História Oral - Silvino Ribeiro Rodrigues

Fonte: Wikiversidade

INTRODUÇÃO:[editar | editar código-fonte]

Em um Brasil de pouca ou nenhuma liberdade o povo viveu e sobreviveu de maneira pouco conhecida pela maioria das pessoas jovens que hoje estão em universidades. Nestas memórias terão esta oportunidade de saber através de quem vivenciou a Ditadura. Universitários que lutaram pela liberdade de varias formas cada um com seu ideal.

Que ela não seja esquecida para que não se repita mais.

A DITADURA NO BRASIL[editar | editar código-fonte]

No Brasil, o período de 1971 a 1975 corresponde ao auge da ditadura militar que começou em 1964. Durante esse tempo, o país estava sob controle dos militares, com restrições às liberdades civis, censura à imprensa e repressão política. Foi um período marcado por perseguições políticas, torturas e restrições aos direitos democráticos. A abertura política começaria a ocorrer mais significativamente na segunda metade dos anos 1970, levando à redemocratização do Brasil.

Durante o período da ditadura militar no Brasil (1964-1985), houve movimentos e organizações que lutaram pela libertação dos presos políticos. Diversos grupos de oposição, estudantes, sindicatos, intelectuais e organizações de direitos humanos se mobilizaram para denunciar as prisões arbitrárias e a tortura de presos políticos.

Vladimir Palmeira foi um importante líder estudantil e esteve envolvido na liderança da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 1968. Ele desempenhou um papel significativo na organização da Passeata dos Cem Mil no Rio de Janeiro, um dos eventos emblemáticos do movimento estudantil durante o período da ditadura militar no Brasil. A passeata ocorreu em 26 de junho de 1968 e foi uma manifestação contra a repressão do regime militar e em defesa da democracia e dos direitos civis. Vladimir Palmeira e outros líderes estudantis desempenharam um papel fundamental na mobilização desse evento histórico.

Além disso, alguns países estrangeiros e organizações internacionais também pressionaram o governo brasileiro a respeitar os direitos humanos e liberar os presos políticos. Essa pressão desempenhou um papel importante na conscientização global sobre a situação no Brasil.

Foi somente com o processo de abertura política na segunda metade da década de 1970 e a pressão pública crescente que o governo começou a liberar alguns presos políticos e a relaxar as restrições políticas. No entanto, a libertação completa dos presos políticos e o fim da ditadura militar só ocorreram em meados da década de 1980, com a redemocratização do país.

A manifestação de maio de 1968 na França foi um movimento estudantil e operário que teve um impacto significativo não apenas na França, mas também em outros países, incluindo o Brasil. Aqui estão algumas das conexões e repercussões desse evento:

1. *Inspiração para Movimentos Globais:* Os protestos de maio de 1968 em Paris inspiraram movimentos estudantis e de contracultura em todo o mundo. O espírito de rebeldia e a busca por liberdade individual e participação política influenciaram jovens em muitos países.

2. *Brasil:* No Brasil, a influência dos eventos de maio de 1968 também foi sentida. O movimento estudantil e as manifestações contra a ditadura militar que estava em curso desde 1964 foram inspirados por esse espírito contestador. As universidades brasileiras foram locais de agitação, e os estudantes brasileiros pediram reformas educacionais e se engajaram em protestos contra o regime autoritário.

3. *Conexão Global:* Além do Brasil, países como os Estados Unidos, México, Alemanha, Itália e muitos outros testemunharam protestos e movimentos influenciados pelo espírito de 1968. O movimento hippie, a defesa dos direitos civis, a luta contra a Guerra do Vietnã e outras causas encontraram eco global.

4. *Impacto Cultural e Político:* O movimento de 1968 teve um impacto duradouro nas questões sociais, culturais e políticas. Ele desafiou convenções, levou à discussão de temas como igualdade de gênero, liberdade de expressão e direitos civis, e contribuiu para mudanças significativas em muitos países.

Em resumo, os eventos de maio de 1968 na França desencadearam uma onda de ativismo e questionamento em todo o mundo, influenciando movimentos estudantis, sociais e políticos em vários países, incluindo o Brasil. Eles desempenharam um papel importante na configuração das lutas e aspirações da década de 1960 e além.


O AI-5, ou Ato Institucional Número 5, foi um dos atos institucionais mais severos do regime militar brasileiro que vigorou de 1964 a 1985. O AI-5 foi promulgado em 13 de dezembro de 1968 e marcou um endurecimento substancial do regime. Aqui estão alguns dos principais aspectos do AI-5:

1. *Suspensão de Garantias Constitucionais:* O AI-5 suspendeu várias garantias constitucionais, incluindo o habeas corpus para crimes políticos. Isso significava que o governo tinha amplos poderes para prender e detiver qualquer pessoa suspeita de atividades políticas contrárias ao regime, sem a necessidade de justificação legal.

2. *Censura e Controle da Imprensa:* O ato permitiu uma ampla censura à imprensa e aos meios de comunicação. Muitas publicações foram fechadas ou sofreram intervenções do governo, restringindo severamente a liberdade de expressão.

3. *Poderes Excepcionais:* O AI-5 conferiu ao presidente da República o poder de fechar o Congresso Nacional e as Assembleias Legislativas estaduais, além de intervir nos estados e municípios. Isso centralizou ainda mais o poder nas mãos do governo central.

4. *Repressão e Perseguição:* O AI-5 marcou o início de uma fase mais intensa de repressão política no Brasil. Houve prisões arbitrárias, torturas e perseguições a opositores do regime, incluindo estudantes, ativistas políticos e artistas.

O AI-5 é considerado um dos pontos mais sombrios da história do Brasil sob o regime militar. Ele representou um período de aumento da repressão, censura e violações dos direitos humanos. O ato só foi revogado em 1978, mas o regime militar continuou até 1985, quando o país finalmente voltou à democracia.

Durante os regimes de ditadura em vários países, incluindo o Brasil, ocorreram inúmeras invasões a faculdades e jornais, geralmente como parte de um esforço para silenciar a oposição e controlar a disseminação de informações críticas ao governo.

No Brasil, por exemplo, durante a ditadura militar que ocorreu de 1964 a 1985, houve várias invasões de universidades e faculdades por parte das autoridades militares. As instituições de ensino superior eram vistas como locais de agitação política, e os militares buscavam reprimir o ativismo estudantil. Muitos estudantes e professores foram presos, perseguidos ou forçados ao exílio.

Jornais e meios de comunicação independentes também eram alvos frequentes durante a ditadura. Os jornalistas enfrentavam censura rigorosa e muitos veículos de imprensa foram invadidos e controlados pelo governo ou mesmo fechados. Isso tinha como objetivo limitar a liberdade de imprensa e garantir que apenas a narrativa oficial do regime fosse divulgada.

Essas invasões representaram graves violações dos direitos humanos e da liberdade de expressão. No entanto, muitos grupos e indivíduos lutaram corajosamente contra a censura e a repressão, contribuindo para a eventual restauração da democracia em seus países.

A intervenção da cavalaria em manifestações é uma prática policial que pode variar de acordo com o contexto e as táticas de controle de multidão adotadas pelas autoridades. A cavalaria é frequentemente usada em manifestações para controlar e dispersar multidões, geralmente quando a situação se torna caótica, violenta ou quando a polícia acredita que a mobilização representa uma ameaça à ordem pública. Aqui estão algumas coisas que podem ocorrer nas manifestações com a interferência da cavalaria:

1. Contenção de multidões: A cavalaria é usada para formar barreiras físicas entre os manifestantes, com o objetivo de evitar que se aproximem de áreas sensíveis, como prédios governamentais, instituições financeiras ou locais de grande importância.

2. Dispersão de manifestantes: A cavalaria pode ser usada para avançar sobre a multidão a fim de dispersá-la. Os cavalos são usados para criar um espaço entre a polícia montada e os manifestantes, incentivando as pessoas a se afastarem.

3. Controle de tumultos: Em situações de tumulto ou confronto, a cavalaria pode ser usada para restaurar a ordem e separar grupos em confronto. Isso é feito para evitar confrontos diretos entre manifestantes e a polícia.

4. Intimidação: A presença da cavalaria, com seus cavalos imponentes, pode servir como um elemento de intimidação para desencorajar ações violentas por parte dos manifestantes.

No entanto, o uso da cavalaria em manifestações também pode ser controverso. Pode resultar em confrontos, lesões e críticas sobre o uso de força excessiva. Muitas vezes, é importante garantir que as táticas de controle de multidão respeitem os direitos civis e a liberdade de expressão dos manifestantes, evitando o uso excessivo de força.

O BRASIL E SEU COMEÇO DE TIRANIA[editar | editar código-fonte]

Durante o período da ditadura militar no Brasil, que teve início em 1964 e se estendeu até 1985, ocorreram inúmeras invasões a faculdades e universidades como parte da estratégia do governo militar para reprimir a oposição política e controlar o ambiente acadêmico. Essas invasões tiveram várias motivações e impactos, e aqui estão alguns aspectos relevantes:

1. Controle da atividade estudantil: O governo militar via os câmpus universitários como locais de agitação política, onde estudantes muitas vezes se organizavam em movimentos de resistência contra o regime. As autoridades militares buscavam controlar e reprimir essa atividade estudantil, muitas vezes invadindo câmpus universitários.

2. Prisões e perseguições: Durante as invasões, estudantes, professores e funcionários universitários eram frequentemente presos, detidos ou interrogados. Isso tinha como objetivo silenciar vozes dissidentes e evitar que atividades políticas anti-regime fossem organizadas no ambiente acadêmico.

3. Censura e controle do ensino: As autoridades militares também buscavam controlar o currículo e a pesquisa acadêmica. Muitas vezes, impunham restrições à liberdade de cátedra, forçando professores a aderir à linha oficial do governo em suas atividades acadêmicas.

4. Repressão à liberdade de expressão: A censura era comum em jornais universitários, e muitas publicações estudantis foram fechadas ou controladas pelas autoridades militares. Isso limitava a liberdade de expressão no ambiente acadêmico.

5. Fechamento de instituições de ensino: Em alguns casos, instituições de ensino foram fechadas, e seus professores e alunos foram transferidos ou forçados ao exílio. Isso teve um impacto negativo na pesquisa e no desenvolvimento do conhecimento no Brasil.

6. Resistência estudantil: Apesar das dificuldades e da repressão, muitos estudantes e professores continuaram a resistir ao regime, organizando movimentos de oposição, protestos e atividades políticas clandestinas.

Após a redemocratização do Brasil em meados da década de 1980, a sociedade brasileira passou por um processo de reconciliação e revisão da história, com esforços para garantir que os abusos dos direitos humanos cometidos durante a ditadura fossem reconhecidos e investigados. As invasões a faculdades durante a ditadura representam um capítulo importante dessa história, e o país continua a lidar com as consequências desse período em busca de justiça e memória.

O período da ditadura militar no Brasil, que se estendeu de 1964 a 1985, representa um capítulo sombrio da história do país. Algumas conclusões importantes sobre esse período incluem:

1. Violações dos direitos humanos: Durante a ditadura, houve graves violações dos direitos humanos, incluindo prisões arbitrárias, tortura, desaparecimentos forçados e assassinatos de opositores políticos. Muitas famílias ainda buscam justiça e a identificação dos restos mortais de entes queridos desaparecidos.

2. Censura e repressão: A censura à imprensa, a perseguição política e a repressão à liberdade de expressão foram uma marca registrada desse período. Muitos jornais, revistas, rádios e emissoras de televisão foram controlados ou fechados.

3. Impacto na sociedade: A ditadura deixou um impacto profundo na sociedade brasileira, com divisões políticas que persistem até os dias de hoje. O período gerou traumas que ainda afetam muitas pessoas e famílias.

4. Resistência e luta pela democracia: Durante a ditadura, houve resistência e mobilização por parte de diversos setores da sociedade, incluindo estudantes, artistas, religiosos e sindicatos. Essa resistência desempenhou um papel fundamental na eventual restauração da democracia.

5. Processo de redemocratização: A Constituição de 1988 marcou o fim oficial do regime militar e o início de um processo de redemocratização. Eleições diretas foram retomadas, e o país buscou reconstruir suas instituições democráticas.

6. Comissão da Verdade: Em 2011, o governo brasileiro instituiu a Comissão da Verdade para investigar os crimes e violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura. Isso representou um esforço importante para esclarecer a verdade e a justiça.

Em resumo, a ditadura no Brasil foi um período de repressão política, violência e restrição das liberdades civis. A busca pela verdade, justiça e memória continua a desempenhar um papel significativo na sociedade brasileira, à medida que o país confronta seu passado autoritário e trabalha para construir uma democracia mais sólida e inclusiva.

DECLARAÇÕES PESSOAIS SOBRE A DITADURA[editar | editar código-fonte]

MEMORIAS DA DITADURA POR R.R.M.[editar | editar código-fonte]

Como fiquei sabendo da ditadura.

Primeiro de Abril de 1964 quando eu tinha quatorze anos de idade, a gente ficou sabendo que tinha havido um golpe. Que tinha sido deposto o governo João Goulart e assumido os militares.  Eu já vinha acompanhando isso porque meu pai trazia os jornais todos os dias e eu lia os jornais.  Então vinha sabendo das movimentações sindicais e dos comícios de João Goulart no Rio de Janeiro, enfim, aquela historia toda de que havia uma movimentação para dar o golpe e etc..

E aí, no dia primeiro de abril de 1964 aconteceu. Foi como eu fiquei sabendo que era uma coisa grave. Morava na Marques de Paranaguá um menino de nome Fernandinho que era filho do dentista. E nos brincávamos juntos na rua e o irmão dele era universitário na época e estava fazendo o CPOR. (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva).

E ele nesse dia tinha sido convocado, mas antes de ir ele falou pra nós o seguinte. Olha tomem muito cuidados vejam o que e com quem vocês falam, porque a coisa é perigosa. Bom, a partir daí eu já fiquei pensando, é coisa ruim. E coisa ruim vai acabar com o Brasil e assim por diante. E foi isso, esse rapaz um tempo depois sumiu, foi para Europa, não sei se o pai ou ele tinham algum problema, eu nunca fiquei sabendo. Se foi por militância eu não sei, foi para Europa e eu nunca mais o vi. Bom, a partir daí eu lia os jornais todos os dias. E aqui e ali se vai conversando e assim por diante, e eu também estudava no colégio Marina Cintra ali na consolação, também havia um grupo que ficava conversando discutindo sobre o golpe, mas aí se passaram os anos de 1964, 1965, 1966, 1967. Em 1968 houve aqueles movimentos no mundo inteiro principalmente em Paris, que foi o de Maio, o maiovermelho, onde se deu a revolução. Enfim, deu uma movimentação no mundo inteiro.

"O início das manifestações ocorreu em 2 de maio de 1968, quando os estudantes iniciaram um protesto contra a decisão de realizar a separação dos alojamentos de homens e mulheres em Nanterre (atualmente uma das treze unidades da Universidade de Paris). Os estudantes envolvidos nos protestos foram ameaçados de expulsão pela administração da universidade, e no dia seguinte, novos protestos aconteceram.

A manifestação organizada pelos estudantes no dia 3 de maio de 1968 foi duramente reprimida. A administração da universidade autorizou que a polícia interviesse na situação, e o confronto foi violento. Os relatos afirmam que os policiais incendiavam carros, como estratégia de criar uma imagem negativa do movimento e os estudantes respondiam aos ataques lançando paralelepípedos.

Após isso, os protestos espalharam-se por outras universidades francesas e chegou a locais importantes, como Sorbonne (unidade mais importante da Universidade de Paris). Os protestos tornaram-se cada vez mais violentos e espalharam-se pelas ruas de Paris. Barricadas começaram a ser construídas nas ruas e o número de presos e feridos – fruto da repressão policial – aumentou bastante.

O movimento que se iniciou exclusivamente estudantil alastrou-se para as classes trabalhadoras, que passaram a exigir melhorias nas suas condições de trabalho. Os trabalhadores convocados pelos sindicatos começaram a invadir os seus locais de trabalho e iniciaram uma greve. A mobilização dos trabalhadores na França foi tão grande que os historiadores falam que cerca de dez milhões de trabalhadores aderiram à greve.

Os protestos organizados pelos estudantes também ficaram marcados por frases de ordem que eram pichadas nas paredes das universidades. Frases como “Proibido proibir”, “Deus está morto, Marx está morto e eu mesmo não ando me sentindo muito bem” e “Sejam realistas, peçam o impossível” tornaram-se mundialmente conhecidas."

Em 1968 eu passei a militar mesmo sem entrar na faculdade como estudante, mas vivia na USP, como se fosse um.

E aqui também começou uma guerra entre o Mackenzie e a Filosofia na rua Maria Antonia e a gente ia pra lá.  E a rua Maria Antonia ficava lotada de gente de manhã à noite, uns soltando rojões nos outros e etc... Até que o C.C.C. (Comando de Caça aos Comunistas) começou a usar armas e do Mackenzie atiravam no pessoal da Filosofia e num dos dias, atiram e mataram um conhecido nosso que era o José Guimarães, enfim, foi baleado e não sobreviveu. Nesse dia, o José Dirceu que era o presidente da UEE, estava fazendo um comício quando tudo aconteceu, e fez uma passeata que andou pela cidade toda. No dia seguinte outra passeata e assim por diante até que a repressão veio e desbaratou tudo, o pessoal da Filosofia, uma parte foi presa, outra parte fugiu e ficou meio que clandestino. E ai foram acontecendo coisas, veio o congresso da UNE em Ibiúna em 12 de setembro de 1968 onde cerca de 1000 estudantes foram presos, a maioria também já mais ou menos na clandestinidade, porque não era bem na clandestinidade, mas era quase e ai as passeatas em São Paulo já vinha o Travassos presidente da UNE.  Vinha outro cara (Vladimir Palmeira) do Rio de Janeiro que era muito bom em termos de carisma, agora não consigo lembrar o nome dele e enfim, isso foi acontecendo até que em 1970 o Médici deu uma engrossada e uma repressão violenta começou a matar todo mundo. Houve uma interrupção entre 1971 a 1975.

Eu entrei na USP em 1975, aí comecei a militar e assim por diante e me organizei a partir daí, eu comecei a participar de uma organização política clandestina. E comecei a ter tarefas a fazer e assim por diante. Uma das tarefas que não deu muito resultado, foi minha ida para Marília, era uma tarefa de montar um núcleo na UNESP.

Eu fiz o vestibular e entrei na UNESP e não acabou dando muito resultado porque fiquei também sem apoio.  Enfim, a coisa ficou muito dura e até que eu voltei pra São Paulo, houve um problema com o grupo devido às opiniões divergentes. Eu voltei pra são Paulo e a partir daí minha militância foi interna. Eu era vamos dizer assim, responsável pela gráfica da organização, onde era rodados materiais em uma gráfica comercial aberta ao publico, mas durante as noites nos rodávamos os textos políticos, a revista, os jornais do partido da organização e eu fiquei nisso alguns anos. Aí surgiu o partido que tinha um potencial político que poderia mudar o Brasil, porque ele seduzia o mais humilde dos operários, os analfabetos os semi-analfabetos, até os artistas e intelectuais reconhecidos no mundo, um suposto potencial comprovado com o sucesso de ter elegido pelo voto direto quatro presidentes era a formação do PT. Quando foram formar o PT, um pequeno núcleo dessa nossa organização discutiu e falamos que só entraríamos no PT, se o PT criasse uma imprensa própria, jornais, rádio e televisão para poder levar avante a proposta da revolução.  Não só da revolução, mas da transformação política no País. E não houve acordo e a gente saiu, então a partir daí eu não deixei a militância, e nunca deixei de ser de esquerda, nunca deixei de ser comunista, mas nunca mais tive nenhuma participação tão efetiva. Então é isso, acho que a história evidentemente tem um monte de histórias e variantes, mas sinteticamente é mais ou menos isso.

1968 3 DE OUTUBRO

BATALHA NA MARIA ANTÔNIA ACABA EM MORTE[editar | editar código-fonte]

Alunos do Mackenzie, apoiados pelo CCC, atacam a USP; secundarista morre baleado


Estudantes da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) entram em confronto na Rua Maria Antônia, centro paulistano. O choque teve início por conta de um pedágio cobrado pelos alunos da USP para levantar fundos para o 30° Congresso da UNE. Os estudantes do Mackenzie contavam com apoio do Comando de Caça aos Comunistas (CCC).

A Rua Maria Antônia transformou-se numa verdadeira zona de guerra: a fachada do prédio da USP destruída, com janelas quebradas, sem contar os vários focos de incêndio e dezenas de feridos. Um secundarista, José Guimarães, morreu, atingido por um tiro na cabeça.


Líder estudantil José Dirceu discursa segurando a camisa ensangüentada de José Guimarães, secundarista morto no confronto na Maria Antonia

MFRS DEPOIMENTO[editar | editar código-fonte]

Meu contato com a ditadura foi por volta dos 14 anos em diante. Estudava no Ginásio de Aplicação Sedes Sapientiae da PUC. Como o prédio da faculdade era ao lado da área destinada ao ginásio e havia passagens entre eles, estávamos sempre andando pela faculdade. Utilizávamos inclusive a biblioteca para retirar livros que precisaríamos para fazer trabalhos escolares.

Nessa época tornou-se muito comum a invasão às faculdades e jornais pelos militares e a repressão de movimentos dos chamados subversivos pela cavalaria munida dos seus sabres. Alguns fatos ficaram na minha memória.

A direção da escola costumava dispensar os alunos sempre que era possível antes da entrada dos militares, mas por vezes erámos surpreendidas dentro das dependências. Uma das vezes, estava retirando livros na biblioteca junto com outras meninas para um trabalho e ouvimos o barulho das botas militares descendo as escadas. A surpresa foi de ambos os lados e fomos conduzidas até a saída com as armas cutucando nossas costas. De outra vez, fomos dispensadas e como sempre tínhamos muitos trabalhos, resolvemos nos reunir na casa de uma das alunas para adiantar o que estávamos fazendo. Era preciso passar pela Rua Maria Antonia onde estavam localizadas a faculdade de Filosofia da USP e o Mackenzie. Quando menos esperávamos a cavalaria vinha em nossa direção, mais uma porção de pessoas fugindo, bombas molotov explodindo, os fios de eletricidade pegando fogo... ninguém sabia pra que lado corria. Nesse dia, fui salva por um irmão mais velho que estava voltando do serviço e me viu apavorada. Fiquei com a marca roxa da sanfona da porta de uma loja onde fiquei espremida e meu irmão me protegendo, pelo menos uma semana. Muita gente foi machucada, mas sempre haviam conflitos dessa natureza entre as faculdades naquela rua, onde há poucos dias havia morrido um rapaz que cursava o colegial, se não me engano com um tiro na nuca.

E sempre quando voltávamos às aulas, ficávamos sabendo o que havia acontecido nas invasões... até as freiras sofriam os maus tratos pois tinham residência ali por conta do internato Des Oiseaux e da Congregação de Nossa Senhora. Os relatos eram arrepiantes. Sempre erámos aconselhadas a não falar em qualquer lugar sobre o que acontecia e não confiar em ninguém, por mais amigo que fosse sempre havia a possibilidade de uma denúncia equivocada. Todos sempre estavam falando sobre o AI-5, a LSN, o medo imperava. A maioria das notícias reais vinham de fontes diversas. Os jornais brasileiros que se atreviam a noticiar a verdade estavam sempre sofrendo punições e fechamentos. Os jornalistas eram presos e também os padres, os professores, os estudantes, os artistas, etc. ninguém estava à salvo física ou emocionalmente. Não havia segurança, as casas eram invadidas por motivo diversos e as pessoas eram presas sem saber o porquê. Tive uma arma apontada pra mim apenas por conta de uma bola que as crianças chutaram e bateu num pneu do carro de um policial, que se irritou, invadiu a casa, quebrando portas e vidros aos tiros. Todos viviam aos sobressaltos. Mas o povo era bem informado, os estudantes e trabalhadores se uniam e na escola tínhamos matérias cívicas que nos preparavam pra saber os nossos direitos e deveres patrióticos e de cidadania. Ouvíamos muito sobre as prisões e as torturas praticadas, as mortes e os desaparecimentos, alguns sem explicação alguma para as famílias. Há muito para se saber ainda, apesar de livros e relatos publicados, mesmo para quem viveu naquela época. As gerações atuais não sabem como foi....

Reflexão:[editar | editar código-fonte]

Eu nasci em 1963, ou seja, ate meus vinte poucos anos vivi na Ditadura. Convivi com os dois lados nesse período os militares que nos impunha medo e temor de ir trabalhar estudar ou visitar alguém assim como se divertir o que era raríssimo. E os Revolucionários em geral estudantes, mas avia aqueles que pegavam em armas também.  Da minha infância passando pela adolescência ate chegar à fase adulta vi e vivi a Ditadura.  Espero que as novas gerações jamais passem por tal terror.  Portanto não esqueçam que a Ditadura e perversa e destrói a tudo o que vê.



Referência:


https://brasilescola.uol.com.br/historiag/maio-1968.htm


https://www.folha.uol.com.br/


https://www.historiadomundo.com.br/


https://pt.wikipedia.org/wiki/Wikip%C3%A9dia