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PLANO DE ATIVIDADES 2014-2015
I. Projetos de pesquisa previstos
1- Observatório da digitalização dos saberes populares e locais -
2 -Pesquisas individuais (Mestrado)
O papel das redes sociais digitais nas práticas de empreendedorismo local. Pesquisador(a): Ana
Este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar a emergência do novo tipo de empreendedorismo local ligado ao processo de digitalização e ao advento de arquiteturas em redes informativas. Para isso, será realizado um percurso entre as teorias da comunicação, do social digital, do empreendedorismo e da economia em rede, visando produzir reflexões que nos ofereçam bases mais amplas para a compreensão da dimensão e dos significados da participação dos circuitos informativos na ação empreendedora local, em sua dinâmica, cultura e finalidade. A partir deste esforço pretende-se realizar os propósitos de: mapear casos existentes de empreendedorismo colaborativo local ligado ao acesso às informações por meio das redes digitais; caracterizar e descrever a qualidade destas ações empreendedoras em rede e os diversos actantes nelas envolvidos; estudar as suas arquiteturas informativas digitais através da aplicação do indicador de níveis de interação (DI FELICE; TORRES; YANAZE, 2012). Neste sentido, contribuir com a busca de novas teorias interpretativas capazes de narrar o dinamismo corporativo contemporâneo e explicar as novas corporalidades que são produzidas dentro desta nova ecologia comunicativa tecnológica, contrastando-as com os modelos tradicionais industriosos, é a proposta do presente projeto.
Redes xamânicas ameríndias e Redes digitais: por uma nova ecologia da comunicação. Pesquisador(a): Fernanda Este projeto de pesquisa, de cunho essencialmente teórico, busca problematizar o conceito moderno de Natureza e investiga a reconfiguração da ecologia no contexto tecnológico-digital contemporâneo. O advento das redes digitais, mais do que provocar profundas transformações comunicativas e sociais, parece redefinir nossa própria condição habitativa. As dimensões dessa transformação qualitativa questionam os pressupostos do pensamento ocidental que, por muitos séculos, condicionaram uma epistemologia dominante caracterizada por concepções dicotômicas. O objetivo dessa pesquisa é, portanto, buscar teorias e categorias conceituais no interior das formas de pensamento não-ocidentais e minoritárias (Stengers), em particular relacionadas ao perspectivismo ameríndio e às práticas xamânicas, para desenvolver uma concepção de rede que inclua a mediação entre humanos e não-humanos, o trânsito entre múltiplas naturezas e uma ideia conectiva (ou metamórfica) da relação entre homem, tecnologia e ambiente, cujos fundamentos se mostram férteis para pensar a comunicação em uma perspectiva ecológica.
________________________________________ [1] Ao contrário de um movimento de superação ou emancipação da narrativa moderna, tomar-se-á o rumo da Explicitação proposta por Sloterdijik e Latour, considerando-se que a história não rompe com o passado, mas torna “explícitos elementos com os quais é preciso aprender a viver, elementos que tornam-se compatíveis ou incompatíveis com os que já estavam lá”. (p. 5/6 http://sociofilo.iesp.uerj.br/wp-content/uploads/2010/08/resenha-latour-cogitamus.pdf)
4 -Pesquisais individuais (Doutorado):
Por uma cartografia de controvérsias culturais - Os Rolezinhos e a caixa-preta das culturas. Pesquisador(a): Andre Stangl
Assim, inspirado na proposta da Cartografia de controvérsias (CC), a presente pesquisa pretender ajudar a desenvolver uma estratégia aplicada ao campo da cultura (mediada pela comunicação). Cartografar as redes1 que atuam em uma polêmica cultural, pode ser uma forma de deslocar nossas caixas-pretas culturais. A estratégia criada por Bruno Latour e seus colegas originalmente mantém seu foco nas controvérsias tecnocientíficas, mas não necessariamente precisa estar limitada a elas. Pensando no sentido maior da teoria que dá a base dessa estratégia, a Teoria Ator-Rede (TAR), a cartografia de controvérsias culturais (CCC) também pode ser uma forma de reagregar o social.
A cultura é um híbrido que tentamos estabilizar através de preconceitos, cânones, padrões estéticos, bom gosto, identidades, tradições, nacionalismos, etc – essas são algumas das caixas-pretas (estabilizadas ou não), que podem ser deslocadas quando surgem as controvérsias culturais. Aplicar a CCC ao jornalismo cultural2, por exemplo, pode ser uma forma de reaquecê-lo, evitando as pautas frias (a redundância dos releases, achismos do tipo gosto/não gosto, ou mesmo tentativas cientificistas de criticismo objetivo).
Assim, é importante lembrar que o sentido da CCC não é fechar uma explicação sobre os fenômenos culturais, mas ajudar a traçar novas rotas, ajudando a visualizar outras perspectivas. Como faz o aplicativo Waze, quando nos ajuda a visualizar as diversas marcações dos usuários no mapa, no entanto a rota escolhida sempre será a combinação de seus interesses enquanto motorista, as sugestões do Waze e as ocorrências não previstas durante o caminho.
Partindo desses pressupostos a presente pesquisa pretende realizar uma CCC dos fenômenos conhecidos como “rolezinhos”. Tendo como norte organizador e desestabilizador as estratégias apresentadas por Bruno Latour em seu livro Reagregando o Social. Talvez esse procedimento sirva para inspirar e embasar a aplicação dessa estratégia no jornalismo cultural3, mas não será esse o objetivo principal da pesquisa, pois ainda nos resta a tarefa de ouvir com atenção e descrever o que essa rede de jovens e actantes quer dizer.
Por isso, uma hipótese a ser investigada na presente pesquisa é entender até que ponto nossas interações digitais podem ter a potencialidade de nos aproximar da uma nova experiência perspectivista. É possível que o virtual seja uma forma de flexibilizar o paradoxo dos “modernos”, ou seja, a clássica oposição entre uma natureza e diversas culturas. Pois, por um lado, temos a potencialidade de nos aproximar de uma nova experiência perspectivista, já que na rede podemos compartilhar uma cultura. Mas, por outro lado, será que podemos dizer que quando mediados por nossos objetos técnicos experimentamos naturezas diversas?
As mídia centralizadas instauravam uma poderosa sincronização temporal, ler o jornal do dia, assistir ao telejornal, ou a novela, no mesmo horário e ao mesmo tempo. Com as tecnologias digitais ocorre uma intensificação dessa sincronização, mas paradoxalmente também podemos não-sincronizar e multiplicar nossas temporalidades. Um elemento importante, que se destaca olhando rapidamente para o fenômeno dos rolezinhos é a possibilidade de sincronizar espacialmente, em uma espécie de conexão trans-corporal (cf. KRØIJER, 2010), onde os coletivos re-inventam uma noção compartilhada do presente (cf. MELUCCI, 1996) e distribuída de cultura (cf. HENNION, 2003; WAGNER, 2010). A pergunta então é, o virtual não basta? Esses jovens querem re-experimentar juntos a materialidade de seus corpos e coisas? Ou jamais fomos desconectados?
5 - Pesquisa individual (Doutorado) - Saberes e fazeres em redes: o digital potencializando economias co-labor-ativas comunitárias. Pesquisador(a): Fábio
O principal objetivo dessa pesquisa é investigar as relações, e seus desdobramentos, entre as diferentes possibilidades tecnológicas digitais e os saberes e fazeres de comunidades periféricas e tradicionais enquanto geradoras de uma economia co-labor-ativa.
4 - Pesquisa individual (doutorado) - Mariana - a definir
II. Eventos 2015 – Seminário na ECA sobre o tema.
III. Grupos de estudo 1- “Comunicação e cultura”, Problematização do conceito de cultura na antropologia e estudos culturais (Hall, Bhabha, Gilroy etc). Eduardo Viveiros de Castro, Manuela Carneiro da Cunha, Martin Holbraad, Tim Ingold, Bruno Latour, Roy Wagner 2º semestre de 2014. 2 - Grupo de estudos de Teoria ator-rede – 1º Semestre de 2015
IV. Publicações (individuais, coletivas - inclui artigos, livros, capítulos publicados ou previstos e também planejamento) Artigo coletivo resultado do grupo de estudos.