Educação na Web/Sintomas neurológicos em crianças e idosos

Fonte: Wikiversidade

Conversando com os professores[editar | editar código-fonte]

Contexto[editar | editar código-fonte]

De forma geral, esse material foi feito para divulgação científica e conscientização dos problemas causados pela epidemia de zika. Além disso, este material serve também como proposta pedagógica e pode ser usado como material em sala de aula. Deixaremos aqui recomendações gerais de como utilizá-lo dessa forma.

Manter atualizado[editar | editar código-fonte]

Todas as informações aqui estão editadas de acordo com as informações disponíveis em dezembro de 2015, dessa forma, um bom projeto a ser desenvolvido em sala de aula é atualizar essas informações e contribuir para o conhecimento de todos

Epidemiologia e Zika[editar | editar código-fonte]

É possível usar este material como um guia introdutório ao tema e, a partir dele, propor uma pesquisa mais aprofundada sobre a zika, com o objetivo de que os alunos compreendam melhor sobre a doença e desenvolvam uma postura crítica, que possa também ajudar na difusão do conhecimento para pessoas próximas. Conceitos como epidemiologia, insetos vetores, pandemia, infectividade e letalidade podem ser trabalhados usando como base o estudo de caso da zika.

Exercício correlação e causalidade[editar | editar código-fonte]

Muitas afirmações e mitos surgem ao serem identificadas correlações entre fatores. No entanto, nem toda correlação implica causalidade. Esse caso é ótimo para exemplificar correlações verdadeiras e correlações espúrias, bem como trabalhar com os alunos princípios de análise de dados e o que determinados resultados representam. Dessa forma, os alunos terão ferramentas para analisar criticamente dados que são publicados pela mídia.[1]

Levantamento de dados e conhecimentos prévios[editar | editar código-fonte]

É possível usar o caso do Zika vírus como um exercício de comparação entre informações incorretas e informações cientificamente embasadas. Professor, peça aos alunos que pesquisem na internet informações sobre esta virose. Juntamente com conteúdos cientificamente embasados, certo conteúdos serão mitos. Utilize esses dados para levantar a importância de uma informação bem corroborada e os prejuízos de espalhar mitos ou informações incoerentes. Ao final, debata com os alunos quais informações foram bem embasadas e quais informações foram inventadas ou espalhadas por pessoas sem conhecimento científico.

Boatos[editar | editar código-fonte]

O boato de que o Zika vírus estaria causando sintomas mais severos em crianças e idosos se espalhou através de áudios de whatsapp, onde pessoas que dizem ser da área de saúde ou conhecer alguém da área revelam informações sigilosas sobre o vírus Zika. Foi dito que o vírus causa sequelas neurológicas graves em crianças e idosos e que essa informação está sendo ocultada pelo governo. Não é revelado qual o tipo de problema neurológico e não se tem detalhes sobre fontes por ser informação “confidencial”.

Alguns dos áudios e as explicações contestando:[2]

Contra-argumentos aos boatos[editar | editar código-fonte]

Esclarecimento oficial[editar | editar código-fonte]

Segundo nota da Fundação Oswaldo Cruz[3], não há registros até o momento de crianças ou idosos no Brasil apresentando sintomas neurológicos relacionados ao vírus Zika. Apesar disso, como a doença ainda carece de mais estudos, é importante também esclarecer que, assim como outros vírus, a exemplo de varicela, enterovírus e herpes, o zika poderia causar complicações clínicas e neurológicas em um pequeno percentual dos infectados. Como a Síndrome de Guillain-Barré, mielite transversa e meningoencefalite, sem distinção de idade. Sintomas que aparecem em uma pequena proporção dos casos normalmente não são perceptíveis enquanto a epidemia causa um grande número de casos.

Zika Vírus[editar | editar código-fonte]

Origem[editar | editar código-fonte]

O Vírus Zika veio originalmente da África, na região da atual Uganda. O vírus foi isolado originalmente de um macaco reso e descrito pela primeira vez em 1952. Até a década de 1980 o vírus já tinha se espalhado pelo oeste africano e em alguns países da Ásia. Recentemente o vírus parece ter se espalhado por diversas localidades do mundo, tendo demonstrado surtos principalmente nas Américas do Sul e Central.[4]

Classificação[editar | editar código-fonte]

O vírus Zika é um vírus da família Flaviviridae, transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti, conhecido como o “mosquito da dengue” por ter sido essa doença a popularizá-lo. O vírus chegou só recentemente ao Brasil, mas já tem afetado bastante a população. Inicialmente seus surtos não foram levados muito a sério, já que seus sintomas são mais brandos que os da dengue e muitas vezes passam despercebidos, mas a epidemia tem trazido novos problemas.

Sintomas da virose[editar | editar código-fonte]

Os sintomas mais comuns da infecção pelo vírus Zika, assim como da dengue, são dores de cabeça, febre e manchas no corpo. Porém, a zika ainda pode causar fotofobia e dores nas articulações. A Organização Mundial da Saúde acredita que a doença também esteja associada aos casos de microcefalia em fetos e recém nascidos filhos de mulheres infectadas durante a gravidez.

Também foram registrados casos de complicações autoimunes no sistema nervoso periférico correlacionadas ao Zika. As principais complicações são Síndrome de Guillain-Barré, Mielite Transversa Aguda, Meningite e Encefalite.

Doenças Autoimunes associadas ao Zika[editar | editar código-fonte]

As doenças autoimunes, neste caso, ocorrem como uma complicação da infecção por zika. O organismo, no processo de combate ao vírus, acaba por atacar também partes do próprio corpo. Dependendo do local onde se organiza a resposta autoimune, a complicação ganha nomes diferentes. Caso a reação ocorra na junção neuromuscular periférica a doença passa a ser chamada de Síndrome de Guillain-Barré; caso se desenvolva na medula espinhal chama-se Mielite Transversa; no encéfalo a resposta autoimune causa encefalite autoimune. Todas estas doenças são complicações autoimunes, mas em locais diferentes e com sintomas diferentes.

Síndrome de Guillain-Barré[editar | editar código-fonte]

A síndrome de Guillain-Barré se caracteriza pela sensação de dor, dormência ou formigamento nos músculos. A doença atinge principalmente os membros periféricos como braços e pernas, podendo também afetar o pescoço. Em casos extremos pode provocar a paralisia dos músculos associados à respiração e causar morte. A síndrome é causada por uma desregulação do sistema imune que passa a atacar células do sistema nervoso periférico, destruindo a bainha de mielina desses nervos, o que atrapalha a condução de impulsos nervosos. A síndrome pode ter causas idiopáticas (desconhecidas) ou ser provocada por inflamações na medula espinhal, geralmente causada por alguma infecção bacteriana ou viral.

Mielite Transversa Aguda[editar | editar código-fonte]

A Mielite Transversa Aguda é um processo inflamatório das substâncias branca e cinzenta da medula espinhal, o que pode resultar em desmielinização axonal. Os sintomas mais comuns são fraqueza nos membros, perturbação sensorial, disfunções no intestino ou na bexiga urinária, dores nas costas e dor radicular (dor na distribuição de um único nervo espinal)[5]. Esses sintomas estão ligados à deterioração da comunicação entre a medula, os nervos motores e o cérebro causada pela inflamação, e costumam se manifestar em poucas horas. A fraqueza nas pernas acontece com mais frequência do que nos braços, acompanhada de dormência ou formigamento e redução de sensações térmicas e de dor.[6]

Encefalite[editar | editar código-fonte]

Encefalite ocorre quando um processo inflamatório ocorre no encéfalo, que é um órgão imunoprivilegiado (apresenta uma barreira a componentes do sistema imune). Várias causas estão associadas à encefalite, como infecções virais, bacterianas, ou, como é o caso associado ao Zika vírus, autoimune. A encefalite autoimune ocorre quando o sistema imunológico de um individuo reage a elementos do sistema nervoso central. Dessa forma, um processo inflamatório é iniciado no encéfalo, onde normalmente não ocorrem esses processos.

Microcefalia[editar | editar código-fonte]

A microcefalia, condição mais comumente notificada na mídia, é uma complicação neurológica associada à má formação do encéfalo do feto durante o desenvolvimento embrionário. Essa má formação trás consigo complicações cognitivas e motoras.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  1. http://www.tylervigen.com/spurious-correlations
  2. http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/12/151210_mitos_verdades_zika_cc
  3. http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/fiocruz-esclarece-duvidas-sobre-audios-em-grupos-de-whatsapp
  4. Faye, O., Freire, C., Iamarino, A., Faye, O., de Oliveira, J., Diallo, M., Zanotto, P., & Sall, A. (2014). Molecular Evolution of Zika Virus during Its Emergence in the 20th Century PLoS Neglected Tropical Diseases, 8 (1)
  5. Info Escola: Mielite Transversa. http://www.infoescola.com/doencas/mielite-transversa/
  6. Berman, N., Feldman, S., Alter M., et. al., Acute transverse myelitis: incidence and etiological considerations. Neurology, 1981; vol 31, pg. 966