Introdução ao Jornalismo Científico/Temas Centrais da Ciência Contemporânea/Atividade/Sallescarolina
Nome da atividade
[editar | editar código-fonte]Esta tarefa é realizada para cumprimento do módulo 4 do curso de Introdução ao Jornalismo Científico. Tome cuidado de estar logado na Wikiversidade. Se não estiver logado, não será possível verificar o trabalho.
Atividade
[editar | editar código-fonte]O jornalismo científico envolve finalmente um processo de tradução. Passamos dos signos próprios ao meio científico, que tem seus próprios e jargões, para um outro sistema de signos, mais próximo ao público amplo. A tradução torna-se ainda mais complexa quando há também uma adaptação a novos meios, por exemplo do texto científico para o produto audiovisual na comunicação científica.
Entender como a tradução intersemiótica é realizada no campo da divulgação científica é um esforço central na pesquisa sobre a comunicação da ciência. Neste exemplo, são apresentadas as estratégias de construção de duas matérias sobre ciências agrárias.
O exercício proposto aqui envolve justamente uma comparação sobre como foi realizada a comunicação sobre uma mesma produção científica. Para isso, você deverá selecionar uma notícia sobre um tema científico e verificar de que forma ela foi abordada por dois veículos jornalísticos diferentes. Analise tópicos como: o título, o abre, a descrição do método, a realização de entrevistas, o contexto que a notícia oferece. O roteiro abaixo explica como deve ser feito.
Nome de usuário(a)
[editar | editar código-fonte]Sallescarolina
Material selecionado
[editar | editar código-fonte]Nesta seção, você deve listar o material selecionado para o exercício:
- dois produtos jornalísticos, de qualquer meio e de veículos distintos, sobre um mesma tema científico, preferencialmente sobre uma mesma notícia científica; e
- a publicação científica que deu origem à divulgação científica realizada nos dois produtos jornalísticos selecionados.
- Título e link da notícia 1: Mitochondrial Dysfunction Enough to Cause Parkinson’s in Micehttps://parkinsonsnewstoday.com/2021/11/18/mitochondrial-dysfunction-cause-parkinsons-mice/?cn-reloaded=1
- Título e link da notícia 2:Identificação de uma das causas do Parkinson abre caminho a novos tratamentos https://brasil.elpais.com/sociedade/2021-11-03/identificacao-de-uma-das-causas-do-parkinson-abre-caminho-a-novos-tratamentos.html
- Título e link da produção científica: Disruption of mitochondrial complex I induces progressive parkinsonism file:///C:/Users/User/Downloads/s41586-021-04059-0.pdf
Produção científica
[editar | editar código-fonte]Para esta etapa, você precisará ler e descrever a produção científica selecionada. Responda às questões abaixo.
- Qual a contribuição científica pretendida?
- Responda aqui: Compreender a fisiopatologia da doença, detalhando como aconteceria a deterioração das mitocôndrias celulares. Esse fato já era bem descrito na literatura científica, mas os meandros dessa deterioração não eram bem conhecidos, pois não se sabia exatamente se seria uma causa ou consequência da doença.
- Qual o método científico adotado?
- Responda aqui: Foi feito um estudo experimental usando ratos, com a deleção de um gene nas células dopaminérgicas, a partir de um mecanismo de engenharia genética.
- Quais são as limitações do método, tais quais apresentadas no artigo?
- Responda aqui:A metodologia do estudo foi muito bem detalhada, mas de difícil entendimento para quem não tem formação na área. Não consegui encontrar uma menção explícita, fazendo a ressalva óbvia que por questões éticas todos os procedimentos citados só poderiam ser feitos em animais.
- Qual o resultado realizado?
- Responda aqui: O estudo aponta que a disfunção mitocondrial nos neurônios dopaminérgicos é suficiente para desencadear uma perda progressiva funcional e responsiva à levodopa, que aconteceria primeiro nos axônios, mas que afetaria também, em um momento posterior, o "soma", corpo celular, momento em que os sintomas relacionados a alterações motoras grossas, característicos da doença nos humanos, surgiriam nos ratos. O fato de existir uma perda gradual e não a morte celular ajudaria a entender a plasticidade desse tipo de neurônio e abriria novas possibilidades terapêuticas.
- Qual o impacto deste resultado?
- Responda aqui: Hoje os tratamentos disponíveis atuam na sintomatologia do Parkinson, sendo que uma melhor compreensão das causas da doença ampliaria as possibilidades terapêuticas.
Produção jornalística
[editar | editar código-fonte]Para esta etapa, você precisará ler e descrever cada uma das notícias de comunicação científica selecionadas. Responda às questões abaixo.
- Por que no título (ou abre, no caso de um produto audiovisual) é destacada esta informação?
- Responda aqui para a comunicação 1: o título do artigo cita o resultado da pesquisa de forma explícita sem fazer menção às potenciais consequências ou desdobramentos implicados na descoberta.
- Responda aqui para a comunicação 2: o título não explicita o principal relustrado da pesquisa, mas aponta a elucidação de uma das causas, ressaltando que o detalhamento dessa causa poderia resultar em mais possibilidades terapêuticas,
- Em que medida o método da pesquisa é descrito?
- Responda aqui para a comunicação 1: o método da pesquisa é descrito de maneira superficial, porém permite a compreensão dos fatos. Cita-se a deleção do gene e a observação dos comportamentos do rato ao longo do tempo, avaliando-se habilidades motoras finas e grossas, bem como a capacidade de aprender/memorizar, além de pontuar que foram analisadas as mudanças cerebrais ao longo do processo. A comparação com ratos saudáveis também é citada quando se aponta que as alterações motoras em relação ao grupo-controle aconteceram com o avanço dos dias e não em um momento inicial.
- Responda aqui para a comunicação 2: o método da pesquisa também é descrito de um modo breve, porém chama a atenção uma aspas da pesquisadora sobre metodologia: "A cientista acrescenta que “a ausência de um modelo adequado para testar essa hipótese gerou confusão no campo do Parkinson, sem saber se os defeitos do complexo mitocondrial 1 eram causa ou consequência da doença”. A pesquisa liderada por Rodríguez-González o demonstra pela primeira vez e identifica que a disfunção nessa área do cérebro é causa". Porém, ficamos sem saber o que seria um modelo adequado e porque os existentes até então não cumpriam essa função. Outro trecho que chama a atenção é "Os estudos do cérebro de falecidos identificaram a presença da morte neuronal na substância negra do cérebro, o principal centro produtor de dopamina". Quando li "falecidos", imaginei mortos humanos, enquanto o artigo cita que foram animais. Por fim, nessa questão metodológica, nenhum dos textos explica o porquê da escolha desse gene em detrimento de tantos outros. Vale pontuar, por fim, que um comentário ao artigo original elogia o desenho metodológico descrito.
- Qual a função das entrevistas, se ocorreram?
- Responda aqui para a comunicação 1: Esse texto é um artigo em que não há entrevistas, embora seja de fácil compreensão e a descrição de termos técnicos seja bem eficiente, mesmo em inglês, o que chamou a minha atenção. Há uma aspas da cientista responsável, porém retirada de um press-release, enaltecendo o resultado da pesquisa.
- Responda aqui para a comunicação 2: As perguntas não só explicam o que acontece no cérebro na doença de Parkinson, como exploram os principais resultados da pesquisa. Nesse sentido, buscam compreender até que ponto os resultados corroboraram aspectos já sabidos da doença ou de que forma lançaram luz sobre aspectos obscuros, questionando ou quebrando paradigmas. As entrevistas também apontam para eventuais desdobramentos em relação à pesquisa, como o prosseguimento de testes em humanos. Além disso, é interessante pontuar que a apresentação de aspas de cientistas não vinculados à pesquisa conferem um olhar crítico ao estudo, embora a maneira com que são apresentadas podem gerar confusão para um leitor não familiarizado com os meandros da divulgação científica entre pares: afinal, houve ou não houve uma entrevista com essas pessoas? Faço esse questionamento porque nem todos estão familiarizados com o fato de que as revistas científicas publicam comentários de terceiros sobre o material previamente publicados.
- Em que medida alguns resultados são destacados e outros, não?
- Responda aqui para a comunicação 1: Comecei a leitura pelos artigo e pela matéria, ou seja, meu primeiro acesso ao conteúdo já veio, de alguma forma, "traduzido". O primeiro texto é bem curto. Ainda assim, a autora dedica 7 parágrafos para descrever os achados ou enumerar hipóteses que precisam ser exploradas e o faz de maneira objetiva e de forma compreensível, começando a descrever os achados pela importância em entender que a deterioração mitocondrial seria uma causa da doença. Vale pontuar que o artigo cita nominalmente o paper e dá o link para o leitor que queira acessar a fonte original, enquanto a matéria jornalística não o faz.
- Responda aqui para a comunicação 2: A matéria também é bem clara ao detalhar os resultados, embora essa apresentação seja menos linear na construção do texto. Talvez fosse interessante detalhar mais que outras pesquisas poderiam ser feitas a partir desses achados, considerando-se que o artigo apresenta muitas hipóteses sobre os resultados, que muitas vezes não condizem com o raciocínio binário do jornalista que precisa de resultados eficientes ou ineficientes para, inclusive, "vender" a matéria ao editor.
- Em que medida a notícia oferece um contexto suficiente para a compreensão da produção científica?
- Responda aqui para a comunicação 1: O primeiro aspecto a ser pontuado é que esse artigo foi publicado em um site de notícias especializado em Parkinson, embora, pelo teor do texto, não seja direcionado a especialistas. Nesse contexto, não houve a preocupação em apresentar estatísticas sobre a doença, nem em conceituá-la, por exemplo, já que, ao navegar pelo site, outros espaços têm essa proposta mais educativa e de orientação. Também não houve interesse em fazer um contraponto com outros achados científicos, sendo que o processo de pesquisa foi pouco abordado, ainda que os resultados tenham sido esclarecidos. Por fim, um detalhe interessante é a produção apresentação da autora, que traz não só a sua trajetória acadêmica, mas também preferências pessoais dela.
- Responda aqui para a comunicação 2: A matéria foi publicada na versão online de um periódico de notícias, ganhando bastante destaque, o que provavelmente tem relação com a origem espanhola dos pesquisadores e também do veículo, bem como o prestígio de ser publicado pela Nature. O texto traz como diferencial uma apresentação mais extensa dos pesquisadores principais, resumindo parte da trajetória percorrida por eles, o que é um ponto positivo a ser destacado, incluindo a informação de que trabalham numa universidade americana, o que implicitamente aborda a questão da exportação de "cérebros" para centros de referência em pesquisa . Também existiu uma preocupação em explicar, de imediato, porque o Parkinson merece destaque em termos de prevalência. De alguma forma, também buscou-se situar os achados da pesquisa em relação ao que já se sabe, mas seria exagero dizer que o processo científico ficou em primeiro plano.
Análise
[editar | editar código-fonte]Para esta etapa, você precisará fazer um texto de até 2.000 caracteres comparando as estratégias de tradução intersemiótica realizadas pelas duas notícias. O que queremos saber finalmente é em que medida conseguiram comunicar adequadamente o resultado e o processo da ciência. Você pode também indicar exemplos positivos e negativos da prática de comunicação realizada.
Como tornar o que é estranho familiar? Como comunicar a complexidade de uma pesquisa sobre uma doença sem ser simplório? Os dois exemplos trazidos para análise são bem distintos: o primeiro deles (artigo em inglês) lança mão de uma série de metáforas ou explicações pontuais para apresentar conceitos como neurônios, mitocôndrias, levodopa, construindo um texto em que as informações básicas sobre a pesquisa são compreendidas e podem ser sintetizadas sem dificuldade. Ainda assim, não apresenta os revezes, não explicita os possíveis vieses metodológicos, nem mesmo situa essa pesquisa em relação às demais pesquisas nessa linha de investigação.
O segundo material dá um rosto e voz ao pesquisador, literalmente. Já busca colocar em perspectiva os resultados alcançados, localizando e comparando, minimamente, quão relevante é tal pesquisa no universo em que está inserida. Porém, é preciso destacar que alguns termos importantes não são explicados ao leitor. Um ponto positivo é a inclusão de outros cientistas para apresentar contrapontos ao que foi publicado. Ao pensar no processo de produção da ciência, poderia ter sido explorado até que ponto uma pesquisa com animais pode ser parâmetro para a complexidade do comportamento humano. Ou, a partir desses dados, que passos devem ser percorridos até que uma pesquisa experimental possa virar uma nova terapia, quando isso acontece. Outro ponto seria compreender, a partir da trajetória pessoal dos pesquisadores ou da instituição em que estão alocados, como essa questão de pesquisa ganhou corpo.
Em nenhum dos dois materiais, a metodologia ganhou muito espaço. Nem mesmo o porquê de se escolher esse gene específico foi explicado. Em nenhum deles, as hipóteses levantadas pelo artigo foram muito exploradas ou novas perguntas evidenciadas, como se a produção de conhecimento fosse estanque. Evidentemente, tudo isso exige tempo e um posicionamento crítico por parte do jornalista. É interessante pontuar que, mesmo conhecendo minimamente alguns processos da produção do conhecimento, me perguntei: qual o peso dessa pesquisa diante de todas as pesquisas recentes produzidas para compreender a causa do Parkinson? O quanto ela poderia nos aproximar de tratamentos mais eficazes? Em uma pesquisa informal no site da própria Nature – considerando-se os últimos 5 anos e artigos categorizados como “pesquisas”, “revisões” e “correspondências” – foram encontrados 6.567 resultados com a palavra-chave “Parkinson”. Nesse ponto, dar voz a um especialista extremamente familiarizado com o tema é uma saída, que não isenta o jornalista de se aprofundar, mas permite apresentar um panorama do assunto, consolidando o caminho de investigação percorrido.