Filmes
Análise de filme
Nome: Karolina Romualdo Fraga
Turma: Noite
Curso Ciências Sociais – 2024
Disciplina: História do Brasil 2
Prof. Paulo Eduardo Teixeira
Título do filme: Corações Sujos
Ano: 2011
Pais: Brasil
Gênero: Drama, Histórico, Suspense, romance
Duração: 1h:48mim
Direção: Vicente Amorim
Roteiro: David de França Mendes
Fotografia: Rodrigo Monte
Trilha sonora: Sergio Saraceni
Elenco original: Eduardo Moscovis, Tsuyoshi lhara, Eiji Okuda, Shun Sugara, Kimiko Yo, Ken Kaneco, Takako Tokiwa
Produção: João Daniel Tikhomiroff
Idioma original: Português e Japonês
Sinopse: O imperador Hirohito acaba de assinar a rendição do Japão na Segunda Guerra Mundial. Em uma colônia japonesa no Brasil, um grupo de nacionalistas se recusa a acreditar que seu país finalmente perdeu uma batalha.
Corações Sujos, Dir. Vicente Amorim, 2011
A narrativa se passa no contexto pós-Segunda Guerra Mundial, centrando-se na comunidade japonesa no Brasil e no impacto da derrota do Japão na guerra. O filme explora a divisão entre os imigrantes japoneses, entre aqueles que aceitaram a derrota do Japão, chamados de "makegumi" ou derrotistas, e os "kachigumi" ou vitoristas, que se recusaram a acreditar na rendição e consideravam os makegumi como traidores ou de "coração sujo". O filme acompanha Takahashi, um fotógrafo que, influenciado pelo grupo nacionalista liderado pelo Coronel Watanabe, se envolve em atos de violência contra os makegumi. A tensão entre esses grupos é um reflexo das dificuldades de aceitação da realidade e da preservação da identidade cultural em um país estrangeiro. "Corações Sujos" serve como um importante registro histórico e cultural, proporcionando uma reflexão sobre o negacionismo e a manipulação da verdade em momentos de crise. A performance dos atores, especialmente Tsuyoshi Ihara e Takako Tokiwa, foi destacada, e a direção de Vicente Amorim conseguiu capturar a complexidade emocional dos personagens envolvidos nesse período turbulento da história. Os principais personagens do filme "Corações Sujos" incluem Takahashi, interpretado por Tsuyoshi Ihara, um fotógrafo que se torna um assassino influenciado pelo grupo nacionalista; sua esposa Miyuki, vivida por Takako Tokiwa, uma professora primária que se magoa com as ações do marido; e o Coronel Watanabe, interpretado por Eiji Okuda, líder do grupo nacionalista que se recusa a aceitar a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. Outros personagens notáveis são Sasaki, interpretado por Shun Sugata, e Naomi Sasaki, interpretada por Kimiko Yo. O elenco também inclui Celine Fukumoto como Akemi Sasaki, Eduardo Moscovis como Sub-delegado, e André Frateschi como Cabo Garcia. Esses personagens são centrais para a narrativa, que explora as tensões e conflitos dentro da comunidade japonesa no Brasil após o fim da guerra. A dinâmica entre esses personagens reflete as divisões ideológicas e as lutas internas que surgiram em meio à desinformação e ao fervor nacionalista da época. O filme "Corações Sujos" de Vicente Amorim estabelece uma conexão profunda com um capítulo específico da história do Brasil, explorando as consequências da Segunda Guerra Mundial sobre a comunidade japonesa no país. Composta por imigrantes japoneses que se recusavam a aceitar a derrota do Japão na guerra. Este grupo extremista atuou no interior de São Paulo, onde a colônia japonesa era numerosa, e atacava membros da própria comunidade que reconheciam a derrota do país. O filme narra eventos históricos, também mergulha nas complexidades psicológicas e sociais enfrentadas pelos imigrantes japoneses e seus descendentes no Brasil. A dificuldade com o idioma português e a falta de informações confiáveis contribuíram para o isolamento e a propagação de negacionismo dentro da comunidade. "Corações Sujos" serve como uma reflexão sobre o fanatismo e suas consequências devastadoras, oferecendo uma perspectiva sobre como a intolerância e o ódio podem surgir em tempos de incerteza e mudança. Ao mesmo tempo, o filme destaca a importância da memória histórica e do reconhecimento das diversas narrativas que compõem a identidade nacional brasileira. Ao abordar temas como negacionismo e pós-verdade, ressoa com a memória coletiva dos brasileiros, especialmente no que diz respeito à integração de imigrantes e à disseminação de informações durante períodos de crise. A história contada em "Corações Sujos" reflete não apenas o desafio de confrontar a realidade da derrota e a manipulação de informações, mas também destaca a complexidade das relações humanas em tempos de extremismo e intolerância. A memória coletiva, neste contexto, é afetada pela maneira como histórias de fanatismo e violência são lembradas e interpretadas pelas gerações subsequentes, influenciando a compreensão atual de identidade nacional e coesão social. O filme, ao explorar esses aspectos, contribui para um diálogo contínuo sobre a importância da memória histórica e da resistência ao negacionismo, elementos fundamentais para a construção de uma sociedade mais informada e consciente de seu passado. Ainda que se passe na década de 1940, em um contexto social distinto do atual, se tem atualmente as “Fake News” que é exatamente a estratégia de espalhar desinformação para que o indivíduo chegue à negação. O filme trabalha alguns dos elementos que impulsionam a onda de negacionismo tão presente na chamada era da pós-verdade. O negacionismo costuma ser entendido como o ato de negar-se a acreditar em uma informação estabelecida, como por exemplo, o fato da Ditadura Miliar no Brasil ter acontecido brutalmente, porém para alguns, existe uma negação de que realmente foi horrível e assassinou e perseguiu milhares de inocentes