Epistemologia e Metodologia - 2024

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Sobre[editar | editar código-fonte]

Disciplina obrigatória do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) destinada a estudantes de mestrado desta e outras instituições (ouvintes). Áreas de interesse: arquitetura e urbanismo, planejamento urbano, comunicação, geografia, sociologia, e outras disciplinas das ciências sociais e humanas.

Responsáveis: Rodrigo Firmino e Agnes Araújo.

Convidadas: Ariadne Daher; Dayana de Cordova (a confirmar).

Local e período[editar | editar código-fonte]

Onde: PPGTU/PUCPR, Campus Curitiba. Escola de Belas Artes, Bloco 2, 2o andar. As aulas para o ano de 2024 serão realizadas unicamente de forma presencial.

Quando: 1o semestre de 2024, 6 sessões às segundas-feiras, das 9h00 às 13h00, com exceção da Aula 6, que ocorrerá na sexta-feira, dia 05/07/2024.

Carga horária: 30 horas (2 créditos).

Ementa e objetivos[editar | editar código-fonte]

Discutir base epistemológica do que se entende por pesquisa científica sobre o urbano, conceito do campo de ação e reflexão deste programa. Apresentar e discutir procedimentos metodológicos para pesquisa em gestão urbana. A disciplina refletirá de um lado a busca de paradigmas conceituais e metodológicos mínimos para as pesquisas em gestão urbana e, de outro, a diversidade de abordagens possíveis. Trata-se, em linhas gerais, da filosofia da ciência e de métodos científicos para as ciências sociais.

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

  • Elementos fundamentais da filosofia da ciência;
  • Epistemologia aplicada à gestão urbana;
  • Diversidade de procedimentos metodológicos para pesquisa científica;
  • Reflexão sobre elementos metodológicos e da pesquisa científica para o desenvolvimento das dissertações.

Metodologia de aprendizagem[editar | editar código-fonte]

  • Aulas expositivas;
  • Seminários;
  • Discussões em mesas redondas.

Avaliação[editar | editar código-fonte]

Frequência mínima: 75%. A avaliação se dará a partir dos seguintes exercícios (e respectivos pesos na composição da nota):

  1. Apresentação dos textos em equipe = 40%;
  2. Construindo sua pesquisa científica: (a) Vídeo da pesquisa = 15%; (b) Plano de pesquisa = 45%.

1. Apresentação dos textos obrigatórios[editar | editar código-fonte]

Estudantes devem formar equipes para apresentação dos textos-chave (obrigatórios) da disciplina e promoção de debates. As sessões envolverão, ao menos, duas equipes, da seguinte forma:

  • Equipe expositora: Responsável pelas apresentações dos textos, que acontecerão no formato seminário. Cada equipe ficará responsável por um texto-chave e deverá apresentá-lo oralmente ao restante da turma, com auxílio de material audiovisual, e respeitando o calendário da disciplina. As sessões de apresentação terão no mínimo 45 minutos e no máximo 60 minutos. São requisitos mínimos para apresentação, os seguintes itens (não limitados a estes): contextualização de autores(as) e do texto em estudo (formação e campo de conhecimento, local de publicação, etc.); estrutura do texto; sequência argumentativa (narrativa); objetivo do texto (propósitos); principais conceitos e elementos secundários; explicação detalhada das ideias e conceitos; importância das ideias e conceitos para a área de ciências sociais e para a gestão urbana; exemplos (se possível); e relação com outras teorias/conceitos/autores(as). Todas as equipes participarão como expositoras, de acordo com o cronograma, cada uma responsável por um texto-chave.
  • Equipe debatedora: Responsável pelo estímulo e organização do debate após a apresentação, com realização de, no mínimo, duas questões para discussões. As questões devem envolver, necessariamente, as ideias ou conceitos apresentados, devem ser elaboradas previamente (a partir da leitura do texto em pauta), e devem ser capazes de iniciar um debate entre as duas equipes e o restante da turma. Assim, quanto mais provocativas (com respeito às equipes e com fundamentação científica), maiores são as chances de as questões funcionarem. Todas as equipes devem estar preparadas com, ao menos, duas questões, em todas as sessões em que não estiverem apresentando o texto. Os professores sortearão uma das equipes para atuar como debatedora no início da sessão (assim, é possível que uma equipe atue como debatedora em mais de uma ocasião).

2. Exercício "construindo sua pesquisa científica"[editar | editar código-fonte]

Este exercício envolve a elaboração do projeto de pesquisa de cada estudante, suportado pelos elementos discutidos ao longo da disciplina, e que servirão de base inicial para a preparação dos futuros documentos de qualificação (a serem desenvolvidos na disciplina obrigatória “Seminários de Orientação”). Para o conjunto deste segundo exercício serão realizadas: uma sessão de apresentações orais por vídeo gravado (para apresentação em 05/07/2024); e a entrega do documento final em PDF em 05/08/2024 (sem possibilidade de atrasos ou adiamentos). Os conteúdos deverão respeitar os seguintes elementos:

  • (a) Vídeo da pesquisa: deve apresentar como parte de sua narrativa os seguintes elementos: (i) uma apresentação do(a) estudante/orientador(a)/temática; (ii) a problematização (qual é a questão de pesquisa?); (iii) os objetivos; (iv) a metodologia; (v) e os resultados (científicos) esperados. O vídeo, com no máximo 3 minutos de duração, deverá ser entregue até o dia 05/07/2024 (dia da apresentação), em formatos de mídia compatíveis com todos os sistemas operacionais (mov, mp4, m4v, m4a, mp3, mpg ou avi).
  • (b) Plano de pesquisa: o(a) estudante deverá: (a) identificar os temas que pretende trabalhar na dissertação; (b) construir um texto científico para apresentar articuladamente as temáticas (praticando estratégias de escrita de parágrafos e textos articulados) que sustentarão a sua pergunta de pesquisa e objetivo (problematização); (c) definir o objetivo geral e os específicos (taxonomia do Bloom para, a partir da junção dos achados para cumprir os objetivos específicos alcançar o objetivo geral e, a partir disso, responder à pergunta de pesquisa); (d) descrever o método para alcançar cada objetivo específico; (e) elaborar uma introdução, com justificativas do trabalho; (f) criar o título. A entrega final deste documento deverá ser em formato PDF, tamanho A4, na forma de plano de pesquisa, até 05/08/2024 na pasta online especificada pelos professores.

Programação[editar | editar código-fonte]

Aula 1, 03/06/2024 (segunda-feira): Compreendendo a ciência e a epistemologia[editar | editar código-fonte]

  • Sobre o que esta disciplina não é!
  • Apresentação do roteiro da disciplina. Trajetórias científicas.
  • Lançamento exercício "ciência suja".
  • Ferramentas para pesquisas em bases de dados e artigos + processo editorial/comunicação em ciência.
  • Tipos de raciocínio lógico: dedução, indução, abdução. Procedimentos de pesquisa. Reflexão: "crime e pesquisa".

Aula 2, 10/06/2024 (segunda-feira): Concepção de mundo e possíveis formas de conhecimento[editar | editar código-fonte]

  • Apresentação do texto 1 + debate.
  • Apresentação do texto 2 + debate.
  • Atividade "Identificação de controvérsias científicas": ouvir o episódio Mesacast #3 (o mercado da ciência) do podcast "ciência suja" para identificar e desenvolver explicações para duas controvérsias da estrutura de desenvolvimento da ciência e conflitos com os modelos de negócio do mercado que sustenta a divulgação científica.

Aula 3, 17/06/2024 (segunda-feira): Da pergunta de pesquisa aos métodos (convidada: Ariadne Daher)[editar | editar código-fonte]

  • Processos científicos e epistemológicos (dúvida, ciência e investigação).
  • Pergunta => Objetivo => Método. Pergunta de pesquisa (problema, temas, objetivos).
  • Estruturação do trabalho científico e metodologia em Ciências Sociais. Desmistificando o método.
  • Apresentação do texto 3 + debate.

Aula 4, 24/06/2024 (segunda-feira): diferentes perspectivas e abordagens[editar | editar código-fonte]

  • Apresentação do texto 4 + debate.
  • Qualitativamente científico: o menos pode ser mais! (algumas palavras sobre etnografia, Dayana de Cordova). A CONFIRMAR
  • Quantidade também pode ser qualidade: o método pelas variáveis. (algumas palavras sobre métodos quantitativos, Agnes Araújo).

Aula 5, 01/07/2024 (segunda-feira): estratégias para concepção e escrita de trabalhos científicos[editar | editar código-fonte]

  • Desmistificando a escrita científica: relatórios, estilo de escrita, delimitação e associação de temas, posicionamento do escritor como sujeito ativo ou passivo na escrita, elaboração de resumos etc.
  • Narrativa, construção de argumentos, estrutura, "o todo pela formação das partes", sequência lógica?
  • Assessoria e tira-dúvidas sobre o exercício "construindo sua pesquisa científica" (vídeo e plano de pesquisa).

Aula 6, 05/07/2024 (sexta-feira): o plano e o método?[editar | editar código-fonte]

  • Apresentação dos vídeos sobre as pesquisas, seguidos de comentários pelos professores.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Textos-chave (obrigatórios, disponíveis aqui)[editar | editar código-fonte]

(1) SANTAELLA, L. A pesquisa, seus métodos e seus tipos. In: Lúcia Santaella. Comunicação e pesquisa: projeto para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001.

(2) HARVEY, D. População, recursos e a ideologia da ciência. Seleção de Textos, n.7, 1981.

(3) CHANTER, T. Epistemologia feminista: ciência, conhecimento, gênero, objetividade. In: Tina Chanter. Gênero: conceitos-chave em filosofia. Porto Alegre: Artmed, 2011. pp.78-99.

(4) MAGNANI, J.G.C. De perto e de dentro: notas para uma etnografia urbana. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(49): pp.11-29.

Textos complementares[editar | editar código-fonte]

ADORNO, T. W. Epistemologia y ciencias sociales. Valencia: Frónesis, 2001. 128 p.

BAO, C. E. A emergência decolonial: Ciências Sociais e a crise epistêmica da “Modernidade”, Tempo da Ciência, v.27, n.53, 2020, pp.30-45.

BIGGAM, J. Succeeding with Your Master's Dissertation: A Step-By-Step Handbook. McGraw-Hill,  2011 (p.16-22 e p.91-99).

BLEIER, R. Science and Gender. New York: Pergamon Press. 1984.

CARGILL, M. E O’CONNOR, P. Writing scientific articles: strategy and steps. Chichester:  Wiley-Blackwell, 2009. 173 p.

CARLOS, A. F. A. Metageografia: ato de conhecer a partir da geografia. Crise urbana, 2015.

CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Ática., 2000.

CHONG HO, Y. Abduction? Deduction? Induction? Is there a logic of exploratory data analysis? Anual Meeting of American Educational Research Association, New Orleans, USA, 1994.

COLLINS, P. H. Pensamento Feminista Negro, 2019.

CRESWELL. J.W. Investigação qualitativa & projeto de pesquisa. Porto Alegre: Penso, 2014. pp.29-47.

DOTSON, K. Tracking Epistemic Violence, Tracking Practices of Silencing, 2011.

ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2000.

FALLON, M. Writing up Quantitative Research in the Social and Behavioral Sciences. Rotterdam: SensePublishers, 2016. 165 p.

FIRMINO, Rodrigo; HOJDA, Alexandre. A comunicação científica em gestão urbana: revista urbe, uma autoanálise. XVI Enanpur, Belo Horizonte, Anais, 2015. Disponível: http://xvienanpur.com.br/anais/?wpfb_dl=674

FLUSSER, V. Da dúvida. In: ITA-Humanidades. Da religiosidade. São Paulo: Conselho Estadual de Cultura, 1965, p.7-20.

FREHSE, F. Tempos no corpo: contribuições do método lefebvriano para a pesquisa urbana (latino-americana). Estudos de Sociologia, v. 1, n. 21, p. 73-120, 2015.

GREED, C. The place of ethnography in planning: Or is it ‘real research?, Planning Practice & Research, 9:2, 1984, pp.119-127.

HARAWAY, D. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial, tradução de Mariza Corrêa. Cadernos Pagu. Campinas, n.5, p. 07-41, 1995.

KOSTER, M. An ethnographic perspective on urban planning in Brazil: temporality, diversity and critical urban theory. International Journal of Urban and Regional Research, v.44, n.2, pp.185-199.

LAKATOS, E. M., MARCONI, M. A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

ORIGGI, G. Trust, authority and epistemic responsibility. Theoria, 23, 61, p. 35-44, 2008

PARADA, M; FANTINATO, M. Pensar para que? Diálogos entre Vilém Flusser e Hannah Arendt. Revista Mestrado História, v.12, n.1, p.85-98, 2010.

REES, M. Ten questions science must answer. The Guardian, Science, London, 30 Nov. 2010. Disponível em: <https://www.theguardian.com/science/2010/nov/30/10-big-questions-science-must-answer?cat=science&type=article>.

ROSE, H. Hand, Brain and Heart: A Feminist Epistemology for the Natural Sciences. Signs: Journal of Women in Culture and Society, 9(1), pp. 73–90, 1983.

SANTAELLA, L. A pesquisa, seus métodos e seus tipos. In: Lúcia Santaella. Comunicação e pesquisa: projeto para mestrado e doutorado. São Paulo: Hacker Editores, 2001.

SILVA, Rui Sampaio. A relevância da epistemologia para o pensamento Crítico. Revista Lusófona de Educação, V.32, p. 17-29.

ULTRAMARI, C. Como não fazer uma tese. Curitiba: Champagnat, 2016.

WHITE, B. Mapping Your Thesis: The Comprehensive Manual of Theory and Techniques for Masters and Doctoral Research. Victoria:  ACER Press, 2011. 360 p.

YIN, R. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2005. 212 p.