Humanidades Digitais/MPG/aula10

Fonte: Wikiversidade

Aula 10: Remix, Mashup e Memes[editar | editar código-fonte]

No cenário contemporâneo, a relação entre emissor e receptor vem cada vez mais sendo alterada, pois com o advento da internet o receptor que antes tinha menos influência no processo de produção da notícia passa a fazer parte do processo comunicacional, podendo interagir com ela ou fazer alterações que podem ressignifica-la. Esse processo foi facilitado pelo rápido desenvolvimento tecnológico que por consequência trouxe um maior acesso às ferramentas de produção pelo público em geral.

Para Machado e Palacios (2007) o processo jornalístico compreende as seguintes etapas: apuração, produção, circulação e consumo. Apesar de parecerem ser lineares, essas fases não ficam estanques esperando que uma seja concluída para que outra seja iniciada, ou seja, por mais que o processo teoricamente seja concluído no consumo da notícia, este pode ser continuado com a recirculação da notícia por parte de seus interagentes que podem comentar e interagir com ela. E muitas vezes, esse processo de recirculação volta aos veículos jornalísticos ao noticiarem que algo “foi bastante discutido” ou “repercutiu” nas redes sociais.

Porém, a recirculação não é uma característica presente apenas nos dias de hoje uma vez que na época em que a imprensa escrita era dominante, depois de ler uma notícia, as pessoas comentavam entre si e a repercussão era feita de forma oral. Os próprios veículos estimulavam a interação com o público através do envio de cartas ou da publicação de artigos de opinião dos leitores. A internet tornou-se um novo ambiente para a ocorrência da interação entre veículo e público, trazendo ferramentas como os campos de comentários ou a função de compartilhar conteúdos em sua página de rede social.

Imagem e Jornalismo[editar | editar código-fonte]

A imagem jornalística se apresenta sob a forma de representação visual, tanto por meio de fotografias como por meio de infográficos. Além disso, apresentam-se na maioria das vezes ancoradas no texto, que apresenta um caráter complementar, nos dizendo o que olhar na imagem.

Na internet, a imagem jornalística pode circular tanto por meios tradicionais, como é o caso de um site de web jornal, quanto pelo público leitor que pode circular a imagem fora de seu contexto original em suas redes sociais, por exemplo, ou podem ser combinadas para gerar novos significados, como é o caso da fotomontagem.

A combinação de elementos na fotomontagem tem por objetivo possibilitar o registro de novos significados e a circulação da imagem ressignificada. Desse modo, no ambiente conectado as imagens podem ser remixadas ou recombinadas fora do seu contexto.

Cibercultura remix e apropriações[editar | editar código-fonte]

O remix pode ser visto como uma forma de colagem e compreendido como um processo criativo em que os elementos são combinados de forma consciente trazendo assim “vínculos culturais, imagéticos e imaginários” (LEÃO, 2012), características que fazem com que o remix possa ser considerado como uma linguagem. Na internet, essa prática é potencializada, gerando a apropriação de imagens pelo público que parte de um conteúdo prévio e acrescenta sua marca para gerar uma nova circulação.

Para Lemos (2005, p.1) a remixagem é o princípio que rege a cibercultura, pois a combinação entre as tecnologias e os processos comunicacionais geradas pela remixagem daria lugar a uma nova reconfiguração cultural, que o autor chama de cibercultura remix. Ainda segundo o autor, a cibercultura se caracteriza por três leis fundadoras que também guiam o processo de remixagem, são elas: “a liberação do pólo da emissão, o princípio de conexão em rede e a reconfiguração de formatos midiáticos e práticas sociais”. Ademais, outro ponto em comum é o processo de apropriação que está na essência da cibercultura, além de estar no cerne do processo de remixagem.

No contexto jornalístico, o remix pode ser encontrado em sites de notícias satíricas, como é o caso do site Sensacionalista que se apropria de elementos reais para produzir conteúdo humorístico.