Protocolos decoloniais para a Wikimedia/Anotações/05

Fonte: Wikiversidade
INÍCIOANOTAÇÕESMATERIAIS
Grupo de pesquisa: Protocolos decoloniais para a colaboração institucional na Wikimedia


Reunião 05. Construção da pergunta - Dia 02-06-2023

A pergunta da pesquisa[editar | editar código-fonte]

Ideia inicial[editar | editar código-fonte]

Foi apresentada uma primeira sugestão de pergunta norteadora construída sobre a noção apagadora dos artesãos usada pelos colonialistas. Ex. https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Pre-Columbian_textiles_of_Peru_in_the_Metropolitan_Museum_of_Art

Versão longa:

Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para o compartilhamento digital, tanto de metadados quanto de imagens, de acervos indígenas em infraestruturas sociotécnicas colaborativas livres, como o Wikimedia Commons e o Wikidata, considerando as etapas de parceria, análise jurídica, técnicas de carregamento e difusão social?

Versão curta:

Quais são boas práticas para o compartilhamento digital de acervos indígenas em infraestruturas sociotécnicas colaborativas livres?

Desdobramentos[editar | editar código-fonte]

Haveria uma série de perguntas que se desdobram e nos ajudariam a garimpar o trabalho. Poderíamos ainda decidir escolher apenas um ângulo do trabalho. Para cada uma das etapas do compartilhamento dos dois tipos de objeto há um risco extrativista/colonial específico.

Tipo de objeto:

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para o compartilhamento digital de metadados de acervos culturais indígenas por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata?

OU

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para o compartilhamento digital de mídias de acervos culturais indígenas por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata?

Etapa do compartilhamento 1:

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para a parceria envolvida no compartilhamento digital de acervos culturais indígenas por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata? Abordagem / problematização das / para as comunidades (mediadores indígenas), linguagem a utilizar (deswikificar), como estabelecer uma parceria dialógica (e não manipuladora).

OU

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para a análise jurídica no compartilhamento digital de acervos culturais indígenas por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata? Propriedade intelectual indígena x licenciamento participativo, empoderador e humanizador (discussão a estar no horizonte). Propriedade intelectual coletiva – Wikipédia, a enciclopédia livre

Etapa do compartilhamento 2:

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para as etapas técnicas de carregamento envolvidas no compartilhamento digital de acervos culturais indígenas por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata?

OU

  • Quais são as boas práticas ou protocolos éticos identificados na literatura para a difusão social de acervos culturais indígenas compartilhados digitalmente por meio de infraestruturas sociotécnicas colaborativas, como o Wikimedia Commons e o Wikidata?

Discussão[editar | editar código-fonte]

Qual o objetivo para compartilhar um acervo? Como proteger os acervos de usos perversos? Como não ser extrativista com os acervos? Como as atividades de digitalização de acervos podem ser humanizadoras? [NOTA 1]

A ideia da informação como direito e não como serviço. O que consideramos como boas práticas?

A questão da simetria no uso da cultura e do objeto. Criação de valor. Relação perene com a comunidade. O objeto aprisionado no Museu Metropolitan precisa voltar: uma reparação para o povo originário que confeccionou o objeto (CC-BY-SA). Pensar como operacionalizar isso que, ao compartilhar o acervo a comunidade também seja beneficiada.

Talvez o carregamento de acervos de comunidades deva estar ligado diretamente e obrigatoriamente a atividades em conjunto com as comunidades para conceituar e posicionar os itens do acervo dentro da Wikipédia junto ao conhecimento originário. Explicação cultural em vez de descrição material.

Uma vez que carrega em licença livre, está liberando para qualquer uso. Até que ponto poderíamos subir algo que usasse uma licença com tags do tipo Tydewá (que não quer o uso por pessoas e empresas que maltratam o meio ambiente).

Leituras coletadas pelos participantes:

Onde GLAM se comunica com Wiki-Educação.

Aldeia em Peruíbe. Cacique que é colega de pós, pesquisa como a educação escolar indígena e não-indígena se interconectam. [Outro membro deste GT conheceu o cacique de uma aldeia em peruíbe também]. E o orientador da pós chegou à conclusão de que o processo de orientação do trabalho dele precisa ser coletivo.

As lideranças têm uma visão muito diferente das mídias. Por exemplo, o líder de Peruíbe enviou 400 fotos por whatsapp para o membro deste GT e disse que podia difundir. As comunidades se organizam por whatsapp, facebook e instagram.

Os negros têm outra visão e atuação. A gente aquilomba o conhecimento. Coalisão negra se comunica por Signal etc. Vamos focar em indígenas, porque os negros estão estruturados de outras formas.

Talvez a próxima fase do projeto seja conversar com indígenas da pós (já ocidentalizados em termos de palavras e conceitos).

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaoideia?id=51182 usar a lei para potencializar a questão educacional do carregamento de acervos.

Objetivos[editar | editar código-fonte]

Vamos responder à pergunta pelo método de revisão de literatura. Precisamos listar os objetivos da pesquisa para saber se ela atingiu o que se propor.

Sugeriu-se adicionar "compreender e conceituar".

Como os estudos nomeiam o que fazem e a síntese que identificamos frente à heterogeneidade de nomes?

NOTA 1[editar | editar código-fonte]

"[...] o papel do professor numa concepção emancipadora de educação não é simplesmente o de possuir conhecimentos a serem socializados, mas o de apresentar um projeto educacional que sintetize as possibilidades concretas do vir-a-ser tanto do aluno singular quanto da sociedade na qual se espera que ele realize transformações (Atividade Potencial). Tal projeto deve propiciar a emergência de atividades problematizadoras, as quais permitam que o Problema-em-si venha a ser apropriado de maneira conscientemente, como Problema-para-si, que oriente o consumo/produção de conhecimentos para a constituição de individualidades mais ricas, tanto do ponto de vista de potencialidades humanas historicamente formadas, quanto do lugar que ocupam na coletividade, em suma, apontar quais possibilidades concretas de transformação da realidade ali estariam abertas. Aqui reside a busca pela superação da dicotomia educador-educando por meio da constante tarefa de repensar e reinventar as atividades mediadoras e o próprio projeto educacional, cujo critério de verdade é a própria realidade e não apenas as objetivações humanas cristalizadas. Desta forma, não há razão para que o professor, mesmo um especialista em ciências, seja o detentor da verdade – pois o critério de verdade já não é mais a Ciência por si só" (CAMILLO, 2015, p. 199)

Projeto educacional: Possibilidades concretas do vir-a-ser: Digitalização e difusão de acervos das pessoas oprimidas

Atividade potencial: Situação existencial para a pessoa Wikimedista preocupada com o problema em si, apropriada e tornada objetiva como problema-para-si.

Problema-em-si: encarceramento da cultura pela “instituição protetora do acervo” e a digitalização e difusão do acervo como mais uma tecnologia social da colonialidade

Problema-para-si: Como a propriedade simétrica do licenciamento pode também distribuir a criação de valor originada pela digitalização e difusão de acervos de modo a produzir reparações ao histórico extrativismo cultural-material instituído pelo colonialismo.

O problema do acesso à informação talvez possa ser colocado como uma disputa pelo direito à informação, de que a educação é um direito e não um serviço e, no sentido de que este trabalho busca dar a esse grande problemática, pelo menos como pensamos estar contribuindo, significa buscar libertar os processos de consumo-produção do conhecimento. (LIMA, 2022, p. 156)

Proposição: Como poderíamos libertar os processos de consumo-produção de conhecimento por meio da digitalização e difusão de acervos ?

Projeto de emancipação humana:

"Nos somamos assim a posições que não aceitam um ethos de adaptação ao status quo do modo de produção capitalista, mas sim busquem um enfrentamento sistemático por meio do desenvolvimento de um ethos ético-político que atenda a uma orientação para igualdade e justiça social, bem como ideais de solidariedade, de colaboração e de comunidade". (STETSENKO, 2016).