Temporal em Piracicaba em 27 de setembro de 2023

Queda de árvore no bairro Morumbi.

O temporal em Piracicaba em 27 de setembro de 2023 foi um evento meteorológico comum para o Brasil, mas muito destrutivo para a cidade, que durou menos de 10 minutos e causou vários danos. O fenômeno foi um microburst úmido, que provocou intensas rajadas de vento, estimadas em até 108 km/h, que derrubaram mais de 130 árvores, postes, muros e telhas, além de provocar o desabamento de um barracão na Avenida Comendador Luciano Guidotti. A chuva intensa, que atingiu 20 milímetros em um curto período de tempo, também gerou alagamentos em alguns pontos da cidade. Esse foi o temporal mais violento ocorrido em Piracicaba desde 21 de julho de 2013. O estudo analisará com detalhes o evento meteorológico, suas causas, consequências e peculiaridades.

Causas

Céu nublado antes do microburst.

O temporal em Piracicaba em 27 de setembro de 2023 teve como causa principal a chegada de uma massa de ar frio e úmido em um dia de calor intenso. Essa condição atmosférica favoreceu o desenvolvimento de nuvens cumulonimbus, que são nuvens de grande extensão vertical e que podem gerar tempestades severas.

A origem do microburst está relacionada ao resfriamento evaporativo, que é o processo de perda de calor de uma substância ao passar do estado líquido para o gasoso. Com o encontro de uma massa de ar mais seco, as gotas d'água no interior da nuvem e as vindas da precipitação evaporaram e aumentaram a densidade do ar frio. O ar frio e seco desceu rapidamente, criando uma intensa corrente de ar descendente. Ao atingir o solo, o ar frio se espalhou em todas as direções, com ventos de mais de 100 km/h, dando início ao microburst.

Consequências

Queda de árvore próxima a uma escola no bairro Piracicamirim.

O temporal em Piracicaba em 27 de setembro de 2023 teve como consequência uma série de danos materiais e ambientais, que demonstraram o quanto a cidade (ou, pelo menos, grande parte dela) não está preparada para eventos climáticos extremos. Os estragos foram comparáveis a um tornado de intensidade F1 na Escala Fujita, concentrados em uma faixa de menos de 3 km de largura (bairros Caxambu a Vila Monteiro) por 4 km de comprimento (Higienópolis a Pompéia).

Os estragos incluem 132 quedas de árvores, que afetaram a rede elétrica, o trânsito e a paisagem urbana. Além disso, alguns postes entre os bairros Jardim Elite, Nova América e Caxambu, e caixas d'água foram derrubados pela força dos ventos. Um barracão que estava em reforma na Avenida Comendador Luciano Guidotti, no bairro Higienópolis, desabou. No bairro Caxambu, parte do muro de um condomínio foi derrubada, com a sua reconstrução ocorrendo apenas no final de novembro do mesmo ano. Nos bairros Pauliceia e 1º de Maio, houve destelhamentos de residências, que causaram prejuízos aos moradores. O temporal também gerou alagamentos em alguns pontos da cidade.

Epicentro e principais áreas atingidas

Mapa da principal área atingida.

O epicentro do temporal em Piracicaba em 27 de setembro de 2023 parece ter sido uma área entre as avenidas Professor Alberto Vollet Sachs e Comendador Luciano Guidotti, que foi a zona mais atingida pelo microburst. Esse fenômeno, que é um tipo de downburst que afeta uma área menor que 4 km, teve menos de 3 km de largura, e conseguiu causar estragos significativos em um raio de até 2,5 km em torno do epicentro. Os bairros mais afetados foram Caxambu, Jardim Elite, Nova América e Higienópolis, que sofreram com quedas de árvores, postes, muros e caixas d'água, além de alagamentos e destelhamentos. Nessa área, as rajadas de vento foram superiores a 90 km/h. A Paulicéia também registrou destelhamentos. Outros bairros, como Morumbi, Pompéia, Vila Monteiro, Alto, Paulista, entre outros, também foram atingidos, mas com menor intensidade, com rajadas variando entre 70-88 km/h, de acordo com a Escala de Beaufort. A Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), situada no bairro Agronomia, registrou uma rajada de 64,0 km/h.