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Materiais de teste[editar | editar código-fonte]

A escolha dos materiais de teste dependerá de cada paciente, além  dos resultados da audiometria tonal liminar (ATL), as  informações obtidas na anamnese também são de grande valia, pois elas poderão ajudar a direcionar o profissional na tarefa de investigar as dificuldades referidas pelo paciente. Na avaliação logoaudiométrica básica, podem ser obtidas diversas medidas e para isso, são necessários materiais com diferentes características, de acordo com  o que se pretende avaliar, o que será apresentado mais adiante no texto.

            Os estímulos utilizados em tais testes são organizados em listas, que podem ser compostas por sílabas ou palavras sem sentido, monossílabos, dissílabos, trissílabos, polissílabos ou frases, que devem ser desenvolvidos para cada língua e/ou país.

      Entre as listas de palavras mais usadas no Brasil, estão as de monossílabos de Pen e Mangabeira-Albernaz, desenvolvidas em 1973, que foram geradas a partir de uma lista composta por 25 palavras, incluindo todos os fonemas da língua, repetindo os mais frequentes. Essas 25 palavras foram distribuídas em ordens diferentes formando assim 4 versões da mesma lista (D1; D2; D3; D4), que foram disponibilizadas em gravação digital em 1997[1].

Lista de Palavras Trissílabas [2]

           Podem ser citadas também as listas de palavras  mono, di, tri e possilábicas[3], sendo que as mais usuais são as listas de vocábulos mono e dissilábicos, contendo 50  vocábulos, desenvolvidas de forma que as palavras fossem usuais na nossa língua, familiares, com grau de dificuldade igual contendo a maior parte dos fonemas da língua na posição inicial do vocábulo,   que são comumente divididas em listas de 25 palavras, formando listas diferentes, que foram recentemente disponibilizadas em gravação digital, para serem apresentadas em Compact Disc (CD) padronizando a sua aplicação[4]. No entanto, não há informações sobre procedimentos ou dados de validação e fidedignidade dessas listas.    

           Foram desenvolvidas listas contendo 25 monossílabos, denominadas L1 e L2, seguindo cuidadosamente os critérios de elaboração de um novo material para pesquisa logoaudiométrica,  considerando prioritariamente a familiaridade das palavras, contendo uma amostra representativa da língua, procurando distribuir os fonemas entre as listas, da forma mais uniforme possível, com estudos psicométricos de validação de conteúdo, critério e construto[5],[6]

           Foram também desenvolvidas novas listas de dissílabos, denominadas LD-A, LD-B, LD-C, LD-D, LD-E, com os mesmos critérios das listas de monossílabos, citadas acima, também compostas por 25 vocábulos, tendo sido realizadas análises psicométricas de validação de conteúdo, e pesquisa de equivalência das listas.[7],[8]

Utilização de sentenças[editar | editar código-fonte]

           Apesar de tradicionalmente serem mais utilizadas as listas de sílabas ou palavras isoladas, a aplicação de frases/sentenças vem sendo cada vez mais incentivada e utilizada, uma vez que elas fornecem uma situação mais realista da comunicação diária, principalmente quando realizadas na presença de ruído[9],[10],[11],[12]

           Há referências da utilização de sentenças na avaliação logoaudiométrica desde a década de 1930[13],  porém sua aplicação nunca foi amplamente utilizada na prática clínica, em função de uma série de questões relacionadas aos materiais de teste,  estratégias e maior tempo despendido  para sua aplicação.

           Considera-se que as sentenças são mais “fáceis” para o reconhecimento pois carregam mais redundâncias e pistas contextuais, considerando que uma palavra apresentada dentro de uma frase, seria mais facilmente reconhecida ou identificada, do que quando apresentada isoladamente e assim, o desempenho esperado com a utilização de sentenças seria melhor do que com palavras[14]. Entretanto, é importante considerar qual a estratégia de aplicação de cada material, pois alguns testes consideram como resposta apenas uma palavra ou mais palavras alvo,  enquanto outros consideram como correto toda a sentença, e assim qualquer palavra repetida de forma incorreta ou omitida, será considerada como toda a sentença incorreta, o que influencia muito nos resultados, principalmente quando as sentenças forem mais extensas, envolvendo então aspectos cognitivos como atenção e memória, além do conhecimento do léxico e familiaridade das palavras.

         A apresentação de sentenças é muito útil, especialmente nos casos nos quais o reconhecimento de fala estiver bastante alterado, uma vez que o aumento das pistas vai oferecer ao indivíduo mais informações e, com isso, a avaliação da habilidade para reconhecer a fala em uma situação de comunicação será melhor investigada, o que é bastante comum em indivíduos com perdas auditivas mais acentuadas.

Referências

  1. Mangabeira-Albernaz, PL. Logoaudiometria. In Processamento Auditivo Central: manual de avaliação. São Paulo: Lovise; 1997. pp 37-42
  2. Ribas, Angela; Klagenberg, Karlin Fabianne; Diniz, Marine da Rosa; Zeigelboim, Bianca Simone; Martins-Bassetto, Jackeline (dezembro de 2008). «Comparação dos resultados do limiar de detectabilidade de voz por meio de material gravado e a viva voz». Revista CEFAC (4): 592–597. ISSN 1516-1846. doi:10.1590/S1516-18462008000400020.
  3. Russo ICP, Lopes LQ, Brunetto-Borgianni LM, Brasil LA. Logoaudiometria. In Momensohn-Santos TM, Russo ICP. A Prática da Audiologia Clínica. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2005. p. 135-54
  4. Ribas, A. Utilizando Material Padronizado e Gravado na Avaliação da Percepção Auditiva da Fala. Curitiba: UTP: 2009; p 55
  5. Vaucher, AVA (2016). «Construção e validação de listas de monossílabos para a realização do índice percentual de reconhecimento de fala». Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana). Universidade Federal de Santa Maria: 128 
  6. Vaucher, Ana Valéria de Almeida; Menegotto, Isabela Hoffmeister; Moraes, Anaelena Bragança de; Costa, Maristela Julio (2017). «Listas de monossílabos para teste logoaudiométrico: validação de construto». Audiology - Communication Research (0). ISSN 2317-6431. doi:10.1590/2317-6431-2016-1729. Consultado em 9 de maio de 2023 
  7. Hennig, T. R (2017). «Teste para a pesquisa do limiar de reconhecimento de fala: desenvolvimentos e estudos psicométricos». Tese (Doutorado em Distúrbios da Comunicação Humana). Universidade Federal de Santa Maria: 135 
  8. Hennig, Tais Regina; Vaucher, Ana Valéria de Almeida; Costa, Maristela Julio (13 de dezembro de 2018). «Elaboração e validação de listas de dissílabos gravados para teste logoaudiométrico». Audiology - Communication Research (0). ISSN 2317-6431. doi:10.1590/2317-6431-2017-1915. Consultado em 9 de maio de 2023 
  9. Nilsson, Michael; Soli, Sigfrid D.; Sullivan, Jean A. (fevereiro de 1994). «Development of the Hearing In Noise Test for the measurement of speech reception thresholds in quiet and in noise». The Journal of the Acoustical Society of America (2): 1085–1099. ISSN 0001-4966. doi:10.1121/1.408469. Consultado em 4 de maio de 2023 
  10. Le Prell, Colleen G.; Clavier, Odile H. (junho de 2017). «Effects of noise on speech recognition: Challenges for communication by service members». Hearing Research: 76–89. ISSN 0378-5955. doi:10.1016/j.heares.2016.10.004. Consultado em 10 de maio de 2023 
  11. Kalikow, D. N.; Stevens, K. N.; Elliott, L. L. (maio de 1977). «Development of a test of speech intelligibility in noise using sentence materials with controlled word predictability». The Journal of the Acoustical Society of America (5): 1337–1351. ISSN 0001-4966. doi:10.1121/1.381436. Consultado em 10 de maio de 2023 
  12. Hagerman, B. (janeiro de 1982). «Sentences for Testing Speech Intelligibility in Noise». Scandinavian Audiology (2): 79–87. ISSN 0105-0397. doi:10.3109/01050398209076203. Consultado em 10 de maio de 2023 
  13. Moore, David R.; Edmondson-Jones, Mark; Dawes, Piers; Fortnum, Heather; McCormack, Abby; Pierzycki, Robert H.; Munro, Kevin J. (2014). «Relation between speech-in-noise threshold, hearing loss and cognition from 40-69 years of age». PloS One (9): e107720. ISSN 1932-6203. PMC 4168235Acessível livremente. PMID 25229622. doi:10.1371/journal.pone.0107720. Consultado em 16 de maio de 2023 
  14. Menegotto, IH, Costa, MJ. Avaliação da percepção de fala na avaliação audiológica convencional. In: Boéchat EM, Menezes PL, Couto CM, Frizzo, ACF, Scharlach RC, Anastasio ART. Tratado de Audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2015: 67- 75