Introdução à Audiologia Básica/Sistema Auditivo Periférico/Fisiologia/script

Fonte: Wikiversidade
Figura 1: Desenho esquemático da cóclea desespiralada, sendo observado o caminho de propagação da energia mecânica do som da base ao ápice e do ápice a base, pelas rampas vestibular e timpânica, respectivamente.

Para que o indivíduo tenha a capacidade de ouvir o som, são necessários alguns processos de condução e conversão de energia. A onda sonora que incide no pavilhão auricular é direcionada para o Meato Acústico Externo (MAE), movimentando o tímpano por compressão e descompressão[1]. Tal movimento proporciona o deslocamento da cadeia ossicular na direção da orelha média, caso a onda incidente seja de compressão, ou no sentido contrário, caso seja de descompressão. O limite entre as extremidades da orelha média são a membrana timpânica e a membrana da janela oval, cuja diferença de área, associada a articulação dos ossículos, que funcionam como um sistema de alavanca, proporcionando a condução da onda sonora com uma amplificação por volta de 44 vezes da energia original[2]. Esta amplificação é necessária para a propagação da energia sonora de um meio de baixa impedância (ar), para um meio de alta impedância (líquidos cocleares).

Figura 2: Desenho esquemático do órgão de corti, demostrando as estruturas que o compõe.

A janela oval da orelha média comunica-se com a rampa vestibular da cóclea, desta forma quando a base do estribo se move para dentro, provoca movimentação também para dentro do líquido presente nesta rampa vestibular (perilinfa). Por outro lado, quando o estribo se move para fora, este líquido também tende a se mover para fora. A movimentação do liquido gera uma onda denominada “onda viajante” que percorre a rampa vestibular no sentido ascendente da base ao ápice, onde por meio de um orifício denominado helicotrema, esta energia desce do ápice para a base pela rampa vestibular, que termina na janela redonda na orelha média. A força tangencial do movimento ascendente pela rampa vestibular e descendente pela rampa timpânica, promove a movimentação do órgão de corti na rampa média. A movimentação da endolinfa na rampa média promove o deslocamento da membrana tectória, que por sua característica gelatinosa, mantem os cílios das CCE aderidos a ela. Neste movimento de deslocamento, os cílios das CCE são defletidos, despolarizando a célula e fazendo sinapse com fibras aferentes do nervo auditivo. As CCE tem a função mecânica de amplificação do movimento do órgão de corti, favorecendo com que membrana tectória toque os cílios das CCI para que ocorra que ocorra a despolarização e, consequentemente, o potencial de ação no nervo auditivo para que o impulso elétrico seja encaminhado para o tronco encefálico e córtex auditivo para ser interpretado como som[3].

Figura 3: Desenho esquemático mostrando a despolarização das células ciliadas da audição.

Referências

  1. Heneine, I.F. Biofísica básica. São Paulo: Atheneu. 2000. 391 p.
  2. Menezes PL, Hyppolito MA. Biofísica da Audição e Bases para Audiologia. In: Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM, Frizzo ACF, Scharlach RC, Anastásio ART. Tratado de Audiologia. São Paulo: Santos; 2015. p. 30-41.
  3. Tratado de Fisiologia Médica, Arthur C. Guyton, John E. Hall, 9a ed.- capítulos 51 e 55 (pág. 596-597 e 640-644).