FernandaCsunesp
Disciplina: História do Brasil II - Prof. Paulo Eduardo Teixeira
Aluna: Fernanda Alexandre Brandão Fonseca
Ciências Sociais – Noturno
UMA ANÁLISE DO FILME MEMÓRIAS DO CÁRCERE
[editar | editar código-fonte]A partir do livro póstumo, Memórias de um Cárcere de Graciliano Ramos, o filme dirigido Nelson Pereira dos Santos, conta as memórias do escritor Graciliano Ramos durante seu cárcere nos anos de 1936 a 1937. O filme retrata os locais aos quais Graciliano Ramos passou durante seu cárcere, e o convívio com outros personagens que testemunharam as opressões, punições a todos que de alguma forma flertaram com as ideologias comunistas ou contrários ao regime totalitário que foi o governo de Getúlio Vargas. Época esta que antecede a implantação do então Estado novo regido por Vargas.
Todos os personagens do filme foram importantes, a partir da história individual de cada um, torna perceptível o contexto histórico político da época. Destaca-se de grande relevância a personagem Heloísa, esposa de Graciliano Ramos, vivida por Gloria Pires. Uma mulher que busca justiça e a liberdade de seu companheiro. Transforma sua luta em uma militância contra o regime, acompanha a trajetória do cárcere sem medir esforços, incentivando e fazendo as obras e escritos de Graciliano Ramos serem publicados e divulgados durante sua prisão.
A última prisão em que Graciliano Ramos ficou foi a Colônia penal de Ilha Grande no Rio de Janeiro. Local repugnante, degradante para os prisioneiros que viviam sob grande opressão, violentados diariamente, submetidos a trabalho escravo. Compreendendo que a época estava sob grande desenvolvimento do capitalismo, o trabalho dos presos trazia economia e ou lucratividade para a colônia. As cenas finais mostram a libertação de Graciliano Ramos da colônia, liberdade atribuída ao seu reconhecimento literário. Depois de passar por grandes torturas físicas e psicológicas, o final do filme traz um instigante interesse nos acontecimentos vivenciados por Graciliano após o cárcere.
A pessoa de Graciliano Ramos foi libertada, mas suas anotações sobre o cárcere permaneceram na colônia, deixando uma laguna de quem teve contato com esses escritos, se houve a leitura do mesmo, como os presos que tiveram contato com esta obra se organizaram após a saída de Graciliano. São muitas histórias que ficaram trazendo uma grande curiosidade do fim que tiveram, e como a sociedade que o acompanhou através de suas obras o recebera.
O filme aborda a repressão política da época, a opressão a todos que contrariaram o sistema, a busca pela aniquilação de qualquer manifestação revolucionária e a destituição do comunismo no Brasil.
Nas primeiras cenas do filme, Graciliano Ramos que exercia a função de gestor público em Alagoas, recebe ameaças através de uma ligação, destacando um dos temas retratados no filme, a perseguição política. Sem uma denúncia formal Graciliano é preso em sua casa, a partir desta cena visualizamos a questão da repressão política, e carceraria. Quando foi transferido de Recife para Casa de Detenção no Rio de Janeiro identificamos mais uma temática abordada pelo filme, a luta de classes. Temas como comunismo, resistência, nazifascismo ficam em evidência no decorrer das cenas passadas na Casa de Detenção Contudo o tema de fundo mais abordado no filme é apresentar como era a estrutura prisional da época do Governo de Getúlio Vargas. Lugares insalubres, violentos, completamente isento de condições dignas para um ser humano.
Dentre várias cenas que merecem nossa atenção, destaco duas cenas, uma que traz um grande sentimento de revolta e aborrecimento outra que foi muito impactante.
A primeira cena foi o dia da comemoração do aniversário do diretor da Colônia. Iniciando pelo pedido do Tenente para que Graciliano escrevesse um discurso parabenizando o diretor em nome da polícia militar, discurso esse que seria lido pelo tenente no dia da celebração, chagado o dia da celebração, o diretor e autoridades militares e religiosas posicionados em uma mesa farta de comida, decorada, limpa contrasta com a imagem de presos sujos, reprimindo seus corpos posicionados a frente de uma mesa que contia um prato com um caldo escuro e uma folha de alface que escondia o alimento improprio e repugnante que eles teriam que consumir na celebração vitalícia daquele que os torturava.
Quero destacar também a cena de grande impacto que ocorre na Casa de Detenção. Cena esta que mostra os camaradas encarcerados de ofícios diferentes, se organizando para ministrar aulas de conteúdos diversos aos companheiros de cárcere. Essa cena foi bem emblemática, demonstrando a organização de uma ação quando se tem um objetivo interesse coletivo.
Este filme muito necessário para todos os brasileiros, contribui para o conhecimento da história política, de um dos momentos mais simbólicos do país, a chamada Era Vargas que vai de 1930 a 1945. O filme mostra como a prisão, foi um depósito de pessoas que não podiam fazer parte desta nova sociedade capitalista-industrial construída para não ter conflitos de classe ou ideológicos. Uma repressão implementada pelo governo, tanto nas ruas como na política prisional aparado pela Lei de Segurança Nacional para implementação do Estado Novo. A política internacional especificamente as tenções com o avanço do nazifascismo foi um tema abordado de grande importância para o conhecimento historiográfico desta época.
Compreender a história e relação dos movimentos políticos mais importantes da Era Vargas como o comunismo, integralismos e suas organizações; Aliança Nacional Libertadora (ANL), Ação Integralista Brasileira (AIB) bem como o Partido Comunista do Brasil (PCB), foram de grande valia para enriquecimento do aprendizado na disciplina História do Brasil II.
Um período que nos estudantes das ciências sociais precisamos conhecer, por tratar de uma história de formação social do Brasil.