Introdução ao Afrikaans/Introdução
Africâner, africânder ou afrikaans é uma língua do ramo germânico do grupo indo-europeu falada na África do Sul, Namíbia, Botswana e Lesoto. É uma língua falada por cerca de 16 milhões de pessoas.
História
[editar | editar código-fonte]o africâner foi originalmente o dialeto surgido na região do Cabo da Boa Esperança na África do Sul como resultado da interação entre os colonos calvinistas europeus chamados africânderes e a força de trabalho não-européia trazida à região pela Companhia Holandesa das Índias Orientais.
A maioria dos colonos europeus que se estabeleceram no Cabo nos séculos XVII e XVIII provinha dos Países Baixos, mas muitos também eram alemães, com um número considerável ainda de franceses e uns poucos escoceses. A Companhia das Índias Orientais trouxe também para a região vários trabalhadores malaios, indonésios e malgaxes, além de indígenas locais dos povos khoi e san. Uma pesquisa feita por J. A. Heese indica que até 1807, 36,8% dos ancestrais dos falantes de africâner eram de origem neerlandesa, 35% alemã, 14,6% francesa e 7,2% de origem não-européia. O vernáculo da colônia tornou-se conhecido na Europa como holandês do Cabo. Posteriormente, foi chamado também holandês africano. O africâner era considerado um dialeto do neerlandês até o início do século XX, quando começou então a ser reconhecido como uma língua distinta.
O vocabulário do holandês do Cabo divergiu daquele falado nos Países Baixos após absorver palavras usadas pelos colonizadores europeus não-neerlandeses, escravos trazidos do sudeste da Ásia e africanos nativos. Em meados do século XIX, ampliou-se o uso vernacular do africâner quando milhares de pioneiros africânderes, fugindo do domínio britânico da Colônia do Cabo, migraram para as regiões central e norte-oriental da África do Sul onde, após conflitos com os zulus, estabeleceram as repúblicas bôeres independentes de Orange e Transvaal.
No material impresso entre os africânderes, originalmente se utilizou somente o neerlandês padrão europeu, enquanto o africâner propriamente dito era relegado à condição de língua oral apenas. As primeiras gramáticas e dicionários em africâner foram publicados em 1875 na Cidade do Cabo pela Genootskap vir Regte Afrikaanders (Sociedade dos reais africânderes), com o objetivo de fixar um padrão escrito para a língua. Em 1910, as antigas repúblicas bôeres, agora também sob domínio britânico, foram oficialmente incorporadas à União Sul-Africana (junto com as colônias do Natal e do Cabo) e reconheceram-se o inglês e o neerlandês como línguas oficiais do novo país. Em 1925 porém, o governo autônomo sul-africano proclamou o africâner uma língua distinta e elevou-o à condição de idioma oficial substituindo na prática o neerlandês. Pela sua origem histórica, o africâner é lingüisticamente semelhante ao neerlandês do século XVII e, por extensão, ao neerlandês moderno. Outras línguas semelhantes incluem o baixo saxão falado no norte da Alemanha e nos Países Baixos, o próprio alemão padrão e o inglês. Além do vocabulário, a mais sensível diferença entre o africâner e o neerlandês europeu é a sua gramática muito mais regular, que, na opinião da maioria dos lingüistas, é resultado da interferência mútua durante o período de formação do idioma com uma ou mais línguas crioulas faladas por um número relativamente grande de habitantes da Colônia do Cabo cuja língua materna era diferente do neerlandês (khoisan, alemão, francês, malaio, ou diferentes línguas africanas). A chamada "escola africânder" mantém entretanto o ponto de vista alternativo de que a regularização da gramática africâner foi uma evolução natural dos dialetos sul-neerlandeses, minimizando assim o papel exercido pelo contato com outras línguas.
Linguagem do opressor ?
[editar | editar código-fonte]Afrikaans é, às vezes, visto como uma sub-língua devido ao fato de ser encarada como uma linguagem que serviu para promoção do regime de apartheid. Apesar de controvérsias, cerca de metade dos falantes do idioma são de origem negra.
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