Introdução à Audiologia Básica/Mascaramento Auditivo - Conceitos Iniciais/Compreendendo o fenômeno do mascaramento/script

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Mascaramento é um acontecimento no qual um som deixa de ser percebido quando outro som é apresentado juntamente em intensidade superior, compreende-se então que o mascaramento é um fenômeno psicoacústico por meio do qual o limiar de audibilidade de um som é aumentado na presença de outro som mascarador.[1] Pode-se então afirmar que, a apresentação simultânea de sons diminui a habilidade da orelha em percebê-los. Ou seja, quando um som é apresentado em uma orelha e um segundo som é gradualmente aumentado em intensidade até o primeiro não ser mais percebido, diz-se que o primeiro som foi mascarado pelo segundo. Essa técnica é aplicada na avaliação audiológica, por via aérea ( audiometria tonal liminar e logoaudiometria) e por via óssea, quando há a possibilidade de ocorrer a audição cruzada, que seria quando a orelha não testada responderá para o som apresentado na orelha testada devido a capacidade do crânio de vibrar frente a um estimulo sonoro, ocorrendo assim, a curva sombra. A curva sombra é quando os limiares auditivos obtidos na orelha pior, sem o mascaramento da orelha contra-lateral, podem representar a curva de audição boa, podendo ocorrer no caso de perda auditiva unilateral ou bilateral assimétrica.[2]

Condução translabiríntica -vibração do crânio
Condução translabiríntica -vibração do crânio

Existe uma quantidade mínima de energia necessária para iniciar a vibração do crânio, que varia de acordo com a frequência do som apresentado, então, a energia que atinge a cóclea da orelha não testada é sempre inferior à intensidade apresentada por condução aérea na orelha testada. Essa redução de energia é denominada atenuação interaural.[3]

Frequência(Hz)
125 250 500 1000 2000 4000 8000
Atenuação interaural(dB) 35 40 40 40 45 50 50

Tabela 1: Valores de atenuação sugeridos para cada frequência, para o som apresentado, na utilização do fone TDH39[4]

Frequência(Hz)
125 250 500 1000 2000 3000 4000 6000 8000
Atenuação interaural(dB) 95 85 70 70 70 75 70 70

Tabela 2: Valores de atenuação sugeridos para cada frequência, para o som apresentado, na utilização do fone de inserção[3]

A atenuação interaural na pesquisa de limiares por condução óssea, será zero, com o vibrador posicionado na mastóide, colocando assim o crânio em vibração e ocasionando a sensação das duas cócleas de maneira igual, não havendo perda de energia durante o trajeto do som.[3]

O efeito do mascaramento pode ser produzido por qualquer som, tom puro ou ruído. Na prática clínica, o som utilizado para realizar o mascaramento é o ruído, por ser fácil sua diferenciação dos estímulos testes (tom puro e fala).

Ruído mascarador[editar | editar código-fonte]

Atualmente, há três tipos de ruído mais frequentemente utilizados, ruído branco (White Noise), ruído de faixa estreita (Narrow Band) e ruído de fala (Speech Noise), que se diferenciam não apenas pela eficiência, mas também pela faixa de frequência e nível efetivo:

Ruído branco[editar | editar código-fonte]

É um ruído com uma faixa de frequência ampla, contendo todas as frequências entre 125 e 8000 Hz, essas faixas de frequências são mantidas para o fone de inserção[5] e para o fone TDH 39, a intensidade do ruído decresce a partir de 6kH. A mudança na frequência teste não traz diferença na sensação de frequência do ruído apresentado para o indivíduo.

Ruído de faixa estreita[editar | editar código-fonte]

É um ruído branco filtrado, com a sensação do ruído referente à frequência irá modificar de acordo com a frequência do estímulo teste.

Ruído de Fala[editar | editar código-fonte]

É um tipo de ruído de faixa estreita filtrado que possui, em seu espectro, frequências responsáveis pela inteligibilidade da fala, de 300 a 3000 Hz.  

Referências

  1. «Chapter III: Test Materials for Speech Audiometry». Acta Oto-Laryngologica (sup114): 32–40. Janeiro de 1954. ISSN 0001-6489. doi:10.3109/00016485409121948. Consultado em 7 de agosto de 2023 
  2. Nilsson, Gunnar (janeiro de 1942). «Some aspects of the differential diagnosis of obstructive and neural deafness». Acta Oto-Laryngologica (2): 125–138. ISSN 0001-6489. doi:10.3109/00016484209124159. Consultado em 11 de setembro de 2023 
  3. 3,0 3,1 3,2 Alvarenga F, Kátia; Corteletti, Lilian (2006). O Mascaramento na Avaliação Audiológica - um guia prático. São José dos Campos: Pulso. ISBN 85-89892-35-2
  4. KATZ, J (1994). Handbook of Clinical Audiology 4ªed. ed. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins. ISBN 9781451191639
  5. ROESER, R.J; J.L, CLARK (2000). «Clinical Masking». Audiology Diagnosis. New York: Thieme Medical Publishers. ISBN 9781588905420