A MÚSICA GOSPEL NOS EUA (SPIRITUALS)
"Spirituals" são canções que foram criadas por escravos afro-americanos para construir um senso de esperança em meio aos tempos de horror da escravidão. Depois da abolição da escravatura, os spirituals continuaram como um testamento da crueldade da época escravocrata e têm sido cantados por corais nas igrejas em comunidades negras. Milhões de afro-americanos migraram do sul rural para o norte urbano dos Estados Unidos, levando à disseminação do gospel negro. Nas novas cidades, como Chicago e Detroit, o gospel encontrou um público adepto por suas mensagens de esperança e resistência. Coros de igreja e conjuntos gospel proliferaram, contribuindo para a popularizar esse novo estilo.
Mahalia Jackson e Thomas A. Dorsey, foram dois pioneiros do movimento gospel nos Estados Unidos. Ambos trouxeram suas próprias experiências para o gênero, as quais foram preenchidas com suas interpretações, emoções, espiritualidade e elementos do blues e jazz. Os dois se tornaram figuras de extrema influência e Os Fisk Jubillee Singers foram impotantes na difusão do Spirituals contribuição para o nascimento do gospel que conhecemos hoje, sendo assim considerados visionários. A partir deles a música gospel passou a mesclar letras devocionais com ritmos seculares, tornando-a mais parecida como conhecemos hoje em dia.
O grande poder da música gospel se fundou a partir de sua propagação dentro das igrejas. Não se tratava somente de um ambiente de adoração, mas de um refúgio onde suas dores, angústias, desejos de liberdade, entre tantos outros, poderiam ser expressos.
O impacto causado pela maneira em que se manifestavam dentro e fora das igrejas, romperam qualquer barreira que poderia ter sido imposta como uma divisão entre uma crença e outra, influenciando gêneros como o R&B, soul e rock. Sendo assim, o tablado que os mantinham, os corais que intensificavam e as letras cantadas coletivamente clamavam por liberdade, justiça e direitos humanos. Consequentemente, também se tornaram palco para moldar diversos artistas musicais que nasceram integradas nessas comunidades.
Atualmente, com as novas tecnologias, além dos gêneros já tradicionais, a música gospel negra conta com hip-hop, eletrônica e o chamado “worship” e tem alcançado uma audiência global graças as mídias sociais, podendo continuar levando sua mensagem de esperança e resistência para o mundo.