Tecnopolíticas Urbanas
Sobre
[editar | editar código-fonte]Disciplina eletiva do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) destinada a estudantes de mestrado e doutorado desta e outras instituições (ouvintes). Áreas de interesse: arquitetura e urbanismo, planejamento urbano, comunicação, geografia, sociologia, e outras disciplinas das ciências sociais e humanas.
Responsável: Rodrigo Firmino.
Convidados(as): Andres Luque-Ayala (Durham University); Debora Pio (MediaLab/UFRJ); Fábio Duarte (PPGTU/PUCPR; MIT Senseable City Lab); Fred van Amstel (DADIN/UTFPR); Henrique Parra (PimentaLab/UNIFESP); Nina Desgranges (LED/UFRJ); Paula Pereira (MediaLab/UFRJ); Rodrigo Gonzatto (PUCPR); Thiane Neves (GIG@/UFBA)
Local e período
[editar | editar código-fonte]Onde: PPGTU/PUCPR, Campus Curitiba. Escola de Belas Artes, Bloco 2, 2o andar. Em razão da pandemia do novo coronavírus, as aulas para o ano de 2021 serão realizadas no ambiente digital (divulgado após confirmação das inscrições).
Quando: 2o semestre de 2021, 10 sessões, normalmente às terças-feiras, das 9h30 às 12h30, com exceção das aulas 1, 2 e 10, que ocorrerão às quartas-feiras.
Carga horária: 30 horas (mestrado) e 45 horas (doutorado).
Ementa e objetivos
[editar | editar código-fonte]A cidade como um artefato tecnológico é o fundamento desta disciplina. Para a discussão desse fundamento, a disciplina visa compreender as relações entre as transformações tecnológicas, a organização do espaço urbano, e as consequências para diferentes grupos sociais em termos de gênero, raça, e classe. A primeira abordagem de base da disciplina será a construção social das tecnologias, que considera a explicação do desenvolvimento científico e tecnológico como construção social e histórica. Este conteúdo será integrado a um segundo tipo de abordagem que trata da formação, compreensão e descrição de redes sociotécnicas, que permitem entender as relações entre diferentes atores de naturezas distintas (políticas, objetos, tecnologias) na formação da cidade como um conglomerado de artefatos tecnológicos.
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]- Ciência, tecnologia e sociedade (CTS) e sociologia da tecnologia;
- Redes sociotécnicas e tecnopolítica;
- Tecnologias e cidades;
- Dados e algoritmos como mediação urbana;
- Projetos e contra-projetos (opressão e resistência).
Metodologia de aprendizagem
[editar | editar código-fonte]- Aulas expositivas;
- Seminários;
- Discussões em mesas redondas;
- Trabalho de campo.
Avaliação
[editar | editar código-fonte]- Frequência mínima: 75%;
- Seminários em equipe;
- Trabalho dissertativo em duplas;
- Resenha crítica (apenas doutorado).
Composição da nota
[editar | editar código-fonte]- Mestrado: seminário (30%) + trabalho dissertativo (70%)
- Doutorado: seminário (20%) + trabalho dissertativo (70%) + resenha (10%)
Seminário
[editar | editar código-fonte]Cada equipe escolherá um arranjo sociotécnico urbano (que envolva um ou mais artefatos tecnológicos), e fará uma análise socioconstrutivista, abordando suas origens, ramificações e possibilidades futuras para a cidade, bem como características de opressão, racialização e assimetrias de poder. O trabalho deverá ser em formato pecha kucha, ou seja, obrigatoriamente 20 slides com 20 segundos cada um, em progressão automática (total 6:40 minutos). Entrega e apresentação: 01/12/2021.
Trabalho dissertativo
[editar | editar código-fonte]A ser realizado em duplas. Trabalho de pesquisa sobre processos tecnológicos ou infraestruturas urbanas (arranjos sociotécnicos), investigando as relações entre cidades e tecnologias do ponto de vista socioconstrutivista, tendo como perspectiva uma reflexão baseada em propostas de contra-projeto libertário (contra-opressor). O exercício deve resultar em um texto com no máximo 3.000 palavras, podendo respeitar as seguintes fases de desenvolvimento: (a) escolha do objeto de pesquisa (pode estar relacionado com o trabalho de campo realizado em aula), que envolve um arranjo sociotécnico (considerando um ou mais artefatos tecnológicos); (b) definição do protocolo de pesquisa para este objeto (metodologia e abordagens ao objeto de pesquisa, envolvendo perguntas de pesquisa, fontes de informação, organização das evidências/dados e tópicos de análise); © coleta de informações, organização e análise dos dados e evidências; (d) elaboração do documento analítico baseado na teoria SCOT (social construction of technologies) e/ou ANT (actor-network theory), com descrição da situação (objeto da pesquisa) e detalhamento do mapeamento da controvérsia; (e) arrazoado sobre possibilidade de contra-projeto libertário (contra-opressor), com descrição mínima de suas características. Entrega: 20/12/2021.
Resenha crítica (apenas doutorado)
[editar | editar código-fonte]Doutorandos/as deverão complementar sua carga horária com a realização de uma resenha crítica (entre 1.000 e 2.000 palavras) a partir de no mínimo 3 artigos selecionados sobre o tema da disciplina (a relação entre cidades e sistemas tecnológicos). A resenha deve basear-se nos artigos e resultar em ensaio crítico sobre o(s) tema(s) abordado(s) pelos artigos, suas inter-relações, etc. Entrega: 20/12/2021.
Observação: Os textos do trabalho dissertativo e da resenha crítica deverão ser entregues em PDF, e devem respeitar os limites de palavras, incluindo título e bibliografia.
Programação
[editar | editar código-fonte]Aula 1, quarta-feira 15/09/2021 (Rodrigo Firmino e Fábio Duarte)
- Apresentação da disciplina, contexto e programação.
- Tecnologia como princípio teórico.
Marx, Leo (2010). Technology: the emergence of a hazardous concept. Technology and Culture, 51(3): 561-577. Acesso
Latour, Bruno (1994). On technical mediation. Common Knowledge, 3(2): 29-64. Acesso (disponível em espanhol, aqui)
Aula 2, quarta-feira 22/09/2021 (Rodrigo Firmino)
- Construção Social das Tecnologias. Bicicletas como tecnologia feminista.
Pinch, Trevor; Bijker, Wiebe (1984). The Social Construction of Facts and Artefacts: or How the Sociology of Science and the Sociology of Technology might Benefit each Other. Social Studies of Science, 14, 399-441. Acesso
Aula 3, terça-feira 28/09/2021 (Rodrigo Firmino)
- Tecnologia como artefato político. Artefato e segregação.
- Plano e Cidade: construção social de fatos e artefatos urbanos.
Winner, Langdon. Artefatos têm Política? (tradução Fernando Manso). “Do artifacts have politics?” In. The Whale and the Reactor: a search for limits in an Age of High Technology. Chicago: The University of Chicago Press, p.19-39. Acesso
Aibar, Eduardo; Bijker, Wiebe (1997). Constructing a City: The Cerdà Plan for the Extension of Barcelona. Science, Technology, & Human values, 22(1): 3-30. Acesso
Aula 4, terça-feira 05/10/2021 (Rodrigo Gonzatto)
- Greve projeta apps? "Usuários" no projeto para-si de tecnologias na cidade.
Hernández, Maria C. Ibarra; Ribeiro, Rita (2014). O design e a valorização do vernacular ou de práticas realizadas por não-designers. In: 11º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, Blucher Design Proceedings. Acesso
Gonzatto, Rodrigo Freese (2018). Utentes como produtores de tecnologias computacionais (seção 3.5.3) In: Gonzatto, Rodrigo Freese. Usuários e Produção da Existência: contribuições de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire à Interação Humano-Computador. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) – PPGTE (UTFPR), p.219-228. Acesso
Vídeo: Paulo Roberto da Silva Lima (Galo). ‘Entregador Antifascista' critica precarização do trabalho e omissão de veículos da imprensa. Folha de S. Paulo [Youtube]. Acesso
Aula 5, terça-feira 19/10/2021 (Fábio Duarte) - início às 9h00
- Transporte urbano: uma questão racial.
Crockett, Karilyn (2018). "Introduction". In: People before highways: Boston Activists, Urban Planners, and a New Movement for City Making. University of Massachusetts Press: 1-18. Acesso
Archer, Deborah (2020). White men's roads through black men's homes: advancing racial equity through highway reconstruction. Vanderbilt Law Review, 23(5): 1259-1330. Acesso
Albergaria, Rafaela; Martins, João P.; Mihessen, Vitor (2019). Não foi em vão: desigualdade e segurança nos trens metropolitanos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll. Acesso
Aula 6, terça-feira 26/10/2021 (Andres Luque-Ayala e Paula Pereira)
- "Sistemas operacionais urbanos", uma perspetiva crítica do "urbanismo inteligente".
Luque-Ayala, Andres; Marvin, Simon (2020). Prediction: The City as a Calculative Machine. In: Andres Luque-Ayala and Simon Marvin (2020). Urban Operating Systems: producing the computacional city. Cambridge: MIT Press, p.129-148. Acesso
- Regimes de saber e de temporalidade algorítmica.
Pereira, Paula (2021). Performatividade, correlacionismo e probabilização do futuro: a ordem das coisas na era do algoritmo. Dobras, 42, 12 de março de 2021. Acesso
Rouvroy, Antoinette; Berns, Thomas (2015). Governamentalidade algorítmica e perspectivas de emancipação: o díspar como condição de individuação pela relação? Revista Eco Pós, 18(2): 36-56. Acesso
Aula 7, terça-feira 09/11/2021 (Nina Desgranges e Thiane Neves)
- Cidades, dados e plataformas digitais.
Barns, Sarah (2020). Re-engineering the City: Platform Ecosystems and the Capture of Urban Big Data 2003, Front. Sustain. Cities, 2(32). Acesso
- Raça, gênero e algoritmos.
Neves, Thiane (2020). Estamos em marcha! Escrevivendo, agindo e quebrando códigos. In: Tarcízio Silva (Org.) (2020). Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: olhares afrodiaspóricos. São Paulo: LiteraRUA. Acesso
Carrera, Fernanda; Carvalho, Denise (2020). Algoritmos racistas: a hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais. Galáxia, 43: 99-114. Acesso
Aula 8, terça-feira 16/11/2021 (Henrique Parra e Debora Pio)
- Alternativas, resistências e a tecnopolítica do comum.
Parra, Henrique (2019). Laboratório do comum: protótipos, reticulação e potência da situação. doispontos, 16(3): 111-120. Acesso
- Dados e narrativas territorializadas
Firmino, Rodrigo; Pio, Débora; Vieira, Gilberto (2020). Revolução periférica dos dados em tempos de pandemia global. Revista de Morfologia Urbana, 8(1): e00156. Acesso
Aula 9, terça-feira 23/11/2021 (Fred van Amstel) - início às 9h00
- Colonização e descolonização infraestrutural no espaço urbano
Pelanda, Mateus; van Amstel, Frederick (2021). A fumaça digital: inversão infraestrutural do COVID-19 pela perspectiva Yanomami, International Journal of Engineering, Social Justice and Peace, 8(1): 61-77. Acesso
Pelanda, Mateus; van Amstel, Frederick (2019). Infraestruturando identidades visuais livres em coletivos autogestionários. In Anais do 9o Congresso Internacional de Design da Informação/Proceedings of the 9th Information Design International Conference| CIDI. Acesso
Aula 10, quarta-feira 01/12/2021 (Rodrigo Firmino)
- Seminários temáticos em equipe (pecha kucha), comentários e avaliação coletiva.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Aibar, Eduardo; Bijker, Wiebe (1997). Constructing a City: The Cerdà Plan for the Extension of Barcelona. Science, Technology, & Human values, 22(1): 3-30. Acesso
Albergaria, Rafaela; Martins, João P.; Mihessen, Vitor (2019). Não foi em vão: desigualdade e segurança nos trens metropolitanos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böll. Acesso
Archer, Deborah (2020). White men's roads through black men's homes: advancing racial equity through highway reconstruction. Vanderbilt Law Review, 23(5): 1259-1330. Acesso
Barns, Sarah (2020). Re-engineering the City: Platform Ecosystems and the Capture of Urban Big Data 2003, Front. Sustain. Cities, 2(32). Acesso
Carrera, Fernanda; Carvalho, Denise (2020). Algoritmos racistas: a hiper-ritualização da solidão da mulher negra em bancos de imagens digitais. Galáxia, 43: 99-114. Acesso
Crockett, Karilyn (2018). "Introduction". In: People before highways: Boston Activists, Urban Planners, and a New Movement for City Making. University of Massachusetts Press: 1-18. Acesso
Firmino, Rodrigo; Pio, Débora; Vieira, Gilberto (2020). Revolução periférica dos dados em tempos de pandemia global. Revista de Morfologia Urbana, 8(1): e00156. Acesso
Gonzatto, Rodrigo Freese (2018). Utentes como produtores de tecnologias computacionais (seção 3.5.3) In: Gonzatto, Rodrigo Freese. Usuários e Produção da Existência: contribuições de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire à Interação Humano-Computador. Tese (Doutorado em Tecnologia e Sociedade) – PPGTE (UTFPR), p.219-228. Acesso
Hernández, Maria C. Ibarra; Ribeiro, Rita (2014). O design e a valorização do vernacular ou de práticas realizadas por não-designers. In: 11º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design, Blucher Design Proceedings. Acesso
Latour, Bruno (1994). On technical mediation. Common Knowledge, 3(2): 29-64. Acesso (disponível em espanhol, aqui)
Luque-Ayala, Andres; Marvin, Simon (2020). Prediction: The City as a Calculative Machine. In: Andres Luque-Ayala and Simon Marvin (2020). Urban Operating Systems: producing the computacional city. Cambridge: MIT Press, p.129-148. Acesso
Marx, Leo (2010). Technology: the emergence of a hazardous concept. Technology and Culture, 51(3): 561-577. Acesso
Neves, Thiane (2020). Estamos em marcha! Escrevivendo, agindo e quebrando códigos. In: Tarcízio Silva (Org.) (2020). Comunidades, Algoritmos e Ativismos Digitais: olhares afrodiaspóricos. São Paulo: LiteraRUA. Acesso
Parra, Henrique (2019). Laboratório do comum: protótipos, reticulação e potência da situação. doispontos, 16(3): 111-120. Acesso
Pereira, Paula (2021). Performatividade, correlacionismo e probabilização do futuro: a ordem das coisas na era do algoritmo. Dobras, 42, 12 de março de 2021. Acesso
Pelanda, Mateus; van Amstel, Frederick (2021). A fumaça digital: inversão infraestrutural do COVID-19 pela perspectiva Yanomami, International Journal of Engineering, Social Justice and Peace, 8(1): 61-77. Acesso
Pelanda, Mateus; van Amstel, Frederick (2019). Infraestruturando identidades visuais livres em coletivos autogestionários. In Anais do 9o Congresso Internacional de Design da Informação/Proceedings of the 9th Information Design International Conference| CIDI. Acesso
Pinch, Trevor; Bijker, Wiebe (1984). The Social Construction of Facts and Artefacts: or How the Sociology of Science and the Sociology of Technology might Benefit each Other. Social Studies of Science, 14, 399-441. Acesso
Rouvroy, Antoinette; Berns, Thomas (2015). Governamentalidade algorítmica e perspectivas de emancipação: o díspar como condição de individuação pela relação? Revista Eco Pós, 18(2): 36-56. Acesso
Winner, Langdon. Artefatos têm Política? (tradução Fernando Manso). “Do artifacts have politics?” In. The Whale and the Reactor: a search for limits in an Age of High Technology. Chicago: The University of Chicago Press, p.19-39. Acesso