Análise I - Sol Abigail Galarza Miers
Ficha técnica
[editar | editar código-fonte]Título do Filme: O que é Isso, Companheiro?
Ano: 1997
País: Brasil
Gênero: Ação, Drama, História, Nacional, Suspense
Duração: 110 minutos (1 hora e 52 minutos)
Direção: Bruno Barreto
Roteiro: Fernando Gabeira e Leopoldo Serran
Fotografia: Félix Monte
Trilha sonora: Stewart Copeland
Elenco original: Alan Arkin, Cláudia Abreu, Caio Junqueira, Fernanda Torres, Luiz Fernando Guimarães, Marco Ricca, Matheus Nachtergaele, Pedro Cardoso, Selton Mello.
Produção: L.C. Barreto – Produção Cinematográficas
Idioma original: Português (Brasileiro)
Sinopse:
“O que é isso companheiro?” é um filme que se desdobra no ano de 1969, período em que o Ato Constitucional nº 5 estava em vigor, que retirou todos os direitos civis e a liberdade de imprensa no Brasil. Baseando-se em fatos reais, inspirando se um pouco do livro escrito pelo Fernando Gabeira, um dos membros do MR-8, o longa metragem apresenta a história do grupo de guerrilheiros de esquerda Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) e ANL (Ação Libertadora Nacional), que se articula ilegalmente na cidade do Rio de Janeiro. Esse agrupamento arquitetou um plano de sequestro do então embaixador estadunidense no Brasil, Charles Burke Elbrick, em troca da libertação de presos políticos do período.
Dinâmica da narrativa
[editar | editar código-fonte]A) Ideia Inicial – História
[editar | editar código-fonte]1- O filme conta uma história. Sobre quem?
O filme, “O que é isso companheiro”, como se sabe, se passa no ano de 1969, período da Ditadura Militar Brasileira (1964-1985), e que conta a história do grupo de guerrilheiros MR-8, contrários do atual governo da época, na qual consistia, inicialmente, de 6 membros (Paulo, Marcão, Oswaldo, Reneé, Júlio e Maria), passando a serem 5 quando Oswaldo é baleado e deixado para atrás, sendo preso, após um assalto de banco. Visando buscar mais visibilidade para a causa que eles apoiavam, principalmente pensando em propagar nos canais de comunicação, eles articulam um plano para sequestrar o então embaixador norte-americano, Charles Burke Elbrick, em troca de presos políticos, que estariam sendo torturados e mortos pelo governo ditador, em conjunto com o companheiro Jonas e Toledo, pertencentes ao grupo ANL (Ação Libertadora Nacional).
Assim, no decorrer do longa, vemos a história desses homens e mulheres, do inicio do plano até o fim do mesmo.
2- Quais são as personagens principais?
Pedro Cardoso, interpreta o Paulo (nome falso utilizado no período da Ditadura Militar, momento que se encontrava no grupo de guerrilheiros de esquerda MR-8), mas que na realidade se chama Fernando no filme (inspirado no Fernando Gabeira); Fernanda Torres como Maria (inspirado na Maria Augusta Carneiro Ribeiro); Matheus Nachtergaele como Jonas.
3- Qual delas mereceu a sua atenção?
Realmente, acredito eu, que o personagem que mais me chamou a atenção no filme foi o Paulo/Fernando, porque o filme nos apresenta um homem que não sabia muito bem atirar e teoricamente, ele não seria um bom guerrilheiro, afinal, era necessário para sua sobrevivência caso tivesse um confronto. Entretanto, isso não é impedimento para que ele continuasse nesse meio, visto que, por meio da sua inteligência ele cria um plano de sucesso para liberar os outros companheiros presos pelo governo militar.
Tanto que isso me faz lembrar muito o que a Maria diz no começo do filme para outro companheiro, “Uma coisa é ter coragem em aturar em um alvo, outra é em um homem”, que no meu ver mostra que muitas vezes saber atirar não é um dos requisitos mais importantes para participar/ajudar em uma guerrilha.
4- Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?
O filme termina com o governo militar cedendo com a pressão feita pelo grupo de guerrilheiros, libertando os 15 presos políticos que foi reivindicado em troca do embaixador estadunidense, Charles Elbrick. Assim, em pleno fim de jogo de futebol na cidade do Rio de Janeiro, especificamente no Estádio do Maracanã, um lugar movimentado para não chamar a atenção e onde os guerrilheiros facilmente se misturariam com a multidão, foi libertado o norte-americano. Entretanto, mais para frente vemos que eles foram presos, torturados, mas libertados após seus nomes terem sido colocado na lista de libertação de presos políticos em outra ação feita contra a Ditadura Militar.
Eu pessoalmente achei o final corrido e meio confuso, visto que até o momento da libertação do norte-americano, estava entendendo, entretanto, isso muda após os militares conseguirem encontrar os 7 guerrilheiros nos seus esconderijos e iniciarem as torturas. Não entendi o que aconteceu, como eles foram libertados depois, tanto que eu fui pesquisar um pouco para entender o que realmente aconteceu.
(Basicamente, posso estar errada, mas houve um sequestro do embaixador alemão, pela ANL e VPR, e por causa disso, eles reivindicaram a libertação e exilio para a Argélia de 39 presos políticos que estavam sendo torturados, que consistia em 4/5 pessoas que faziam parte desse sequestro do embaixador norte-americano, já que dois foram mortos e um nem tinha participado de fato do plano, que foi a Maria. Ela foi uma das únicas mulheres libertadas na primeira leva de presos políticos libertados após o sequestro do Charles Elbick.)
B) Tema de Fundo – Tese
[editar | editar código-fonte]1- Quais são os temas tratados no filme?
O filme trata principalmente o período da Ditadura Militar Brasileira, que ocorreu entre os anos de 1964 até 1985, retratando tanto a atuação e resistência dos movimentos de esquerda, isto é, grupos de guerrilheiros que iam contra esse governo autoritário. Além de mostrar como a Guerra Fria influenciava o cenário político da época, principalmente dos Estados Unidos, do lado capitalista do bloco, sendo um dos principais motivos que levaram o grupo MR-8 a sequestrar o então embaixador, ganhando, assim, notoriedade nos meios de comunicação.
2- Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?
Acredito que não uma cena única que compreende o tema de fundo do filme inteiro, visto que, por exemplo, no início pode-se ver o Fernando, depois conhecido como Paulo, querendo se juntar a guerrilha para ir contra esse governo autoritário, mostrando qual é a perspectiva que o longa-metragem quer que o telespectador veja. É só depois que se pode ver quais são as causas, motivos, por atrás desses personagens que fazem parte do MR-8, e depois, ANL.
3- Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?
O problema que foi tratada mais demoradamente foi o plano que o grupo guerrilheiro estipulou, isto é, o sequestro do então embaixador norte-americano, Charles Elbick, em troca de 15 presos políticos. Isto é, o inicio do planejamento foi tratado com maior rapidez do que o período que o homem estivera em cativeiro, na qual os personagens ao certo não sabiam o que fazer e estavam extremamente apreensivos, com medo de serem pegos no meio do processo e não conseguirem realmente as suas reivindicações.
4- Os realizadores descreveram bem os protagonistas?
Não, porque como o filme tem o objetivo de retratar apenas o sequestro do embaixador norte-americano e como isso gerou consequências em um governo ditatorial, ou seja, a libertação dos presos políticos em um momento de repressão política. Por causa disso, não há oportunidade e nem tempo de tela para conhecer profundamente os personagens e seus motivos de verdade para se envolver com o movimento guerrilheiro, tanto a MR-8 ou ANL. Tanto que são em momentos sutis que descobrimos os nomes verdadeiros deles, por exemplo, do Paulo/Fernando, no início do longa-metragem, Reneé/Clara, após um telefonema que a mesma faz para seus pais após se infiltrar, por uma noite, na embaixada estadunidense, etc. Mas além disso, não sabemos muito, só de alguns.
C) Ritmo e Montagem – Edição
[editar | editar código-fonte]1- Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Porquê?
Houveram inúmeros momentos, mas, dois em específicos:
1.Tortura:
A tortura não foi o principal foco do filme, mas sempre que aparecia, mesmo que em pequenos momentos, eu anotei como existe diversas nuances nesse tema. Por quê? Simples, há a perspectiva tanto daquele que está sendo torturado e aquele que está torturando, e na maioria das vezes sabemos a história do primeiro.
Inicialmente, o filme nos apresenta a tortura do Oswaldo, de que, diferente do Paulo, que não queria contar as informações que ele tinha conhecimento, ele facilmente, lógico, após inúmeras sessões de tortura envolvendo afogamento, fala o que ele sabia. Mas nem foi isso que me impactou de fato, e, sim, como aqueles dois homens que o torturavam estavam conversando sobre coisas banais, como se fosse um dia normal, mais um dia, que não estava acontecendo absolutamente nada de horroroso e que fere um ser humano.
Entretanto, quando eu já tinha uma ideia pré-estabelecida sobre esses torturadores, o Henrique, personagem interpretado pelo Marco Ricca, nos apresenta a seguinte frase dita para sua esposa: “É meu trabalho e eu fui designado a isso” , mostrando que ele não tem muito orgulho do que ele está fazendo, sendo obrigado a fazer tal coisa, e como visto mais para frente, ele até sente um pouco de culpa/remorso, mas, não negava a sua visão no qual via as atitudes da guerrilha como errados, expressando seu pensamento por meio da fala: “é necessário acabar com eles para que os inocentes durmam em paz”.
Portanto, é assim que podemos ver que não é possível generalizar sobre o assunto, mas também não negligenciar, deixar para atrás, ou só dar uma desculpa para aqueles que torturaram inúmeras pessoas contrárias ao governo ditador. Afinal, assim como vemos no filme, existem SIM militares que não sentem remorso pelo que fizeram, pelo contrário, sentem orgulho.
2. O caso da Reneé e dos outros companheiros:
É impressionante observar como para participar de uma guerrilha, que vai contrário ao governo em que você vive, o individuo tem que deixar absolutamente tudo para atrás, família, conhecidos, sua rotina e até o seu próprio nome. Deixar para atrás tudo aquilo que você conheceu para defender sua causa, neste caso, ir contra o Período da Ditadura Militar e os abusos que essa faz a sua população.
Posso estar até enganada, mas eu entendi também que até o seu corpo você não tem direito de “realmente” ter, isto é, no caso da Reneé, o filme meio que deixou subentendido que ela teve um caso com chefe de segurança do embaixador para ter informações para o plano de sequestro que estava sendo articulado, chorando no dia seguinte, deixando de lado seus princípios e o corpo por um bem maior, que é a causa que ela e seus companheiros defendiam.
2- Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?
Não teve algo no filme que me aborreceu, achei interessante de inicio a fim.
3- Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Porquê?
Como falei anteriormente, no item 4 da História/ Ideia Inicial, a sequência que não foi bem compreendida foi para o final do filme, quando o embaixador norte-americano é libertado e após uns meses os 7 combatentes foram presos, torturados pelo governo ditatorial.
D) Mensagem
[editar | editar código-fonte]1- O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?
Sim, porque o objetivo do filme é retratar o período da Ditadura Militar no Brasil, dos abusos feitos pelos militares na população, principalmente aqueles que eram contrários ao governo, que faziam parte das famosas guerrilhas. Retratar como por meio de um plano é possível ajudar e libertar, exilando-os, os presos políticos que estavam sendo torturados nesse período.
É retratar momentos históricos que muitas vezes a própria população não tem conhecimento, principalmente a geração que veem depois do golpe, que não vivenciou de fato esse período.
2- A quem se dirige, em sua opinião, o filme?
Para todos aqueles que tem interesse em história, principalmente do Período da Ditadura no Brasil (1964-1985), estudantes e professores.
E) Relação com a disciplina de História do Brasil
[editar | editar código-fonte]1- Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?
Bom, assim como Paulo disse no início da disciplina de História do Brasil II, é muito difícil estudar sobre esse período histórico brasileiro nas escolas e também nas faculdades, já que é visto como algo mais “recente” e perto da sociedade atual, afinal, muitos pais dessa geração viveram esse tempo. Entretanto, é extremamente importante ver e estudar sobre essa época, principalmente para não esquecer o que os militares fizeram com inúmeras vidas, que na sua maioria morreram enquanto eram torturados em lugares insalubres, só porque eram contra um governo ditatorial, nada democrático.
2- Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.
Ser um cientista social é tentar compreender em quase todos os momentos possíveis os inúmeros cenários, perspectivas, que existem em uma sociedade, neste caso, pode-se dizer a brasileira. Por isso é extremamente importante ver esse período histórico da Ditadura Militar, seja por meio de livros, neste caso, de filmes para ver os movimentos de resistência existentes nessa época, ver como não era um governo qualquer, adquirindo um domínio maior desse e de outros momentos da História do Brasil.