Humanidades Digitais/lt/aula4

Fonte: Wikiversidade

Literacia Digital[editar | editar código-fonte]

De acordo com Girardi Jr (2017), a Literacia Digital (Digital Literacy) envolve a capacidade de produzir, encontrar, armazenar, processar, recuperar e selecionar informações significativas em meio a um volume astronômico de dados. Tudo isso também depende da capacidade de produzir e decodificar estruturas hipertextuais, desenvolver habilidades com jogos e seus consoles (com suas novas arquiteturas cognitivas) e se comunicar com outras pessoas através de plataformas e dispositivos móveis, por exemplo. Ainda de acordo com o mesmo autor, essa alfabetização digital também pressupõe o domínio de certos códigos, a produção de um discurso específico e a nova prática criativa de edição, remixagem, publicação e compartilhamento das plataformas de produção de conteúdo geradas pelo usuário.

Uma nova esfera pública interconectada[editar | editar código-fonte]

Esse conhecimento é cada vez mais fundamental porque uma importante transformação social e cultural está em curso devido às novas possibilidades trazidas pelas novas tecnologias, que se percebem, por exemplo, nos debates sobre a representação, a organização política e as instituições a partir do ciberespaço. Nota-se o surgimento de uma nova esfera pública interconectada, na qual a possibilidade de anonimato, o livre acesso e a contra-argumentação são algumas das características primordiais.

Neutralidade e anonimato[editar | editar código-fonte]

Sérgio Amadeu

A neutralidade da rede também é um dos princípios fundamentais da internet livre. Segundo Sérgio Amadeu escreveu em 2009, quanto mais importante a rede se tornasse para as corporações e o capitalismo, mais intensa seria a disputa pela alteração da arquitetura da rede, pois as operadoras queriam (e ainda querem) acabar com a neutralidade da rede para ter o direito de precificar de formas diferentes a oferta e o acesso a determinadas aplicações (como as redes P2P).

Poucas corporações detêm o controle da infraestrutura de conexão e elas detêm enorme poder político e econômico- maior que da maioria dos países do mundo. Caso elas consigam quebrar ou flexibilizar a neutralidade da rede, Amadeu acredita que a inovação e a liberdade que caracterizaram até então a história da internet serão as vítimas: “Será impossível inventar um protocolo sem ter as Teles como sócias ou, no mínimo, sem a sua autorização.”

Prédio da Microsoft

Grandes corporações- como a Microsoft, por exemplo, também protagonizam outro debate: a dependência dos formatos de conteúdos que só podem ser visualizados em um produto (como textos escritos no word, salvos em formato .doc). Para lê-lo, sempre será necessário um software compatível com este formato, o que acaba demonstrando um domínio do mercado- pois ditam a evolução dos programas- e aprisionam os seus usuários.

Outro conflito importante que vem acontecendo se refere aos limites de compartilhamento de arquivos digitais: “Seu foco está nas redes P2P, que ultrapassam, há algum tempo, mais de 50% do tráfego da rede mundial de computadores” (BANGEMAN, 2007). O P2P seria o principal meio de disseminação de cópias ilegais de músicas e vídeos- a pirataria. Quem capitaneia a disputa é a RIAA (Recording Industry Association of America), que objetiva fazer acordos com provedores de acesso à rede para bloquear o uso do P2P entre seus usuários. (ANDERSON, 2008).

Nicolas Sarkozy

Nicolas Sarkozy, quando era presidente na França, aprovou uma lei que permitia aos provedores de acesso franceses desconectarem quem utilizasse as redes P2P para compartilhar músicas controladas pelo copyright. Porém, é necessário violar o sigilo da comunicação dos usuários para que os provedores saibam se os arquivos compartilhados pelo protocolo P2P são ou não ilegais- o que é um atentado à privacidade e ao anonimato.

Referências Bibliográficas[editar | editar código-fonte]

Referências Bilbiográficas

GIRARDI JR, Liráucio. "Cultural Techniques" e a Materialidade da Comunicação: contribuições para uma "Digital Literacy". Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cibercultura do XXVI Encontro Anual da Compós, Faculdade Cásper Líbero, São Paulo -SP, 06 a 09 de junho de 2017

FELINTO, Erick. EM BUSCA DO TEMPO PERDIDO :O Sequestro da História na Cibercultura e os Desafios da Teoria da Mídia. Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho “Comunicação e Cibercultura”, do XIX Encontro da Compós, na PUC-RJ, Rio de Janeiro, RJ, em junho de 2010.

MÜLLER, Adalberto. As contribuições da teoria da mídia alemã para o pensamento contemporâneo. Pandaemonium germanicum 13, p. 107-126 2009

SILVEIRA, Sérgio Amadeu. Novas dimensões da política: protocolos e códigos na esfera pública interconectada.Revista de Sociologia e Política vol.17 no.34, 2009

GENTIKOW, Barbara. The role of media in developing literacies and cultural techniques.Nordic Journal of Digital Literacy, vol.4 pp. 35-52, 2015

BUCKINGAM, David. (2006). Defining digital literacy. What young people need to know about digital media. Digital Kompetanse, vol. 1, no. 4: 263–276.