Metodologia da pesquisa em uso racional de medicamentos

Fonte: Wikiversidade

Página de apoio da disciplina Metodologia da pesquisa em uso racional de medicamentos do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade de Sorocaba. No 1º/2022, optou-se por temas relacionados à produção científica e às boas práticas de sobrevivência na pós-graduação. Paralelamente, conforme o cronograma de aula, será discutido também uma pesquisa em curso ou já concluída envolvida na temática "uso racional de medicamentos".

Autoria[editar | editar código-fonte]

Introdução[editar | editar código-fonte]

Para que serve um autor em um artigo científico?[1]

  • Assegurar a propriedade intelectual da obra
  • Auxiliar o leitor na seleção do material para leitura
  • Avaliar a produção científica de autores
  • Acompanhar a citação de um artigo

Autor é alguém que produz ou compõe uma obra literária, artística ou científica.[2]

O direito autoral é um conjunto de prerrogativas conferidas por lei à pessoa física ou jurídica criadora de uma obra intelectual.[3] O direito do autor é compreendido como uma modalidade da propriedade intelectual.[4]

Critérios de autoria[editar | editar código-fonte]

O International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) dispõe de quatro critérios[5]:

  • Contribuições substanciais para a concepção ou desenho da obra; ou aquisição, análise ou interpretação de dados para o trabalho; +
  • Redigir o trabalho ou revisá-lo criticamente para conteúdo intelectual importante; +
  • Aprovação final da versão a ser publicada; +
  • Acordo em ser responsável por todos os aspectos do trabalho para garantir que as questões relacionadas à precisão ou integridade de qualquer parte do trabalho sejam investigadas e resolvidas adequadamente.

Ordem da autoria[editar | editar código-fonte]

Uma discussão relativamente comum é a ordem que os autores devem aparecer no artigo publicado. Particularmente no Brasil, a ordem de autoria é frequentemente usada no julgamento por órgãos de fomento quanto a participação do pesquisador em uma publicação. Usualmente, atribui-se como primeiro autor o aluno da iniciação científica, de mestrado ou de doutorado e como último autor o orientador. As demais posições refletem inúmeros fatores, dentre os quais destacam-se[6]:

Atividade Pontuação
Conceituou uma ideia de pesquisa 90
Refinou/cristalizou uma ideia de pesquisa 60
Pesquisa na literatura: resumiu a evidência disponível 20
Criou o delineamento de pesquisa 80
Selecionou/desenvolveu o instrumento de mensuração 30
Selecionou os análises estatísticas 40
Executou as análises estatísticas 40
Interpretou as análises estatísticas 80
Escreveu a seção de introdução 90
Escreveu a seção métodos 80
Escreveu a seção resultados 80
Escreveu a seção discussão 100
Escreveu a síntese conclusiva 60
Escreveu as limitações do estudo 60
Escreveu as direções futuras do estudo 60
Respondeu o feedback dos revisores 10
Fez mudanças baseado no feedback dos revisores 60

Pontos críticos relacionados à autoria[editar | editar código-fonte]

A relação crescente entre financiamento e número de artigos tem alavancado algumas práticas[1][7]:

  • Autor com participação exclusiva na obtenção do financiamento
  • Autor com participação exclusiva na coleta de dados
  • Autor que faz apenas a supervisão geral do grupo de pesquisa
  • Autor proveniente de condutas indevidas: fabricação de dados, falsificação, plágio, autoplágio, roubo de ideias, técnica do salame
  • Autor convidado
  • Autor fantasma
  • Escritor profissional

Além do financiamento, outras motivações também são comuns para essas práticas[1]:

  • Tentativa de aumentar a probabilidade de aceitação do artigo
  • Reciprocidade ou clube da co-autoria
  • Bajulação ou relação hierárquica
  • Pagamento por serviços prestados
  • Expressão da cultura local ou exigência institucional

Informações do autor[editar | editar código-fonte]

Apesar de facilitar a troca de correspondências, frequentemente essa seção é usada para selecionar artigos, para investigar potenciais conflitos de interesse e para avaliar e comparar a produção científica de instituições [1]. Cuidado ao especificar a titulação. Relacione todas as fontes de financiamento e declare os conflitos de interesse[8] .

Agradecimentos[editar | editar código-fonte]

É importante o autor listar todas as pessoas que contribuíram para a pesquisa, mas que não satisfazem os critérios de autoria. Os casos mais comuns incluem [1]:

  • pessoas que prestaram apoio puramente técnico
  • auxílio na redação
  • chefes de departamento
  • consultoria científica
  • revisão crítica da proposta de estudo
  • coletou o dado
  • prestaram assistência aos participantes

Tendências nas avaliação da autoria[editar | editar código-fonte]

Muitos periódicos estão adaptando seus processos de submissão com a taxonomia CRediT – Contributor Roles Taxonomy[9]. Trata-se de 14 regras normalmente desempenhadas durante a produção acadêmica científica. Ao marcar a atribuição das atividades desempenhadas de cada autor, o algoritmo avalia se a contribuição justifica a autoria, conforme os critérios do ICMJE.

1 Conceituação Ideias; formulação ou evolução de metas e objetivos de pesquisa abrangentes.
2 Curadoria de dados Atividades de gerenciamento para anotar (produzir metadados), limpar dados e manter dados de pesquisa (incluindo código de software, onde for necessário para interpretar os dados em si) para uso inicial e posterior reutilização.
3 Análise formal Aplicação de técnicas estatísticas, matemáticas, computacionais ou outras técnicas formais para analisar ou sintetizar dados de estudo.
4 Aquisição de financiamento Aquisição do apoio financeiro para o projeto que deu origem a esta publicação.
5 Investigação Conduzindo um processo de pesquisa e investigação, especificamente realizando os experimentos ou coleta de dados/evidências.
6 Metodologia Desenvolvimento ou desenho de metodologia; criação de modelos.
7 Administração do projeto Responsável pela gestão e coordenação do planejamento e execução da atividade de pesquisa.
8 Recursos Fornecimento de materiais de estudo, reagentes, materiais, pacientes, amostras de laboratório, animais, instrumentação, recursos de computação ou outras ferramentas de análise.
9 Software Programação, desenvolvimento de software; concepção de programas de computador; implementação do código de computador e algoritmos de suporte; teste de componentes de código existentes.
10 Supervisão Responsabilidade de supervisão e liderança para o planejamento e execução da atividade de pesquisa, incluindo orientação externa à equipe principal.
11 Validação Verificação, seja como parte da atividade ou separadamente, da replicação/reprodutibilidade geral dos resultados/experimentos e outros resultados da pesquisa.
12 Visualização Preparação, criação e/ou apresentação do trabalho publicado, especificamente visualização/apresentação de dados.
13 Redação - rascunho original Preparação, criação e/ou apresentação do trabalho publicado, especificamente redação do rascunho inicial (incluindo tradução substantiva).
14 Redação - revisão e edição Preparação, criação e/ou apresentação do trabalho publicado pelos integrantes do grupo de pesquisa original, especificamente revisão crítica, comentário ou revisão – incluindo etapas de pré ou pós-publicação.

Preconceito estrutural na ciência[editar | editar código-fonte]

Existe uma forte percepção que determinados grupos são menos representados nas publicações científicas [10]. Tais condutas tendem a afetar os autores conforme: país de origem, instituição de origem, raça e gênero[11]. Particularmente no Brasil, apesar das políticas afirmativas, ainda existe uma lacuna muito importante na inclusão de pretos e pardos na produção do conhecimento [12] e na inclusão no mercado de trabalho [13]. Com o excesso de omissões políticas, tem-se observado que o racismo científico também está estruturado na sociedade científica[14]. As universidades brasileiras carecem de estruturas e políticas de combate à violência e ao assédio sexual [15]. É necessário promover uma cultura de não tolerância e estímulo a citação de cientistas negras[16]. Ressalta-se também que é importante incluir os aspectos de raça e etnia nas publicações pelas implicações para as práticas antirracistas[17].

Onde publicar[editar | editar código-fonte]

Os principais canais de comunicação científica escrita incluem: anais de eventos, relatórios, teses e dissertações, livros e periódicos[1]. Alguns elementos influenciam essa decisão, como: prestígio do periódico, público-alvo, características do periódico, probabilidade de aceitação, tiragem, rapidez de publicação, características do editor, utilidade das sugestões dos revisores, hábito de publicar naquele periódico e recomendações de colegas.

Características dos periódicos científicos[editar | editar código-fonte]

  • publicação seriada
  • revista, boletim, anuário, etc
  • editada em fascículos
  • designação numérica ou cronológica
  • periodicidade previamente fixada
  • tempo indeterminado
  • política editorial definida

Periódicos de prestígio[editar | editar código-fonte]

São os periódicos respeitados na comunidade científica. O prestígio tende a ser aferido pelas citações que recebe. O principal indicador utilizado é o Fator de Impacto [18]. Em resumo, o cálculo baseia-se no número de citações que o periódico recebeu em um período dividido pelo total de artigos publicados. Alguns números para ajudar nessa compreensão:

Periódico Fator de impacto em 2020
Lancet 79,323
NEJM 91,253
JAMA 56,274
Brazilian Journal of Physical Therapy 3,377
Brazilian Journal of Psychiatry 3,016
MEMORIAS DO INSTITUTO OSWALDO CRUZ 2,743

Há uma evolução positiva no desempenho dos periódicos do Brasil, apesar das dificuldades de financiamento [19].

Ranqueamento de periódicos no Brasil[editar | editar código-fonte]

Existe um sistema brasileiro para avaliação da produção científica internacional, conhecido como QUALIS[20]. Nesse sistema considera-se apenas os veículos com corpo editorial reconhecido, que utilizam a revisão por pares e dotados de ISSN (International Standard Serial Number).

O Qualis Periódicos é um sistema usado para classificar a produção científica dos programas de pós-graduação no que se refere aos artigos publicados em periódicos científicos[20]. O Qualis afere a qualidade dos artigos e de outros tipos de produção, a partir da análise de qualidade dos veículos de divulgação, ou seja, periódicos científicos. A função do QUALIS é exclusivamente, para avaliar a produção científica dos programas de pós-graduação.

O Qualis foi concebido para atender as necessidades específicas do sistema de avaliação da CAPES, e é baseado nas informações fornecidas por meio do módulo Coleta da Plataforma Sucupira [20]. Assim, é disponibilizado uma lista com a classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. No momento, os periódicos são classificados por estratos: A1, mais elevado; A2; A3; A4; B1; B2; B3; B4; C - peso zero. A posição nesses estratos é basicamente definida pelo local de indexação do periódico em bases de dados bibliográficos e pela frequência em que os artigos desse periódico é citado.

Localizador de periódicos[editar | editar código-fonte]

Na Plataforma Sucupira existe um módulo que permite a classificação e consulta ao Qualis das áreas, bem como a divulgação dos critérios utilizados para classificação de periódicos [20]. O Qualis também dispõe de um aplicativo que permite a classificação e consulta das áreas, bem como a divulgação dos critérios utilizados para classificação de periódicos.

Algumas ferramentas também ajudam nesse processo:

Faça busca nos indexadores mais tradicionais. No setor saúde destaca-se o https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/ e o https://www.scopus.com/home.uri. Ressalta-se que, em geral, há uma tendência em aumentar as taxas de rejeição[19].

Custos da publicação[editar | editar código-fonte]

O custo médio de publicação de um artigo científico em uma revista de grande prestígio e visibilidade não passa de mil dólares[21]. Entretanto, caso o autor tenha interesse (ou seja obrigado[22]) a colocá-lo como acesso aberto esse valor tende a ser entre cinco a dez vezes maior. Os principais custos das editoras incluem: preparação e formatação do trabalho, verificação de plágio e distribuição para as bases de dados de indexação.

Como o modelo de pagamento por acesso está em migração para o modelo de pagamento por publicação (article-processing charges - APCs), muitas agências de fomento já permitem incluir esses valores no custeio de projetos de pesquisa e gera incertezas a respeito dos mecanismos de acesso[23]. Entretanto, o valor médio (US$ 2.600) é elevado frente aos subsídios disponíveis [24] e frequentemente os descontos são negados[25]. Por vezes, ainda fica a cargo dos autores a revisão do idioma e a manipulação de imagens.

Preprints e repositórios[editar | editar código-fonte]

Os preprints são trabalhos científicos divulgados logo que ficam prontos, sem revisão por pares [26]. O modelo foi impulsionado pela pandemia do COVID-19 e tende a ficar estabelecido. Algumas políticas editoriais estão considerando que não há perda de originalidade ao divulgar os resultados nessa modalidade. Alguns exemplos de repositórios:

As evidências, ainda preliminares, apontam que os preprints não se diferenciam muito do artigo publicado após a revisão por pares [27] e que revisão por pares melhora de forma incremental o conteúdo dos manuscritos, corrigindo erros formais e pequenas omissões [26]. Por outro lado, sabe-se que os resultados dos preprints também são desqualificados por erros, problemas metodológicos ou fraude[28].

Números temáticos/edição especial[editar | editar código-fonte]

Trata-se de uma edição de um periódico dedicado a um tópico escolhido [29]. Usualmente, a edição dispõe dos trabalhos mais recentes sobre um determinado assunto. A ideia é que a edição sirva como referência valiosa para os pesquisadores interessados na área.

Em comparação as edições regulares, as edições especiais são mais rápidas e focadas em algum tema ou tópico atual [30]. As propostas de números temáticos incluem: título, editores convidados, relação de artigos (com autores e resumos) e proposta (se está relacionada ao escopo do periódico, avanços frente ao conhecimento existente e prazos)[31].

Revistas predatórias[editar | editar código-fonte]

São publicações acadêmicas que são conhecidas por divulgar estudos sem submetê-los a uma genuína revisão por pares e que cobram pelo serviço[32]. Por vezes, é considerado um comportamento negligente e fraudulento[33]. Nessas publicações é possível publicar artigos falsos e sem sentido produzidos por computador[34]. Em 2015, aferiu-se que <1% das publicações das ciências da saúde brasileira foram em revistas predatórias[35]. Autores desavisados podem cair em sites clonados de periódicos, prática conhecida por sequestro de revista científica[36]. Existe um checklist para ajudar na escolha de revistas científicas idôneas[37]:

  • Você ou seus colegas conhecem a revista?
    • Você já leu algum artigo na revista antes?
    • É fácil descobrir os últimos artigos da revista?
    • Nome do periódico: o nome do periódico é o mesmo ou facilmente confundido com o de outro?
    • Você pode cruzar informações sobre a revista no portal ISSN?
  • Você pode facilmente identificar e entrar em contato com o editor?
    • O nome da editora está claramente exibido no site da revista?
    • Você pode entrar em contato com o editor por telefone, e-mail e correio?
  • A revista é clara sobre o tipo de revisão por pares que usa?
    • O site menciona se o processo envolve revisores independentes/externos, quantos revisores por artigo?
    • A editora está oferecendo uma revisão por um conselho editorial especializado ou por pesquisadores da sua área de estudo?
    • A revista garante a aceitação ou um tempo de revisão por pares muito curto?
  • Os artigos são indexados e/ou arquivados em serviços dedicados?
    • Seu trabalho será indexado/arquivado em um banco de dados facilmente detectável?
    • A editora garante o arquivamento e preservação de publicações digitais a longo prazo?
    • O editor usa identificadores digitais permanentes?
  • Está claro quais taxas serão cobradas?
    • O site da revista explica para que servem essas taxas e quando serão cobradas?
    • O editor explica em seu site como eles são apoiados financeiramente?
    • Eles mencionam a moeda e o valor de alguma taxa?
    • O site do editor explica se as isenções estão disponíveis ou não?
  • As diretrizes são fornecidas para os autores no site da editora?
    • Para periódicos de acesso aberto, o editor tem uma política de licença clara? Existem licenças preferenciais? Existem exceções permitidas dependendo das necessidades do autor? Os detalhes da licença estão incluídos em todas as publicações?
    • O editor permite que você mantenha os direitos autorais de seu trabalho? Pode partilhar o seu trabalho através, por exemplo, de um repositório institucional, e em que termos?
    • A editora tem uma política clara sobre possíveis conflitos de interesse para autores, editores e revisores?
    • Você pode dizer em quais formatos seu artigo estará disponível? (por exemplo, HTML, XML, PDF)
    • A revista fornece alguma informação sobre métricas de uso ou citações?
  • A editora participa de uma iniciativa reconhecida do setor?
    • Pertence ao COPE?
    • Se o periódico for de acesso aberto, ele está listado no DOAJ?
    • Se a revista é de acesso aberto, o editor pertence à OASPA?
    • Se a revista é de acesso aberto, ela está hospedada em algum repositório confiável (INASP, AJOL, Scielo, Redalyc)?
    • A editora pertence a alguma associação comercial?

Condutas indevidas[editar | editar código-fonte]

Algumas ideias básicas permeiam a ciência e a comunicação científica[1]:

  • Rigor metodológico;
  • Respeito a dignidade e aos direitos das pessoas envolvidas; e
  • Honestidade e transparência na produção do conhecimento e no seu relato.

Assim, pontuam-se as agressões ou ofensas evitáveis à ciência[1]:

  • Pesquisa metodologicamente deficiente;
  • Investigação em que haja danos evitáveis aos participantes; e
  • Relato distorcido ou pouco claro dos resultados da investigação.

Quanto aos aspectos éticos, os princípios básico incluem[1][38]: beneficência (fazer o bem), não maleficiência (reduzir danos evitáveis), autonomia (direito à informação e respeito da decisão) e justiça (proteção dos grupos vulneráveis).

Os leitores de artigos científicos confiam que[1]:

  • Os dados publicados foram corretamente reunidos, analisados e interpretados;
  • Relato rigoroso, honesto e imparcial, independente do resultado (positivo ou negativo);
  • Esclarecimento sobre os aspectos éticos; e
  • Publicação feita em periódico que utiliza revisão por pares, em tempo oportuno.

Entretanto, diversas motivações, como recompensa para publicar[39], geram distorções importantes e condutas indevidas, que quebram a confiança e a credibilidade da ciência. A valorização do número de publicações para avaliar pesquisadores e instituições relaciona-se com exageros. As práticas mais comuns incluem[40]: criar a impressão de ter consultado fontes primária copiando a citações de terceiros, fatiar uma descoberta para transformá-la em vários artigos e usar referências irrelevantes e desnecessárias para aumentar o número de citações. Veja exemplos no site https://retractionwatch.com/

Fabricação e falsificação de dados[editar | editar código-fonte]

Incluem-se aqui a fabricação, falsificação e modificação de dados[41]. Também pode ser considerado a manipulação, fabricação ou falsificação de imagens que distorcem os resultados originais[42]. Um ganhador de prêmio Nobel teve seus artigos retratados por manipulação/duplicação de imagens[43]. Veja a capacidade do uso de inteligência artificial em criar imagens de faces humanas: https://this-person-does-not-exist.com/en. Já existe a possibilidade de algoritmos de inteligência artificial serem usados na detecção de fraudes de imagens[44]. Em alguns contextos, a sensação temporária de impunidade induz a má prática em centenas de artigos por um mesmo pesquisador[45]. Em outros, existem empresas especializadas na criação de artigos científicos sob demanda[46].

Plágio[editar | editar código-fonte]

Trata-se da prática de reproduzir trechos de uma obra sem dar créditos à fonte. O acesso ao computador facilita a prática do plágio e a sua detecção. Em síntese, os detectores de plágio exibem a porcentagem de semelhança do texto com outros materiais. Os periódicos científicos tem-se empenhado em detectar precocemente e tardiamente tal prática [47].

Autoplágio[editar | editar código-fonte]

É a reciclagem de trabalhos científicos praticada pelo próprios autores. Em alguns contextos, essa duplicação acontece porque alguns autores tem o hábito de submeter simultaneamente o mesmo artigo à vários periódicos[48]. Assim, o trabalho é publicado novamente, em outro periódico, seja intacto ou com apenas mudanças menores em relação ao anterior. Tais práticas associam-se a violação de direitos autorais, ocupação desnecessária do tempo de editores e revisores, inchamento da literatura científica com publicação dispensável e a distorção no sistema acadêmico de promoção[1].

Roubo de ideias[editar | editar código-fonte]

Trata-se do vampirismo intelectual. É uma prática comum no contexto corporativo[49]. Para evitar, as melhores práticas incluem dispor de um sistema/ambiente seguro para registro dos dados da pesquisa e registrar o protocolo da pesquisa em um repositório, como o Open Science Framework.

Técnica do salame[editar | editar código-fonte]

Refere-se a fragmentação exagerada dos resultados de pesquisa, em unidades mínimas publicáveis. O Brasil tem sido objeto de análise, já que o crescimento do número de artigos científicos publicados não é acompanhado pelo número de citações e pela proporção de artigos publicados em periódicos de maior prestígio[50].

Fraude no processo de revisão[editar | editar código-fonte]

É a prática de enganar os editores de revistas, ao interferir no processo de revisão por pares. O golpe é mais frequente nas edições especiais ou números temáticos[51]. Em síntese, criam-se perfis falsos de revisores de periódicos para aceitar artigos de baixa qualidade ou fora do escopo da revista.

Retratação[editar | editar código-fonte]

Quando um artigo é publicado e descobre-se que ele é baseado em dados fraudulentos ou erros sérios a decisão é a retratação (anulação) do artigo. No Brasil, as práticas mais comuns incluem[52]: imagens duplicadas ou adulteradas; plágio ou autoplágio; e resultados falsificados ou manipulados. O processo de apuração de violações éticas dos artigos é demorado[53] e as consequências dessa demora são difíceis de apurar[54]. Sabe-se que muitos artigos continuam a ser citados anos depois de sua retratação[55].

Citações e referências[editar | editar código-fonte]

Sugere-se familiaridade com:

Ao identificar um periódico com interesse em publicar, busque e compreenda as regras sobre as referências e o formato da citação. Veja alguns exemplos da IJTAHC, da Plos One e da Frontiers in Pharmacology.

Utilidade das referências[editar | editar código-fonte]

Destacam-se os seguintes propósitos das referências[1]:

  • Indicar a fonte de informação utilizada pelo autor;
  • Situar o trabalho no conjunto de referências sobre o assunto;
  • Fornecer suporte as afirmações contidas no texto;
  • Dar o crédito devido sobre ideias, descobertas e alegações; e
  • Possibilitar que o leitor localize a obra e se aprofunde no estudo da matéria.

As referências são derivadas da literatura, a qual divide-se em convencional ou cinzenta. Na convencional incluem-se os artigos científicos divulgados em periódicos. A literatura cinzenta dispõe das produções científicas produzidas em diversas áreas e caracterizam-se por ter circulação limitada e recuperação difícil, pois circulam pelos canais incomuns da comunicação científica, como dissertações, teses, anais de eventos científicos, relatórios técnicos, etc.

Critérios para selecionar referências[editar | editar código-fonte]

O autor de artigo científico precisa ter em mente três parâmetros[1]: relevância, acessibilidade e atualidade. Referências relevantes são aquelas que restringem-se a citação de artigos publicados em periódicos científicos indexados em bases internacionais. Para apoiar um fato ou argumento evita-se usar livros textos, dados não publicados e comunicações pessoais. Dissertações e teses são cada vez menos citadas.

Atribui-se como referência acessível aquela que seja facilmente rastreável. Os artigos publicados em periódicos indexados são mais facilmente encontrados do que aqueles ausentes nas principais fontes de informação. Além da rastreabilidade, o DOI também trouxe a possibilidade de certificação digital. Quanto à atualização das referências, existe uma certa tolerância conforme a área de estudo. Temas pouco estudados costumam ter referências mais antigas. Espera-se referências mais atuais (menos de 10 anos) para tópicos mais frequentes.

Diretrizes para a citação[editar | editar código-fonte]

Existem três tipos de citação[1]: textual (transcrição conforme o original), livre (a redação é baseada na interpretação) e indireta (menção de documentos inacessíveis). Na literatura científica a citação livre é a mais comum. O fundamento da citação é sustentar uma hipótese ou dado[56]. Para acertar na citação, o autor deve atentar-se ao seguinte:

  • Citar somente os trabalhos que de fato leu na íntegra;
  • Limitar-se, dentro do possível, a publicações convencionais;
  • Evitar citar resumo e comunicação pessoal;
  • Ater-se ao que consta no texto do artigo, sem extrapolação indevida;
  • Enfatizar, preferencialmente, o fato científico;
  • Situar a citação imediatamente após a primeira menção que lhe diz respeito; e
  • Evitar um elevado número de referências em o mesmo local para apoiar uma afirmação.

Toda afirmação de fato científico relevante deve ser acompanhada da referência para lhe dar suporte. Usualmente, estatísticas são referenciadas e fatos banais não são referenciados. É essencial empregar o mesmo sistema e estilo de citação em todo o texto. Os principais tipos de citação são do tipo numérico (Vancouver) ou autor-ano (Harvard). No Brasil, várias instituições também adotam as regras da ABNT.

Começando a escrever[editar | editar código-fonte]

Existem três ingredientes para escrever bem: talento (clareza e coesão), honestidade (não faltar com a verdade), conhecimento (dominar o tema) e espírito científico (rigor e ceticismo organizado)[1]. Com treino, tais habilidades podem ser plenamente desenvolvidas. Lembre-se que a dissertação/tese conta praticamente nada se ela não estiver escrita [57]. Assim, abster-se da escrita é considerado uma grande perda de tempo, de esforço e de energia.

Por vezes, a escrita da dissertação/tese é iniciada no final da execução do projeto [57]. Entretanto, ela deveria acontecer durante todo o processo. É imprescindível ficar familiarizado com as diretrizes institucionais e outras boas práticas de escrita para iniciar redação. É importante ter clareza junto ao(a) orientador(a) como a dissertação/tese deve ser estruturada. Tenha atenção especial com as ilustrações e tabelas. Para quem está iniciando no mundo da pós-graduação, a tese/dissertação será a maior produção científica que o discente produzirá em sua carreira.

Comece cedo[editar | editar código-fonte]

Fracassar no planejamento da tese/dissertação é sinônimo de planejar o fracasso do projeto de pesquisa [57]. A redação científica tem outra lógica dos textos literários ou ficcionais. No início, o momento mais difícil é encarar a página em branco [1]. Para contornar tais dificuldades, sugere-se seguir os roteiros de redação científica desde o início do projeto [58]. Esses roteiros estão disponíveis aqui: https://www.equator-network.org/ Em síntese, além da estrutura IMRD (introdução, método, resultado, discussão), esses roteiros dispõe das informações essenciais que precisam ser declaradas nos artigos científicos. Assim, fica um pouco mais fácil de se pensar como o texto deve ser elaborado.

Dispor de um caderno de apontamentos onde é feito o registro minucioso de ideias, reflexões e informações passiveis de serem usadas posteriormente na redação é uma boa estratégia [1][57][59]. Esse caderno também é usado para anotar o andamento da investigação, a revisão da literatura e a lista de pendências do projeto de pesquisa.

Formato da tese e dissertação[editar | editar código-fonte]

Cada programa e universidade tem a sua regra. É importante ficar familiarizado desde o início da jornada. Inspecione trabalhos prévios publicados pelo programa. Veja alguns exemplos do PPGCF/UNISO para dissertações e teses. Considerar os aspectos de formatação desde o início facilita o processo, pois é possível padronizar o estilo nos processadores de texto com a configuração de margens, fontes, tamanho da fonte, espaçamento de linhas, posição de legendas, índices, etc. Veja alguns roteiros do Microsoft Word: https://www.youtube.com/results?search_query=estilos+microsoft+word

Usualmente, a tese/dissertação dispõe dos seguintes elementos pré-textuais (capa, folha de rosto, resumo, índices, etc), elementos textuais (apresentação, referencial teórico, introdução, objetivos, materiais/métodos, resultados, discussão, conclusão, considerações finais, referências) e elementos pós-textuais (anexos e apêndices). Algumas universidades/orientadores aceitam apenas o formato clássico entre os elementos textuais (introdução, objetivos, materiais e métodos, resultados, discussão, conclusão, referências) e tem-se observado migração para o formato de artigos (apresentação, referencial teórico, objetivos, artigos, considerações finais, referências). Veja uma reflexão importante sobre isso aqui: https://www.youtube.com/watch?v=6FvwJjxCHM0

Reserve espaço na agenda[editar | editar código-fonte]

Prepare-se para escrever entre 10.000 a 15.000 palavras (sem as referências) e para ler entre 100 a 200 artigos. Tais artigos subsidiarão o referencial teórico, introdução, métodos e discussão. Para cada artigo que for citado no texto, habitue-se a fazer um pequeno resumo com as suas próprias palavras sobre os resultados e métodos (https://www.youtube.com/watch?v=E-kc1RtbS18). Esse conjunto de resumos ajudarão a preencher os fragmentos elencados no roteiros e nas demais partes da dissertação/tese.

Tenha em mente que nenhum(a) orientador(a) espera uma redação impecável nas primeiras versões do texto. Entretanto, é importante mostrar evolução e que está ocorrendo aproveitamento do tempo. Haverá momentos que será difícil expressar bem o que se deseja dizer numa fluência adequada (https://www.youtube.com/watch?v=2iPMP-EdFNk) [57]. Anote essas ideias em forma de tópicos, pois com a leitura e treino se ganha confiança e o desenvolvimento do texto ficará mais fácil [60]. Para evitar a procrastinação, pondere gerenciar melhor o seu tempo, diminua as distrações[61], use técnicas de produtividade (https://pt.coursera.org/learn/learning-how-to-learn) e crie uma rotina[62]. O pior cenário é deixar tudo para a última hora.

Atenção aos detalhes: apresentação, gramática e ortografia[editar | editar código-fonte]

O problema de ter um texto com muitos erros é que se perde a atenção à ideia que se deseja transmitir. Pondere uma revisão externa antes do texto ir para a apreciação de bancas. Alguns erros costumam ser mais frequentes como clichês, frases sem sentido, frases desnecessárias, frases sem verbo, frases com excesso de verbos, frases/parágrafos com palavras repetidas, excesso de gerúndios, uso inadequado ou excessivo dos verbos poder e possuir, excesso de expressões negativas e frases especulativas. Evite abreviaturas e siglas, exceto as de uso rotineiro[63].

A depender da necessidade, pondere escrever diretamente em inglês, já que existe uma tendência cada vez mais difícil de conseguir publicar em revistas de alto impacto em português [64]. Atente-se que a tradução baseada em um português ruim gerará um texto em inglês ruim. Adquira o hábito de criar backup das suas versões, pois o texto será revisto inúmeras vezes.

Resultados e métodos[editar | editar código-fonte]

Para evitar redundância no texto e para deixar bem delimitado o que é método e o que é resultado, inicie a redação pelos achados encontrados e depois seguir para seção métodos. Os resultados apontam o que foi encontrado na pesquisa [65] e os métodos descrevem como o estudo foi realizado [66]. A providência inicial consiste em compor as tabelas e figuras, acompanhadas dos respectivos títulos e legendas[59]. Em seguida, é redigido o texto correspondente. Alcançada a primeira versão aceitável dos resultados, passa-se ao preparo da seção de método.

Resultados[editar | editar código-fonte]

Lembre-se que a primeira impressão é a que fica. O leitor espera os resultados em sequência lógica no texto e nas ilustrações. Enfatize ou resume só as observações importantes e indique, se apropriado a significância estatística. Os erros mais comuns incluem: (i) a repetição abusiva de informações no texto; (ii) ilustrações ruins ou desnecessárias; e (iii) a presença de texto não informativo sobre o conteúdo das ilustrações.

Estrutura da seção de resultados de um artigo científico original[65]
1 Características dos sujeitos do estudo Descreve-se a amostra estudada
2 Achado principal Trata-se da resposta à questão central da investigação
3 Outros achados Dizem respeito aos objetivos secudários e informações adicionais relevantes, tais como resultados discrepantes ou em subgrupos

Siga as seguintes recomendações para a redação dos resultados[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia a seção resultados dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar;
  • Apresente os resultados em sequência lógica no texto, nas tabelas e nas ilustrações, mencionando primeiro os achados principais ou mais importantes;
  • Apresente um texto informativo sobre o conteúdo das ilustrações;
  • As ilustrações devem ser autoexplicativas;
  • As tabelas são utilizadas para mostrar valores precisos;
  • As figuras estão indicadas para realçar, principalmente, tendências ou relações entre variáveis;
  • Não repita no texto todas as informações das tabelas ou ilustrações; enfatize ou resuma apenas as observações importantes;
  • Indique, sempre que apropriado, a significância estatística dos resultados;
  • Materiais adicionais ou suplementares e detalhes técnicos podem ser colocados em um apêndice, no qual estarão acessíveis, mas não interromperão o fluxo do texto; como alternativa, essas informações podem ser publicadas apenas na versão eletrônica da revista;
  • Quando os dados são resumidos na seção resultados, forneça os resultados numéricos não apenas em valores derivados (por exemplo, percentuais), mas também em valores absolutos, a partir dos quais os derivados foram calculados;
  • Use apenas as tabelas e as figuras necessárias para explicar o argumento do trabalho e para avaliar seu embasamento;
  • Use gráficos como uma alternativa às tabelas com muitos dados; não apresente os mesmos dados nos gráficos e nas tabelas;
  • Evite usar sentidos não técnicos para termos estatísticos já consolidados, como aleatório (que implica um método de randomização), normal, significativo, correlação e amostra; e
  • Quando for cientificamente apropriado, as análises dos dados com variáveis tais como idade e sexo devem ser incluídas.

Métodos[editar | editar código-fonte]

O leitor do artigo usará essa seção para averiguar: (i) se o delineamento foi apropriado para alcançar os objetivos da investigação; (ii) se a pesquisa foi bem executada (ou se seguiu o que se espera com o uso daquele delineamento para pesquisar o tema); e (iii) se a análise reflete o delineamento. Se há projeto de pesquisa sobre o assunto feito pelo autor, isso significa que houve trabalho prévio de reflexão e de revisão da literatura[59]. Esse texto pode ser utilizado ou adaptado para o preparo do método.

Estrutura da seção método de um artigo científico original[66]
Delineamento O mesmo que tipo de estudo
Cenário Contexto da pesquisa como datas, local e suas características
Amostra Casuística, população de referência, forma de seleção da amostra
Coleta de dados Procedimentos, instrumentos de mensuração, definição operacional dos eventos relevantes
Intervenção Se houver algum tipo de experimentação
Métodos estatísticos Quando apropriados: cálculo do tamanho da amostra, forma de análise dos dados
Aspectos éticos Conforme as regras que regem as pesquisas no País

Siga as seguintes recomendações para a redação dos métodos[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia a seção métodos dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar; e
  • Inclua apenas informações que estavam disponíveis no momento em que o plano ou o protocolo para o estudo foi escrito; todas as informações obtidas durante a realização do estudo pertencem à seção de resultados.
  • Seleção e descrição dos participantes:
    • Descreva claramente a seleção dos sujeitos da observação ou experimentação (pacientes ou animais de laboratório, inclusive controles), incluindo os critérios de seleção e exclusão e uma descrição da população fonte;
    • Inclua população representativa, descreva variáveis demográficas ou justifique a inclusão de população não representativa (ex.: exclusão de mulheres); e
    • Quando os autores usam variáveis do tipo raça e etnia, eles devem definir como medem as variáveis e justificar sua relevância.
  • Informações técnicas:
    • Especifique os desfechos primários e secundários;
    • Identifique os métodos, equipamento (nome e o endereço do fabricante entre parênteses) e os procedimentos de forma suficientemente detalhada para permitir que outros reproduzam os resultados;
    • Forneça as referências de métodos estabelecidos, inclusive de métodos estatísticos;
    • Aponte referências e breves descrições de métodos que já tenham sido publicados, mas que são pouco conhecidos;
    • Descreva métodos novos ou substancialmente modificados, justifique seu uso e limitações;
    • No caso de investigações envolvendo substâncias biologicamente ativas, identifique precisamente todos os medicamentos e produtos químicos usados, inclusive nome(s) genérico(s), dosagem(ns) e forma de administração; e
    • Identifique nomes científicos e de genes apropriadamente, se necessário.
  • Estatística:
    • Descreva os métodos estatísticos com detalhes suficientes para permitir ao leitor julgar e reproduzir os resultados;
    • Defina termos estatísticos, abreviações e símbolos;
    • Especifique o(s) software(s) estatístico(s) e versão usada; e
    • Distinga análises pré-especificadas das exploratórias, incluindo análises de subgrupos e de sensibilidade.

Discussão e introdução[editar | editar código-fonte]

Essas seções discussão e introdução tem preparação difícil. O iniciante tende a se complicar na redação com um texto extenso e confuso. A discussão é a seção do artigo que são registrados os comentários sobre o significado dos resultados, a comparação com outros achados de pesquisa e a posição do autor sobre o assunto[67]. A introdução é a parte do artigo científico em que o autor informa o que foi pesquisado e a motivação da investigação[68].

Discussão[editar | editar código-fonte]

Espera-se que a discussão fique em torno de um terço do artigo [67]. A dica é evitar alongar indevidamente a discussão. As principais falhas incluem[1]: repetir resultados desnecessariamente; apresentar novos resultados (que deveriam compor a seção resultados); comentar numerosos trabalhos (como se fosse artigo de revisão de literatura); repetir ou misturar ideias; faltar ao sequenciamento lógico que o texto deve ter; e sair do tema.

Estrutura da seção de discussão de um artigo científico original[67]
1 Realce os achados relevantes e originais
2 Avaliação crítica da própria pesquisa: limitações e aspectos positivos
3 Comparação crítica com a literatura pertinente
4 Interpretação dos achados
5 Conclusão, que pode estar acompanhada de generalização, implicações, perspectivas, recomendações

Siga as seguintes recomendações para a redação da discussão[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia a seção discussão dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar;
  • Enfatize os aspectos novos e importantes do estudo e as conclusões deles derivadas;
  • Não repita detalhadamente dados ou outras informações apresentados nas seções de introdução ou de resultados;
  • Para estudos primários e secundários, é útil iniciar a discussão resumindo brevemente os principais achados, depois explorar os possíveis mecanismos ou explicações para esses achados, comparar e contrastar os resultados com outros estudos relevantes, declarar as limitações do estudo e explorar as implicações dos achados para pesquisas futuras e para a prática clínica;
  • Relacione as conclusões com os objetivos do estudo, mas evite afirmações sem embasamento e conclusões que não tenham sustentação adequada pelos dados. Em especial, os autores devem evitar fazer afirmações sobre benefícios econômicos e custos, a menos que seu original inclua dados e análises econômicas apropriadas;
  • Evite alegar precedência e aludir a trabalhos que não estejam completos; e
  • Proponha novas hipóteses quando justificável, mas qualifique-as claramente como tal.

Introdução[editar | editar código-fonte]

É muito importante organizar a introdução para despertar o interesse do leitor e fazê-lo prosseguir na leitura[68]. A parte final, o objetivo, costuma ser avaliada separadamente. É essencial ter clareza qual foi o objetivo principal do estudo, se ele foi bem determinado e específico e, por fim, que não tenha ambiguidade, seja relevante, original e alcançável. Pondere a necessidade de colocar os objetivos secundários da investigação. Se há projeto de pesquisa sobre o assunto feito pelo autor, isso significa que houve trabalho prévio de reflexão e de revisão da literatura[59]. Esse texto pode ser utilizado ou adaptado para o preparo da introdução.

Questões que auxiliam na redação da seção introdução de um artigo científico original[68]
1 De que trata o estudo?
2 Por que foi feito?
3 Por que deve ser publicado?
4 O que se sabia sobre o assunto no início da investigação?
5 O que se desconhecia sobre o assunto no início da investigação?
6 O objetivo combina com a conclusão do trabalho?

Siga as seguintes recomendações para a redação da introdução[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia a seção introdução dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar;
  • Forneça o contexto ou base para o estudo (isto é, a natureza do problema e sua importância);
  • Declare o propósito específico, o objetivo de pesquisa ou a hipótese testada no estudo ou observação; o objetivo de pesquisa normalmente tem um foco mais preciso quando é formulado como uma pergunta. Tanto os objetivos principais, quanto os secundários devem estar claros, e quaisquer análises em um subgrupo pré-especificado devem ser descritas; e
  • Forneça somente referências estritamente pertinentes e não inclua dados ou conclusões do trabalho que está sendo relatado.

Resumo, título e palavras-chave[editar | editar código-fonte]

O título, o resumo e as palavras-chave são as seções dos artigos científicos mais divulgadas[69]. Caso sejam informativas e chamem a atenção, as pessoas buscarão por mais informações sobre a pesquisa. Caso sejam deficientes, perde-se o leitor. Essas seções costumam ser traduzidas para o inglês, caso o periódico esteja em outro idioma. O resumo tem o objetivo principal de fornecer uma visão geral da investigação. O título informa o conteúdo do artigo científico e destaca os pontos relevantes e inovadores da pesquisa. As palavras-chave são usadas para catalogar (indexar) os artigos nas bases de dados.

Resumo[editar | editar código-fonte]

Os leitores de artigos científicos esperam que os resumos sejam corretos e coerentes[1]. Os resumos podem ser estruturados (tradicionais) ou não estruturados (narrativos) [69]. Os estruturados são os mais comuns e oscilam entre 150 a 300 palavras. O resumo precisa estar completo, ou seja, deve conter objetivo, método, resultados e conclusão. O resumo não pode apresentar dados contraditórios com o restante do artigo. Os melhores resumos fazem os leitores entenderem a pesquisa sem ter de consultar todo o texto do artigo.

Características desejáveis de um resumo de um trabalho científico[1]
1 Ser entendido sem a necessidade de recorrer ao resto do texto
2 Abordar, em termos específicos, os pontos principais do artigo
3 Raramente exceder 250 palavras
4 Preservar o formato do artigo, constituindo sua miniatura
5 Conter somente material coberto no artigo

Siga as seguintes recomendações para a redação do resumo[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia os resumos dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar; e
  • Atenda as perguntas elencadas a seguir:
  • Objetivo:
    • Os autores informaram o objetivo do estudo?
    • Os autores informaram de forma clara o objetivo do estudo?
    • Os autores distinguiram o objetivo principal do(s) secundário(s)?
  • Delineamento:
    • Os autores apresentaram informação sobre o delineamento do estudo?
    • Os autores empregaram descritores técnicos para informar o tipo de estudo que foi empregado?
    • Se aplicável, os autores forneceram a duração do acompanhamento dos participantes do estudo?
  • Local (aplicável a estudos primários):
    • Os autores informaram o local de realização do estudo?
    • Os autores informaram o nível de cuidado clínico (p. ex., primário, secundário, terciário) do local do estudo?
  • Participantes (aplicável a estudos primários):
    • Os autores deram informação sobre os participantes do estudo?
    • Os autores deram informação sobre as características demográficas dos participantes do estudo?
    • Os autores descreveram tecnicamente a forma de seleção dos participantes do estudo?
    • Os autores forneceram o número de participantes do estudo?
    • Os autores forneceram informação sobre o número dos sujeitos que aceitaram participar do estudo e daqueles que se recusaram?
    • Os autores forneceram o número de perdas e abandonos do estudo?
    • Os autores informaram as características utilizadas para o emparelhamento dos grupos?
  • Intervenção:
    • Os autores informaram sobre a intervenção aplicada?
    • Os autores empregaram nomes comuns e seus sinônimos para informar sobre a intervenção aplicada?
    • Os autores descreveram a intervenção?
  • Medida das variáveis:
    • Os autores informaram o que foi mensurado?
    • Os autores definiram as variáveis de forma explícita?
    • Os autores informaram a fonte dos dados?
  • Resultados:
    • Os autores forneceram os resultados?
    • Os resultados estão de acordo com o(s) objetivo(s) do estudo?
    • Os autores forneceram os resultados na forma numérica apropriada?
    • Os autores forneceram os valores estatísticos apropriados?
  • Conclusão:
    • Os autores tiraram conclusão sobre o estudo?
    • As conclusões estavam diretamente relacionadas com o(s) objetivo(s)?
    • As conclusões estavam coerentes com os resultados?
    • Os autores mencionaram as limitações do estudo?
    • Os autores mencionaram as implicações do estudo?
    • Os autores fizeram recomendações sobre direcionamentos para futuros estudos?

Título[editar | editar código-fonte]

As seguintes motivações justificam um bom título de artigo científico[1]:

  • O título é a parte mais divulgada da obra;
  • O bom título inspira logo a boa impressão;
  • O título constitui o elo de ligação entre a pesquisa e o leitor;
  • O título adequado auxilia os interessados na seleção dos textos para leitura; e
  • Por meio do título ocorre o primeiro contato do editor com o artigo: o editor é a pessoa mais importante na decisão de publicar ou não um artigo.

Use títulos que estimulem o interesse, sejam fáceis de ler e concisos (entre 10 a 15 palavras) e que contenham informação suficiente para indicar a essência do artigo. Alguns periódicos pedem um título abreviado (running title), de 40 a 60 caracteres, incluindo letras e espaços. Lembre-se não haverá segunda chance para causar uma primeira boa impressão.

Questões utilizadas na preparação de um artigo científico[1]
1 O que? Tópico indicador do tema da publicação
2 Onde? Como? Cenário da pesquisa
3 Quem? A amostra em estudo
4 Como? O delineamento do estudo; a forma de aferição do evento; a modalidade de análise

Siga as seguintes recomendações para a redação do título[1]:

  • Consulte o checklist do tipo de estudo no https://www.equator-network.org/;
  • Leia os títulos dos últimos artigos publicados no periódico com interesse em publicar;
  • Títulos concisos são mais fáceis de ler do que títulos longos e rebuscados;
  • Títulos muito curtos podem suprimir informações importantes, como o delineamento;
  • Os autores devem incluir no título todas as informações que permitirão a recuperação eletrônica sensível e específica do artigo;
  • Acrescente o delineamento como subtítulo;
  • Evite abreviações, exceto as de uso geral;
  • Evite fórmulas, adjetivos excessivos e sensacionalismo;
  • Evite símbolos que possa distorcer as pesquisas eletrônicas;
  • Evite gírias, imprecisões e nomes de conotação dúbia ou pejorativa;
  • Evite significado obscuro; e
  • Evite palavras supérfluas.

Palavras-chave[editar | editar código-fonte]

As palavras-chave tem as seguintes aplicações para um trabalho científico [1]:

  • Identificar o conteúdo temático;
  • Indexar o trabalho nas bases de dados;
  • Possibilitar sua rápida localização e recuperação;
  • Auxiliar o leitor na seleção de material para leitura; e
  • Facilitar a composição de índice de assuntos para cada volume de um periódico.

Em algumas revistas solicita-se que, após o resumo, os autores forneçam entre 3 a 10 palavras-chave ou expressões que reflitam os principais tópicos do artigo [1]. Esses termos auxiliam na indexação do artigo e podem ser publicadas junto com o resumo. As palavras-chave estão organizadas em áreas e subáreas de forma hierárquica e relacionadas entre si. Esse sistema chama-se thesaurus (ou vocabulário controlado ou vocabulário hierarquizado), em que os termos são agrupados por conceito e título e, na medida que desce na hierarquia, encontram-se termos mais específicos. Assim, os termos ideais para compor as palavras-chave são encontradas em thesaurus específicos da base de dados. No Brasil, os dois thesaurus mais utilizados são [1]:

Prepare-se para apresentar[editar | editar código-fonte]

Sua história na Pós-graduação termina quando você entrega a versão final de sua dissertação/tese. É comum ser obrigado a fazer uma apresentação oral. Para ganhar confiança e ter outros benefícios adicionais, apresente-o fora da instituição de origem, como em congressos, simpósios e seminários.

Apresentações orais e escritas[editar | editar código-fonte]

Falar em público pode ser desafiador. A preparação e a prática são fundamentais para a uma boa apresentação [57]. O erro mais comum dos iniciantes é disponibilizar muita informação na apresentação. Uma aula/palestra com uma quantidade modesta de informação e apresentada de forma clara para que todos na plateia entendam os pontos principais é muito melhor do que submeter sua plateia a uma enxurrada de slides complicados em alta velocidade.

Algumas recomendações para realizar uma boa apresentação [57][70]:

  • Conheça sua audiência;
  • Planeje o tempo e a construção da fala;
  • Prepare os seus slides:
    • Evite textos longos;
    • Não leia o seu slide;
    • Use fontes que facilitem a leitura;
    • Tamanho mínimo da fonte: 24pt.;
    • Insira os números dos slide;
    • Opte pelo contraste para facilitar a leitura: fundo claro com letra escura ou fundo escuro com letra clara, pondere usar uma paleta de cores (https://coolors.co/);
    • Dê preferência para as cores básicas para garantir uma definição maior;
    • Inclua ilustrações e tenha cuidado com a sua definição;
    • Use bullets (regra 6 pontos x 6 palavras/slide) ou outra estratégia;
    • Cuidado com ilustrações complexas e símbolos;
    • Priorize fotos/ilustrações exclusivas;
    • Caso seja importante para sua apresentação e tenha recursos limitados, busque por banco de imagens livres de royalties (https://www.pexels.com/pt-br/)
    • Não coloque muitas colunas e linhas nas tabelas;
    • Use alguma marcação para destacar o que deseja para sua audiência;
    • Aproveite as vantagens da tecnologia;
    • Use a tecnologia com parcimônia;
    • Evite backgrounds que distraiam sua audiência ou deixe difícil de ler;
    • Finalize com agradecimento à equipe de pesquisa; e
  • Ensaie e atenda os feedbacks.

As apresentações de pôsteres em congressos exigem que algum autor esteja presente para discutir o trabalho com os espectadores [57]. Formate-o para que seja bom e atraente e busque um lugar de prestígio. Seja criativo ao divulgar sua pesquisa por meio de comunicados à imprensa e mídias sociais, mas esteja ciente de que isso só deve ser feito com o apoio e aprovação de seu orientador.

A apresentação final[editar | editar código-fonte]

Antes da apresentação final do seu mestrado/doutorado, saiba exatamente como sua dissertação/tese será avaliada e como as notas serão distribuídas [57]. Certifique-se de que seu texto atende claramente aos requisitos que os examinadores estarão observando. Ao fazer a apresentação, aproveite todas as oportunidades para falar sobre seu projeto. Certifique-se de contar sua vivência durante a realização do projeto. Pense em perguntas prováveis e prepare suas respostas. Certifique-se de estar totalmente preparado para sua apresentação no dia anterior à data agendada. Assim, você se concentrará melhor e manterá a calma. Evite pessoas que podem causar estresse. Se houver motivos para não cumprir um prazo ou outro requisito para o seu curso, certifique-se de que o orientador esteja ciente.

Exemplos de critérios observados por bancas de Pós-graduação[57]
1 Formulação da pergunta de pesquisa A pergunta de pesquisa foi precisamente formulada e está claramente explícita? A pergunta é uma lacuna no conhecimento disponível?
2 Ética Foram atendidos todos os pressupostos e aprovações éticas?
3 Introdução e contexto A introdução é relevante e está apresentada de maneira lógica? Os principais trabalhos citados são relevantes e são os mais atuais?
4 Escolha do método O método é apropriado para responder a pergunta de interesse?
5 Descrição dos métodos A descrição dos métodos permite sua reprodutibilidade? A escolha dos testes estatísticos foi adequada?
5 Resultados A apresentação dos resultados segue o formato esperado para os dados? As informações essenciais das análises estatísticas estão disponíveis? Existem informações que deveriam estar em apêndices?
6 Discussão Os achados foram resumidos, interpretados e colocados em contexto? As conclusão são suportadas pelas evidências apresentadas?
7 Referências Estão acuradas e apresentadas no formato adequado?
8 Apresentação O texto está fácil de navegar? As páginas estão numeradas? Os títulos e subtítulos estão organizados de maneira lógica? As ilustrações (figuras, tabelas e quadros) são fáceis de entender e dispõe de títulos, legendas e notas? Existem erros de ortografia e gramática?
9 Originalidade e pensamento crítico O pensamento crítico e o rigor científico está evidente no texto? Se pertinente, a originalidade da pesquisa foi apresentada/discutida?

Quando as coisas dão errado[editar | editar código-fonte]

Algumas dicas para uma boa experiência na pós-graduação[57]:

  • Espere o inesperado. Problemas surgem mesmo nos projetos mais bem planejados.
  • Esteja alerta para as dificuldades práticas relacionadas ao seu projeto e tome medidas em um estágio inicial para resolvê-las, principalmente se elas atrapalharem as próximas etapas.
  • Não fique parado: se uma parte do seu projeto estiver “em espera”, certifique-se de usar o tempo para progredir com as demais etapas.
  • Seja proativo na resolução de problemas práticos sempre que possível e não espere que outros façam isso por você.
  • Surgirão dificuldades se um orientador for incapaz de cumprir suas obrigações para com o aluno. Sua instituição tem a obrigação de apoiar cada aluno e um novo orientador pode ser atribuído, embora isso possa exigir modificações em seu projeto.
  • Orientadores não são anjos. Problemas entre alunos e orientadores geralmente surgem devido a uma incompatibilidade de expectativas e/ou má comunicação.
  • Mantenha seu orientador atualizado sobre o que você está fazendo e reúna-se regularmente.
  • Se houver dificuldades reais de relacionamento com o orientador, procure o conselho de alguém como o coordenador de curso.
  • Quando um aluno tem dificuldades pessoais que afetam sua capacidade de fazer o melhor para o projeto, isso deve ser discutido na coordenação/colegiado de curso.
  • As universidades dispõe de uma variedade de serviços de apoio ao estudante. Use-os.
  • Quando você acredita que há uma inadequação ou má conduta no seu projeto e isso prejudicou sua avaliação (qualificação/defesa), consulte as possibilidades de recurso. Verifique cuidadosamente os regulamentos institucionais, certifique-se de que tenha certeza e levante a documentação necessária antes de apresentar um recurso.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. 1,00 1,01 1,02 1,03 1,04 1,05 1,06 1,07 1,08 1,09 1,10 1,11 1,12 1,13 1,14 1,15 1,16 1,17 1,18 1,19 1,20 1,21 1,22 1,23 1,24 1,25 1,26 1,27 1,28 1,29 1,30 Pereira, Mauricio Gomes. Artigos científicos: como redigir, publicar e avaliar. Brasil, Grupo Gen - Guanabara Koogan, 2012.
  2. https://pt.wikipedia.org/wiki/Autor
  3. https://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_autoral
  4. https://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedade_intelectual
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