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O Futuro da Informação/USP 2011/Trabalhos/Grupo 06

Fonte: Wikiversidade

WEBLOG E JORNALISMO


Este trabalho relata como o weblog, ferramenta integrante do mundo digital contemporâneo, interagiu na comunicação das notícias junto ao público leitor de modo a transmitir instântaneamente fatos formadores de opiniões, diferente do jornalismo feito pela imprensa escrita. Evidencia a cronologia histórica da comunicação da informação na antiguidade até a atualidade com a divulgação da notícia não só pelo jornal, mas pela associação à Internet e suas variadas formas de comunicar pelo blog e weblog e a inovação trazida pela Web 2. na construção das páginas online e o surgimento do micro-blogging caracterizado como uma forma atualizada de blog que permite atualizações breves de texto com menos de 200 caracteres, cuja publicação se dá para um grupo restrito escolhido pelo usuário ou aberta ao público.


Introdução

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A Internet criou um campo vasto de opções onde qualquer pessoa pode expressar seu pensamento de forma livre e democrática. Uma delas é o weblog, ferramenta ainda “criança” pois surgiu há cinco anos mais já conseguiu revolucionar todo o campo cultural da pós-modernidade.

Essa ferramenta tem proporcionado às pessoas uma nova forma de agir e pensar dentro da cibercultura pois hoje é cada vez maior a necessidade de informação imediata no momento exato em que ela acontece. Se apoderando dos blogs as pessoas passam as informações para o mundo de forma simples e fácil de ser entendida.

A Wikipédia define a divulgação de informações ou fatos pela atividade profissional chamada jornalismo que comunica informações descobertas, coletadas, escritas, editadas, cuja publicação as transformam em notícias relatadas pelo profissional denominado jornalista. A atuação deste profissional se dá em várias áreas e veículos como: jornais, revistas, televisão, rádio, websites, weblogs, assessorias de imprensa entre outros.

Procuraremos desenvolver nesse trabalho uma análise da influência do weblog no fazer jornalístico e sua importância diante do mundo digital contemporâneo.

Um pouco de história

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Surge na Roma antiga, por volta de 59 a.C. o jornal em placas brancas colocadas estrategicamente em locais de grande circulação pública. A partir do século VIII surge na China, jornais escritos à mão. Em 1447, Gutenberg inventa os tipos tipográficos e o jornal passa a ter grande circulação pública no comércio. Em 1556, surge o termo “gazetta” (pequena moeda) em Veneza a partir do Notizie scritte que era vendido por este custo.

Em 1609 surge na Alemanha Avisa Relation oder Zeitung, e mais tarde em 1665 o London Gazette, que se mantem até hoje como publicação oficial do Judiciário. Sobre política, somente na primeira metade do século XVII os assuntos locais merecem maior destaque. A censura era comum e nada que desabonasse ou provocasse descontentamento popular contra o governo poderia ser publicado.

Em 1766 a Suécia aprova a primeira lei protegendo a liberdade de imprensa. Em 1844, a rapidez na transmissão da notícia ocorre com a invenção do telégrafo. No início do século XIX os jornais alcançam status de principal veículo de transmissão das informações e surge os grandes grupos editoriais com grande capacidade de influência.

A partir de 1920, o surgimento do rádio revoluciona o jornalismo. Mais tarde em 1940, a televisão introduz a imagem, iniciando aí novo marco na história da comunicação. Em fins dos anos 1990, a Internet se afirma como a responsável absoluta pelo volume e atualização das informações. A essência da atividade primária do jornalismo se dá pela observação e descrição dos fatos, somadas a seleção e organização das informações a ser veiculada.

O trabalho jornalístico ocorre pelo tratamento da informação divididas entre as etapas: pauta (escolha dos assuntos a serem publicados posteriormente), apuração (apurar as fontes de informação), redação (tratamento da informação apurada em forma de texto) e edição (hierarquizar e coordenar o conteúdo da informação na forma em que será apresentado. Se impresso a ediçao de ve respeitar o espaço de impressão já definido, no radiojornalismo a edição corta e justapões trechos sonoros e no telejornalismo, soma-se a edição de imagens em movimento).

Podemos voltar ao trágico e triste episódio de Hiroshima com a explosão da bomba nuclear para entendermos o avanço científico aconteceu desde então. Esse trágico fato que abalou a humanidade também proporcionou ao século XX o desenvolvimento de uma ciência que proporcionaria ao mundo uma transformação global, nessa transformação nasce a Internet.

A famosa guerra fria entre Estados Unidos e a União Soviética buscava cada vez mais aliados para aumentar cada vez mais o poder sobre as nações. Com as guerras que ocorreram por conta dessa busca desesperada pela supremacia total o mundo foi beneficiado pelo desenvolvimento tecnológico científico que nos trouxe invenções que vieram para facilitar nosso cotidiano. No mundo pós-moderno a ciência passa a ter valor cada vez maior para atender as necessidades de uma civilização totalmente urbana.

Dentro desse frenesi, surge em 1969 a Arpanet criada por militares nos Estados Unidos como meio seguro de troca de informações a longa distância. Com a Arpanet as mensagens são enviadas como pacotes e tem como identificação o endereço do emissor e do receptor, os computadores interligados por redes fazem a leitura da mensagem e redirecionam, se a mensagem fosse perdida os roteadores se encarregavam de solicitar o envio novamente. Parra em estudo realizado em 2001 citado por Mattoso(2003)[1],define bem as interconexões computacionais :

Não menos importante para os estrategistas militares de então era o fato de que a topologia sugerida para essa interconexão permitiria que, sob ataque inimigo, a rede como um todo continuaria a funcionar, mesmo que um ou mais pontos (um ou mais CPDs de uma mesma região geográfica) fossem nocauteados (p. 4).


Blog e webblog

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Jon Barger usou o termo webblog pela primeira vez em 1999 quando nomeou um conjunto de sites cujo objetivo era divulgar links da web (Clemente, 2009). A autora define blog como um diário de bordo que nos permite registrar todos os detalhes de uma viagem. Encontramos na literatura diversas definições de blog e weblog.

Araújo,[2], em seu trabalho de mestrado (2006) traz várias definições de blog encontradas na literatura: coleção de links, diário online, home page pessoal e segundo este autor a definição mais utilizada atualmente é de Bausch (2002) que tem o blog como uma página da Internet onde os textos ou arquivos são colocados numa ordem cronológica reversa onde o mais recente sempre aparece primeiro e o mais antigo ficam no final. A Wikipédia define:

Blog ou blogue (contração do termo Web log, diário da Web) é um site cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos dos chamados artigos, ou posts. Estes são, em geral, organizados de forma cronológica inversa, tendo como foco a temática proposta do blog, podendo ser escritos por um número variável de pessoas, de acordo com a política do blog.

O blog possui uma interface simplificada onde mesmo os usuários que não possuem conhecimentos das linguagens HTML podem seguir os blog e até mesmo colaborar com a sua construção. Por isso, é cada vez maior o uso dessa ferramenta como meio de comunicação e divulgação na rede.

Os weblogs possuem um formato específico que tem como principais características a rapidez e a descentralização dos dados, as imagens, links e textos dos weblogs tem a característica de micro-conteúdo e tem seus conteúdos organizados cronologicamente (Silva, 2003)[3]. Para Silva (2003, p.2), weblog é um modelo de comunicação assíncrono, ou não sincronizado, ao contrário dos modos sincronizados, tais como o telefone e a interação face-a-face, que envolvem interação em tempo real.


Uma atividade profissional voltada para a divulgação das informações coletadas e redigidas de forma clara e objetiva. Pode-se também definir o jornalismo como um divulgador da verdade, pois ao relatar ao público os acontecimentos ocorridos no mundo, o jornalismo teria uma função que segundo Freire[4](1998), é uma prática social mediadora entre os eventos que ocorrem no nosso dia-a-dia, no mundo, e o público, que tem deles uma leitura, um entendimento, a partir dos fatos divulgados pela imprensa. Tais fatos representariam a verdade, na medida em que estabeleceriam um nexo entre as palavras e as coisas.

Analisando a colocação de Freire podemos imaginar que a relação da notícia com nosso dia a dia é muito forte, implicando muitas vezes nas decisões tomadas sejam elas políticas, pessoais ou econômicas.

No século XVII foram lançados na Europa os primeiros jornais a partir das técnicas de impressão descobertas por Gutenberg.

A relação jornalismo e novas tecnologias e sua difusão vem num crescente o que permite dizer que o conceito de jornalismo está relacionado ao suporte técnico pelo qual a notícia é divulgada (Murad, 1999)[5]. Segundo a autora essa relação com suporte técnico trouxe ao mundo da comunicação os termos jornalismo impresso, telejornalismo e rádiojornalismo.

Na década de 80 a American-On-Line (AOL) inicia o que podemos chamar de jornal online com a divulgação de notícias pela rede. Como principal ferramenta para atingir o público jovem, a Internet trouxe as agências de publicidade que buscam cada vez mais a publicação na rede como meio de atingir este público. Pensando em aumentar a receita os jornais foram os primeiros a buscar a publicação na rede aproveitando ao máximo as facilidades dessa nova tecnologia. Mais não só a receita despertou o interesse dos jornalistas em relação à rede, as facilidades com o trabalho jornalístico pode ser desenvolvido e também a gama de audiência a ser atingida são atrativos importantes para “o fazer” jornalístico. Murad,(1999)delineia bem essas facilidades nessa nova forma de comunicação:

No que se refere à pesquisa, o jornalista tem acesso a incalculável quantidade de informações oriundas de fontes plurais, o que pode lhe ajudar na confecção e apuração de pautas. A oferta é fruto, em parte, da nova maneira de se comunicar de organizações, empresas, instituições e autoridades, que passam a ver na Internet um meio de atingir seus públicos sem intermediários. Isso evita a unicidade das fontes de informação e permite, inclusive, o cruzamento de dados. Além disso, o jornalista dispõe de documentos e dados aos quais era difícil ter acesso até então. Registra-se, ainda, o fato de facilitar o contato de fontes distantes geograficamente ou difíceis de serem localizadas.

As empresas de comunicação principalmente as jornalísticas têm mudado sua forma de pensar buscando se integrar ao mundo atual midiático e se adaptando às novas ferramentas de trabalho.


Web 2.0 e suas transformações

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A principal mudança trazida pela Web 2.0 foi a participação direta dos usuários na construção das páginas online. Essa mudança deu aos clientes web um poder de avaliação e de construção muito grande no mundo online, com isso a grande preocupação atual das organizações que atuam no mundo virtual é agradar seus clientes e proporcionar a estes espaços colaborativos e sérios. Briggs (2007)[6], citando Pisani (2006), nos diz que: “A mudança começa pelas pontas. Lá onde as pessoas – nossos leitores e usuários – experimentam novas práticas. Lá também onde uma cultura emergente está se formando, uma cultura através da qual as pessoas olham para a mídia a partir de outra perspectiva” (p. 27).

Utilizando o código aberto, a web 2.0 permite um controle e flexibilidade muito maior aos seus usuários e lhes proporciona total liberdade de criação para que possam desenvolver conteúdos de interesse, tornando-os peças fundamentais dentro do mundo virtual. Os softwares como Wikipédia, Myspace Flickr entre outros têm recebido inúmeras colaborações e com isso têm desenvolvido “sofisticados armazéns para estocagens da informação”. (Briggs, 2007). Ao afirmar que “os editores da Web estão criando plataformas ao invés de conteúdo. Os usuários estão criando conteúdo”, Briggs nos dá uma clara visão da importância da participação dos usuários na criação da informação e da urgência necessária na mudança do jornalismo em relação às notícias que publicam.

O weblog evoluiu para o micro-blogging, definido pela Wikipédia como forma de publicação de blog que permite aos usuários atualizações breves de texto com menos de 200 caracteres cuja publicação se dá para um grupo restrito escolhido pelo usuário ou aberta ao público. Os textos são enviados por vários meios como: SMS, mensageiro instântaneo, e-mail, MP3 ou pela Web.

Em 2006 é lançado o Twitter mundialmente; alguns países possuem micro-blogging voltado para algumas nacionalidades: TeLog no Brasil, Frazer na França e Alemanha, PlayTalk na Coréia do Sul, Fanfou na China.

Benkler[7](2006), afirma que a produção social ou conjunta é uma realidade que se afirmou na mídia e sites de recursos sociais incorporam o microblog à sua lista de recursos como Facebook. Comm & Burge[8](2009), descrevem a cobertura de outros microblogs como: Linkedin voltado para atualizações profissionais, o Pownce que aumentou o tipo de conteúdo a ser enviado, o Yammer que pede que as pessoas digam no que estão trabalhando, contudo as respostas são reveladas somente aos usuários que possuam o mesmo e-mail corporativo. Outros microblogs como o Plurk que apresenta as postagens numa linha horizontal como se fosse uma linha do tempo.

O Twitter se mantém como o serviço de microblog a ser superado com massa crítica de 3 milhões de usuários, como atestam Comm & Burge (2009).


O microblog parece reformular o weblog numa ferramenta que se faz mais atraente aos olhos dos consumidores ansiosos por novos recursos e facilidades que manterão esta forma de mídia ativa segundo as necessidades de seu público consumidor.

A produção da notícia hoje passa por toda gama de tecnologias disponíveis no mercado para divulgá-la e torná-la fonte de informação e conhecimento em tempo real. No mundo contemporâneo vivemos conectados praticamente 24 horas por dia tendo disponível ferramentas e tecnologias que nos proporciona um verdadeiro arsenal de acesso ao fato no exato momento de seu acontecimento.

Toda essa disponibilidade tecnológica tem colocado todos os cidadãos em alerta, pois com um simples celular na mão qualquer pessoa pode se tornar agora um emissor de fatos no momento exato em que ele acontece. Foi-se o tempo que produzir a notícia era necessário estar fisicamente em um espaço, agora ela pode ser produzida de qualquer espaço geográfico do mundo bastando para isso ter em mãos um aparelho conectado a grande rede Internet.

Uma das ferramentas mais utilizadas pelos jornalistas e pessoas comuns para divulgação de notícias em tempo real é o Twitter que tem o poder de agregar as informações e torná-la disponível para que seu conteúdo seja utilizado de forma colaborativa proporcionando assim maior e melhor realismo aos acontecimentos. Podemos considerar o Twitter como uma ferramenta social onde não existem limites territoriais delimitados (Carvalho & Barrichelo, 2009)[9]. Estar no Twitter é interagir a todo o momento: é construir novos conteúdos, é ser colaborativo, é construir assim a grande teia informacional da qual todos nós fazemos parte.

“Para finalizar podemos citar a frase de Carvalho e Barrichello:” Como agregador, distribuindo informação originada em diferentes recantos, o Twitter ajuda a estender a Cauda Longa da Informação, por meio do trabalho colaborativo e em rede que caracteriza a web 2.0”(2009, p. 13).


  1. Mattoso, G. de Q.,Internet, jornalismo e weblogs: uma nova alternativa de informação.
  2. Araújo, A.V.,Weblog e jornalismos: casos de no mínimo weblog e observatório da imprensa (Bloi).
  3. Silva, A.P.,Weblogs: múltiplas utilizações e um conceito.
  4. Freire, A.,Jornalismo público, “publijornalismo” e cidadania
  5. Murad, A.,Oportunidades e desafios para o jornalismo na Internet.
  6. Briggs, M.,Jornalismo 2.0: como sobreviver e prosperar.
  7. Benkler Y.,The wealth of networks: how social production transforms markets and freedom.
  8. Comm, J. & Burge, K.,Olhar mais de perto o microblog. In: _______. O poder do twitter: estratégias para dominar seu mercado.
  9. Carvalho, L. M., Barrichello, E. M. da R.,O microblog twitter como agregador de informações de relevância jornalística.