Entrega Final do Time
Resumo
[editar | editar código-fonte]Para solucionar a problemática de como tornar Brasília uma cidade inteligente e mais sustentável, o tema Smart Cities foi apresentado aos alunos de Projeto de Sistemas de Produção 2 da Universidade de Brasília.
Caracterizado como um assunto atual e intenso, Smart Cities surgiu a fim de responder aos desafios e às oportunidades criadas pela rápida urbanização [1]. A fim de responder as dores ou as necessidades existentes em Cidades Inteligentes no Distrito Federal, os alunos da Engenharia de Produção foram separados em equipes para escolha de um problema específico. As fases do projeto foram: imersão, brainstorming com a definição do problema específico e dois ciclos de identificar – desenhar – implementar.
A imersão foi caracterizada pelo primeiro contato com o tema Smart Cities para investigação das oportunidades e dores existentes em Brasília. Apresentado pela professora doutora Claúdia Melo, as equipes estudaram e pesquisaram afundo o tema para melhor compreensão do tema e assim seguir para segunda fase do projeto. Entendido o tema, as dores e as necessidades de Brasília, foi realizado um brainstorming de ideias, a fim de explorar a potencialidade criativa da equipe frente ao tema e, assim, definir o problema específico a partir de dados secundários gerados por entrevistas pessoais e pesquisas. Finalizadas as duas primeiras fases do projeto, foram realizados dois ciclos de identificar – desenhar – implementar. A identificação foi baseada na diferenciação das oportunidades, necessidades e dores existentes, da evolução e da mudança tecnológica, da mudança nas forças da indústria e da ressignificação de conceitos que funcionam bem em outros domínios. O desenho foi direcionado para criação de protótipos inovadores para geração e entrega de valor às pessoas a partir de testes com o público-alvo e avaliação de tecnologias que beneficiam a solução traçada. Já a implementação foi caracterizada pela definição do plano de ação e de estudos baseada na descrição de pontos de vista e do problema específico do time.
Assim, após análise da realidade brasiliense a partir da investigação das oportunidades e das dores existentes, foi escolhida como problema específico a vida conturbada dos coletores na coleta e no transporte dos resíduos sólidos. Prejudicados com as péssimas condições de trabalho e de segurança, a vulnerabilidade dos coletores de lixo e a necessidade de atenção a esse problema são evidentes. Para tanto, foram desenhado soluções para geração de valor no processo da destinação do lixo e para auxílio da vida do coletor.
Introdução e Justificativa
[editar | editar código-fonte]Partindo da premissa de que deveria ser elaborado um projeto relacionado às Cidades Inteligentes, resolveu-se dar foco àquele problema cuja gravidade não é devidamente levada a sério: resíduos sólidos. Quando se optou por estudar mais profundamente esse problema, foi encontrado rapidamente um primeiro obstáculo - a dor de Brasília. Em um tema tão amplo, como é o caso dos resíduos sólidos, o que merece mais a atenção do grupo? Primeiramente, para decidir o objeto de estudo, foi divido o tema em duas grandes esferas: a parte ecológica e o material humano. Tanto um quanto o outro estão intimamente relacionados e não é possível abordar uma das esferas sem que a outra estivesse presente.
Após inúmeras ponderações, o time decidiu discutir a respeito da dor daqueles que sofrem e não são notados: os coletores de lixo. São pessoas que por mais ignoradas que sejam, sempre estiveram presentes em nosso dia-a-dia e, assim, como inúmeras outras classes de trabalhadores, são inteiramente responsáveis por manter a cidade em ordem, organizada e limpa, e, infelizmente, jamais tiveram seu trabalho valorizado. Não obstante, são submetidas à condições de trabalhos sub-humanas e com grande grau de vulnerabilidade. Comumente encontram-se casos de coletores que sofreram algum acidente no trabalho ou que foram diagnosticados com alguma doença decorrente da precária condição à qual são submetidos diariamente na parte traseira, em pé, do caminhão de lixo.
Aliando esses fatos a ideia de Cidades Inteligentes (e, diga-se de passagem, não tem nada de inteligente na maneira como os resíduos sólidos são coletados na porta da casa de cada cidadão), decidiu-se criar uma solução que pudesse melhorar às condições de trabalho do coletor de resíduos sólidos, ao passo que transformasse também Brasília em uma cidade inteligente sustentável. Assim, foi decidido que seria necessário modificar inúmeros aspectos em relação ao processo da coleta de lixo, para que fosse possível melhorar a vida do coletor.
Através de entrevistas, relatos e conversas, foi possível compreender suas dores e o que, especificamente, torna o trabalho deles algo tão perigoso. Foram anotados as principais criticas como, por exemplo, o fato dos coletores precisarem ficar em pé durante todo o período de trabalho e correrem de porta em porta para coleta enquanto o caminhão está em movimento, o fato dos coletores estarem submetidos durante todo o período de trabalho ao mau cheiro oriundo dos resíduos sólidos. Contudo, a maior crítica é o fato dos coletores estarem em contato direto com os resíduos sólidos irresponsavelmente descartados pela maioria dos cidadãos. Infelizmente, ainda existe a ideia de que a partir do momento que o lixo é descartado para fora da casa de cada um, o problema não mais o pertence, depositando o lixo sem os devidos cuidados e desprezando a segurança e saúde daquele que vai passar para recolhê-lo. Assim, foi decidido que a solução mais inteligente a ser pensada seria modificar o tipo de coleta que existe hoje em Brasília ou no mínimo desenvolver planos de implementação da coleta que já existe no papel, porém não funciona. Essa coleta é a coleta mecanizada. Um tipo de coleta no qual o coletor não mais entra em contato direto com os resíduos sólidos,. Pelo contrário, agora ele estará sentado no caminhão e será responsável por operar a parte elétrica que suspenderá os contentores – “conteiners”, e colocará todo seu conteúdo na parte interna do caminhão de lixo. A ideia é alocar, em pontos estratégicos, sempre contentores dois a dois: um contêiner para lixo seco e um para lixo orgânico. Dessa maneira estaríamos unindo a coleta mecanizada à coleta seletiva, de modo que estaríamos potencializando ainda mais a eficiência do projeto. Até aí estávamos muito confiantes. No entanto, em algum momento foi percebido que não seria possível colocar contêineres na porta da casa de cada um. Seria completamente inviável. Foi aí que se percebeu que seria um grande desafio fazer o cidadão brasileiro carregar seu lixo durante alguns metros até que houvesse algum contêiner disponível. Percebemos que seria necessária alguma ideia muito boa para fazer com que isso acontecesse. Foi, então, quando pensamos no Recicla Brasília: um aplicativo que fosse capaz de transformar todo descarte correto de resíduos sólidos nos contêineres em benefícios para o usuário.
Descrição do Pontos de Vista dos Usuários e do Problema Específico
[editar | editar código-fonte]Relatórios
[editar | editar código-fonte]O time, inicialmente, realizou um questionário no Google Forms para parametrizar futuras entrevistas e auxiliar na definição de um problema específico. O link foi disponibilizado apenas para estudantes da Universidade de Brasília dos cursos de Engenharia Ambiental e Ciências Biológicas em face da presença de disciplinas e projetos voltados para o tema de resíduos nesses cursos, além de projetos com foco no desenvolvimento sustentável. No total de dez estudantes, com idade entre 21 e 26 anos, responderam ao questionário, em que sete já realizaram projetos com o tema resíduos sólidos na universidade. As respostas as perguntas foram:
Como foi o seu primeiro contato com o tema resíduos sólidos? | Por que esse tema se tornou interessante pra você? | Como esses projetos podem influenciar a sociedade? | Quais outros projetos acadêmicos de relevância você já teve contato? | Como a população do DF pode contribuir com questão do lixo? | Na sua opinião, qual a importância da coleta seletiva? |
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Foi no 3 semestre quando já me interessava pelo tema e fui atrás de um estágio na unb. | O que mais me incomodava é que as pessoas só se preocupam com o resíduos sólidos quando ele está em casa, não se interessam em saber a sua destinação. Por isso o descaso na nomenclatura "lixo", o que ninguém mais quer. Enquanto este pode ser reaproveitado em outras diversas maneiras. | Estou fazendo uma pesquisa em Avaliação do ciclo de vida da Usina de Compostagem. Acredito que irá influenciar de alguma maneira, mas ainda não tem nenhuma aplicação prática. | Na Concreta já fiz um projeto de viabilidade de um sistema solar. | Separar o resíduo já é o começo do desenvolvimento de uma nova cultura de conscientização ambiental e social. | É fundamental para os catadores, pois só receberiam resíduos que poderão reaproveitar e vender. E é de extrema importância para aumentar a vida útil do novo aterro sanitário de Brasília. |
Ensino fundamental | Pelo potencial reuso/reciclagem | Conscientização e educação ambiental | - | Diminuindo o consumo de produtos descartáveis e separando o lixo | Primordial, em especial por ser uma fonte de sustento para centenas de habitantes do DF |
Interessante | Devido à problemática | Positivamente | - | Na coleta seletiva | Grande importância pra diminuir os resíduos depositados em aterros e etc |
Projeto de extensão | Depois de visitar o lixão do novo gama | Mostrando os problemas da má gestão de resíduos sólidos | Projeto de extensão e projeto de iniciacao cientifica | Realizando a coleta seletiva e cobrando das autoridades a conduta correta. | É de extrema importância a coleta seletiva. Com ela os resíduos passam a ter uma destinação correta, contribuindo para um funcionamento adequado das células receptoras de resíduos. |
Utilização de lixo orgânico em um minhocário | Após ir a uma escola de ensino fundamental, percebi o quanto o lixo era desconsiderado e jogado de forma irresponsável e sem consciência. | Fiz um pequeno projeto pra ver a diferença dos lixos e como eles podem sem utilizados após o descarte. Após a nossa aula, os alunos e pais disseram que mudaram a visão do lixo e mudaram a forma de descarte do mesmo. Até a própria escola ficou mais limpa. | Diagnóstico ambiental do Novo Gama | Fazendo a separação entre o que pode ser reciclável e os orgânicos e rejeitos | É muito importante, mas necessita infraestrutura para que possa ser bem aproveitado. |
Na matéria de Geotecnia Ambiental aprendi a destinação e manejo de resíduos sólidos. Também aprendi a dimensionar e gerir aterros sanitários. | Pois a geração e destinação final dos resíduos sólidos é uma atividade constante da sociedade da qual não recebe uma devida importância. São poucas as leis que regulamentarizam sua destinação final e, no caso do Brasil, a maioria dos geradores não percebem a importância e vantagens de uma segregação e redução adequada para destinar os resíduos a reciclagem, reutilização ou degradação. | A consciência ambiental na disposição dos resíduos proporciona uma redução em seu volume destinado à lixões/aterros sanitários, melhorando suas condições e tempo de vida. Além disso, a reciclagem pode gerar mais empregos e regulamentação da leis de trabalho dos catadores de lixo. As usinas de compostagem geram adubo o suficiente para ser utilizado em pequenas e grandes plantações. | Nenhum | Atualmente já existe uma lei que concede aos empreendimentos geradores de resíduos acima de 120 L de resíduo orgânico, a responsabilidade da destinação final deste resíduo. Desse modo, a separação dos resíduos em secos (inertes) e orgânico já apresenta uma grande eficiência ao sistema de aterro sanitário que entrará em atividade no estado. O resíduo orgânico poderá ser destinado à uma usina de compostagem enquanto o seco será destinado ao aterro. | O cenário caótico do lixo que presenciamos no Distrito Federal é um problema de política e saúde pública. Diante à essa problemática a coleta seletiva torna-se mais do que necessária para melhorar principalmente as questões ambientais, eficiência energética e reduzir a demanda dos recursos naturais. Dessa forma coletar o lixo separadamente é reduzir gastos e promover novas fontes geradoras de rendas principalmente com as entidades catadoras de lixo, que dependem da coleta seletiva para realizar um trabalho mais reconhecido, em prol de uma sociedade mais justa e eficiente |
Projeto de Extensão | Porque estudo saneamento no curso e acredito que os resíduos sólidos em Brasília são negligenciados. | Buscar soluções para os resíduos | Matérias e pibic | Através da educação ambiental podemos sensibilizar a população a consumir menor quantidade e consumir produtos que causem menos impacto no meio ambiente desde a sua produção até o seu descarte final. Alternativas como separação do lixo reciclável, reutilização e reparar podem ser aplicadas na rotina das pessoas. | Não é tão importante, somente se o lixo for utilizado de forma diferente do que é hoje. Não adianta a coleta seletiva ser efetiva em todo o DF se o lixo não tem um final produtivo. |
Assim, após análise das respostas do questionário, a importância de se trabalhar com a problemática resíduos sólidos e de visualizar como tal foi crescendo. Contudo, para que soluções fossem traçadas, foi necessário estudar outros dados para dar suporte às diversas hipóteses do time.
Outros Dados Secundários
[editar | editar código-fonte]De acordo com relatório do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), em 2016, foram coletados diariamente no Distrito Federal (DF) 2616 toneladas de resíduos domiciliares, em média. e dos resíduos coletados, apenas 131 toneladas por dia foram retirados para reciclagem de matérias secos como papel, papelão, plástico. Porém, em função do mau gerenciamento na escolha dos modelos de coleta seletiva, deixaram de ir para o Aterro Controlado do Jóquei 290 toneladas por dia de resíduos, o qual corresponde a 10,5 por cento do total de resíduos coletados no DF e que poderiam ser contabilizados e comercializados.
Vale ressaltar, também, que durante os serviços prestados pelo SLU, em 2016, houve 268 acidentes de trabalho em função da disposição inadequada dos resíduos, sendo desses acidentes, 94 causados pelo vidro disposto nas embalagens plástica sem as devidas proteções. Uma solução dessa exposição ao lixo é a coleta mecanizada, que consiste em um caminhão equipado para coletar os resíduos acondicionados em contêineres como mostra a imagem abaixo:
Essa conteinerização oferece diversos benefícios socioambientais tais como: eliminação de odores indesejados e da poluição visual, redução na proliferação de insetos e de animais transmissores de doença, maior organização e controle da coleta e, por fim, evita o contato direto dos coletores com os sacos de lixo. Assim, a conteiniração reduz os riscos de acidentes de trabalho, fornecendo maior segurança ao coletor de lixo.
As imagens a seguir mostra o quadro comparativo da coleta mecanizada com a coleta manual, sendo possível analisar o quão vantajosa é quando comparada a outros tipos de coleta.
Portanto, a ideia de se trabalhar com a coleta mecanizada tornou-se interessante, pois solucionar as principais dores dos coletores de lixo - público alvo - era viável com a implementação dessa coleta em Brasília.
Hipóteses de Solução Traçadas
[editar | editar código-fonte]A fim de solucionar entraves logísticos da coleta de resíduos sólidos por meio do compartilhamento de interesses tanto do produtor de resíduos quanto do coletor, algumas hipóteses foram traçadas, porém descartadas pelo fato de comprometer a viabilidade do projeto. Foram elas: pontos de entrega voluntária (PEV's) e coleta mecanizada.
A hipótese dos Pontos de Entrega Voluntária (PEVS) foi logo descartada pelo fato de demandar um alto rigor na gestão da coleta de resíduos e, assim, evitar que os containers se transformem em ponto de acúmulo de lixo quando não controlados, evitar atos de depreciação e desvios de materiais com valor agregado. Já a coleta automatizada não foi tida como viável pelo fato de eliminar a profissão de uns dos principais agentes transformadores do ciclo do coleta seletiva, o coletor.
Definição do Plano de Ação, de Estudos e Pesquisas para Elaboração do Primeiro Protótipo
[editar | editar código-fonte]Mecanismo de Organização do Time
[editar | editar código-fonte]O mecanismo de organização do time seguiu a lógica das metodologias ágeis, de modo a evitar que o processo seguisse rigorosamente uma série de etapas sequenciais e inflexíveis. Procurou-se marcar encontros do time ao menos uma vez na semana, no intuito de sempre estar a par do andamento do projeto e alinhar as expectativas do projeto. Foi decidido, também, que a cada encontro cada um dos integrantes do time deveria trazer alguma informação ou descoberta que agregasse valor, ainda que de uma maneira não direta para que o projeto estivesse sempre evoluindo.
Foram utilizados interfaces como o WhatsApp, o Trello e, principalmente, a Wikiversidade para superar as limitações de tempo e os horários incompatíveis do time. Assim, a organização e as reuniões foram fundamentais para superação desse obstáculo, visto que cada um dos integrantes está envolvido em outras obrigações além da universidade, sejam elas o Grupo Gestão, empresa júnior de Engenharia de Produção, o emprego ou o esporte.
No início do projeto, a primeira decisão tomada foi em relação ao tema a ser abordado. Uma vez que foi acordado em trabalhar com o tema "Resíduos Sólidos", definiu-se entregas realizadas a cada semana. Contudo, o primeiro obstáculo surgiu - a decisão do problema específico. Não era esperado uma demanda de tempo tão grande para decidir o problema do time. Para se ater às mudanças constantes, o time estava atento à essas mudanças e disposto a mudar o escopo, sem ferir o tempo do projeto, uma das vantagens de trabalhar com métodos ágeis. À medida que surgiam mais mudanças e mais esperanças em impactar a sociedade através de resultados, foi necessário modificar a estratégia operacional do time. Foi decidido, então, encontros aos sábados na Universidade de Brasília para evitar atrasos nas entregas e de modo que a cada encontro uma nova tarefa deveria ser executada.
Com a definição do problema elaborada, o projeto voltou a fluir e foram divididas tarefas de maneira igualitária aos membros do time. Foi estipulado prazos de entrega de cada tarefa e definido feedbacks pelos outros integrantes para avaliação do que foi entregue e fornecido. No final do projeto, ficou evidente a evolução do time. O grupo havia se transformado em um time, a facilidade de se trabalhar em conjunto e a compreensão das peculiaridades e limitações de cada um eram maiores. Contudo, foi possível identificar ao longo do semestre acontecimentos que interferiram na execução do projeto. Por exemplo, no terceiro mês de aula, não houveram aulas devido a um imprevisto e, em vez do time focar e unir forças para evolução do projeto, foi dada preferência a outras atividades emergentes como aulas da universidade, projetos externos e trabalho.
Descrição do Segundo Protótipo
[editar | editar código-fonte]Para elaboração do primeiro protótipo, foi definido um plano de ação baseado em estudos e pesquisas realizados pelo time. Após o desenvolvimento das hipóteses traçadas e o descarte de hipóteses não aplicáveis a realidade brasiliense, foi necessário pesquisar e desenvolver planos de ação para que a hipótese de implementação da coleta mecanizada em Brasília fosse acatada pelos cidadãos da capital brasileira, pois sem incentivos e campanhas de divulgação para utilização do aplicativo, a ideia seria subutilizada.
Acostumados com o conforto da coleta diária pelos coletores de lixo, o incentivo para destinação do lixo em containers pelos cidadãos era primordial para que a ideia saísse do papel. Nos dias de hoje, a coleta de lixo em Brasília é realizada porta em porta, onde os coletores correm aproximadamente 20 km por dia ao lado dos caminhões de lixo para que o tratamento exigido do lixo ocorra nos centros de triagem. Assim, antes da prototipagem, foram levantados pontos a serem discutidos para realização do projeto. Esses pontos foram:
1 - A necessidade de incentivos à população para destinação correta do lixo em containers;
2 - A necessidade de parceiros para campanhas de divulgação da coleta mecanizada;
3 - Criação de um aplicativo para maior controle na destinação correta dos lixos em containers;
4 - Criação de horários de coletas.
Primeiro e Segundo Pontos - Incentivos e Benefícios
[editar | editar código-fonte]Para implementação do primeiro protótipo, foram criados dois pontos de vistas: os pequenos e os grandes geradores de resíduos.
Os pequenos geradores de resíduos são os cidadães de Brasília, que acostumados ao conforto da coleta porta em porta, foi necessário pensar uma maneira de incentivar eles a utilizarem da conteineirização. Com a utilização de um aplicativo, os pequenos geradores acumularão moedas proporcionais a quantidade de lixo depositada em containers por dia para troca posterior de moedas acumuladas por produtos ou por serviços dos grandes geradores de resíduos.
Os grandes geradores de resíduos são indústrias, comércios e prestadores de serviço que geram acima de 200 litros de lixo por dia e os quais terão de gerenciar os detritos produzidos por eles em face da recente decisão do Governo do Distrito Federal de estabelecer a responsabilidade desse grupo pela coleta e transporte do lixo ou pela contratação de empresas cadastradas no Serviço de Limpeza Urbana (SLU) para a tarefa. Assim, em face da necessidade de parceiros para campanhas de divulgação, foi questionado em utilizar dessa decisão para incentivar os grandes geradores de resíduos a realizarem as campanhas de introdução da coleta mecanizada na realidade brasiliense e do aplicativo.
Encarregados por elas, os grande geradores de resíduos receberão descontos na contratação das empresas cadastradas no SLU a cada moeda resgatada dentro de seu próprio estabelecimento. Ou seja, ao divulgar o aplicativo, as indústrias, comércios e prestadores de serviço receberão descontos proporcionais a quantidade de moedas gastas por pequenos geradores de resíduos em seus bens ou serviços.
Portanto, era necessário a criação de uma interface para comunicar os interesses dos dois pontos de vistas.
Quarto Ponto - Aplicativo
[editar | editar código-fonte]Por fim, para implementação da coleta mecanizada em Brasília para melhoria da vida do coletor de lixo, foi criado um aplicativo, nomeado Recicla Brasília. As funções do aplicativo são:
- cadastro dos pequenos geradores de resíduos para controle efetivo de quem realiza e ajuda na coleta mecanizada;
- cadastro dos grandes geradores de resíduos para controle efetivo de quem divulga a coleta mecanizada e, consequentemente, o aplicativo Recicla Brasília;
- interface de troca e acúmulo de moedas, nomeadas de zibiles - plural aportuguesado de zibil - lixo em Azerbaijano;
Para o desenvolvimento do aplicativo, foi utilizado a ferramenta online https://proto.io/.
Criação de horários de coletas
[editar | editar código-fonte]Foi observado a necessidade de construir horários para incentivar e facilitar o uso do app. Assim, a contratação de um funcionário disposto em horários pre determinados e divulgados a qual trabalharia ao lado de containers para o update do app em um tablet bloqueado foi a melhor alternativa frente as os feedbacks apontados nas validações.
Mapeamento do Processo - BluePrint
[editar | editar código-fonte]Validações
[editar | editar código-fonte]Para validação do projeto da matéria de PSP2 o grupo foi dividido em duas equipes para operar de maneira mais eficiente. Dois participantes do time foram encarregados de validar a ideia junto aos pequenos produtores de lixo (cidadãos comuns que teriam que levar seus resíduos aos contêineres em vez de esperar os coletores passarem em sua casa para retirar o lixo), enquanto que as outras duas pessoas se responsabilizaram por validar a ideia junto aos grandes produtores de lixo (esses seriam os responsáveis por ceder benefícios em troca de moedas e teriam que realizar campanhas de divulgação para que a ideia atingisse o maior número de pessoas possíveis). Será explanado a seguir como funcionou o processo de validação junto aos produtores de lixo, quais foram os pontos positivos descobertos com a validação e o que de negativo foi percebido.
Validação junto aos pequenos produtores de lixo - A validação junto aos pequenos produtores de lixo, mais especificamente o ser-humano comum, ocorreu de certa forma melhor do que esperávamos. As pessoas que ficaram responsáveis por validar a ideia junto a esse público alvo dividiram o processo em duas partes diferentes: validar primeiro junto àqueles que são mais próximos – como familiares e amigos, e posteriormente validar junto a desconhecidos, como pessoas aleatórias selecionadas na Rodoviária do Plano Piloto. Essa divisão ocorreu como forma de possibilitar uma comparação entre esses dois públicos, de modo a tentar encontrar vantagens e desvantagens na ideia e poder assim realizar reajustes que acarretem na melhora do projeto. Vamos às análises.
Em se tratando do público-alvo mais próximo, como amigos e familiares, o feedback recebido foi bastante encorajador. Primeiro as pessoas ficaram surpresas com os números apresentados em relação à situação dos resíduos sólidos no DF, sobretudo com relação aos números que afetam diretamente os coletores de lixo, como, por exemplo, a quantidade de acidentes que acontecem na profissão. Além disso, alguns outros números apresentados aos entrevistados foram realmente motivo de surpresa para eles: como o fato de que em alguns casos nas residências de Brasília o caminhão de lixo passa 9x por semana na porta da casa de cada um. Tendo em vista esse cenário prévio, a reação desse público à nossa ideia foi algo que variou do “muito bom!”, ao “não estou tão certo que funcionaria”. Analisando a situação sem detalhar suas especificidades, a ideia foi bem aceita por todos. Literalmente 100% dos entrevistados, que totalizaram 31 pessoas, gostaram muito da ideia em si, apesar de alguns não estarem certos de que a ideia funcionaria, aqui no Brasil, como relatado no papel. O fato de ser necessário que o cidadão comum se desloque da sua casa com os sacos de lixo até o contêiner mais próximo fez alguns entrevistados duvidarem um pouco da ideia, ainda que no papel tenham achado completamente “eficiente, eficaz e inteligente” – como relatado por um deles. A ideia que tínhamos de que o povo brasileiro não cria responsabilidade nenhuma pelo lixo que produz foi confirmada pelas poucas pessoas que acreditaram que o projeto poderia não funcionar por conta daqueles cidadãos que simplesmente não se deslocariam até o contêiner e prefeririam deixar o lixo na porta de casa, por mais que aquele lixo ficasse lá por um longo período de tempo. No final das contas o costume e os valores do povo brasileiro estão extremamente enraizados em seu ser. Duas pessoas acreditaram ser completamente improvável que o cidadão fosse se deslocar até o contêiner, pois para eles o correto seria sempre passar alguém em sua porta e carregar o seu lixo (chegaram até a dizer que a partir do momento que o lixo já está na porta de casa não é mais responsabilidade da pessoa, e sim do estado, pois é para isso que pagam os impostos). Basicamente o que foi citado acima resume os feedbacks negativos. Vale-se ressaltar que todos os feedbacks desencorajadores foram relacionados ao fato da pouca fé das pessoas nos seres-humanos, e não na viabilidade do projeto em si. Por exemplo, 23 das 31 pessoas (quase 75% dos entrevistados), realmente acreditaram na viabilidade do projeto. Acharam muito importante a melhoria na qualidade de trabalho dos coletores e na evolução da eficiência do processo que engloba os resíduos sólidos em si. A maioria se animou com o fato dos benefícios apresentados, apesar de alguns terem achado que não deveriam existir benefícios para motivar o que na verdade deveria ser uma obrigação. Foi claramente possível observar os dois lados da moeda e como as opiniões variam bastante entre as pessoas. No fim, ficou-se a ideia de que o projeto era algo completamente benéfico para a sociedade e que tinha muito a ajudar, sobretudo quando se trata dos coletores. O maior fator complicador apontado por esse grupo, e pelos outros grupos também, é o fato do cidadão brasiliense ter que sair de casa e levar o lixo no contêiner talvez a 200 metros de casa. Apesar disso, no entanto, a ideia foi bem aceita pelas pessoas e na maioria das vezes fomos encorajados a levar o projeto a frente, uma vez que pode trazer melhorias imediatas na vida dos coletores.
Quando fomos falar com as pessoas que não conhecíamos, como na Rodoviária do Plano Piloto, encontramos algumas dificuldades não antes encontradas no grupo de pessoas mais próximo. A primeira dificuldade encontrada foi a paciência da pessoa em parar para nos ouvir. Na correria do dia-a-dia foi realmente difícil encontrar pessoas que tivessem realmente interessadas em escutar por completo a ideia do nosso projeto. No final das contas foram entrevistadas 19 pessoas, das quais pelo menos umas 5 deixaram a entender que não captaram direito o que estávamos falando. Por outro lado, pelo menos umas 3 pessoas entrevistadas pararam realmente para nos escutar e ficaram muito animadas com a ideia e seu potencial revolucionário. Por serem pessoas desconhecidas, percebemos um tom mais verdadeiro vindo delas. Recebemos por exemplo “lógico que isso não vai funcionar, pois nenhum brasileiro mal-acostumado do jeito que é vai se dar ao trabalho de sair de casa carregando lixo” como resposta. O retorno que tivemos desse novo público foi muito similar ao primeiro, porém foi muito mais verdadeiro. Pessoas realmente ficando muito animadas e alguns poucos nos desencorajando. A sensação que ficamos no final das contas foi de que a ideia foi muito bem aceitar por todos, apesar de alguns acharem que aqui ela não funcionaria. Das 19 pessoas que entrevistamos na Rodoviária, 17 afirmaram que utilizariam sim o aplicativo, ao passo que duas falaram que prefeririam as coisas do jeito como elas funcionam atualmente.
Validação junto aos grandes produtores de lixo – Essa validação já difere bastante da primeira. Em se tratando de grandes produtores de lixo, como por exemplo supermercados e Mc Donalds, é preciso mostrar financeiramente por quê a aderência deles nesse projeto seria viável. Como não tínhamos como apresentar um número específico do valor do desconto que eles receberiam para ajudar no processo de tratamento de seus resíduos sólidos, foi muito difícil receber deles um retorno sério. Em geral a ideia foi muito bem aceita por todos os 4 grandes geradores de lixo que entramos em contato, mesmo que tenhamos ficado com a sensação que para eles a única coisa que importava era o lado financeiro. Tentamos projetar números relacionados aos valores do desconto e números relacionados às campanhas de marketing que eles teriam que realizar para que pudesse ser realizado o comparativo entre eles. Quando os números foram apresentados (apesar dos números terem sido especialmente escolhidos de modo que a aderência ao projeto se tornasse algo viável) todos os grandes geradores afirmaram que teriam grande interesse em participar do projeto. Alguns pontos foram destacados, como, por exemplo, a falta de noção do que irá realmente acontecer com os grandes produtores de lixo quando eles passarem a ser responsáveis por seus próprios resíduos sólidos. Por exemplo, o Carrefour da QL 24 do Lago Sul falou que caso eles não recebam nenhuma orientação da Matriz de como proceder, cada um vai ter que tomar a atitude que achar mais correta. Nesse caso, então, seria possível que em vez de receber um desconto do governo para tratamento dos resíduos sólidos, o governo bancasse uma espécie de consultoria para orientá-los em como proceder para lidar com essa nova realidade da maneira correta. Quando apresentamos o aplicativo mostrando como funcionaria a questão dos benefícios, surgiu também uma dúvida de como seria atribuído a cada produto suas respectivas moedas a fim de que os grandes produtores de lixo não tivessem prejuízo. Fomos questionados também a respeito do valor em “real” que teria cada “zibil”, para que pudesse ser calculado por quanto sairia cada produto, por exemplo. Algumas vezes nos deparamos com perguntas que ainda não tínhamos pensado sobre, como o valor atribuído a cada “zibil”, por exemplo. No entanto, no aspecto geral a ideia pareceu agradá-los bastante. Não foi possível receber um “sim, eu faria parte desse projeto!” pois não tínhamos as informações a respeito dos valores gastos e de quanto seria economizado pelos grandes produtores. Sem essas informações realmente fica difícil tomar uma decisão, de maneira que qualquer resposta positiva ou negativa recebida se tornaria algo relativamente vago, uma vez que não foi possível convencê-los com números que seria algo viável financeiramente. Apesar disso, todos falaram que se fosse financeiramente viável sem sombra de dúvidas eles fariam parte do projeto, pois a ideia foi muito bem elaborada além de possuir o aspecto social de ajudar a classe dos coletores de lixo.
Portanto, ficamos muito encorajados em prosseguir com a ideia depois de termos validado o projeto junto ao público-alvo, sabendo que seria possível mudar completamente a realidade de trabalho dos coletores de lixo. Apesar de sabermos que quando o projeto se encontra apenas na teoria fica muito difícil saber a real opinião do público sobre o mesmo, acreditamos que aqueles que serão afetados pela nova realidade apresentada no nosso projeto se demonstraram muito adeptos a nossa ideia.
Considerações Finais
[editar | editar código-fonte]Por fim, nosso time agradece a todos os times que participaram diretamente ou indiretamente pra o sucesso do projeto desde as entrevistas com os alunos de Engenharia Ambiental da Universidade de Brasília e com a Cooperativa dos Catadores de Resíduos (CODESVAS) até a prototipagem da solução traçada para os grandes geradores de resíduos e para Serviço de Limpeza Urbana. Lembrando que a realização desse projeto não poderia ser possível sem os feedbacks realizados semanalmente pela Professora Doutora Claudia Mello, que além de acompanhar o desenvolvimento do projeto, fez com que saíssemos da disciplina Projeto de Sistemas de Produção 2 como futuros profissionais com uma visão mais humana diante dos problemas que agravam o dia a dia dos cidadãos do Distrito Federal.
Aprendizados
[editar | editar código-fonte]Dentro dos aprendizados envolvidos durante o semestre, está a importância da utilização prática da Metodologia Scrum no projeto, que era, primeiramente, de responder as mudanças do projeto (como exemplo na troca do "WHO" de catador para coletor) do que a importância de seguir o plano , no caso o escopo sempre variava. Essa metodologia foi implementada pela agilidade que ela tem para agregar valor em um menor tempo e pelo fato de não ser uma ferramenta burocrática e que gerencia o escopo em um meio turbulento.
A validações presenciais também foram importantes para sucesso do projeto, já que diversas vezes a utilização do "owner" em um dos integrante do grupo não era suficiente para saber se as expectativas estavam sendo realizadas.
No final do projeto, ficou evidente a evolução do time. O grupo havia se transformado em um time, a facilidade de se trabalhar em conjunto e a compreensão das peculiaridades e limitações de cada um eram maiores.
Referências Bibliográficas
[editar | editar código-fonte][1] https://joinup.ec.europa.eu/sites/default/files/smart_cities_report.pdf
[2] http://www.slu.df.gov.br/images/PDF/relatorios/Relatorio%20SLU%202016.pdf
[3] http://www.contemar.com.br/coleta-mecanizada