Matias Aires

Fonte: Wikiversidade

Objetivos[editar | editar código-fonte]

  • Desenvolver raciocínio claro e conciso sobre a vida e obra de Matias Aires;
  • Desenvolver um olhar crítico para a vaidade;
  • Ter clareza sobre a prática de um importante filósofo lusófono;
  • Compreender e experimentar a catalogação das próprias vaidades.

Ementa[editar | editar código-fonte]

Esta disciplina irá introduzir os conceitos teóricos relacionados à filosofia de Matias Aires e proporcionar exercícios práticos.

Para dar conta deste objetivo, o curso mescla aulas teóricas e expositivas (amparadas por leituras), com momentos de metodologias ativas e participativas.

Objetivos de aprendizagem[editar | editar código-fonte]

Abordar as transformações ocorridas e as questões pertinentes a vida e obra de Matias Aires. Apresentar ao aluno o cenário da convergência acadêmica com o enfoque na reflexão e nas teorias matianas. Discutir o papel do filósofo na produção filosófica e intelectual dos países lusófonos.

Avaliação e composição da média[editar | editar código-fonte]

AV1: Atividade com a pesquisa (Vale 3)

AV2: Atividade a partir dos debates (Vale 1)

AV3: Prova (Vale 6).

Critérios de avaliação[editar | editar código-fonte]

Para textos[editar | editar código-fonte]

Pertinência, clareza, correção do português, criatividade, contribuição para o percurso.

Teor do argumento (conteúdo), clareza do argumento, formato escolhido e pertinência deste ao conteúdo, criatividade, riqueza do processo de elaboração, respeito ao tempo proposto.

Objetividade, poder de síntese, capacidade de articular discussão teórica com exemplos práticos, conexões, correção do português.

A média será composta pela soma da pontuação obtida em cada ciclo de produção da Factual 900 (até 10) e uma auto-avaliação feita pelos(as) alunos(as) ao final do curso (até 2 pontos).

Sobre os ciclos

Cada ciclo é composto por 3 etapas / aulas.

Aula 1: Reunião de pauta + Entrega do relatório de métricas do ciclo anterior - (A PARTIR DO CICLO 2)

Aula 2: Entrega da produção de redes + ajustes e recomendações para WP (wordpress) e AV (audiovisual).

Aula 3: Entrega final de WP e AV (edição com material das redes) + Edição da home + Avaliação do ciclo.

Critérios para pontuação de cada ciclo:

Grupo não entregou 0
Entregou conteúdo OU relatório 0,5
Entregou conteúdo E relatório 1
Entregou e está bom* 1,5
Entregou e está ótimo* 2

* Critérios para avaliação do material produzido: qualidade do texto, qualidade da apuração (diversidade de pontos de vista, diversidade de fontes, originalidade do material), criatividade e pertinência ao formato da plataforma.

Roteiro de entrega de métricas

Conteúdo Programático[editar | editar código-fonte]

Temas das aulas e slides / materiais das aulas já realizadas.

Primeiro semestre[editar | editar código-fonte]

AULA CONTEÚDO PREVISTO / LEITURAS INDICADAS / ATIVIDADES/AVALIAÇÕES
01 Recepção dos calouros. Apresentações (entrevistas). Apresentação do plano de curso.
02 Tópicos introdutórios da filosofia luso-brasileira (abordagem geral).
03 Apresentação da biografia de Matias Aires
04 Introdução aos temas mais urgentes da filosofia de Matias Aires. PDF aqui: páginas 10 a 15.
05 Aula disparadora da atividade sobre as vaidades e as impressões iniciais sobre a vaidade. Proposta de pesquisa aos alunos. Entregar na aula 8.
06 Leituras para esta aula:

CARVALHO REIS, David Nunes. (2019); Matias Aires:Uma ponte entre a literatura e a filosofia PDF Dissertação de Mestrado para à obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Univerisidade Nova de Lisboa/NOVA-FCSH

07 Aulas sobre os tipos de vaidades encontrados na obra matiana. Ler: CÉSAR MARCONDES, Constança (2015).; Olhares Luso-Brasileiros. DG-Edições/MIL: Movimento Internacional Lusófono.
08 Exercícios de aplicação das próprias vaidades, das vaidades alheias.
10 Avaliação final.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Breve biografia[editar | editar código-fonte]


Mathias Ayres Ramos da Silva d'Eça (grafia original) nasceu em São Paulo, no dia 27 de março do ano de 1705 e faleceu em Lisboa, no dia 10 de dezembro do ano de 1763. Sabe-se que o seu pai, José Ramos da Silva, oriundo do Minho, emigrou para o Brasil em busca demudar a sua pobre sorte de nascença, o que conseguiu. Começou como criado de servir, depois mercador de ‘loja aberta’ para, mais tarde, se fazer um riquíssimo homem de negócios. Matias Aires também cursou Direito na Universidade de Coimbra, saindo em 1723 com bacharel; altura em que deixa de parte os estudos, passando a frequentar diversos ambientes literários da capital, com o feito de integrar, com somente dezoito anos, a Academia dos Aplicados. Em 1727 vê a sua honra maculada por uma sentença de quatro anos de degredo, consequência de ter golpeado a língua uma escrava. A pena é-lhe perdoada no mesmo ano por D. João V. Ainda assim, vê o processo para a habilitação do ‘hábito de Cristo’ indeferido, que no entanto vem a obter em 1729. Quando recebe o hábito, andava já em viagem pela Europa, como um estrangeirado (um português que haja viajado pelo estrangeiro com o objetivo de aprender com mestres de outros países, trazendo depois esse conhecimento para Portugal).

Nacionalidade[editar | editar código-fonte]


Matias Aires tornou-se objeto de vaidade nacionalista, ensejando uma polêmica sobre sua nacionalidade. Há uma polêmica de se considerar Matias um brasileiro ou um português, e talvez um luso-brasileiro ou um brasilo-português.

Argumento brasileiro:[editar | editar código-fonte]

Os brasileiros laureiam-no como o primeiro filósofo brasileiro, desde a sua consagração como patrono da Cadeira de número 6 da ABL, que seria sucedida por Guerra Junqueiro em 1898. Também foi o patrono da cadeira de número 3 da Academia Paulista de Letras, sendo considerado pela instituição o primeiro filósofo brasileiro. O argumento brasileiro é de que, embora tenha trabalhado como provedor da Casa da Moeda e estudado em Portugal (na Universidade de Coimbra), também morou e estudou na Galícia e na França, em Sorbone e na Espanha, tornando-se fluente nestes idiomas, bem como no Latim, e nem por isso se tornou francês e espanhol. Seu pai veio para o Brasil aos 12 anos tendo embarcado no navio Bom Jesus de Vila Nova e Nossa Senhora da Conceição, que então navega intensamente entre o Brasil e Portugal em comércio. Mais tarde, casou-se com Catarina de Orta, embora de ascendência portuguesa por parte dos pais, era de família ilustre de São Paulo e descendente de índios por parte dos avós maternos, o que torna Matias Aires também descendente de indígenas nativos do Brasil. Além disso, sua tese sobre a vaidade provém da sua marginalidade quanto aos círculos lusitanos, tendo recusado a língua materna e ter influências filosóficas, claramente, francófonas – o que o alinharia ao barroco e iluminismo francês, refutando a ideia de Matias ser radicado pelo ambiente português. Além disso, não permaneceu em Portugal, mas viajou pela Europa, tendo ficado em terras lusitanas à trabalho em parte de sua vida.

Defende-se também que, ao contrário dos judeus que garantem o Jus Sanguinis (do latim “direito de sangue”), nos países lusófonos, os indivíduos têm direito por meio de sua ascendência, mas concebem-se cidadãos por Jus Solis (do latim “direito de solo”). Isso define e dá ao indivíduo o direito a nacionalidade do lugar onde nasceu.

  • Além disso, percebe-se que a submissão de uma unidade federativa à um Estado não exclui a naturalização dos nativos dessa unidade federativa hipotética. Por exemplo, o fato de São Paulo pertencer ao Brasil não exclui a naturalidade "paulista" e "paulistana" - de seus nativos, nem substitui ambas pela nacionalidade "brasileira". Segundo esse outro entendimento, Matias pode ser considerado: paulistano, paulista, brasileiro e português.

Argumento português:[editar | editar código-fonte]

Os portugueses chamam-no de o filósofo português e consideram a discussão anacrónica, justificando que seu pai e sua família eram portugueses, tendo Matias radicado-se e residido em Portugal por um bom tempo e atrelando-se ao fato de que o Brasil ainda não era uma unidade federativa autônoma. Defendem que São Paulo, no século XVIII, pertencia politicamente à Portugal. Ademais, apesar de muito criticar Portugal e Lisboa do seu tempo, escolheu viver na metrópole portuguesa e procurou afirmar-se; tendo já o pai retornado com o mesmo propósito (de nobilitação).

Conclusão e sugestão de reflexão[editar | editar código-fonte]

Nesta polêmica há dois consensos: Matias foi um paulista e um lusófono.

Proponha uma reflexão sobre a questão da nacionalidade de Matias relacionando a ponderação com as próprias vaidades nacionais, a inclusão de grandes pensadores na lista dos compatriotas, quais os possíveis benefícios (se existem) e os prejuízos de alimentar tal vaidade.

Se considerarmos que o Brasil mantinha, nos tempos de Matias Aires, uma relação de pertencimento semelhante à Guiana Francesa e a França, que considera legalmente a Guiana Francesa um pedaço da França, poderíamos concluir o mesmo no de Matias? O gentílico da pessoa que nasce na Guiana Francesa é franco-guianense, e também é considerado cidadão francês. O mesmo ocorre com Gibraltar que pertence ao Reino Unido, mas quem nasce é gibraltarino, ou nas Ilhas Bermudas que é bermudense. É anacrônico, mas faz sentido?

Em qual país Matias Aires é mais estudado?[editar | editar código-fonte]


Portugal[editar | editar código-fonte]

Os estudos de Matias Aires têm sido feitos pelo Instituto de Filosofia-Lusobrasileira e acadêmicos portugueses.

Brasil[editar | editar código-fonte]

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A ideia de história em Matias Aires[editar | editar código-fonte]


Durante quase um século e meio, as Reflexões sobre a vaidade dos homens esteve esquecida. Desde sua quarta edição, em Lisboa, no ano de 1778, até a quinta, no Rio de Janeiro, em 1921, o livro ficou esquecido, não recebendo alguma atenção editorial que lhe garantisse impressão. Para além de não haver edições desse texto, são escassas, ainda, as referências diretas a ele. Ao investigar a recepção de Matias Aires, uma constatação, para além do silêncio de mais de um século sobre sua obra, nos provoca curiosidade: o texto é permanentemente chamado “clássico”, e é citado em praticamente todos os compêndios de história da filosofia e da literatura portuguesas e brasileiras.

Durante o século XX, quase todos os compêndios de História da Literatura ou História da Filosofia tanto brasileiros como portugueses citam Matias Aires como um clássico da língua e da literatura luso-brasileira.


O belo em Matias Aires segundo Ariano Suassuna[editar | editar código-fonte]


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Bibliografia de referência[editar | editar código-fonte]

ABREU, Maria Fernanda. (2010); La luz de la razón: Literatura y Cultura del siglo XVIII. A la memoria de Ernest Lluch PDFInstitución «Fernando el Católico» (C.S.I.C.). Excma. Diputación de Zaragoza. A partir da página 212.

CARVALHO REIS, David Nunes. (2019); Matias Aires:Uma ponte entre a literatura e a filosofia PDF Dissertação de Mestrado para à obtenção do grau de Mestre em Estudos Portugueses. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Univerisidade Nova de Lisboa/NOVA-FCSH link para o artigo em PDF

Valinhas, Mannuella Luz de Oliveira; Costa Lima Filho, Luiz de França. A ideia de História em Matias Aires. Rio de Janeiro, 2012. 221p. Tese de Doutorado — Departamento de História, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. (páginas 21-24, )

SUASSUMA, Ariano. "Reflexão sobre Matias Aires. (Reflection about Matias Aires)", por Ariano Suassuna. Revista Pesquisa Histórica. CLIO. Programa de Pós-Graduação em História da UFP. eISSN: 2525-5649.


Trechos escolhidos; reflexões sobre a vaidade dos homens. Seleção Adriano da Gama Kury e Pedro Luiz Masi. Rio de Janeiro : Agir, 1962. 98 p. (Nossos clássicos, 62).

Reflexões sobre a vaidade dos homens e carta sobre a fortuna. Prefácio, fixação do texto e notas Jacinto do Prado Coelho e Violeta Crespo Figueiredo. Lisboa : Imprensa Nacional, 1980. 206 p. (Biblioteca de autores portugueses).

Estudos sobre o autor:

BEZERRA, Alcides. A filosofia na fase colonial. Rio de Janeiro, 1935. p. 27-30 (Separata do Arquivo Nacional).

BLAKE, Sacramento. Dicionário bibliográfico brasileiro. Rio de Janeiro : Conselho Federal de Cultura, 1970. v. 6. p. 259-260.

CARVALHO, Ronald de. Pequena história da literatura brasileira. 5. ed. Rio de Janeiro : F. Briguiet, 1935.

COELHO, Jacinto Prado. À margem das reflexões de Matias Aires. Coimbra : Ed. Brasília, 1952. p. 35-82.

_____. O humanismo de Matias Aires : entre cepticismo e a confiança. Colóquio Letras e Artes, n. 17, 1962.

_____. Reflexões sobre as “Reflexões”. In : AIRES, Matias. Reflexões sobre a vaidade dos homens e carta sobra a fortuna. Lisboa  : Imprensa Nacional, 1980. p. li-lxxv.

ENNES, Ernesto. Dois paulistas insignes. Prefácio Camilo Oliveira Neto. São Paulo, 1944. (Brasiliana, 236).

FIGUEIREDO, Fidelino. História da literatura clássica. 3. ed. São Paulo: Ed. Anchieta, 1946. v. 3. p. 150-155. FIGUEIREDO, Violeta Crespo. O homem e o seu tempo. In : AIRES, Matias. Reflexões sobre a vaidade dos homens e carta sobre a fortuna. Lisboa : Imprensa Nacional, 1980. p. iii-xlvi.

FREIRE, Laudelino. Seleta clássica. Rio de Janeiro : Rev. da Língua Portuguesa, 1942. p. 41.

GANNS, Cláudio. Matias Aires. In: MUNDO Literário. Rio de Janeiro , 1925. p. 343-359.

HADDAD, Jamil Almansur. Matias Aires, filósofo barroco do Brasil. Revista Brasileira de Filosofia, São Paulo, v. 9, n. 4, p. 489-496, out./dez. 1959.

JUCÁ FILHO, Cândido. Prosadores neoclássicos. In: A LITERATURA no Brasil. Rio de Janeiro : Editorial Sul-América, 1955. v. 1. p. 520-521.

LEAL, Mário Lobo. Introdução. In : AIRES, Matias. Reflexões sobre a vaidade dos homens, ou discursos morais sobre os efeitos da vaidade. 8. ed. Rio de Janeiro : Zélio Valverde, 1948. p. 5-22.

LEITE, Solidônio Ático. Clássicos esquecidos. Rio de Janeiro : Jacinto Ribeiro dos Santos, 1914. p. 159-171.

LIMA, Alceu Amoroso (Tristão de Athayde). Introdução. In : AIRES, Matias. Reflexões sobre a vaidade dos homens. São Paulo : Martins, 1942. p. 15-17.

MESQUITA, Antonio Pedro. Homem, sociedade e comunidade política : o pensamento filosófico de Matias Aires. Lisboa : Imprensa Nacional, 1998.

MURICI, Andrade. O suave convivio. Rio de Janeiro : Anuário do Brasil, 1922. p. 118-122.

PAIM, Antonio. Aires (Matias). In : LOGOS : Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia. Lisboa : Verbo, 1989. v. 1. p. 100-101.

PEIXOTO, Jarbas. Reflexões sobre Matias Aires. Jornal do Comércio, Rio de Janeiro, 9 jan. 1938.

SARAIVA, Antonio José , LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa. Porto : Porto Editora Ltda,

Bibliografia complementar[editar | editar código-fonte]

CHAUVIN, Jean Pierre. (2018); Matias Aires e a arte de sentenciarPDF São Paulo, Unesp,v.14,n.2,p.448-464. ISSN – 1808–1967