40 pés (12 metros). Existem contêineres para todos os tipos de cargas possíveis: carga sólida – de diversos tipos e tamanhos, gasosa, líquidos, carga viva.


Fig. 04 - Contêiner 40 Pés Fonte: http://www.penegos.com.br/site/--containers


Fig. 05 - Contêiner 20 Pés Fonte: http://galleryhip.com/container.html

Neste sentido é interessante observar a necessidade do desenvolvimento do projeto que definirá a viabilidade ou não da utilização da unitização de carga – isto vale para todos os tipos de unitizadores, uma vez que, teoricamente, é possível unitizar qualquer tipo de carga, sendo que a análise do “trade-off” é que definirá o uso ou não da mesma.

Existem diversos tipos de contêineres sendo os mais comuns os seguintes: dry, reefer, ventilado, open top, tanque, granel sólido, livestock e térmico. Eles apresentam também uma série de vantagens, tais como: permitir a operação independente das condições atmosféricas/tempo, aumento da segurança física dos produtos – roubo/avarias/perdas; operações de carga e descarga mais rápidas; diminuição dos custos de transportes entre outras.


Fig. 06 – Contêiner Reefer Fonte: http://www.worldshipping.org/about-the-industry/containers/refrigerated-containers

Fig. 07 – Contêiner Open Top Fonte: http://www.worldshipping.org/about-the-industry/containers/refrigerated-containers


Fig . 08 – Contêiner Tanque Fonte: http://portuguese.alibaba.com/product-gs/iso-tank-container-240326511.html


Fig. 09 – Contêiner Live Stock Fonte: http://www.marshall-trailers.co.uk/livestock-trailers-containers/21


Fig. 10 – Contêiner Térmico Fonte: http://sp.quebarato.com.br/cotia/container-termico__58B0A.html


É possível afirmar que a criação e uso do contêiner é, sem sombra de dúvida, o evento mais marcante do comércio mundial. Seu emprego permitiu o incremento das trocas comerciais entre as nações, propiciando a evolução e o desenvolvimento da economia dos países. Com o aumento da sua utilização na logística, ocorreu também o desenvolvimento de navios especializados, bem como o aprimoramento dos equipamentos de movimentação de matérias nos portos (empilhadeiras, guindastes, portaineres, transtaineres entre outros) que permitiram aumentar o volume de movimentações em terra, com operações mais seguras, associado à redução de custos operacionais e ao aumento da confiabilidade que fazem com que o comércio atual entre as nações seja impensável sem tal equipamento.


Referências

Unitização de Cargas, Disponível em: http://www.logweb.com.br/novo/upload/revistalogweb/63/logweb63site.pdf, acesso em 09/06/2011

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001.

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 1994.