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Utilizador:Rodolfoguimaraes/Testes/Introdução a Meliponicultura/Módulo 2

Fonte: Wikiversidade

Bem vindo ao Módulo 2


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Bons estudos!


Lição 7: A produção de mel


Como diz o ditado "mel a gente compra de quem a gente conhece". Isso porque o mel pode ser facilmente adulterado, com água e açucar. Vender mel adulterado é um crime, ou simples ignorância. Infelizmente é muito comum, evite comprar mel sem rótulo, ou de desconhecidos. O mel vendido em supermercados, rotulados, em geral são autênticos, porque sobre o envazador incide fiscalização. O mel muito industrializado frequentemente é pasteurizado, para retardar a cristalização, e homogenizado, para manter o "padrão da marca", mesmo assim ainda é mel, mas perde boa parte da riqueza do paladar. Nada se compara ao sabor de um mel rústico, retidado do favo direto para o pote, sem grandes processamentos.

O mel puro cristaliza-se, de baixo para cima (começa a cristalizar no fundo do pote). O mel adulterado em geral não cristaliza, ou pode cristalizar na parte de cima, como um doce açucarado com uma capa cristalizada na superfície. Para descristalizar o mel puro coloque em banho-maria, não deixando passar de 45 graus Celsius de temperatura (para medir a temperatura basta colocar a mão, se a água estiver acima de 45 graus sua mão não vai suportar o calor). O mel muito aquecido perde qualidade. Misture o mel com uma colher para ajudar a descristalizar. Na Europa, onde o consumo é maior, o mel cristalizado é muito apreciado, afinal ele não pinga e assim podemos colocar mais mel no pão.

Existem os méis monoflorais como o mel de flor de laranjeita, mel de eucalipto e os méis multiflorais, chamados no Brasil de mel silvestre, ou em Portugal frequentemente chamado de mil flores. As abelhas colhem o nectar das flores que estiverem a dar na região, de acordo com a estação do ano.

O verão é a grande época de colheita de mel. O meliponicultor profissional recolhe os favos de mel, desopercula (tira as capinhas de cera dos aovéolos) e coloca os quadros numa centrífuga, assim o mel é extraído sem danificar o favo. Os favos vazios são então retornados as colméias. O meliponicultor amador pode simplesmente cortar um naco de favo e enfiar na boca, mascar e depois cuspir a cera. É bom demais. Evitar engolir cera de abelha. O amador pode ainda espremer os favos numa peneira, e envazar seu mel em potes bem limpos. A cera esmagada pode ser comercializada, ou trocada por cera nova.

Somente um enxame forte pode produzir um excedente de mel para o meliponicultor. E deve sempre ser deixada uma boa quantidade de mel para as abelhas, nunca levar todo o mel delas.

Somente pode ser colhido o mel operculado. O mel desoperculado, em aovéolos abertos, não deve ser colhido porque está muito líquido. As abelhas esperam o mel perder humidade deixando os aovéolos abertos, quando o mel seca mais, e atinge a marca de 18% de humidade, então ele se torna mais estável e pode durar anos. Este é o mel que deve ser envazado, chamado de mel maduro. O mel verde é muito líquido e azeda rapidamente fora da colméia.

Tarefa da lição: Quando um enxame está forte e na florada, ou na safra, colocar uma segunda colméia sobre a primeira, ficando uma colméia com dois andares. Ou seja, antes era um fundo, uma caixa e uma tampa, agora na florada usa-se um fundo, duas caixas e a tampa. O meliponicultor vai colher o mel somente da caixa de cima, e deixar a caixa de baixo em paz, porque a caixa de baixo é o verdadeiro coração daquela colméia, onde estão as crias. A caixa de baixo chama-se Ninho. Muitos meliponicultores usam uma caixa mais baixa na parte de cima, chamada de melgueira (no Brasil), ou meia-alça (em Portugal). A razão de usarem uma caixa menor é o peso enorme de uma caixa grande com dez quadros de mel. Entretanto outros meliponicultores preferem padronizar tudo, ou seja, só usam ninhos sobrepostos.


Lição 8: A produção de cera


A produção de cera é considerada uma atividade muito rentável, o preço da cera de abelha é comparável ao preço do mel, e frequentemente existe falta de fornecedores e escassez. A cera de abelha também é matéria prima para a indústria de cosméticos. Para produzir cera é necessário ter enxames fortes, sempre. Uma das formas é induzir a alimentação, dar muito xarope e obrigar as abelhas e criarem favos para armazenar o alimento. O meliponicultor coloca menos cera nos quadros, para dar espaço as abelhas completarem com cera nova.

Numa rotina de produção de cera o meliponicultor pode centrifugar o favo, e cortar uma parte do favo para reter cera, e devolve menos cera as abelhas.

Também existe falsificação de cera, então cuidado com seu fornecedor. Na apicultura usa-se a cera aoveolada, que são lâminas de cera ja moldadas com a base dos aovéolos.

Tarefa desta lição: faça uma vela de cera de abelha. (Aviso que uma vela de cera de abelha é muito bonita, mas sai muito mais caro do que uma vela comum de parafina, e são mais frágeis, entretanto é um bom presente quando apresentadas numa caixinha bonita). Derreta um pouco de cera numa panelinha e mergulhe o pavio na cera derretida, levante o pavio e deixe secar num varal: o pavio é um barbante de algodão grosso. Você vai ter de enrolar a lâmina de cera aoveolada neste pavio. Para a cera não quebrar precisará amolecer um pouco a cera, mas sem deixar que derreta. Trabalhe sobre uma chapa levemente aquecida com um pano limpo por cima. Ou use um soprador térmico para amolecer a lâmina gentilmente. Coloque o pavio encerado e enrole com cuidado a cera. Cuidado para não deformar a vela, que deverá ter uma forma bem reta e cilíndrica. O resultado é uma bonita vela, com aroma natural e com aspecto de favo enrolado!


Lição 9: A produção de Própolis


A própolis é um antibiótico natural das abelhas. Com este produto elas esterilizam e mantém limpa toda a colméia e favos. As portas de entrada de uma colméia também tem própolis, para limpar as abelhas que vem de fora. Cada canto e fresta é preenchida com própolis. A tampa da colméia é colada com própolis.

O meliponicultor pode produzir a tintura de própolis, diluída em álcool de cereais (tópico avançado) ou vender a própolis pura, cuja valor costuma ser mais alto do que o preço da cera e do mel, entretanto a produção é menor. Em alguns países como o Japão, Cuba e no norte da Europa a própolis é muito valorizada. A própolis é um fármaco usado pela medicina alternativa, é muito eficaz no tratamento de aftas na boca (estomatite aftosa), e alguns tipos de ferimentos, ou cortes na pele. Também é útil para tratar infecções de garganta, constipações e fortalecer o sistema imunológico. Existem pesquisas avançadas que defendem o uso da própolis para vários tipos de enfermidades, incluindo cancêr, e existem aplicações até mesmo para a própolis injetável.

A própolis pode ser consumida de forma preventiva, ou curativa. Uma forma de ingerir é colocar 60 gotas em um copo com pouca água. (digo pouca água porque o gosto é muito forte e quanto mais água tiver, mais difícil será de tomar). Uma colher de mel na mistura também ajuda. O ideal é uma gota por kilo da pessoa, assim uma pessoa de 80 kilos pode usar 80 gotas. Na forma curativa convém tomar duas, ou três vêzes ao dia. No regime preventivo uma dose diária pode ser suficiente. Outra forma de tomar e misturar a tintura num pote de mel, e tomar o mel de colherada.

Uma técnica simples de produzir própolis é usar um enxame forte, como sempre, com dois ninhos sobrepostos (o chamado ninho e sobre-ninho), mas manter uma fenda aberta entre eles, com um pedacinho de madeira. A fenda deve ter 5 mm aproximadamente. Coloque um só toquinho de madeira, assim a caixa ficará com o lado oposto apoiado. Se colocar quadro tocos de todos os lados ficará uma fenda em toda volta, muito grande, e o enxame ficará mais vulnerável. Com o passar dos dias as abelhas vão fechar as fendas com própolis. O apicltor poderá então raspar a própolis com uma faca. Existem ninhos no mercado que ja vem com um sistema de abertura gradual para a produção de própolis. O valor da própolis bruta é maior quanto maior forem os nacos, ou seja, uma tira de própolis tem mais valor do que a própolis picada. A qualidade e preço da própolis também varia de acordo com a vegetação. A própolis preta normalmente vale menos do que a própolis marrom, sendo a verde e vermelha as mais valiosas.

Tarefa desta lição: recolha um pouco de própolis de uma colméia, sinta o cheiro característico. Num enxame forte, antes de fechar a tampa, coloque um pedacinho pequeno de galho sob a tampa, para induzir as abelhas a fecharem com própolis.


Lição 10: Outros produtos das abelhas


Com as técnicas da apicultura é possível produzir ainda o pólem, veneno de abelhas, geléia real, enxames e rainhas selecionadas para re-venda. Todos estes produtos exigem equipamentos, acessórios específicos e bastante conhecimento.

Alguns meliponicultores entram para o ramo da cosmética e farmacêutica, e produzem sabonetes, xampús, pomadas, comprimidos de própolis, agregando valor aos produtos.

Também podem ser produzidos facilmente o mel com pólem, mel com própolis e mel com geléia real. Mesmo o mel simples em pote, bem envazado ja é um produto com maior valor agregado, por isso os pequenos meliponicultores são sempre encorajados a envazar o mel, evitando vender mel em baldes, a menos que tenham uma produção muito grande.

Tarefa desta lição: prove o pólem que é comercializado nas lojas especializadas, pode consumir duas colheres de sobremesa ao dia (o produto tem um sabor forte), ou colocar uma colher (das de sopa) de pólem misturado com cereias ao leite.


Lição 11: Como fugir de abelhas


Um enxame médio com 30 mil abelhas em furia é uma força da natureza implacável. Dois meliponicultores mesmo com os melhores trajes, estarão protegidos, mas não conseguirão trabalhar sob um ataque furioso. Não conseguirão conversar entre si, mesmo aos gritos, porque o volume do zunido será muito alto. Não conseguirão enxergar porque as abelhas vão cobrir a máscara. Se durante uma revisão as abelhas ficarem muito irritadas pode suspender os trabalhos naquele dia.

Se estiver desprotegido, nunca pule numa piscina, ou num lago. As abelhas vão ver o alvo embaixo dágua e vão ficar sobrevoado a superfície a sua espera. A forma básica é sair correndo. Evite esmagar uma abelha, porque, como dito antes, ela vai liberar um ferormõnio que chama as outras abelhas para um ataque maciço. Se houver um mato alto e fechado corra lá para dentro, as abelhas não gostam de voar em mata fechada, e evitam áreas muito sombreadas. Com esta técnica em poucos metros o enxame perde a vítima. É como se o mato varresse as abelhas do corpo do meliponicultor. Mas não pare por aí, continue a se afastar. Se for uma área muito aberta, então corra muito. Se forem do tipo agressivas (ou defensivas, como preferem os meliponicultores) as abelhas podem perseguir uma pessoa por mais de cem metros.

Com alguma frequência aparecem notícias de jornal acerca de tratoristas mortos por abelhas. Um tratorista está muito exposto, e não deve tentar fugir pilotando o trator, porque é uma máquina lenta. É preferível abandonar o trator e sair correndo, pois terá mais opção de fuga.

Num lugar seguro remova o ferrão com cuidado, evitando apertar a bolsinha de veneno que vai com ele. O ferrão da abelha é uma máquina incrível, tem uma forma microscópica de anzol, para agarrar na pele, e vai junto uma bolsa de veneno que produz espasmos involuntários, que injetam mais veneno, a cada segundo. Quanto mais tempo o ferrão ficar na pele, maior será a irritação.

Alivie a dor com pomada anti-alérgica. (De acordo com a apiterapia, se a ferroada for numa articulação com problemas, a ferroada será benéfica!)

Tarefa desta lição: Stay away from trouble, evite problemas. Use luvas longas de apicultura, botas longas, coloque bem a máscara, use roupas em quantidade adequada, prepare-se bem e com calma antes de lidar com abelhas. Como os trajes costumam ser quentes, visite o meliponário bem cedo, ou no final da tarde, evitando os horários muito quentes.


Lição 12: O primeiro dia como meliponicultor


Você vai receber digamos 3 enxames. A área do meliponário deverá estar preparada com antecedência, o mato deve estar bem cortado, sem folhas (o chão de meliponário coberto de folhas é um abrigo de formigas que podem atacar as colméias). Cada colméia deve ter um suporte próprio, um cavalete que mantenha a colméia a uns 50 cm do chão. Alguns cavaletes tem um obstáculo anti-formiga nos pés, para evitar uma invasão.

As colméias serão entregues em caixa fechadas por tela, e estarão estressadas da viagem. Alguns fornecedores de abelhas estarão a horas de distancia do seu meliponário então as abelhas ficarão muito tempo presas. Repare como a caixa de abelhas presas fica quente, evite deixar as abelhas presas sob o sol. Vista seu traje, leve as caixas para o meliponário, liberte as abelhas e saia depressa, as abelhas vão sair da caixa irritadas. Irão ficar em volta da colméia, onde está a rainha. Aguarde uma semana, para voltar a visitar as abelhas e fazer uma revisão. Parabéns, você é um meliponicultor. Procure filiar-se a uma associação, e conhecer outros meliponicultores. Existem foruns e sites na internet. Saudações apícolas.

Tarefa desta lição: monte um meliponário, em sua propriedade, ou na propriedade de algum parente, amigo, ou conhecido. Em caso de propriedade de terceiros, ofereça algo como 10% da produção ao dono da terra, ou alguma contrapartida semelhante.


Curso concluído. Saudações!!

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