Introdução ao Jornalismo Científico/Temas Centrais da Ciência Contemporânea/Atividade/Poleramonique

Fonte: Wikiversidade

Nome da atividade[editar | editar código-fonte]

Esta tarefa é realizada para cumprimento do módulo 4 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.

Atividade[editar | editar código-fonte]

O jornalismo científico envolve finalmente um processo de "tradução". Passamos dos termos próprios ao meio científico, que têm seus próprios jargões, para um outro contexto, mais próximo ao público amplo. A "tradução" torna-se ainda mais complexa quando há também uma adaptação a novos meios, por exemplo do texto científico para o produto audiovisual na comunicação científica.

Entender como a transposição entre essas diferentes linguagens é realizada no campo da divulgação científica é um esforço central na pesquisa sobre a comunicação da ciência. Neste exemplo, são apresentadas as estratégias de construção de duas matérias sobre ciências agrárias.

O exercício proposto aqui envolve justamente uma comparação sobre como foi realizada a comunicação sobre uma mesma produção científica. Para isso, você deverá selecionar uma notícia sobre um tema científico e verificar de que forma ela foi abordada por dois veículos jornalísticos diferentes. Analise tópicos como: o título, o abre, a descrição do método, a realização de entrevistas, o contexto que a notícia oferece. O roteiro abaixo explica como deve ser feito.

Nome de usuário(a)[editar | editar código-fonte]

Poleramonique

Material selecionado[editar | editar código-fonte]

Nesta seção, você deve listar o material selecionado para o exercício:

  • dois produtos jornalísticos, de qualquer meio e de veículos distintos, sobre um mesma tema científico, preferencialmente sobre uma mesma notícia científica; e
  • a publicação científica que deu origem à divulgação científica realizada nos dois produtos jornalísticos selecionados.

Produção científica[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, você precisará ler e descrever a produção científica selecionada. Responda às questões abaixo.

  • Qual a contribuição científica pretendida?
    • Responda aqui: a principal contribuição científica pretendida pelo artigo consiste na descoberta de reprodução assexuada em condores Californianos, nunca observada até então. O que mais chama a atenção dos pesquisadores é o fato de que as fêmeas da espécie que se reproduziram de forma assexuada conviviam com machos e também se reproduzem com eles de forma sexuada. Assim, a principal contribuição pretendida pelos pesquisadores é a de documentar esse fenômeno, que não tem precedentes em aves que tinham a opção de reproduzir-se sexuadamente. O processo é portanto denominado "reprodução assexuada facultativa". Sendo assim, o trabalho tem como objetivo divulgar esse novo fenômeno, bem como discutir as possíveis consequências evolutivas para os condores Californianos.
  • Qual o método científico adotado?
    • Responda aqui: o método utilizado é a análise de "microsatellites" (unidades de repetição de pares de bases do ADN) que são utilizados como marcadores genéticos em estudos de parentesco.
  • Quais são as limitações do método, tais quais apresentadas no artigo?
    • Responda aqui: a análise do sequenciamento genético não é feita por completo nesse tipo de metodologia, isto é, somente uma parte dos genes são analisados. Sendo assim, pode apresentar lacunas e as conclusões podem conter imprecisões.
  • Qual o resultado observado?
    • Responda aqui: Por meio desse sequenciamento, foram encontrados dois condores sem relação genética com nenhum dos machos, e que possuíam material genético igual ao das fêmeas.
  • Qual o impacto deste resultado?
    • Responda aqui: Esse resultado aponta para a conclusão de que as fêmeas condores se reproduziram de forma assexuada, mesmo convivendo com machos da espécie, e já tendo se reproduzido com estes anteriormente. O resultado é impactante porque a espécie é ameaçada de extinção, e tem sido recuperada em cativeiro desde a década de 80, apresentando um crescimento considerável: de uma população de 22 condores em 1982, para 525 em 2019. A reprodução assexuada parece ser, de acordo com os cientistas, uma resposta evolutiva da espécie que em determinado momento quase deixou de existir. No entanto, esse tipo de reprodução prejudica a variabilidade genética, o que é prejudicial para a espécie no tocante à evolução e a sobrevivência à mutações genéticas negativas. Além disso, esse processo nunca foi observado em aves, e é um fenômeno novo na biologia, por isso, seu impacto é de alta relevância na comunidade científica.

Produção jornalística[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, você precisará ler e descrever cada uma das notícias de comunicação científica selecionadas. Responda às questões abaixo.

  • Por que no título (ou abre, no caso de um produto audiovisual) é destacada esta informação?
    • Responda aqui para a comunicação 1: A informação destacada no primeiro título, do jornal El País, diz respeito à reprodução assexuada facultativa. Ela é destacada justamente por ser um fator inusitado, isto é, mesmo que haja proximidade com machos, as fêmeas se reproduzem assexuadamente, o que é um fenômeno inédito.
    • Responda aqui para a comunicação 2: Já o título 2 explicita o ineditismo do fenômeno, o que torna sua relevância mais clara para o leitor. Portanto, a motivação do título é mesma do que a da comunicação 1, e está colocada de forma mais clara.
  • Em que medida o método da pesquisa é descrito?
    • Responda aqui para a comunicação 1: O método é pouco descrito. Há apenas menção de que houve análise comparativa genética, e que o processo foi repetido algumas vezes. No entanto, a metodologia de análise dos "microsatellites" não é citada.
    • Responda aqui para a comunicação 2: O método da pesquisa não é descrito na reportagem da National Geographic.
  • Qual a função das entrevistas, se ocorreram?
    • Responda aqui para a comunicação 1: As entrevistas têm como função, sobretudo, explicar ao leitor o que é a partenogênese e por que ela é prejudicial à espécie e ao processo evolutivo. Além disso, há também uma fonte que explica o que é esse processo: a coatora do estudo ,Cynthia Steiner, traz o cunho explicativo. Outros dois entrevistados são o cientista Jesús Gomes Zurita, do Instituto Botânico de Barcelona, que declara que a "partenogênese é um erro biológico que não deveria acontecer". Além disso, é entrevistado também o professor de herpetologia (estudo de anfíbios e répteis) da Universidade de Valência, o cientista Enrique Font, que vai no mesmo caminho de Zurita, declarando que o processo é uma "aberração".
    • Responda aqui para a comunicação 2: As entrevistas trazem um tom de fascínio e/ou curiosidade em relação ao fenômeno observado, dando espaço para a discussão dos motivos que levaram ao fenômeno. Entre as fontes do trabalho está o professor Oliver Ryder, coautor do trabalho, que declara ao veículo não saber os motivos exatos que levaram á reprodução assexuada de condores, mas que espera que o fenômeno possa ser observado novamente. Além disso, a reportagem entrevista também a microbiologista da Universidade do Mississipi, Reshma Ramachandran, que levanta algumas hipóteses para a ocorrência da partenogênese, entre elas o risco de extinção pelo qual a espécie passa ainda hoje, apesar do trabalho de recuperação feito desde a década de 80.
  • Em que medida alguns resultados são destacados e outros, não?
    • Responda aqui para a comunicação 1: Na reportagem do El País, o resultado encontrado a respeito da partenogênese é o foco, assim como no artigo científico. Na reportagem, há inclusive uma parte do texto destinada à explicação do que é partenogênese, e quando foi observada pela primeira vez. No entanto, enquanto no artigo há um debate a respeito das causas e implicações desse fenômeno, a reportagem foca sobretudo na perspectiva de que a reprodução assexuada é uma anomalia.
    • Responda aqui para a comunicação 2: O resultado mais importante aqui também é o da partenogênese. Entretanto, se destaca o ineditismo do fenômeno observado, e não o fato de ser uma espécie de aberração, como no caso do El País. Há muito mais destaque para o fato científico em si e o quanto era inesperado e requer mais tempo e discussão para ser compreendido de forma sólida.
  • Em que medida a notícia oferece um contexto suficiente para a compreensão da produção científica?
    • Responda aqui para a comunicação 1: A reportagem contextualiza o leitor de forma suficiente, porém há lacunas. Apesar de haver alguns parágrafos explicando que a espécie estava em extinção e foi colocada em cativeiro a fim de se reproduzir, não há menção de como os cientistas obtiveram os dados genéticos para a análise do sequenciamento. Sendo assim, conclui-se que há uma divulgação sólida dos resultados, porém não dos processos que foram realizados para atingi-los.
    • Responda aqui para a comunicação 2: A reportagem também contextualiza o leitor de forma suficiente. Há parágrafos explicando o que representa o fenômeno observado, bem como uma explicação a respeito do que pode ter levado a isso, por meio do histórico da espécie nas últimas décadas. Entretanto, aqui a falha a respeito da divulgação do processo metodológico é ainda mais evidente pois não há menção alguma a respeito de como foram feitos os estudos.

Análise[editar | editar código-fonte]

Para esta etapa, você precisará fazer um texto de até 2.000 caracteres comparando as estratégias de tradução intersemiótica realizadas pelas duas notícias. O que queremos saber finalmente é em que medida conseguiram comunicar adequadamente o resultado e o processo da ciência. Você pode também indicar exemplos positivos e negativos da prática de comunicação realizada.

Escreva aqui sua resposta: As duas reportagens exploram satisfatoriamente o principal fenômeno observado pelos cientistas no artigo, que é a partenogênese presente em condores californianos, espécie ameaçada de extinção. Entretanto, é possível dizer que a matéria do El País é de cunho mais sensacionalista do que aquela produzida pela National Geographic.

Isso porque o artigo não propõe, necessariamente, que se passa de uma “aberração” genética. Na realidade, na sessão “Discussão”, que está colocada após a divulgação dos resultados, os cientistas levantam hipóteses dos motivos que podem ter levado a esse fenômeno, mas este não é colocado necessariamente como alarmante ou de extrema gravidade assim como transposto pelo El País. É notável, por exemplo, que as fontes escolhidas pelo jornal que não têm relação direta com o trabalho estão ali para defender uma perspectiva mais fatalista sobre a descoberta.

Por sua vez, a National Geographic traz um trabalho que se volta mais para o fascínio e curiosidade com relação ao assunto, trazendo no corpo do texto uma tradução intersemiótica das possíveis hipóteses levantadas no tópico “Discussão” do artigo. As fontes escolhidas também induzem o leitor a compreender o ineditismo do fenômeno.

Sendo assim, nota-se que as respectivas construções textuais são coerentes com as linhas editoriais dos veículos, uma vez que o jornal El País é tradicionalmente um jornal, que assim como outros veículos, focaliza no apelo à acontecimentos alarmantes, inusitados, e que podem ter consequências sociais no futuro. Já a National Geographic, por outro lado, tem tradição na área de divulgação científica.

Referências