PINE/UFRGS - Projeto Imprensa Negra Educadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Fonte: Wikiversidade

O Pine – Projeto Imprensa Negra Educadora é um grupo de pesquisa, ensino e extensão vinculado ao Lhiste – Laboratório de Ensino de História e Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ao Grupo de Pesquisa do Lhiste no CNPq e ao projeto "Experiências associativas negras: cotidiano, trabalho e educação na Bahia, em Pernambuco e no Rio Grande do Sul (Séculos XIX e XX)" (contemplado na Chamada CNPq/MCTI/FNDCT Nº 18/2021 - Faixa A - Grupos Emergentes Processo: 406278/2021-0 do CNPq).

O grupo surgiu em abril de 2021 como um espaço de ação e reflexão sobre a educação das relações étnico-raciais e o antirracismo no campo educacional, constituindo-se como uma “comunidade de aprendizagem” (Hooks, 2013)[1]. Por se tratar do contexto de Ensino Remoto Emergencial (ERE), iniciou com a criação de materiais didáticos digitais para subsidiar a ainda necessária implementação do artigo 26-A da LDB e das DCNERER.

O Pine visa criar, disputar e divulgar narrativas históricas acerca do Brasil republicano, desde o ponto de vista e da escrita da história registrada na imprensa negra pela intelectualidade negra no pós-Abolição, reconhecendo e valorizando o protagonismo e a autoria de acadêmicas/os negras/os. Para isso, articula ensino de história e pós-abolição em diálogo com a história pública, a educação patrimonial e a história digital.

Parte de O Exemplo, integrante da imprensa negra de Porto Alegre (1892-1930), destacando seus jornalistas, colaboradores/as, apoiadores/as, associações e territórios em movimento, bem como seu projeto político antirracista, fundamentado na luta por educação, e sua escrita da história do Brasil. Dialoga com a Revista Tição (1978-79), de Porto Alegre, e o jornal A Alvorada (1907-1965), de Pelotas, pretendendo expandir para outros periódicos gaúchos.

Essas experiências históricas inserem-se nas lutas e saberes emancipatórios e desestabilizadores do Movimento Negro educador (Gomes, 2017)[2], que resultaram em políticas públicas de ações afirmativas educacionais no alvorecer do milênio. Quase duas décadas depois da Lei 10.639/2003, ainda há muito a ser feito para sua implementação em currículos, materiais didáticos, práticas educativas e formação de professoras/es. Além disso, dez anos depois da Lei 12.711/2012, é preciso avaliar não apenas as condições materiais de permanência de estudantes negras e negros no Ensino Superior, mas também as epistêmicas e afetivas, assegurando uma formação de qualidade e condições para a inserção na pós-graduação e no mercado de trabalho.

Assim, com vistas à promoção de reparações e compensações no campo educacional, o Pine interroga o lugar e as ações de pessoas brancas e das instituições, como a UFRGS, na implementação dessas leis e normativas. Agrega cerca de dez bolsistas de pesquisa (CNPq, Fapergs e Prae), ensino (Sead) e extensão (Prorext), remuneradas/os e voluntárias/os, dos cursos de História, Design Visual, Comunicação Social e Engenharia Ambiental; e a colaboração de professoras/es da Universidade e da Educação Básica, estudantes de pós-graduação e integrantes do Movimento Negro.

Dentre os resultados, a criação de materiais didáticos nos estágios de docência e na atuação na educação social e popular; a mediação pelos territórios negros, com ênfase nos lugares relacionados ao jornal; a participação em eventos com comunicação de trabalhos e realização de oficinas; palestras e conversas em cursos, aulas e atividades de formação de professores/as; a concessão de entrevistas para a rádio e a TV da UFRGS e para um podcast; e a criação de perfil no Instagram, site, mapa virtual interativo e identidade visual.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. hooks, bell. Ensinando a transgredir: educação como prática de liberdade. São PauloEditora WMF Martins Fontes, 2013.
  2. Gomes, Nilma. Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. PetrópolisVozes, 2017.