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Introdução à organização de acervos audiovisuais[editar | editar código-fonte]

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O objetivo deste curso é reunir informações para bibliotecários que precisem organizar coleções de documentos audiovisuais e para professores e alunos de biblioteconomia interessados em estudar o tema. Serão abordados temas ligados à organização de coleções em bibliotecas, incluindo os processos de catalogação, indexação, seleção e noções básicas de preservação dos seguintes grupos de documentos:

  • Imagens em movimento
  • Imagens fixas
  • Documentos sonoros

Os conteúdos serão apresentados na forma de textos, vídeos, apresentações de slides e palestras ao vivo, que serão transmitidas pelo Youtube. Os participantes serão convidados a realizar exercícios práticos, cuja correção será apresentada nesta plataforma.

O que são documentos audiovisuais?[editar | editar código-fonte]

DVDs, CDs, rolo de filme 35 mm, fotografia, slides

Dependendo do contexto, podemos entender os documentos audiovisuais como aqueles que se expressam por uma combinação de imagens e sons, como os filmes e os programas de TV. [1] Entretanto, essa definição baseada nas características de uma categoria específica de documentos, deixa de fora todo o cinema mudo e quaisquer outras obras que, por qualquer razão, não tenham banda sonora.

A professora Johanna Smit inclui na categoria audiovisual os documentos sonoros (musicais ou não), os iconográficos (fotografias e outras imagens fixas) e os cinematográficos, incluindo nessa categoria os suportes filme e vídeo. [2]

Edmondson menciona a existência de três definições, sem endossar nenhuma delas: 1. qualquer tipo de imagem, com ou sem movimento ou som e também registros sonoros; 2. apenas destinadas a serem vistas e ouvidas; 3. filmes, com ou sem acompanhamento sonoro. [3]

Neste curso, adotaremos a definição ampla, entendendo o termo "audiovisual" como uma etiqueta que pode englobar tanto os documentos que utilizam ambas as linguagem (imagens e som combinados), quanto aqueles que são apenas áudio ou apenas imagem.

Audiovisuais em bibliotecas[editar | editar código-fonte]

Os audiovisuais jamais ocuparam lugar de destaque nos acervos de bibliotecas, nem nos cursos de biblioteconomia. A própria terminologia da área traduz de forma eloquente essa posição secundária. Documentos audiovisuais e quaisquer outros cuja forma de expressão não seja o texto recebem, frequentemente, rótulos como "materiais não convencionais", "materiais especiais" ou "materiais não-livro", como se o referencial de normalidade fosse o livro ou, de forma mais genérica, o texto. Se não for texto, é algo diferente e "especial", algo com o que não sabemos muito bem o que fazer.

E por que é assim? As razões podem estar ligadas a um fator cultural bastante forte: a crença de que a informação séria é a escrita; a linguagem audiovisual apelaria mais às emoções do que à razão. Filmes e música se prestam ao lazer e à fruição, imagens servem para ilustrar. [2] No livro Quelle est la place des images em histoire? (Qual é o lugar das imagens na história?), que traz os trabalhos apresentados no colóquio organizado, em 2006, por três instituições importantes na área de história e estudos de imagem, vários textos analisam as razões para a relativa posição de inferioridade das imagens como fontes para pesquisa, na visão dos historiadores. Por exemplo: as imagens tiveram, por muito tempo, o status de ilustração; o acesso aos arquivos de imagens sempre foi muito mais difícil e complicado; as regras para uso de imagens como fonte histórica ainda não estão muito bem estabelecidas [4]. Johanna Smit aponta, além desse fator cultural, o desconforto dos bibliotecários em relação aos documentos audiovisuais, cujo tratamento nem sempre foi abordado em sua formação profissional.[5]

Nos Estados Unidos, bibliotecários apontaram, em estudo realizado em 1977 pela Association of Research Libraries, o receio de que a aquisição de documentos e equipamentos audiovisuais provocassem o declínio dos acervos de documentos impressos como um dos obstáculos para o desenvolvimento de coleções audiovisuais em suas bibliotecas [6]. Embora o estudo seja antigo, datando dos primórdios da introdução dos audiovisuais nas bibliotecas estadunidenses, não é impossível que essa desconfiança primordial esteja na origem dos nossos problemas com os audiovisuais.

O professor Tony Hernández-Perez, da Universidad Carlos III de Madrid, aponta algumas causas para a falta de atenção das bibliotecas para com os documentos audiovisuais:

  • Desconfiança em relação á validade desses documentos como suporte de transmissão de cultura
  • Dificuldades de armazenamento, que exige condições especiais, e de reprodução, que requer múltiplos equipamentos de leitura
  • Complexidade na gestão dos direitos de propriedade intelectual[7]

O problema das técnicas[editar | editar código-fonte]

Em princípio, as técnicas de tratamento da informação da área de biblioteconomia deveriam capacitar os profissionais a organizar acervos em qualquer suporte e qualquer linguagem. Entretanto, as dificuldades existem, e não são poucas. Na prática, o foco do ensino ainda é sobre livros e outros documentos textuais, o que deixa os bibliotecários inseguros em relação às complexidades dos documentos audiovisuais que, são, na verdade, um universo bem maior do que os documentos textuais.

Descobrir as razões desse problema demandaria um esforço de pesquisa que não é o objetivo deste curso, mas é possível identificar alguns pontos:

1. Usamos instrumentos criados para tratar documentos textuais[editar | editar código-fonte]

Nossas regras de catalogação e nossos princípios de indexação abordam de forma muito superficial a informação audiovisual. Em sua origem, foram desenvolvidos para tratar textos, e posteriormente (mal) adaptados a outros tipos de documentos.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. REITZ. J. M. ODLIS: Online dictionary for library and information science. https://products.abc-clio.com/ODLIS/odlis_a.aspx
  2. 2,0 2,1 SMIT, J. Algumas questões sobre os documentos audiovisuais em bibliotecas. São Paulo: Associação Paulista de Bibliotecários, 1995. [1]
  3. EDMONDSON, R. Filosofia e princípios da arquivística audiovisual. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Preservação Audiovisual : Cinemateca do Museu de Arte Moderna, 2013.
  4. QUELLE est la place des images en histoire? Paris: Nouveau Monde, 2008.
  5. SMIT, J. Algumas questões sobre o documento audiovisual em bibliotecas. São Paulo: Associação Paulista de Bibliotecários, 1995.
  6. BRANCOLINI, Kristine R. Video collections in academic libraries . In.: HANDMAN, Gary (Ed.). Video collection development in muti-type libraries: a handbook. Westport: Greenwood Press, 1994, p. 41-70.
  7. HERNÁNDEZ-PÉREZ, Tony. La documentación audiovisual. In: CARIDAD SEBASTIÁN, Mercedes et.al. Documentación audiovisual: nuevas tendencias en el entorno digital. Madrid: Síntesis, 2011. p. 19-43.