Raízes do conhecimento: ciência e educação abertas

Fonte: Wikiversidade

Nossa predisposição biológica à inteligência, até onde se entende, não difere muito da de nossos antepassados pré-históricos. É a nossa cultura, portanto, que nos constitui como seres de valores que chamamos humanos, nossa capacidade de representar a realidade e refletir sobre ela, de organizarmo-nos em sociedades complexas e manipular o ambiente do clima global até suas menores partículas.

O homem moderno é um construção da ciência tanto quanto a ciência é uma construção sua. Nossa cultura e as tradições de formação cognitiva que herdamos fazem parte de um ecossistema biológico e cognitivo chamado humanidade. Um ser humano, privado de contexto social e cultural, é apenas um macaco esperto, assim como tal contexto, sem o homo sapiens, não passa de ruínas.

Reconhecendo isso, a declaração universal dos direitos humanos, principal conceituação desse ecossistema no presente momento, destaca a proteção da família como peça fundamental da sociedade, a compulsoriedade de um certo nível de educação para o desenvolvimento da personalidade e o acesso aos demais níveis, e a liberdade de participar livremente da cultura, dos avanços científicos e de expressar idéias. A declaração também observa o direito daqueles que contribuirem com esses de serem reconhecidos e partilharem dos benefícios advindos de suas contribuições.

Esses particulares direitos humanos nunca foram tão importantes para a manutenção de uma vida digna e capaz de exigir os demais direitos quanto na sociedade construída sobre o conhecimento que se formou nas últimas décadas e cujo viés cognitivo continua a crescer. O acesso ao conhecimento e a liberdade de explorá-lo e desenvolvê-lo são hoje as mais poderosas ferramentas de inclusão social, desenvolvimento sustentável e promoção de igualdade de oportunidades.

Portanto, o fato da Internet ter transformado as condições sob as quais uma série de forças econômicas operavam restrições balanceadas desses direitos, muitas vezes justificadas, precisa provocar reações amplas para o desenvolvimento de novos modelos, se possível não mais baseados na obstrução do acesso a uma educação de qualidade ou ao livre desenvolvimento científico.

Estas duas aulas tratarão das ramificações dessas reações tanto no campo da educação quanto da ciência, separando-as apenas por artifício explicativo, uma vez que são partes de um mesma questão: