Análise I - Vinícius Lopes (Uma Noite em 67)

Fonte: Wikiversidade

Ficha técnica[editar | editar código-fonte]

Título do Filme: Uma Noite em 67

Ano: 2010

País: Brasil

Gênero: documentário

Duração: 1h33min

Direção: Renato Terra e Ricardo Calil

Roteiro: Renato Terra e Ricardo Calil

Fotografia: Jacques Cheuiche, A.B.C.

Trilha sonora: Ponteio (Interpretada por Edu Lobo e Marília Medalha); Beto Bom de Bola (Interpretada por Sérgio Ricardo); Maria, Carnaval e Cinzas (Interpretada por Roberto Carlos); Alegria, Alegria (Interpretada por Caetano Veloso e Beat Boys); Roda Viva (interpretada por Chico Buarque e MBP-4); Domingo no Parque (Interpretada por Gilberto Gil e Os Mutantes) e O Cantador (interpretada por Elis Regina).

Elenco original: Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Roberto Carlos, Edu Lobo, Sérgio Ricardo, Zuza Homem de Mello, Solano Ribeiro, Sérgio Cabral, Nelson Motta, Paulo Machado de Carvalho Filho e Magro Waghabi.

Produção: Beth Accioly

Idioma original: português

Sinopse: Final do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, 21 de outubro de 1967. Entre os candidatos aos principais prêmios, figuram Chico Buarque de Holanda, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Mutantes, Roberto Carlos, Edu Lobo e Sérgio Ricardo, protagonista de célebre quebra de viola no palco. Com imagens de arquivo e apresentações de músicas hoje clássicas, o filme registra o momento do tropicalismo, o rachas artísticos e políticos na época da ditadura e a consagração de nomes que se tornaram ídolos.

Dinâmica da narrativa[editar | editar código-fonte]

Ideia Inicial – História[editar | editar código-fonte]

O filme conta uma história. Sobre quem?

O filme conta a história por trás dos bastidores da final do III Festival de Música Popular Brasileira, dirigido pela TV Record, no ano de 1967, período no qual o Brasil passava pela ditadura militar. Neste documentário mostra-se a apresentação dos cantores que hoje são consagrados, e suas relações com o movimento tropicalista, que segundo alguns estudos, se deu o estopim, neste mesmo evento.

Quais são as personagens principais?

Os personagens principais podem ser considerados os artistas finalistas que se apresentaram e se classificaram no festival, como: Edu Lobo e Marília Medalha, Gilberto Gil e Mutantes, Chico Buarque e MBP-4, Caetano Veloso, Roberto Carlos e por fim, Sérgio Ricardo.

Qual delas mereceu a sua atenção?

Sérgio Ricardo merece uma dose extra de atenção por sua relação que teve com o público. Ele foi vaiado pela plateia que estava esperando uma música com críticas sociais-políticas por conta do período vivido, e ao verem que Sérgio não cantaria algo do tipo, vaiam e recebem como resposta, o cantor quebrando sua viola e tacando no público, o que certamente o fez ser desclassificado.

Como termina o filme? O que você achou sobre ele e por quê?

O filme finaliza com a apresentação de “Ponteio”, interpretado por Edu Lobo e Marília Medalha, e que juntamente a eles todos no paco em comemoração. É interessante observar a narrativa do filme, pois começa já com a apresentação vencedora, e novamente no final, volta para ela, encerrando o final de forma incrível, mostrando ao telespectador como se encerrou também o festival.

Tema de Fundo – Tese[editar | editar código-fonte]

Quais são os temas tratados no filme?

O tema tratado no filme é a música como forma de expressão político-social, especialmente na ditadura militar no Brasil (1964-1985) que é o período em que se produz o Festival de Música Popular Brasileira, no caso especificamente do III Festival em 1967. Juntamente ao fator do tempo, também se tem o surgimento do movimento tropicalista, seguido por uma gama de artistas que estavam ali presentes, principalmente as composições de Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?

O tema de fundo é evidente logo no início do documentário, quando Solano Ribeiro, organizador do festival, diz que apesar do objetivo de fazer um bom programa de televisão, não imaginaria que o evento iria ao longo do tempo, adquirir uma importância histórica, política, sociológica e musical. Pode observar também a necessidade de se destacar o público como fator crucial, na fala de Zuza Homem de Mello, que era técnico de som do local e organizava passar a reação do público para os telespectadores que estavam acompanhando em casa naquele momento, para isso, utilizou um microfone pendurado acima da plateia para capturar suas reações e impressões.

Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?

Além de retratar o festival como um evento propriamente dito, há a preocupação dos diretores em focalizar no surgimento do tropicalismo, juntamente com apresentações de artistas que seriam futuramente, considerados estrelas, como Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Os realizadores descreveram bem os protagonistas?

Essa pergunta não se aplica, visto que os próprios protagonistas contavam de suas experiências passadas no palco do III Festival de Música Popular Brasileira, em ligação também, com os bastidores do evento. Evidente destacar que não foi necessário a descrição, pois são artistas “consagrados”, logo, conhecidos por grande parte da população brasileira, ressaltando também, que o foco era o festival e seus resultados políticos.

Ritmo e Montagem – Edição[editar | editar código-fonte]

Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou? Por quê?

Um conjunto de sequências foram as mais impactantes, fatores como as reações da plateia, juntamente com o medo que os artistas estavam de suas apresentações, representam bem o que as pessoas estavam sentindo naquela época, visto também, o contexto no qual estavam inseridas. Logo, visando o contexto histórico, uma cena que me arrepiou, foi a passeata do dia 17 de julho de 1967, em que mesmo vigente uma ditadura, pessoas foram a rua (juntamente com alguns artistas, como Elis Regina, Jair Rodrigues e Gilberto Gil), defender a queda da guitarra elétrica e tudo aquilo que ela representava, um imperialismo ianque e a inserção de “um monte de lixo de rock americano”.

Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas de diálogo ou de ação?

O filme de modo geral é excelente e trás consigo diversos fatores históricos e culturais, entretanto senti falta da apresentação e aparecimento dos outros artistas que estavam na final, visto que eram doze apresentações finalistas. Entretanto entendo a necessidade de se restringir por conta do tempo e da cinematografia.

Qual a cena/sequência que não foi bem compreendida por você? Por quê?

O documentário foi compreendido integralmente, não houve incoerências no entendimento da obra.

Mensagem[editar | editar código-fonte]

O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Por quê?

A proposta do filme de dialogar passado e presente é interessante, todavia é importante ressaltar que por conta do longo período entre o festival e as entrevistas destinadas a produção do documentário, pode haver alterações involuntárias, relacionadas a memória dos entrevistados e de suas participações no evento.

A quem se dirige, em sua opinião, o filme?

A obra segue como público-alvo, pessoas que tenham interesse ou apenas curiosidade na questão musical do MBP, os processos nos bastidores do festival, ou as relações políticas do período, logo, não é possível definir a quem se dirige especificamente, mas sim, abrangendo a todos que tenham interesses relacionados à música.

Relação com a disciplina de História do Brasil[editar | editar código-fonte]

Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do período estudado?

Primeiramente é interessante destacar a contribuição para os estudos a cerca do período ditatorial militar vivenciado no período do filme, em 1967, evidenciando como as pessoas estavam “a flor da pele”, visto por exemplo, nas emoções exacerbadas da plateia, com vaias, aplausos e gritos. A importância do festival para as questões políticas-sociais culturais é imensa. Outro ponto de destaque, é a questão da memória, analisando como a historiografia é presente até mesmo nas memórias individuais, podendo ver no documentário como cada entrevistado relembra as repercussões da época, a partir de suas lembranças, mas salientando então, a incoerência que pode ou não ocorrer por conta do tempo.

Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.

É importante para olhar a época com outros olhos, não somente ao que está descrito nos livros didáticos, mas vivenciar por meio do documentário como era na prática. Uma contribuição essencial é o pensamento crítico ao analisar qualquer período histórico, tentar viabilizar como as pessoas daquele tempo sentiam e viam o que estavam presenciando na pele.