Análise de filme "Olga (2004)" - Évelyn Bueno Pereira Santos
Título do Filme: Olga
Ano: 2004
País: Brasil
Gênero: Guerra/Romance
Duração: 1h 38 minutos.
Direção: Jayme Buzzar
Roteiro: Rita Buzzar
Fotografia: Ricardo Della Rosa
Trilha sonora: Marcus Viana
Elenco original: Camila Morgado, Caco Ciocler, Fernanda Montenegro, José Dumont, Eliane Giardini, Floriano Peixoto, Ranieri Gonzalez, Luis Melo, Jandira Martini, Mariana Lima, Werner Schünemann, Guilherme Weber, Osmar Prado, Murilo Rosa, Milena Toscano, Oscar Simch, Odilon Wagner, Anderson Muller, Eduardo Semerjian, Hélio Ribeiro, Zecarlos Machado, Leona Cavalli, Pascoal da Conceição, Sabrina Greve, Thelmo Fernandes.
Produção: Rita Buzzar; cooprodução: Carlos Eduardo Rodrigues, Bruno Wainer, Marc Beauchamps; produção executiva: Guilherme Bokel
Idioma original: Português (BR)
Sinopse: Olga Benário é uma militante comunista desde jovem, que é perseguida pela polícia e foge para Moscou. Em Moscou, Olga faz treinamento militar. Lá ela é encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, se apaixonando por ele na viagem. Com o fracasso da revolução, Olga é presa com Prestes. Grávida de 7 meses, é deportada pelo governo Vargas para a Alemanha nazista e tem sua filha Anita Leocádia na prisão feminina do Campo de Concentração de BarnimstraAfastada da filha, Olga é então enviada para o Campo de Concentração de Ravensbrück,
onde é morta na Câmara de Gás.
DINÂMICA DA NARRATIVA
A) Idéia Inicial – História
1- O filme conta uma história. Sobre quem?
Sobre Olga Benário Prestes. Uma ativista, militante e defensora comunista,
de ascendência judaica de origem alemã, que vive o contexto da segunda
guerra mundial e ditadura militar no Brasil.
2- Quais são as personagens principais?
Olga Benário e seu esposo, Luís Carlos Prestes.
3- Qual delas mereceu a sua atenção?
Ambos mereceram minha atenção, pois, o filme se baseia, apesar do nome
ter o foco na Olga, ele mostra principalmente uma vida de casal
revolucionário de Olga e Luís. Acho que o filme, por se chamar Olga,
deveria ter explorado mais a personagem. Dentre outros que pouco falou-se
no filme, a mãe de Luís Prestes foi uma figura interessante que pouco se
explorou no filme, interpretada por Fernanda Montenegro, desenvolveu um
curto tempo de tela com grandes ações pouco explicadas, como quando
salvou Anita de ir para um orfanato nazista quando Olga estava presa.
4- Como termina o filme? O que você achou sobre ele e porquê?
O filme termina de modo triste, com uma carta de Olga a seu marido, Luís
Carlos Prestes, em seu leito de morte no campo de extermínio de Bernburg
junto com mais 199 mulheres em uma câmara de gás, ela diz que mesmo se
preparando para morte, sente vontade de viver. Com essa cena, me
emocionei muito pois é uma narrativa verdadeira, não apenas ficção, apesar
de alguns fatos históricos serem perdidos, resta apenas suposições que só a
ficção poderia solucionar. No mais, é um filme de não ficção, um filme com
teor histórico, apesar de mal abordado, é muito emocionante, de fato.
B) Tema de Fundo – Tese
1- Quais são os temas tratados no filme?
Comunismo em ascensão no Brasil, nazismo em ascensão e ascendido,
ditadura no Brasil.
2- Em que cena compreendeu o tema de fundo do filme?
Já na segunda ou terceira cena do filme, onde Olga está em uma
manifestação pró comunismo e contra o liberalismo em alta (pós crise de 29)
na Alemanha, com policiais e milícias batendo sem piedade em todos. Olga
volta para a casa e seus pais estão descontentes com sua “versão” comunista.
3- Qual o problema ou questão que foi tratada mais demoradamente?
A questão histórica naquele momento, ascensão da segunda guerra mundial,
nazismo em alta na Alemanha e a ditadura repressiva aqui no Brasil com
Getúlio Vargas. Um pós revolução Russa e uma possível revolução
brasileira, que não foi realizada pelos militares não estarem alinhados com
as forças revolucionárias.
4- Os realizadores descreveram bem os protagonistas?
Acredito que o poderiam ter feito de forma mais cuidadosa. Luís Carlos
Prestes tem uma representação pouco explorada no filme, sendo que seus
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feitos seriam necessários para o entendimento do contexto em que a
personagem principal está envolvida. Entender quem Luís Prestes foi é
necessário para entender o que Olga Benário foi fazer no Brasil e porque foi
escalada para fingir ser sua esposa e cuidar de sua ida até ao país. Pela
revolução russa ter sido um acontecimento gigantesco a favor do socialismo,
na época (insira época) tinha-se o imaginário de que uma revolução mundial
comunista poderia ser instalada. Ou seja, pela Coluna Prestes e da crescente
fama de Luís Carlos Prestes, a União Soviética acreditou que poderia haver
uma revolução comunisa no Brasil, por isso pela KPD (Partido Comunista
Alemão) Olga Benário foi mandada ao Brasil. E de tal forma que, a
personagem principal não foi explorada enquanto uma mulher
revolucionária que foi, de fato, a narrativa do filme transformou-a em uma
personagem de romance, de tal forma que apagou um pouco de seu lado
militante, de sua história, na íntegra. Senti que o filme falhou com a história
e representação de Olga, que deixou muitas perguntas sobre sua vivência em
aberto, focou pouco em sua jornada revolucionária e partiu para o fim, onde
ela tristemente, acaba morrendo.
C) Ritmo e Montagem – Edição
1- Qual a cena ou sequência que mais chamou sua atenção ou lhe impactou?
Porquê?
A cena que Olga, em plena Alemanha nazista e grávida, é deportada. Antes
disso acontecer, ela estava presa no Brasil, passando mal por conta da
gravidez, e os militares prometem a ela que a levarão a um hospital para lhe
dar a devida assistência, porém “desviam” do caminho e a levam para um
navio. Olga não entende o que está acontecendo, faz suposições de qual
lugar será deportada olhando o nome e sobrenome que estava escrito no
barco, porém, logo depois do capitão, embora “relutante” confirmar que ela
entrará a bordo, ela vê a bandeira nazista no barco, e assustada, tenta fugir,
mas sem sucesso. Ao finalizar essa cena, duas pessoas que estavam vigiando
essa situação toda dizem que “é um presente do presidente Vargas para
Hitler.” Este momento do filme, pessoalmente me fez ficar muito
emocionada, triste e agoniada porque saber que essa história foi tão real e
cruel quanto essa cena mostra, e assim, me impactou. Muitos foram contra a
deportação da Olga, mas Getúlio Vargas, por querer uma espécie de
vingança contra Luís Prestes, a deporta para a Alemanha nazista.
2- Houve algo no filme que te aborreceu? Em que parte do filme? Eram cenas
de diálogo ou de ação?
Por ser um filme que deveria relatar fatos reais, o que mais me aborreceu foi
a sexualização de Olga. Em muitos momentos ela aparece como apenas um
“alvo” de romance, em algumas cenas seu corpo nu aparece, sem nenhuma
necessidade a narrativa. O jeito que o filme tratou de Olga me fez pensar em
como o machismo e patriarcado nos rodeia, de modo com que se faz
presente de uma forma tão pungente que é impossível esquecer. Metade do
filme, ao invés de focar na contextualização histórica, nos personagens ao
redor de maior importância para os acontecimentos da época, e até a própria
Olga, ficaram em segundo plano por conta desse filme trazer um
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romanticismo ao audiovisual. Ao meu ver, desviou e desvalorizou uma
grande história que é de Olga Benário, que foi muito mais que mulher de
Luís Prestes, ou a mulher que morreu em um campo de concentração. Ela
esteve na linha de frente para instaurar uma revolução socialista no Brasil,
foi revolucionária na Alemanha, apesar de ter tarefas simples, na época, tudo
era perigoso, como no caso, simplesmente espalhar folhetos pelas ruas. Olga
Benário foi uma grande mulher e que merecia mais reconhecimento dentro
de um filme que viria a falar sobre ela própria.
3- Qual a cena/seqüência que não foi bem compreendida por você? Porquê
A intentona comunista, sinto que foi mal abordada no filme por algumas
questões, talvez o tempo, talvez a complexidade do assunto. Acredito que
poderia, de alguma forma, ter trazido essa questão de uma melhor forma.
Porém, me fez ter um ímpeto de pesquisar mais sobre o que foi essa revolta
vermelha de 35, que foi uma tentativa de derrubar o governo de Vargas, e
logo após, ele declara estado de sítio.
D) Mensagem
1- O que é proposto pelo filme é aceitável ou não? Porquê?
Dentre todos os pontos citados acima, eu considero um filme mediano por
ter muitas faltas, principalmente um rigor teórico e histórico mais preciso.
Porém, acredito que, para começar a pensar em filmes históricos sobre a
ditadura no Brasil pela visão dos sujeitos, este é um bom filme. É
interessante ver como tudo aconteceu nessa época por este ângulo
não-hegemônico dos comunistas, ver um pouco da vida de Olga e seus
parceiros, instiga a procurar e saber mais, independente da opinião pessoal
sobre o filme. Acredito que seja aceitável, bem mais que isso, é um filme
bem interessante.
2- A quem se dirige, em sua opinião, o filme?
A todos que estiverem interessados em estudar esse período de ditadura
Vargas, como citado anteriormente, pela lógica dos sujeitos que foram os
maiores afetados, neste caso do filme, os comunistas. E para quem quer
conhecer um pouco mais da participação feminina neste contexto, para quem
quer saber quem foi a revolucionária Olga Benário, terá apenas um gostinho
breve sobre uma parcela de sua vida.
E) Relação com a disciplina de História do Brasil
1- Qual a contribuição do filme para sua compreensão da disciplina e do
período estudado?
O filme é de suma importância para a disciplina História do Brasil II, é um
filme do Brasil para o Brasil. Com tais recursos didáticos sinto que
exemplifica e desenha tudo o que aprendemos e absorvemos na disciplina.
Estudar o período Vargas, a ditadura no Brasil e os comunistas nesse
contexto é olhar para um passado recente que tem muito a dizer e a ensinar.
Sendo assim, com o audiovisual, me permito ver o que leio em sala de aula,
a participação feminina na ditadura, um grande período de repressão sendo
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visualizado, e não só lido ou falado, trás uma noção do que foi viver este
momento por meio do filme. Olga, o filme, me fez ter curiosidade de estudar
mais sobre esse período histórico e saber situações que não foram abordadas
no filme.
2- Relacione as contribuições desse trabalho para sua formação.
Como futura cientista social, acredito que desenvolver um senso crítico
através de diversas obras, sejam elas documentais, bibliográficas ou
audiovisuais é de extrema importância para uma análise mais densa, visando
esse lado questionador do cientista social. Ver Olga e analisá-la como mais
que um romance, e sim quais suas qualificações enquanto obra histórica, me
fez exercer esse lado de problematizar, analisar e reanalisar o que consumo.
Este trabalho me permite fazer, criativamente, praticar meu ofício enquanto
cientista social.