Introdução ao Jornalismo Científico/Metodologia e Filosofia da Ciência/Atividade/Mariana Dias Antonio

Fonte: Wikiversidade

Nome da atividade[editar | editar código-fonte]

Esta seção apresenta a tarefa principal do Módulo 1 do curso de "Introdução ao Jornalismo Científico". A realização da tarefa é indispensável para o reconhecimento de participação no curso. Seu trabalho estará acessível, publicado no ambiente wiki, e será anexado ao certificado de realização do curso, quando finalizar todas as atividades. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.

Descrição da atividade[editar | editar código-fonte]

Atuar no jornalismo científico é às vezes comparado ao de ser um tradutor, no jargão da área da comunicação um 'tradutor intersemiótico', que passa a linguagem de um campo para o de outro campo. Nesta atividade, vamos observar e analisar como isso foi feito em uma das principais publicações acadêmicas brasileiras, a Pesquisa FAPESP.

Você deverá selecionar um artigo na revista Pesquisa FAPESP. Estão acessíveis na página principal da publicação. Escolha um artigo sobre um tema de pesquisa - ou seja, que seja baseado em uma ou mais de uma publicação científica - e leia-o com cuidado. Responda às perguntas que seguem.

As respostas deverão ser publicadas nesta página individual. Apenas altere os campos indicados.

Nome de usuário(a)[editar | editar código-fonte]

Mariana Dias Antonio

Link para a matéria selecionada[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, você deverá colocar os links da matéria selecionada. Esteja logado.

Resumo da matéria[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, resuma a matéria em até 300 caracteres. Esteja logado.

Pesquisadores de várias Instituições de Ensino Superior (IES) do Brasil publicam relatório evidenciando a presença de 476 espécies invasoras identificadas no país. Lançado em março de 2024 pela Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES), os dados apontam para questões preocupantes, que vão além dos danos ambientais.

Análise da matéria[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, identifique e analise com base na matéria: o objeto e a metodologia (observação, hipótese, experimentação, análise e publicação) da pesquisa. Esteja logado.

Disponível na íntegra através do link https://www.bpbes.net.br/wp-content/uploads/2024/02/Relatorio-Tematico-Sobre-Especies-Exoticas-Invasoras.pdf o relatório, lançado em março de 2024, apresenta que foi confeccionado ao longo de três anos por mais de 100 pesquisadores de diversas IES brasileiras, além de instituições de pesquisa, órgãos públicos e terceiro setor, compilando o conhecimento técnico e científico sobre o tema produzido nos últimos 15 anos.

O objetivo do relatório é de descrever o estado de conhecimento sobre as espécies exóticas invasoras presentes no Brasil, os impactos provocados pelas espécies invasoras, as formas de manejo destas espécies e a ação de governanças atuais e futuras para minimizar os impactos negativos provocados por tais organismos, na busca de conservar a biodiversidade e garantir a provisão de serviços ecossistêmicos. Segundo o relatório, as 476 espécies exóticas invasoras presentes no Brasil estão subdivididas entre 268 animais e 208 plantas e algas. Embora os números possam causar espanto, muitas das espécies já fazem parte do cotidiano dos brasileiros: de plantas ornamentais domésticas a árvores em vias urbanas, até animais domésticos, como gatos e cachorros; a variedade e locais em que estas espécies estão são amplas e muitas vezes passam despercebidas por nós.

O documento aponta para índices preocupantes, visto que a tendência é que o número de espécies invasoras aumente de 20% a 30% até o final do século. Das 476 espécies invasoras presentes no país, pesquisadores conseguiram levantar o impacto de 239 espécies, concluindo que estas causam mais de 1.000 impactos negativos e apenas 33 positivos. O relatório aponta que a presença de espécies invasoras é uma das principais causas da perda de biodiversidade no país; no entanto, o problema é minimizado frente às mudanças ambientais, destruição de habitats, poluição e exploração incorreta de recursos naturais. Além dos danos ambientais, há também os financeiros: segundo o relatório da BPBES, um pequeno grupo de 16 destas espécies causou prejuízos de aproximadamente US$ 105 bilhões entre 1984 e 2019 no Brasil, uma média de US$ 3 bilhões por ano em diversos setores, como agricultura, exploração comercial de árvores e saúde.

A biológa Michele Dechoum, docente da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e uma das pesquisadoras envolvidas no relatório, aponta que o "[...] maior desafio é criar sistemas de prevenção, monitoramento e detecção precoce do problema". Neste sentido, uma outra medida consiste na disponibilização de documentos informativos que resumam as evidências científicas para a formulação de políticas públicas.

Análise da pesquisa[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, acesse a(s) pesquisa(s) de origem, de base para o artigo na Pesquisa FAPESP, identifique e analise a seção metodológica. Em especial, explique em que medida o processo de pesquisa foi bem documentado no artigo que você selecionou. Esteja logado.

Entre os documentos analisados e as pesquisas realizadas para a confecção da matéria de divulgação da Fapesp, assinada por Sarah Schmidt, temos: I) o próprio relatório, visto que infográficos foram reproduzidos na matéria (https://www.bpbes.net.br/produto/relatorio-tematico-sobre-especies-exoticas-invasoras-biodiversidade-e-servicos-ecossistemicos/); II) Sumário para tomadores de decisão, consistindo num documento auxiliar do supracitado relatório para viabilizar ações que visam mitigar a ação de espécies exóticas invasoras no Brasil (https://www.bpbes.net.br/wp-content/uploads/2024/02/STD_digital_Especies-Exoticas-Invasoras.pdf); III) entrevista com pesquisadores envolvidos diretamente no relatório, como Michele Dechoum (UFSC), e pesquisadores não envolvidos na confecção do relatório, como Isabel Belloni Schmidt (UnB), demonstrando a preocupação em trazer pontos de vista externos, um movimento natural de pesquisa; e, por fim, IV) a preocupação em trazer a conceituação de espécie invasora e trazer exemplos de fácil compreensão para o amplo público.

Metáfora científica[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, reveja o conteúdo da aula sobre "A metáfora científica". No artigo da Pesquisa FAPESP selecionado, identifique quais foram as metáforas científicas ou cientificamente inspiradas utilizadas e justifique esse uso a partir das indicações da aula. Analise em que medida contribuem ou dificultam o entendimento da ciência. Esteja logado.

Podemos exemplificar o uso de metáforas científicas a partir de dois casos presentes no texto:

- O primeiro, presente em "[...] as tilápias, que quando escapam dos criadouros podem se tornar dominantes em lagos e lagoas [...], faz uso do conceito de dominância de espécies utilizado na grande área das Ciências Biológicas (segundo a Tabela das Áreas de Conhecimento da Capes, bem como suas sub-áreas - Zoologia, Genética, Botânica, entre outras;

- O segundo, presente na fala da professora e bióloga Andrea Junqueira (UFRJ), quando esta menciona que "Nenhum local está imune , mas áreas degradadas ou com alta circulação de pessoas, terras cultivadas, represas, reservatórios, portos e canais têm muito mais espécies introduzidas do que as conservadas”. Na metáfora destacada, a imunidade também é um termo recorrente na sub-área da Imunologia, utilizado para denotar a capacidade de um organismo em utilizar mecanismos de defesa.

Os dois exemplos, consolidados dentro das Ciências Biológicas, são utilizados de maneira fluida e coesa nas sentenças, construindo um discurso simples e direto. Tais termos poderiam ser substituídos, respectivamente, por "a maioria" e "livre destes riscos", mas o uso destas metáforas (dominante e imune) em uma matéria sobre divulgação científica demonstra o domínio do profissional que "traduziu" e redigiu a reportagem, trazendo termos usualmente utilizados dentro da escrita acadêmica em um texto de fácil compreensão para amplo público.

Filosofia da ciência[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, reveja o conteúdo da aula sobre "Ciência e Filosofia". Discorra sobre em que medida o artigo da Pesquisa FAPESP que você selecionou coloca questões filosóficas e apresente exemplos extraídos do texto. Esteja logado.

As questões filosóficas presentes na reportagem escolhida evidenciam a relação entre Filosofia e Biologia, sobretudo aquelas relacionadas com a ação do homem no ambiente. Tais ações podem ser diretas e indiretas, sendo o primeiro caso a escolha deliberada do ser humano em levar uma espécie exótica de uma localidade para outra, desconsiderando os impactos que elas podem causar. Um exemplo, bem explícito no texto, é o caso do caracol-gigante-africano (Lissachatina fulica), que foi trazido para o Brasil para ser comercializado como caracol comestível (escargô), mas devido a pouca demanda, foi solto no ambiente e se espalhou pelo país. Tal espécie se tornou um problema para a saúde pública e para a agricultura, pois ela é hospedeira de parasitas que podem prejudicar a saúde humana e animais domésticos e estes caracóis disputam alimentos com outros moluscos nativos e eliminam brotos de plantas. O segundo caso, a ação indireta do homem (ou seja, quando não há a escolha deliberada em trazer determinada espécie para outra localidade), tem sido alvo de amplo debate na comunidade científica, pois evidencia a ação do homem no meio ambiente. O exemplo trazido na matéria sobre o mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), originário da China, explicita com clareza tal ação involuntária da ação humana: estes moluscos chegaram ao Brasil na água de lastro de embarcações, e hoje é uma espécie invasora presente em hidrelétricas, estações de tratamento de água e fazendas de aquicultura, trazendo prejuízos econômicos e à biodiversidade brasileira.

Referências