Temperaturas Paulistanas/Planejamento/Brasilândia/Turma D

Fonte: Wikiversidade

BRASILÂNDIA[editar | editar código-fonte]

TEXTO INTRODUTÓRIO[editar | editar código-fonte]

Distrito com 51% da sua população sendo de alta vulnerabilidade social (de acordo com pesquisa feita pela FFLCH/USP) e situada na zona noroeste de São Paulo, Brasilândia conta com área de 21 km² e população de 265.000 habitantes, seus principais bairros são Jardim Guarani, Jardim Paulistano, Jardim Elisa Maria e Vila Penteado. Coberta com o Parque Estadual da Serra da Cantareira, grande parte do distrito é considerado área de preservação, e em suas áreas urbanas é o distrito com maior numero de favelas das zonas norte, centro e oeste, favelas que junto com a COHAB são os tipos de moradia predominantes da região, também é o distrito com maior vulnerabilidade social nas mesmas zonas supracitadas.

Distrito que pertence à subprefeitura Freguesia/Brasilândia, originou-se de um desmembramento de sítios e chácaras que foram convertidos em lotes residenciais na década de 1930. Seu nome é uma homenagem a Brasílio Simões, comerciante que liderou o bairro para a construção da Igreja de Santo Antônio. Os primeiros moradores do loteamento vieram de moradias populares e cortiços que foram demolidos. Também vieram migrantes que chegavam a São Paulo, assim como imigrantes portugueses e italianos, além de interioranos de São Paulo, todos atraídos pelo novo loteamento. A partir da década de 60 surgiram bairros adjacentes, todos clandestinos e destinados a famílias de baixa renda. Com terrenos minúsculos e pouco aproveitamento do governo nos locais comuns, os espaços livres, públicos e particulares remanescentes foram totalmente ocupados por favelas, deixando a Brasilândia sem áreas livres para construção de obras de utilidade pública.

A baixa infraestrutura, suas ruas estreitas e calçadas desapropriadas, junto ao grande fluxo de veículos pesados que guarnecem as indústrias tem piorado os congestionamentos locais, e a construção da linha 6 do metrô, previsto para 2020 visa melhorar tal situação.

APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOS[editar | editar código-fonte]

Os seguintes endereços serão usados como base para aplicação do questionário:

- A região da Brasilândia é tangenciada pela Av. Parapuã, rota de ônibus metropolitanos e possível foco de moradores (Há um Bom Prato na rua)

- O terminal Vila Nova Cachoeirinha é a principal rota de saída do bairro, e de lá partem ônibus para o centro. (35km até o marco zero)

Após elaboração das perguntas, o questionário foi feito para 30 moradores da região, visando abordar questões sobre os meios de transporte:

PERGUNTAS

1)Idade

a) até 20 anos

b) 21-30 anos

c) 31-40 anos

d) 41-50 anos

e) 51 anos ou mais

2)Qual bairro você reside?

a)    Vila Brasilândia

b)    Jardim Damasceno

c)    Jardim Elisa Maria

d)    Jardim dos Francos

e)    Jardim Guarani

f)     Jardim Paraná

g)    Jardim do Tiro

h)    Vila Itaberaba

i) Outro:

3)Nível de escolaridade?

a)    Ensino fundamental incompleto

b)    Ensino fundamental completo

c)    Ensino superior incompleto

d)    Ensino superior completo

4)Você está empregado?

a) Sim

b) Não

c) Aposentado

5)Moradia

a)    Casa/apartamento alugado

b)    Casa/apartamento próprio

c)    Cômodo alugado

d)    Moradia de favor

e) Outro:                                                                    

6)Quantas conduções pega por dia?

a) Nenhuma

b) Uma a duas

c) Três a quatro

d) Cinco a seis

e) Sete ou mais

7)Quanto tempo você leva em média até seu destino?

R:

8)Como você avalia o transporte público no seu bairro?

a) Muito bom

b) Bom

c) Regular

d) Ruim

e) Péssimo

9)Quais transportes públicos você utiliza?

a) Metrô

b) Trem

c) Ônibus

d) Nenhum

10)Qual a principal diferença do transporte atuante em seu bairro para o resto do município?

R:

11)Qual sua opinião em relação ao custo benefício do meio de transporte que você utiliza?    

R:

12)Qual o nível de atuação da subprefeitura em relação aos meios de transporte? 

R:

13)Qual o nível de facilidade para você se locomover dentro do distrito e do distrito até outras regiões da cidade? Sendo de 5 (muito fácil) a 0 (muito complicado)

a) 5

b) 4

c) 3

d) 2

e) 1

f) 0

14)Você sai de seu distrito para realizar quais atividades?   

a) Saúde

b) Lazer

c) Educação

d) Trabalho

15)Para você qual é o maior ponto de melhoria do distrito em relação aos meios de transporte? 

R:

16)Quanto você gasta por dia em transporte?

R:

RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO[editar | editar código-fonte]

1 – Idade?

2 – Em qual bairro você reside?

Bairro Brasilandia

3– Nível de escolaridade:

Ensino Brasilandia

4 – Você está empregado?

5 – Moradia:

6- Quantas conduções você pega por dia?

7–Quanto tempo você leva, em média, até o destino?

8 – Como você avalia o transporte público no seu bairro?

9 – Quais transportes públicos você utiliza?

10 – Qual a principal diferença do transporte atuante em seu bairro para o resto do município:

11- Qual sua opinião em relação ao custo benefício do meio de transporte que você utiliza?

12- Qual o nível de atuação da subprefeitura em relação aos meios de transporte?

13 – Qual o nível de facilidade para você se locomover dentro do distrito e do distrito até outras regiões da cidade? Sendo de 5 (muito fácil) a 0 (muito complicado)

14 – Você sai de seu distrito para realizar quais atividades?

15 – Para você qual é o maior ponto de melhoria do distrito em relação aos meios de transporte?Melhoria Brasilandia

16- Quanto você gasta por dia em transporte?

GASTOTRANSPORTE

ANÁLISE DOS RESULTADOS[editar | editar código-fonte]

Ao escolhermos o transporte como pauta principal da nossa pesquisa, o Terminal Cachoeirinha no distrito da Brasilândia foi escolhido para a aplicação do questionário, visto que esse local é um dos principais pontos de acesso ao centro da cidade de São Paulo. No dia 27 de agosto fomos de encontro as pessoas que utilizavam o terminal para se locomover, realizando o questionário completo com apenas residentes do distrito da Brasilândia. Após pouco mais de 2 horas de apuração obtemos um bom número de entrevistas, que depois da análise nos levaram a acreditar em seguintes pontos sobre a região estudada.

O maior preconceito quebrado em nossa percepção foi a avaliação dos usuários a respeito da qualidade do transporte público na região, pois ao irmos de encontro a uma zona pobre de São Paulo esperávamos um serviço de pior qualidade ao comparar com o centro da cidade, porém não foi o que ficou evidenciado em nossa ida, mesmo ainda muitos problemas de infraestrutura grande maioria dos moradores acham o serviço bom (40%) ou regular (43,3%), assim como nós do grupo. Um pequeno adentro fica por conta da qualidade dos ônibus que circulam nas imediações, e em linhas secundárias, sendo constatado por 30% dos entrevistados uma inferioridade tecnológica se comparados aos ônibus de linhas centrais ou até mesmo com os que desembarcavam no terminal.

Por se tratar de um terminal rodoviário, o resultado referente ao uso do ônibus como meio de transporte foi expressivo, servindo a 80% dos moradores na região, porém ao se tratar de uma área isolada da cidade, muitos ainda complementavam a viagem de trem (10%) e metrô (40%), com jornadas que variavam de meia hora a até 2h e meia. Mesmo com problemas na frequência dos ônibus em relação a regiões centrais apontados por 23% dos moradores, alguns elogiaram as criações dos corredores específicos (13,3%) algo implementado na atual administração, garantindo um nível de facilidade mediano para 66,6% dos moradores que desejam se locomover pelo município paulista.

Ao ter a alcunha de distrito periférico da cidade de São Paulo, muitos moradores da Brasilândia estavam empregados (60%) e trabalham distantes de suas casas, sendo necessário o uso do transporte público para que 56% dos entrevistados cheguem ao seu local de trabalho. Mesmo sendo um bairro antigo de São Paulo serviços de saúde ainda não foram totalmente instalados, obrigando 26,6% dos moradores a utilizarem o transporte público para tratamentos médicos, parcela igual ao número de pessoas que buscavam lazer em outros pontos da cidade.

As críticas sobre o transporte ficaram a cargo do preço cobrado pelas passagens, onde 70% dos entrevistados não concordam com a tarifa em relação ao serviço prestado, levando a crer que os R$ 3,80 estão pesando no bolso de moradores que realizam muitas viagens por dia. Sendo que 50% dos entrevistados pegam 3 ou mais ônibus diariamente, onde mesmo com o bilhete único e integração as quantias diárias possam chegar a 20 reais, como foi relatado por 16% dos moradores.

Um panorama parcial que pudemos concluir após o questionário, é que o transporte na região progrediu bastante nos últimos anos, porém existem muitos pontos que devem ser melhorados, como a criação de uma rede mais ampla de ônibus, assim também relatado por 50% dos entrevistados, e uma melhor infraestrutura viária, onde 20% dos moradores gostariam de ver mais ruas em regiões mais afastadas. Muitos desconheciam do projeto do metro da linha laranja que foi interrompido e que certamente iria melhorar o fluxo na região, mas parece que apesar dos avanços vai demorar para a prefeitura lançar um olhar mais crítico novamente sobre os problemas enfrentados pelos moradores nesse quesito. Restando saber se a futura administração irá conservar os recursos já existentes.

AUDIOS BRUTOS[editar | editar código-fonte]

Primeiro grupo focal, realizado na Casa da Cultura.
Segundo grupo focal, realizado na Casa da Cultura

TEMAS QUE SERÃO DEBATIDOS[editar | editar código-fonte]

A reportagem abordará as políticas públicas de transporte e o impacto do serviço na vida dos moradores da região. Os entrevistados serão homens e mulheres, entre 18 e 70 anos, que estejam empregados, usem o transporte público para trabalhar e morem na distrito. As perguntas durante as entrevistas abordarão temas como a política de implementação das ciclofaixas, o trânsito da região, pavimentação e calçadas, rotas de ônibus (onde, quem atende, há moradias não reconhecidas e portanto não atendidas?), infraestrutura dos pontos de ônibus e condição dos veículos públicos que por lá circulam.

REPORTAGEM FINAL[editar | editar código-fonte]

EFEITO BRASILÂNDIA[editar | editar código-fonte]

Todo o distrito da Brasilândia era, até alguns meses atrás, uma completa incógnita para nós. O único consenso entre todos em relação ao lugar era: “é perigoso”. Através de pesquisas na internet, fomos clareando e conseguindo criar uma imagem mais detalhada do que é esse distrito e do que poderíamos encontrar por lá: aproximadamente 265 mil habitantes em uma área de 21km2. As dúvidas foram surgindo, a começar por “e agora, pra onde ir?” e “como chegar lá?”. Tendo em mente que o foco seria o transporte público após análise do mapa, percebemos que a área não possuía um grande número de vias principais em comparação ao resto da região, mesmo sendo um dos pontos mais populosos de São Paulo. Buscamos um ponto para visitar onde pudéssemos ter contato com o maior número de pessoas que utilizam o transporte público da zona, e foi então que descobrimos o Terminal Vila Nova Cachoeirinha, que tangencia a região da Brasilândia e movimenta diversas linhas de ônibus que atendem os moradores: estava decidida nossa primeira parada.

Dois metrôs e um ônibus foram pegos depois de sair da Paulista, saindo da linha verde até o Paraíso, da linha azul até Santana e, por fim, o ônibus 971-X, um dos veículos da nova frota paulistana com ar-condicionado e aparelho para recarga de bilhete único. O ônibus era longo, articulado e, embora bem espaçoso, não demorou muito para que ficasse cheio ainda no ponto inicial. A passagem pelos pontos fazia com que os pedestres se espremessem ainda mais. Após uma hora de viagem e surpresos com a qualidade do serviço ali oferecido, enfim chegamos. Em todas as visitas feitas, o sol ardia forte sob o solo paulistano. Se não fosse o acrílico azul que encobre todo o terminal, assim como a pequena barraca de milk-shakes, as tardes lá teriam sido muito mais difíceis de aguentar. O terminal é sempre movimentado, grupos de pessoas chegam a todo momento, mas infelizmente não é a todo momento que saem. Filas vão se formando aos poucos, e a impaciência se revela estampada no rosto daqueles que aguardam o próximo veículo. As entrevistas correram com certa facilidade por conta do tempo de espera entre um ônibus e outro, um dos principais motivos de reclamação dos usuários. Ali reunimos informações importantes que depois seriam confirmadas em outros depoimentos durante nossas três visitas.

Como visto acima, a frequência dos ônibus foi um dos principais focos de reclamações. Durante a aplicação dos questionários, que realizamos individualmente, costumávamos nos esbarrar pelo terminal e comentar sobre as informações coletadas. Havia muito reconhecimento da parte dos entrevistados sobre a estrutura do terminal, mas a questão da lotação estava presente na maioria dos depoimentos. O cálculo é simples, menos ônibus na frota, mais pessoas dividindo o mesmo espaço.

As idas ao terminal foram úteis e sem dúvida alguma renderam informações importantes. Mas é impossível falar da Brasilândia sem ter realmente visitado o coração do distrito. Destacamos, depois de uma pesquisa, a Rua Parapuã como nosso próximo destino. Conhecida por ser um centro comercial e possuir diversos pontos de ônibus ao longo de sua extensão, concordamos que seria o lugar ideal para conseguir conversar com grupos de moradores, sem abrir mão da segurança. Mas persistiu a dúvida de como chegar, e também se existiria um lugar em que conseguiríamos juntar um grupo de pessoas pra bater um papo. Depois de alguns dias sem novas decisões, uma luz surgiu: em plena sexta-feira à noite, no bar após a aula, uma amiga em comum nos apresentou a Giovanna, também estudante de jornalismo da Cásper Líbero e moradora da Brasilândia. Conversas de bar costumam divagar muito, e nem sempre são das mais compreensíveis, mas a vontade de saber mais sobre o distrito prevaleceu e aproveitamos a situação para pedir indicações de lugares para ir, de preferência um com grande concentração de pessoas. Entre cervejas, Giovanna nos indicou a Casa de Cultura da Brasilândia, que havia sido construída em 2009 e teve sua inauguração em 2010, e contou que seria um ótimo lugar para visitar, pois é ponto de encontro entre jovens e também mães e pais que levam seus filhos para os diversos cursos oferecidos pela casa, além de seu fácil acesso por conta da proximidade com a rua Parapuã. A ressaca no dia seguinte não foi fácil, mas pelo menos as informações necessárias haviam sido anotadas. O novo destino estava escolhido.

O caminho da Paulista à Casa de Cultura era mais simples do que o do terminal. Pegamos o ônibus 975-A que nos deixaria em frente a nossa meta. A viagem dentro do veículo teve seus problemas: a demora para chegar nos pontos fazia com que o ônibus fosse enchendo mais e mais, chegando ao ápice de uma mulher grávida não ter onde sentar, o tempo total que levamos para chegar foi de uma hora e meia. Durante o longo caminho, observamos as mudanças na paisagem: enquanto nos aproximávamos, as ruas largas e espaçadas se transformam em vias estreitas de faixa única; conforme adentramos o distrito, os enormes “prédios cartões postais” que vemos na Paulista deram lugar a pequenas casas simples coladas umas às outras, que quando vistas de longe parecem de certo modo sufocantes e claustrofóbicas. Entrando na Rua Parapuã conseguimos entender o porquê do lugar ser considerado a principal área de comércio do distrito: dezenas de lojas e mercados de pequeno a médio porte coloriam a estreita via, com carros passando a todo instante assim como pessoas na calçada. O forte cheiro de peixe que abalava nossos narizes e os carros pipa limpando a rua evidenciavam o fim da feira, e um grande senso de comunidade pairava sobre o local, com os moradores de lá sendo muito solícitos ao informar que a Casa da Cultura ficava virando a rua. Parecia questão de tempo até encontrarmos um grupo para realizarmos nossa entrevista.

Vista panorâmica da Casa da Cultura, na Brasilândia

Ao sair da Rua Parapuã, a sensação de segurança foi gradativamente diminuindo. Descemos alguns números e dobrarmos a esquina na escola João Solimeo, chegando na Casa da Cultura, quando houve uma tímida troca de olhares e uma frase dita em tom preocupante: “É uma praça”. Havíamos acabado de sair de uma viagem de um hora e meia, chegado ao único ponto que acreditávamos ser possível encontrar pessoas dispostas a falar e encontramos uma praça vazia, com alguns brinquedos para divertir as crianças que timidamente apareciam. Decidimos explorar a área e descobrimos um espaço acanhado, de chão de taco e dois seguranças ociosos. Era ali a “Casa da Cultura da Brasilândia”. A priori, imaginávamos uma estrutura parecida com um CEU, mas o que encontramos foi um sobrado que nos fundos revelava uma paisagem com a qual já estávamos nos acostumando, a infinidade de casinhas se empilhando até onde o olhar alcança. Após uma hora de espera e pouco contato com moradores, que em sua maioria passavam dizendo que estavam atrasados, o sol começou a baixar e nossa sensação de que teríamos de voltar outro dia era latente. Esperamos o final da tarde por lá pois o segurança do local nos informou que 18h da tarde aconteceria uma aula de capoeira, achamos que essa seria nossa única e última chance de reunir pessoas naquele dia. Foi então que a lua trouxe consigo dois grupos dispostos a participar de duas conversas separadas: o primeiro, composto por jovens que começavam a ocupar a praça com o final da tarde, e o segundo formado por Teresa, Daniela e Lívia, três mães que aguardavam a aula de capoeira dos filhos.

Parque da Casa da Cultura

O grupo de jovens, vestidos com roupas de marcas famosas, evidenciavam a noção de comunidade do lugar: cada vez que um conversava conosco, mais e mais colegas aproximavam para expor suas opiniões. Com idades variando entre 12 e 20 anos, o grupo era móvel, com gente entrando e outras saindo da entrevista no meio dela, não pela falta de interesse desta, mas por confiar que a opinião dos seus amigos era similar à sua, afinal, de acordo com eles, a felicidade de morar na Brasilândia vinha das amizades lá feitas. O grupo composto pelas mães era mais preocupado com a segurança de seus filhos, como mães normalmente são; sempre muito atenciosas, não se ausentaram nas respostas e foram sempre coesas em suas respostas. Elas também representam uma característica presente do bairro, o grande número de mulheres com filhos que passam de vez em vez nas calçadas, levando as crianças pra escola ou pro parque, as guerreiras do cotidiano.

Os dois grupos tinham opiniões diferentes sobre muitos tópicos, os jovens, que encerraram a entrevista para fumar um baseado, acreditavam por exemplo, que a polícia local ao invés de trazer segurança, impunha medo, enquadrando apenas pessoas que se encaixavam em um perfil específico similar ao deles, o jovem de favela. Enquanto as mães, que reclamaram do uso ostensivo de drogas na praça, acreditavam que a presença da polícia devia ser mais constante, pois assim espantaria os usuários do local e traria mais segurança à seus filhos. Todas as diferentes opiniões que notamos nas entrevistas transformaram-se em uma só voz quando o assunto foi o transporte público da região. Novamente o problema da frota pequena foi citado, com ambos os grupos reclamando da quantidade de ônibus para a grande demanda, resultando na superlotação que ficaram acostumados a pegar no dia à dia. Também foi comentado entre os dois grupos a falta de segurança nos pontos de espera aos ônibus. Leandro, de 12 anos, descreveu pra gente o dia que foi assaltado, uma semana antes da entrevista, esperando o ônibus linha 8542/10 com destino a Praça do Correio. Teresa nos conta que, ao aguardar no ponto, não sabe se é mais perigoso estar sozinha ou com outra pessoa, frase que nos causou espanto. Ambos os grupos, aos seus modos, convivem com a violência.

Surge então uma pauta que causa reações de deboche. O metrô, prometido em 2010, ainda é apenas uma ilusão para o povo. Ao longo de nosso caminho fomos percebendo terrenos enormes desapropriados e obras paradas para construção da estação Brasilândia, assim como por todos os lados ao redor da Rua Parapuã. Além de comentarem sobre os processos de desapropriação, citando pessoas próximas que perderam seu terreno e recebem quantias insuficientes para morar, o tema é uma grande frustração dos moradores, que vêem no metrô uma oportunidade de acesso rápido ao centro e o fim dos ônibus lotados nos horários de pico. A desesperança em relação ao fim das obras era tanta que, ao serem questionadas sobre a preferência entre os serviços, as entrevistadas afirmaram que preferiam ver o dinheiro investido revertido para o aumento da frota de ônibus.

Obras do metrô

Após a conclusão dos dois grupos focais, a sensação de dever comprido era inerente, mas junto com ela veio o medo daquele lugar, amplificado em decorrência das experiências relatadas pelos entrevistados. O sentimento era tão forte que nós já começávamos a temer pelos nossos bens que pareciam que não voltariam para casa conosco. Porém contrariando nossas próprias expectativas, chegamos sem muitos problemas ao nosso ponto inicial, a Rua Parapuã. Junto a ela voltou o clima mais ameno a respeito da segurança, ao avistarmos novamente uma rua mais movimentada.

Ao entrarmos no ônibus, pudemos de fato organizar os fatos sublimados em nossa visita ao distrito, fomentando uma análise mais concisa sobre os pontos da Brasilândia. A segurança acabou se tornando uma fria muleta para a questão dos transportes, sendo de forte influência para nossa reportagem, mas ao focarmos no tema escolhido, destrinchamos uma comunidade que ainda sofre com os transportes públicos, seja pelas ruas - estreitas demais para um fluxo pesado de trânsito -  ou pela falta de ônibus para toda população. Sem uma perspectiva de melhora - com o embargo da obra do metrô - a população continua refém de um sistema de transporte já saturado e ainda pena para se locomover pela metrópole. Apesar dos pesares, encontramos na Brasilândia uma enorme comunidade, integrada entre seus nichos, lutando juntos contra as adversidades da região. Mesmo com algumas divergências entre seus principais anseios, os moradores buscavam uma vida melhor no lugar em que residem, evidenciando o descaso da máquina pública para administrar melhor a região.

O ônibus já despontava na Paulista ao final dessa análise, e dado o sinal, descemos. Ao olharmos toda aquela modernidade, tão contrastante com o que tínhamos acabado de vivenciar, nos questionando ainda o quanto devemos avançar para que todos os cidadãos tenham os mesmos direitos, ainda com a óptica periférica borbulhando em nossos pensamentos.

INTEGRANTES DO GRUPO[editar | editar código-fonte]

Os 4 heróis do JoD unem forças para enfrentar a região com o terceiro pior cenário criminoso da capital e partem rumo ao desconhecido com fibra e muita coragem. São eles: Igor Quilici, Pedro Bufarah, Miguel Guerra, Tawan Teixeira

- Administração da Página: Tawan Teixeira

- Aplicação do Questionário: Todos, divididos em dois grupos para aumentar a área de cobertura da região selecionada;

- Elaboração da Planilha com os resultados: Pedro Bufarah e Miguel Guerra;

- Entrevista e/ou Grupo Focal: Todos (em caso de necessidade de um grupo focal, um membro será escolhido para ser o mediador da discussão);

- Elaboração da Reportagem Final: Todos.

BIBLIOGRAFIA[editar | editar código-fonte]

http://www.fflch.usp.br/centrodametropole/584

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/subprefeituras/freguesia_brasilandia/historico/index.php?p=142

http://www.spbairros.com.br/brasilandia/

Link - Trabalho 1º Bimestre (Rafael e Bianca)[editar | editar código-fonte]

https://www.youtube.com/watch?v=Qgu35mTyG3g&feature=youtu.be