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Laboratório de Conservação e Restauro de Documentos (LabDoc-UFRRJ)/03

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Laboratório de Conservação e Restauro de Documentos (LabDoc-UFRRJ)

Técnicas de Conservação[editar | editar código-fonte]

Após análises iniciais acerca de agentes externos e a realização de higienização das plantas, é imprescindível também que haja os devidos cuidados quanto ao acondicionamento correto dos documentos, e para isso, os itens passam por mais etapas de organização e conservação: planificação, catalogação, nova embalagem, acondicionamento e digitalização.

  1. Planificação: O procedimento de planificação envolve a remoção de rugas e marcas indesejadas do papel. Nesse processo, a planta arquitetônica é posicionada entre folhas de papel mata-borrão e submetida a uma pressão por pesos por um período de 24 horas. Se essa etapa não for eficaz o bastante, procede-se à aplicação de água deionizada por meio de um borrifador, seguida de um tempo de repouso de dez minutos, repetindo-se o processo três vezes, se necessário.
  2. Catalogação: Com relação à catalogação, optou-se pela preservação da numeração original das plantas, localizada nas bordas e carimbos, juntamente com uma nova, atribuída para o Banco de Dados do Centro de Memória (BDCM). Foram incluídas nas planilhas de catalogação e nas etiquetas afixadas nos envelopes de papel com pH neutro, destinados ao acondicionamento, duas numerações distintas, juntamente com informações sobre os desenhos e sua autoria. Apenas ficou em branco, provisoriamente, a coluna concernente à localização do original, pelos motivos acima expostos.
  3. Nova embalagem: Para acondicionar as plantas, optou-se por utilizar pastas em cruz confeccionadas com papel filiset neutro, acompanhadas de uma base protetora abaixo e acima, com o propósito de evitar qualquer contato com outros documentos. O papel escolhido é do tipo acid-free, caracterizado por sua alcalinidade e produção livre do processo convencional de colagem ácida. O agente de colagem empregado é de natureza sintética e é processado em meio neutro, excluindo o uso de sulfato de alumínio em sua fabricação. Tal escolha visa evitar resíduos que possam liberar ácido sulfúrico, prejudicial às fibras de celulose, causando danos aos documentos. Este papel demonstra uma durabilidade significativa, sendo resistente a fungos e à proliferação de bactérias, tornando-o ideal para a restauração e recuperação de documentos e certificados. O principal objetivo é preservar as características intrínsecas dos documentos, como sua originalidade e autenticidade. A seleção adequada do local de armazenamento das plantas é crucial, foram preparadas caixas individuais para cada planta, personalizadas e organizadas por temas específicos e posteriormente armazenadas em mapotecas. Preservou-se o número de registros existentes antes da intervenção, documentado em uma lista para consulta.
  4. Ficha de registro: A ficha de Registro é um documento que contém detalhes acerca do processo completo de conservação e restauro do documento, incluindo testes, análises patologias, e as propostas de tratamento. Ela atua como a memória do documento, sendo capaz de documentar e comunicar ao pesquisador ou restaurador os processos de conservação pelos quais o documento foi submetido e quais ainda devem passar. A ficha é composta por campos específicos que abrangem dados desde o momento do registro e sua localização, passando pelos exames realizados, patologias identificadas, até os tratamentos já implementados e os planejados para o futuro.
  5. Digitalização: Após uma análise mais detalhada do acervo documental, foi identificada a presença de diversas plantas de detalhes arquitetônicos, ornatos e mobiliário em dimensões inferiores ao formato A3. Diante disso, e considerando o estado razoável de conservação de alguns desses documentos, optou-se por realizar a digitalização utilizando um scanner A3. No que diz respeito às plantas de maior formato, devido ao precário estado de conservação, especialmente aquelas em suportes frágeis de papel manteiga, a escolha foi não empregar um scanner de tração. Esse procedimento demandaria a estabilização e restauração prévia dos suportes, uma etapa ainda não concluída. Nesse contexto, a digitalização está sendo conduzida por meio de fotografia digital, utilizando uma câmera profissional acoplada a um suporte desenvolvido pelo Professor Delson de Lima Filho, fabricado no próprio Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU).  O suporte, de custo reduzido, teve muitas de suas peças produzidas por meio de uma impressora 3D de propriedade do professor. Flexível em sua montagem, pode ser utilizado tanto na posição vertical quanto horizontal. Por meio de uma leve e contínua sucção, realizada por uma pequena bomba de vácuo, os originais são planificados em uma base oca de MDF, com formato A0, permitindo a captura de fotografias com luz ambiente, evitando possíveis danos aos documentos originais como tração, choques térmicos decorrentes da luz ou outras ações que poderiam agravar ainda mais a atual condição dos documentos. As imagens passam por tratamento digital e, a longo prazo, há a intenção de disponibilizar parte do acervo em formato PDF na página do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRRJ.