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Ciência, Religião e a Arte

Fonte: Wikiversidade

Tripé da experiência humana

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Embora tenha um papel fundamental no desenvolvimento do conhecimento humano sobre o mundo, a ciência não é a única forma de busca de ordem e de significado para a existência. Junto dela, a arte e a religião formam um “tripé” dessa busca, embora a ciência em sua forma mais estruturada seja muito mais recente na história da humanidade.

Apesar de haver uma sobreposição importante sobre elas, essas formas de olhar para o mundo têm domínios diferentes:

  • a ciência busca descobrir, registrar e prever fenômenos naturais;
  • a arte diz respeito à expressão criativa e à interpretação pessoal de fatos, ideias e sentimentos;
  • a religião se ocupa da busca pela origem, propósito e significado de tudo o que existe.[1][2]

Ciência e Arte

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É possível comparar arte e ciência no sentido de que ambas oferecem relatos e descrições das possibilidades de experiências possíveis: a arte, das experiências humanas, que são vivenciadas no íntimo do ser humano; a ciência, das experiências naturais, vivenciadas fisicamente. A arte confere às pessoas a capacidade de aprender sobre as experiências humanas conforme percebidas e interpretadas por outros seres humanos, ainda que não tenham passado por essas experiências. A ciência permite a conhecer eventos possíveis na natureza e amplia a perspectiva sobre ela, gerando a capacidade de prever as possibilidades de ocorrência destes eventos e as condições em que sejam possíveis, ainda que nunca tenham sido presenciados antes. Por isso, esses olhares afetam a visão de mundo que uma pessoa possa ter, bem como as decisões que toma, sejam sobre o mundo ou sobre ela mesma.[2][3]

Ciência e Religião

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A ciência também traça paralelos com a religião, embora seus domínios sejam bastante diversos – quase opostos: a ciência trata da ordem natural, se baseando na busca exaustiva por aperfeiçoamento de modelos científicos verificáveis, sem assumir qualquer verdade incontestável. A religião por outro lado busca o propósito da natureza, partindo de pressupostos que dão justificativas para aquilo que não pode ser verificado (ver Dogma e Doutrina). Estes pressupostos comumente envolvem a crença a seres superiores em entendimento e capacidade de atuação sobre o que existe, a adoração a estes seres, e envolvem por vezes aspectos de revelação destes pressupostos na forma de eventos sobrenaturais ou mitológicos. Envolvem também perspectivas sobre o propósito destes seres na criação do mundo e do ser humano como ser especial capaz de compreender esse propósito, ao menos em parte.

Por esta natureza de certa forma oposta, entre uma visão que se baseia no que pode ser verificado e refutado, e outra que parte de princípios assumidos para explicar os porquês da existência, é comum que haja partidários de uma ou outra que, por não compreenderem mais a fundo tanto uma quanto outra, acreditem que é preciso “escolher” entre essas visões. Paul G. Hewitt, em seu livro-texto “Física Conceitual”[2], faz uma breve reflexão sobre essa questão, mostrando como aspectos aparentemente contraditórios podem ser absolutamente complementares sem invalidarem uns aos outros – usando como exemplo a compreensão da natureza corpuscular e ondulatória da luz – e como a incerteza é presente, esperada e mesmo acolhida como parte da natureza da filosofia da ciência.


Referências

  1. Rodrigues, Patrícia Matos (2009), Religião, ciência e arte como respostas ao desamparo humano: a perspectiva de Sigmund Freud. (Dissertação) Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião do Instituto de Ciências Humanas (ICH). Disponível em <https://repositorio.ufjf.br/jspui/handle/ufjf/2790>. Acesso em Março de 2022.
  2. 2,0 2,1 2,2 Hewitt, Paul G. (2015). Física Conceitual. Porto Alegre: Bookman. pp. 12-13. ISBN 978-85-8260-341-3
  3. Fiohais, Carlos (2009). Arte, Religião e Ciência. De Rerum Natura. Disponível em: <https://dererummundi.blogspot.com/2009/04/arte-religiao-e-ciencia.html>. Acesso em Março de 2022.